quinta-feira, janeiro 19, 2012

Por que o povo aprova Dilma? - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 19/01/12

Como a presidente Dilma pode ter popularidade tão elevada se a população desaprova a gestão do governo em setores essenciais?

Está tudo na mesma pesquisa Ibope, a última do ano passado. São 56% os que consideram o governo Dilma bom/ótimo. E quase três entre quatro brasileiros aprovam a presidente. Além disso, o governo vai bem no combate ao desemprego, à pobreza e controle do meio ambiente.

Por outro lado, 67% dos pesquisados desaprovam os serviços de saúde, 60% condenam a segurança pública e 51% acham que a educação é ruim. No que se refere à situação econômica, nada menos que 56% condenam os juros e 51% acham que vai mal o controle da inflação.

O que explica isso?

A melhor hipótese é simples: falta oposição. Se a população considera ruins os serviços que recebe e, ao mesmo tempo, aprova o governo federal, só pode ser porque não considera a presidente responsável por aqueles problemas. Ora, carimbar a culpa no governo é o papel da oposição, em qualquer do mundo. No caso brasileiro atual, a oposição nem precisa mostrar que setores essenciais não funcionam - o povo percebe isso -, mas precisa demonstrar de quem é a responsabilidade.

Nem precisa mentir ou fazer uma propaganda enganosa. A responsabilidade é, de fato, do governo federal e da presidente. Por exemplo: juros altos e inflação elevada, isso é política econômica, área exclusiva Ministério da Fazenda e do Banco Central.

Mas, neste departamento, a acusação exige que se apresente a alternativa. Não basta apontar um problema que a população já sente. É preciso convencê-la de que há outro caminho para o que ela quer, juros menores e inflação baixinha. E aqui já se vê por que a oposição fracassa. Qual a proposta do PSDB, do DEM ou do PPS?

Líderes e associados desses partidos mostram ideias aqui e ali, mas não se vê nada construído em torno do nome forte da oposição, o candidato à presidência. Este, aliás, quem é? A vez é do senador Aécio Neves, mas vá dizer isso a Serra....

Além disso, muita gente formalmente da oposição até gosta da política econômica de Dilma. E saem críticas ao dólar barato - o que pode fazer sentido econômico, mas politicamente é ruim. O povo gosta do dólar barato que permite viajar para fora e comprar importados baratos.

Nos outros quesitos condenados nas pesquisas - saúde, educação e segurança - a coisa é ainda mais complicada. Nessas áreas, a responsabilidade não é apenas de Brasília, mas também dos governos estaduais, muitos dos quais em mãos da oposição. Aqui, portanto, não basta um bom discurso, é preciso mostrar serviço, fazer a diferença.

As escolas públicas de S. Paulo ou de Minas, os dois mais importantes estados administrados pelo PSDB, há anos, deveriam ser percebidas como muito melhores do que as demais. Idem para polícia, para os hospitais e postos de saúde, mas não é o que se vê. Ou que a população perceba. Mas o fato é que não se define uma opção efetiva de gestão diferente e melhor, que possa ser apresentada como o modo tucano (ou democrata) de governar naquelas áreas.

Não há consistência partidária. Em S. Paulo, por exemplo, no governo Serra, com Paulo Renato na Secretaria de Educação, houve um esforço de modernização e introdução de métodos baseados em mérito e eficiência. Mas o também tucano governador Alckmin, preocupado com a bronca dos professores, suspendeu o processo.

No Brasil, no geral, fica tudo muito parecido, inclusive nas boas iniciativas, sempre isoladas, e que encontram em gestões dos diferentes partidos.

Tudo considerado, assim como o presidente Lula fazia, sua sucessora consegue capitalizar as coisas boas e escapar das ruins. Capitaliza com intensa propaganda, como no caso do programa Brasil Sem Miséria - nem começou e já é apresentado na mídia como estrondoso sucesso. Já de uma fila do SUS, não há propaganda que salve, mas, como não há oposição que condene, a presidente pode fazer o que faz: bom, o problema é de todos.

Quanto à oposição tucana-democrata, já achou que conseguia derrotar Lula pela terceira vez, em 2002, com um pé nas costas, sem recorrer a FHC. Depois achou que o mensalão derrubaria Lula sem que ela precisasse se mexer. Em 2006, a oposição desistiu. Em 2010, achou que o povo entenderia Serra como o sucessor natural de Lula. Agora, continua esperando alguma coisa - talvez que o Brasil perca a Copa?

Caso médico - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 19/01/12
Lula está sentindo a radioterapia.

