domingo, junho 23, 2013

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 23/06

Salários crescem, mas indústria segue estagnada

A produtividade da indústria de transformação cresceu apenas 1,1% entre 2001 e 2012, segundo uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Já o salário médio dos trabalhadores subiu 169%, em dólares, no mesmo período.

"É uma grande preocupação para o setor, pois o aumento dos pagamentos significa mais custos", diz Flávio Castelo Branco, gerente-executivo da CNI.

"Se não há aumento correspondente de produtividade, há perda de competitividade e prejuízo."

Em 2010, a indústria chegou a ter um aumento de produtividade de 6,1% em relação a 2001. Mas, em 2011, os números começaram a cair.

Na opinião de Castelo Branco, o baixo volume de investimentos no país e as oscilações da economia causaram essa estagnação.

"As contratações mais recentes são de trabalhadores com menos qualificação. Isso também reflete na produção da indústria."

A meta da entidade é que a taxa de crescimento médio anual da produtividade passe dos atuais 2,3% ao ano para 4,5% até 2022.

Para atingir o objetivo, as empresas precisam pensar em novas estratégias de produção e gestão, avalia o gerente-executivo. Também é necessário inovar nos produtos, segundo ele.

Castelo Branco diz, porém, que há baixo estímulo para investidores no atual cenário do mercado brasileiro.

"É preciso eliminar alguns entraves, como o sistema tributário anacrônico. Há burocracia em excesso, o que dificulta os grandes investimentos."

efeito colateral

A Marcopolo, fabricante de carrocerias de ônibus, viu diminuir nos últimos anos o volume de transações internacionais. O resultado foi consequência da diferença de crescimento da produtividade e dos salários no país.

"Não conseguimos repassar aos mercados estrangeiros o diferencial de custo que tivemos com o aumento dos salários dos funcionários", afirma José Rubens de La Rosa, diretor-geral da empresa.

Ele diz que o setor industrial sentiu duramente os efeitos dos pagamentos mais elevados. "Imagine uma empresa que está no mercado de exportação ter seu custo aumentado em 169%."

A alta valorização cambial nos últimos dez anos também afetou negativamente as indústrias, afirma.

De La Rosa reforça o coro de empresários brasileiros que pedem diminuição no custo da mão de obra.

"O governo tem tentado diminuir esse ônus através das desonerações da folha de pagamento, mas ainda há um dificuldade implícita por causa do aumento dos salários", diz o diretor-geral.

Nos últimos dez anos, a Marcopolo apostou em novas técnicas de gestão e manufatura com o objetivo de aumentar a produtividade.

"Conseguimos fabricar mais veículos na mesma quantidade de horas aplicadas, pois investimos na automação do trabalho."

Sem escalas 
A companhia Azul terá voos diários do aeroporto de Confins (MG) a Altamira (PA), onde é construída a usina de Belo Monte.

Porco japonês 
O governo de Santa Catarina assinará amanhã um acordo em Tóquio para exportações de carne suína catarinense.

Futebol de ouro
Entre as 40 transferências mais caras de jogadores de futebol, 8 são de brasileiros, segundo levantamento da Pluri Consultoria.

É, porém, o português Cristiano Ronaldo quem lidera a lista. Ele foi comprado do Manchester United pelo Real Madrid por € 94 milhões.

O primeiro brasileiro a aparecer é Kaká, que ocupa a quarta posição, com transação de € 65 milhões.

Neymar, transferido para o Barcelona neste ano por € 57 milhões, está em 8º lugar no ranking.

"Na virada dos anos 90 para 2000, havia concentração das transferências para os clubes italianos. Hoje, notamos que são os espanhóis, como o Real Madrid", diz Fernando Ferreira, diretor da consultoria.

Muitas das transações chegam a até 30% acima do valor de mercado do atleta, como forma de atrair o jogador para times que não estão com prestígio em campo, afirma.

"Quando as equipes conseguem crescer no futebol, diminui a quantidade de transações tão elevadas."

PROIBIDO FUMAR NO SOFÁ
Uma grande companhia do setor imobiliário americano decidiu impedir os inquilinos de fumar nas suas mais de 40 mil unidades residenciais a partir deste mês.

A medida da Related Companies, que será implantada progressivamente, não é única no setor, mas é vista como a primeira iniciativa privada com dimensão tão ampla, pois abrange 17 Estados.

Quem assinar novos contratos pode até ser expulso do imóvel em caso de descumprimento. Antigos moradores só entrarão no novo regulamento quando tiverem de renovar os contratos.

Sob críticas de condôminos e observações de especialistas a respeito da dificuldade em efetuar despejos por tal motivo, a empresa justifica que quer promover "saúde e qualidade de vida".

Em Nova York, na esteira antitabagista do prefeito Michael Bloomberg, é vetado o fumo em ambientes públicos, tanto fechados como em praças, parques e praias. Ele apresentou agora proposta para elevar a idade mínima para a compra de cigarro.

PROTESTOS NOS CARTÓRIOS
O mês de maio registrou uma queda de 21,6% no número de títulos protestados na capital paulista ante o mesmo mês de 2012, segundo o Instituto de Estudos de Protesto de Títulos.

DEBATE ATÔMICO
A geração de energia nuclear volta a entrar na pauta de discussão do setor com dois eventos programados para os próximos dias.

Na terça-feira, a comissão de meio ambiente da Câmara dos Deputados promove audiência pública para debater a criação de uma agência reguladora do setor nuclear.

Devem participar representantes do governo federal e de grupos pró e contra essa forma de geração.

A partir de quinta-feira, executivos e autoridades de 83 países, inclusive do Brasil, vão se reunir em uma conferência sobre o tema em São Petersburgo, na Rússia.

O evento será promovido até o dia 29 pela Agência Internacional de Energia Atômica e organizado pela estatal russa Rosatom. A empresa já demonstrou interesse no mercado brasileiro.

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