quinta-feira, abril 04, 2013

Fúria ridícula - LIANA SABO

CORREIO BRAZILIENSE - 04/04
Não conheço o pastor-deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Diretos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Nem a igreja a que ele pertence no estado de São Paulo. Tampouco tenho procuração para falar em seu nome. Mas, se ele é mesmo seguidor de Jesus Cristo -, como diz que é - não pode ser nem racista nem homofóbico.
Está no centro da doutrina cristã amar o próximo como a si mesmo. O próximo é qualquer pessoa, seja qual for a cor de sua pele: preta, branca ou amarela. Racismo é crime tanto do ponto de vista humano quanto divino. Há penas para coibi-lo na sociedade, da mesma forma que há punição para homofóbicos.

Em tempo algum, preceito cristão aceitou a homofobia. Foi o apóstolo Paulo quem esclareceu qualquer dúvida na Carta aos Romanos 15,7: "Acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus". Portanto, dá para crer que Deus ama as pessoas que se sentem atraídas sexualmente para o mesmo sexo tanto quanto as atraídas para o sexo oposto. Pode então um ministro ou uma ministra de Deus perseguir os homossexuais?

Alvo de protestos que o acusam de racismo e homofobia, o pastor-deputado paulista poderá ser, no máximo, idiota por expressar mal as ideias. As manifestações contra ele vieram de todos os lados. Até de uma apresentadora global, que nem mais criança é, pois acaba de completar 50 anos, que disse ser o pastor "um monstro". Monstro por que, cara-pálida?

Fala-se agora numa reação dos evangélicos que estariam planejando passeata diante da Câmara com fiéis de todo o país, que viriam defender a permanência de Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos. No confronto, mora o perigo. A quem serve a radicalização?

Nesta Páscoa, meu pensamento esteve com os caminhoneiros que não puderam comemorar a data com as famílias porque estavam presos na boleia dos caminhões numa interminável fila aguardando a vez de descarregar toneladas de grãos de uma supersafra que Deus abençoou. Aí vale alguma torcida ou até manifestação em favor do alargamento dos portos - abertos desde 1808.

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