OEA magoou
O Brasil resolveu esnobar a OEA depois que a entidade pediu a suspensão da construção de Belo Monte. O embaixador Ruy Casaes, que deixa a OEA e vai ser cônsul no Porto, será substituído por um encarregado de negócios.

Caetano profundo
A editora Ibis Libris vai lançar este ano um livro sobre Caetano Veloso, em homenagem a seus 70 anos, em agosto.
Vai abordar a “mestiçagem e a presença mulata” na obra do baiano. O autor, o ensaísta Leonardo Davino, defende a teoria de que a obra de Caetano segue “uma linha estética matriz — o remelexo”.

10 milhões de Huck
A comunidade de Luciano Huck no Facebook ultrapassou ontem a marca de 5 milhões de pessoas. O apresentador, que já tem 4,5 milhões de seguidores no Twitter, estará, em breve, conectado a 10 milhões de brasileiros na rede.
— Isto sem gastar um tostão — celebra.

No mais
Veja como é dura a vida do jornalista em todo o mundo. Como traduzir para inglês, francês, espanhol ou português a expressão em italiano “vada a bordo, cazzo” sem cair num palavrão?
A frase do ano, até agora, foi dita pelo capitão da Guarda Costeira ao comandante fujão do navio Costa Concordia.

Prenda Clarissa
Uma equipe da Sociedade Entomológica do Brasil descobriu uma nova espécie de borboleta no Rio Grande do Sul.
Foi batizada de “Prenda Clarissa”, em homenagem ao gaúcho Érico Verissimo (1905-1975), autor do romance “Clarissa”.

A volta do petróleo
Veja como o Brasil, celebrado até dia desses por causa do Proálcool, regrediu nesta área.
Em 2010, a parcela do consumo de combustíveis fósseis (gasolina e diesel) foi de 80% do total. Em 2011, de 83%. Em 2012, deve ir a 85%. Com mais petróleo e menos álcool, o ar piora.

PC contaminado
O movimento Brasil sem Vírus disponibiliza hoje 2,5 milhões de “vacinas” para proteger os computadores no país. Veja em brasilsemvirus.com.br. É que, aqui, acredite, a cada 39 segundos, um hacker ataca um computador.

Barbie careca
Surgiu no Facebook uma página para tentar sensibilizar a Mattel, fabricante da Barbie, a produzir um modelo da boneca... careca, na luta contra o câncer.
Criada nos EUA em dezembro, já tinha ontem uns 130 mil seguidores. Confira só em http://on.fb.me/A4wryp.



CLÁUDIA LEITE, a cantora, será a estrela de uma campanha da Globo Rio contra os... mijões do carnaval. Em comerciais que já entram no ar hoje, a musa do axé vai interpretar a “Marcha do xixi”, composição do mestre João Roberto Kelly. Na primeira versão do filme, Cláudia canta com Michel (“Ai, se eu te pego”) Teló, Preta Gil, Chitãozinho e Xororó, Diogo ogueira, Xande do grupo Revelação, MC Naldo, Jorge e Mateus e Alexandre Pires. Diz a letra da marchinha: “Tá com vontade de fazer xixi?/Não faz aqui/Não faz aqui/Nosso bloco a gente vê/É cheiroso, é maneiro/Tô falando pra você/Lugar de mijão é no banheiro.” Eu apoio  

Casa do Samba
Acaba de ser criado no Rio o Instituto de Memória da Cultura Brasileira.
Entre outras coisas, vai administrar a futura Casa do Samba, que Eduardo Paes quer instalar na antiga sede do Automóvel Clube do Brasil, no Passeio. Vamos torcer, vamos cobrar.

Ligeiramente grávida
A 13a- Câmara Cível do Rio condenou a Clínica Ginecologia e Obstetrícia, na Barra, a indenizar em R$ 5 mil o casal Pasquale e Ana Paula Caruso.
Em 2003, Ana fez tratamento ali para engravidar, mas não teve sucesso e desistiu (o marido seria estéril). Em 2008, os dois receberam, por engano, carta da clínica, dizendo de uma “gravidez de nove semanas”, o que causou uma separação deles por três meses.

Medicina da UFRJ
Uma série de sequestros-relâmpagos de professores preocupa a faculdade de medicina da UFRJ, no Rio.
Os mestres vêm sendo atacados no estacionamento. Já são cinco casos.

