quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Um arranjo primário - PAULO SANT’ANA

ZERO HORA - 27/02

O caso da morte de um menino de 14 anos no jogo do Corinthians na Bolívia continua dando pano para manga.

Estão presos na Bolívia 12 torcedores do Corinthians, as autoridades bolivianas supõem que entre eles esteja quem disparou o sinalizador que causou a morte do garoto.

Nunca pensei que um sinalizador luminoso desses pudesse ter tal ação mortífera. Mas teve.

A questão é que agora um menor brasileiro, com 17 anos, se apresenta como autor do disparo.

E se apresenta aqui no Brasil, confessando que foi ele quem atirou o sinalizador assassino.

As autoridades bolivianas, penso, não vão cair nessa balela.

Mesmo que esse menor confesso esteja falando a verdade, todas as tintas dessa confissão parecem ter cores falsas.

A começar pelo fato de que o menor confesso é inimputável, isto é, não pode ser atingido pela lei penal, que aqui no Brasil só pune quem for maior de 18 anos.

Ora, seria muito fácil para qualquer advogado arranjar uma pessoa que se autoacusasse, ainda mais uma pessoa inimputável.

Muito fácil, visando inocentar os 12 presos corintianos que mofam por enquanto nos xadrezes bolivianos.

Tudo tem a aparência de uma esparrela.

Talvez quem arranjou esse novo culpado não tenha calculado que na Bolívia a maioridade penal começa aos 16 anos, o que viria a atingir o autor confesso arranjado.

Ainda assim, é de todo impensável que o Brasil extraditasse o menor para responder a processo na Bolívia.

O Corinthians já foi punido pelo fato, jogará todas as partidas pela Libertadores, no Brasil, com os portões fechados, isso no campo esportivo.

Mas quem pagará pela morte lamentável da criança boliviana?

Como sempre, é muito difícil elaborar a Justiça.

Os métodos de Justiça empregados pelos humanos muitas vezes são precários.

Nesse caso, tudo se encaminha para a não solução.

Ou para a injustiça.

Tudo porque engendraram uma maneira de libertar os corintianos que estão presos lá, mas não dão nada, nada, em troca.

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