quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Longe da perfeição - TOSTÃO

FOLHA DE SP - 20/02

Há muito tempo, a quarta-feira, e não o domingo, é o dia de futebol. Hoje, mais ainda


O chavão é falar do "espírito de Libertadores". Isso não faltou nas duas últimas péssimas partidas do Grêmio. Faltou futebol. Jogador com vontade é tão óbvio, essencial e uma obrigação, que nem precisaria ser lembrado. Hoje, o Grêmio precisa jogar muito, se quiser ganhar do Fluminense.

Por causa da altitude, não será surpresa se o fraquíssimo San José, da Bolívia, vencer o Corinthians, um dos fortes candidatos ao título. Tite, para ser justo com os campeões mundiais, mantém Pato na reserva. Isso tem limite. Ele é superior.

Outro clássico é entre Milan e Barcelona. Apesar de ter um time inferior aos dos últimos anos, o Milan, pela tradição, por atuar em casa, será um adversário difícil. Como todo treinador italiano, Allegri sabe armar um bom sistema defensivo, na tentativa de evitar a troca de passes na intermediária e a infiltração de um jogador, para receber a bola livre, dentro da área, características do Barcelona.

Embora haja grandes diferenças na maneira de atuar entre o Barcelona e as principais equipes brasileiras do passado -o futebol mudou-, a troca de passes pelo meio também fazia parte de nosso estilo. O Brasil desaprendeu a jogar dessa maneira, como disse Dorival Júnior, no programa Redação SporTV. Para os moderninhos, trocar tabelas pelo meio é futebol do passado.

Hoje, quase todas as jogadas no futebol brasileiro são construídas para alguém cruzar a bola na área.

Funciona bem, quando o cruzamento é feito da linha de fundo, forte, de curva, com a bola saindo do goleiro e sem subir tanto. Raramente, isso ocorre. Quase sempre, o cruzamento serve para dar a bola ao adversário.

Se o Barcelona mantivesse seu estilo e acrescentasse o cruzamento bem feito, no momento certo, seria ainda mais eficiente.

Daniel Alves tenta fazer isso, mas o time não tem ótimos cabeceadores e parece não gostar dessa jogada, nem de gols feios.

Por não ter um meia recuado de cada lado, para proteger os laterais, o Barcelona permite muitos cruzamentos para sua área e sofre muitos gols pelo alto. Além disso, apenas Busquets e Piqué são altos.

Outra deficiência da equipe é não ter excelentes atacantes pelos lados. Se tivesse, Messi faria ainda mais gols. O lugar está reservado para Neymar.

O atual técnico, assim como na época de Guardiola, está sempre na dúvida se coloca um atacante de cada lado ou se troca um dos dois por mais um craque no meio-campo (Fábregas), indo Iniesta para a esquerda. A vantagem de ter dois atacantes abertos é alongar a defesa e obrigar o adversário a marcá-los.

Com isso, sobra mais espaço para Messi, Xavi e Iniesta trocarem passes pelo meio.

O Barcelona joga bonito e com eficiência, é único na maneira de atuar, mas está longe de ser perfeito.

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