Porto do Rio
Cálculo da Firjan sobre a geração de ICMS e ISS no Porto do Rio mostrou que o m2 ali gera quase 540 vezes mais impostos que a média da cidade.
O porto é o maior arrecadador de ICMS do Rio (R$ 1,67 bi em 2010). Mas a Firjan alerta: o acesso precário ali pode ser empecilho à atividade portuária.

Ai, que coceira!
A praça do Bairro Peixoto, no Rio, virou reduto de... pulgas. Já invadem até residências.

NEY LATORRACA, o ator, prestigia o jovem colega Thiago Fragoso na estreia do musical “Xanadu”, 
de Miguel Falabella, em versão do nosso Artur Xexéo, no Casa Grande Diego Mendes

JOÃO CARLOS Martins, o grande maestro que foi enredo da paulista Vai-Vai, visita Rosa Magalhães, carnavalesca da Vila Isabel, na Cidade do Samba



COM ANA CLÁUDIA GUIMARÃES, MARCEU VIEIRA E DANIEL BRUNET 

Super-Mercadante - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 19/01/12


No governo FHC, José Serra, da Saúde, e Paulo Renato Souza, da Educação, queriam concorrer à Presidência da República em 2002. Serra levou vantagem. Agora, o PT faz algo semelhante na corrida para escolher o candidato a governador de São Paulo. O favoritismo, por enquanto, é do novo ministro da Educação
Em vez dos aliados, quem começa o ano fazendo beiço e cara de que está magoado com a presidente Dilma Rousseff é o PT. Especialmente, o de São Paulo. A avaliação de setores do partido é a de que o novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, está ficando forte demais entre os colegas. Ele é ex-senador, obteve a cada dia maior destaque como o comandante da Ciência e Tecnologia, um setor cada vez mais promissor do ponto de vista econômico. Agora, será o todo-poderoso na Educação — e ainda fez o sucessor no antigo cargo. Para parte do PT paulista, passou do ponto. 
Alguns petistas exageram ao falar que Mercadante “ganha” mais espaço do que outros integrantes do partido. Na verdade, ele “cava”. E faz isso com trabalho. Em 1994, ninguém queria largar o osso, digo a eleição garantida para o papel de candidato a vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, quando José Paulo Bisol se viu obrigado a deixar a campanha por conta de denúncias a respeito de suas emendas ao orçamento — sim, naquela época, quando a emenda era mal aplicada, o autor pagava o pato. Mas, voltando ao assunto em questão, lá foi Mercadante. 
Naquela época, o atual ministro tinha uma eleição garantida de deputado federal. E, quando ele assumiu a vice de Lula, os petistas sabiam que a batalha seria quase que uma missão impossível porque o então candidato Fernando Henrique Cardoso vinha do lançamento do Plano Real, que deu à população a felicidade de, depois de muitos anos de hiperinflação e sucessivos ensaios e erros, conquistar a sonhada estabilidade econômica. Fernando Henrique venceu no primeiro turno. Lula nunca conseguiu, nem mesmo quando concorreu à reeleição em 2006 contra o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. 

Por falar em sacrifício...Mercadante naquele período amargou quatro anos sem mandato. Mas voltou ao Congresso em 1998 como deputado federal e, em 2002, elegeu-se senador. O resto da história recente é mais conhecida. Foi candidato a governador, perdeu, virou líder do governo Lula e quase abandona o cargo em 2009, quando do arquivamento das denúncias contra José Sarney. Mercadante chegou a anunciar no Twitter que sairia da liderança, mas voltou atrás depois de uma conversa com o presidente Lula. 
No governo, há quem diga que ele gosta de “aparecer”. Pode até ser verdade. Mas os mesmos que o colocam nesse patamar — não sem deixar escapar um certo ar de “ciúme” — são unânimes em dizer que ele gosta de trabalhar. Não por acaso, caiu nas graças da presidente Dilma Rousseff, que passou a levá-lo a todas as viagens internacionais. Hoje, tem quase o mesmo status de Fernando Pimentel, o ministro que é amigo da presidente. 

Por falar em ciúme...fato de Mercadante ter sido escolhido ministro da Educação, o PT engoliu. O que o partido não gostou foi ele fazer o presidente da Agência Especial, Marcos Raupp, sucessor na Ciência e Tecnologia. Afinal, o PT de São Paulo é um mar de pré-candidatos a governador. A senadora Marta Suplicy, por exemplo, que abriu mão de concorrer à prefeitura de São Paulo atendendo a um pedido de Lula e Dilma, está no páreo. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, idem. Não passa uma semana sem que tenha uma agenda expressiva em São Paulo, conforme o Correio revelou em agosto do ano passado. 
A avaliação do partido é de que a presidente Dilma colocou agora Mercadante e Padilha no mesmo patamar para concorrer à vaga de candidato do PT ao governo de São Paulo e deixou Marta Suplicy em segundo plano. No governo Fernando Henrique Cardoso, os ministros da Saúde, José Serra, e o da Educação, Paulo Renato Souza, protagonizaram uma disputa semelhante, e Serra levou vantagem porque tinha mais tempo de janela na política. Se for esse o critério, Mercadante larga como favorito. Vamos acompanhar essa novela. 

