quinta-feira, agosto 15, 2013

Tri legal - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 15/08

Haverá um oásis de notícia boa para o governo na área onde ele mais tem se aborrecido: o crescimento econômico. Nada que resolva o problema que aprisionou o governo Dilma no baixo PIB, mas pelo menos vai ser possível comemoração. No dia 30 de agosto, quando sair o PIB do segundo trimestre, o número será melhor do que o do primeiro e maior do que o esperado.

Alguns economistas estão prevendo um número perto de 1% para o crescimento do trimestre, mais forte que o 0,6% do primeiro período. Segundo Monica de Bolle, há dois destaques nesse resultado.

- Pelo lado da demanda, a melhora do investimento; pelo lado da oferta, a melhora da indústria. O que decepcionou no primeiro trimestre virá melhor no segundo.

A MB Associados acha que pode ser de 1,1% o crescimento do segundo trimestre em relação ao primeiro. "A grata surpresa deve ter vindo da indústria, que deu sinais de recuperação", escreveu o economista Sergio Vale, no boletim da consultoria.

A FGV está mais pessimista e calcula que o primeiro trimestre será revisto para 0,7% e o segundo ficará em 0,6%. Mas a economista Silvia Matos diz que a "qualidade" do crescimento foi melhor do que no primeiro período. No começo do ano, tinha sido muito puxado pela agricultura. No segundo trimestre, o desempenho tanto da agricultura quanto da economia foram bons.

Seja qual for o número, a expectativa é boa em relação ao período de abril, maio e junho. Mas a mesma unanimidade é a de que esse crescimento não é ainda o início da retomada. Os primeiros sinais do terceiro tri são de que será o pior período do ano. Ninguém duvida que o governo vai comemorar como prova de que todos os alertas e críticas foram equivocados.

"A sensação do "agora vai" está pronta para tomar Brasília de assalto novamente", escreveu Sergio Vale. Há razões políticas e econômicas para cautela. "Na política, o foco tem sido aumentar os gastos. Os desencontros constantes da presidente com a política paralisam qualquer decisão que poderia ser relevante. Nota-se que a agenda das concessões está cada vez mais atrasada", diz a MB Associados.

Monica de Bolle não acredita que o crescimento se sustentará, mas já espera para ouvir a comemoração.

- Se a projeção se confirmar, o PIB anualizado ficaria em 4%. O governo vai fazer um enorme estardalhaço com esse número, marketing, mas o problema é que a situação piorou no terceiro trimestre, o cenário já é outro: a economia parou, e a tendência é de piora.

O terceiro trimestre está pelo meio, mas já saíram alguns números negativos.

- O terceiro trimestre não está bom, os números são fracos, as conversas com empresários confirmam isso. O consumo está se retraindo, o mercado de trabalho não tão bom, a renda crescendo menos e os consumidores continuam endividados. A tendência para a consumo é perder fôlego e, com o investimento baixo, a situação fica mais difícil - disse.

Para Silvia Matos, da FGV, o segundo trimestre pode ser o da indústria. Ela prevê que o setor terá um "expressivo crescimento", de 1,6% em relação ao trimestre anterior, quando havia encolhido 0,3%. Já a agropecuária teria crescimento de 1,9% no segundo trimestre (contra o tri anterior), e serviços, de 0,4%. Pelo lado da demanda, ela vê alta de 0,8% no consumo das famílias, de 1,2% no consumo do governo, de 1,6% nos investimentos, exportações crescendo 6% e importações, 3,2%.

O governo aposta que esse segundo trimestre ajudará a inverter o clima de pessimismo dos empresários. E que as concessões vão consolidar um novo nível de confiança. Por isso, o governo prepara para bater bumbo no dia 30 de agosto.

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