segunda-feira, janeiro 14, 2013

Dilma perde-se na economia - RUBEM AZEVEDO LIMA

CORREIO BRAZILIENSE - 14/01


A presidente parece perdida na economia. Seu carinho com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, forçou-a a tomar medidas contraditórias para resolver o problema da inflação e do estímulo à produção industrial brasileira. Ela deve estar arrependida da defesa que fez, em público, contra a crítica justa da revista Economist ao ministro. Em política, o erro carece de qualquer defesa. Ele se resolve, na melhor hipótese, pelo menos, sem criar polêmica para salvar quem errou. Tal solução, entre políticos, gera mais cisões do que uniões.

O marechal Lott, chefe de grande inteireza moral, costumava punir erros de subordinados, pessoalmente. A um cabo, ele punira, mandando-o marchar, durante cinco dias, no pátio do quartel, dois quilômetros. Mas o cabo cortava sua marcha em um quilômetro. Ele notara o artifício, chamou o cabo e o advertiu: “Amanhã, vamos marchar cinco quilômetros”. O rapaz sentiu o castigo e o marechal — contam — marchou com ele esses quilômetros. O cabo aprendeu a lição.

Dilma defendeu Mantega, sem puni-lo. Deveria fazê-lo pelo seu excesso de otimismo, sempre exagerado, que faz suas comunicações parecerem falsas e desmoralizam não ele, mas o governo Dilma. Não foram duas ou três vezes que a presidente admitiu tal excesso do ministro. A propósito, ela quase chegou ao ponto do novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que disse pôr a mão no fogo pela honra de Lula. Afinal, este fez um acordo moralmente inadmissível com Maluf, que não pode sair do Brasil, porque a polícia internacional o prenderá.

Segundo a Polícia Federal, na cidade do Porto, em Portugal, funciona a entidade Porto Seguro, um banco de portugueses, no qual estariam recursos do escritório do ex-presidente, em São Paulo, dirigido por Rosemary Nóvoa de Noronha, secretária pessoal de Lula, com quem ela viajou muito no avião da Presidência, e que servia a uma equipe de assessores, os quais colocou em postos públicos federais. Esses deixaram-no tão complicado quanto os mensaleiros condenados pelo Supremo Tribunal Federal.

A presidente Dilma mexeu nas contas fiscais, para mostrar que o Brasil está bem. Em espanhol, na Argentina, que festeja Messi, diz-se que quem “assa a mantega” é trapaceiro. Nossa presidente mineiro-gaúcha foi objeto de gozação dos argentinos, sem salvar Dilma nem o ministro da Fazenda.

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