quinta-feira, julho 04, 2013

Mosca azul - ROGÉRIO GENTILE

FOLHA DE SP - 04/07

SÃO PAULO - Joaquim Barbosa não tem sido muito enfático ao tratar da eleição presidencial. Quando é questionado sobre o assunto, o presidente do STF diz não ter "a menor vontade" de ser candidato, o que, na prática, significa deixar uma porta aberta. Afinal, a vontade pode aparecer de repente.

Da mesma forma, chama muito a atenção a defesa que o ministro faz do modelo que prevê o lançamento de candidaturas avulsas, sem a intermediação de partidos políticos. "O que falta no Brasil é dar uma chance ao povo de trazer as respostas", afirmou, na mesma entrevista em que se disse lisonjeado com o fato de ser bem avaliado nas pesquisas, "apesar de não ser político".

Aliás, uma das "respostas" que surgiu no Datafolha do fim de semana foi justamente o crescimento da intenção de voto no presidente do STF. Ninguém subiu tanto. Barbosa passou de 8% para 15%, praticamente dobrando. Marina foi de 14% para 18%. Aécio, de 12% para 15%. Dilma caiu de 49% para 29%.

A pesquisa mostra também que, em alguns estratos da sociedade, Barbosa não apenas cresce, como seria hoje o líder na corrida presidencial. Ele tem, por exemplo, 26% entre os eleitores com renda familiar de 5 a 10 salários mínimos. Dilma tem 19%, empatada com Aécio. Seria o mais votado também entre os eleitores com escolaridade superior (27%, contra 22% de Marina) e os situados na faixa de renda acima de 10 salários mínimos (26%, contra 22% de Aécio).

Barbosa, que virou "pop star" após o julgamento do mensalão, é um cidadão de muitos méritos. Inteligente e detentor de um currículo acadêmico brilhante, demonstra ser implacável com a corrupção e intransigente com o corporativismo.

Seu desprezo pela política, o modo imperial com que tenta fazer prevalecer sua vontade entre os colegas no STF e o temperamento explosivo, no entanto, são traços muito preocupantes em uma personalidade tão rodeada pela mosca azul.

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