Esperanças - SONIA RACY

O ESTADÃO - 19/01/12


Grupo de médicos e cientistas brasileiros acaba de alcançar índice inédito: 60,2% de cura de câncer no fígado, com reversão de metástase.

Desde 1999, os pesquisadores, liderados por Felipe Coimbra, do A.C. Camargo, acompanharam 240 pacientes – 2 em cada 3 obtiveram sobrevida de 5 anos.

O resultado foi apresentado, ontem, em congresso em San Francisco, nos EUA.

Movimentações

A cúpula do PMDB arrumou uma saída honrosa para Francisco Jardim– ligado ao ex-ministro Wagner Rossi– da Secretaria de Defesa Agropecuária.

Assumirá a presidência do PMDB de Campinas e a superintendência do Ministério da Agricultura em São Paulo.

Na esteira da crise campineira, Michel Temer aposta em candidatura própria do PMDB à prefeitura local e pediu para Jardim tocar o processo.

Parceiros

Alckmin anda animado com a boa recepção do mercado às PPPs para construção, operação e manutenção de piscinões e da calha do Tietê.

Metas? Acelerar investimentos para despoluir o rio e diminuir os riscos de enchentes.

Onipresente

Eduardo Suplicy acaba de voltar da ONU. Em reunião no domingo, falou sobre transição para a democracia nos países árabes, aberta por Ban Ki-Moone Najib Mikati, primeiro-ministro do Líbano.

Gastou saliva a respeito do papel do Estado em combinar crescimento com justiça social.
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Marcelino Freire, cronista da cena paulistana, comemora. Seu blog, que tem média de 500 ace ssos diários, pulou para 8 mil. Graças a um poema sobre a polêmica do suposto estupro no BBB12, escrito para Pedro Bial... ler.
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MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 19/01/12
Mercado livre pode ter mais 15 mil consumidores de energia

O Brasil tem mais de 15 mil empresas com um perfil de consumo de energia que pode levá-las ao mercado livre, segundo estudo da gestora e comercializadora Comerc.

Tais empresas entrariam como consumidores especiais, que são aqueles que podem atuar no mercado livre com 0,5 MW, desde que consumam de fontes de energia limpas incentivadas pelo governo. Já o consumidor livre tradicional necessita de uma demanda de 3 MW para que possa contratar energia de qualquer gerador.

O mercado livre, de energia convencional e incentivada, tem hoje uma carga de aproximadamente 12,5 mil MW médios, segundo Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc.

"Há um montante calculado pela EPE de empresas com demanda acima de 500 kW, de 24,5 mil MW médios de consumo. Existe, portanto, potencialmente, um montante adicional de 12 mil MW médios que poderiam estar no mercado livre, mas são cativos ainda", afirma Vlavianos.

Como a oferta de energia limpa incentivada está abundante e os preços satisfatórios, 2012 deve registrar um aumento da migração, segundo a empresa.

Os consumidores especiais costumam ser empresas como shoppings, supermercados, hospitais e hotéis.

O governo estuda a possibilidade de reduzir de 3MW para 1 MW o piso para o consumo de energias convencionais no país.

NÚMEROS

12.500 MW médios é a carga do mercado livre

12.000 MW médios poderiam estar no mercado livre, mas permanecem no cativo

0,5 MW caracteriza os consumidores especiais

3 MW é o piso que o governo determina para o consumo de energias convencionais no país

24.500 MW médios é o montante de consumo de empresas com demanda acima de 500 kW

COSTURA

O InMod, braço especializado em ações institucionais da Luminosidade, empresa que organiza o Fashion Rio e outros eventos do calendário de moda brasileiro, vai fechar um convênio de capacitação com o Sebrae.

O documento, que será assinado durante a São Paulo Fashion Week, prevê capacitação em conjunto para cerca de 8.000 pequenos empreendedores de confecção, calçados, acessórios e joias no país.

Entre as atividades estão seminários, vídeos e palestras por nomes de especialistas da moda nacional em vários segmentos, como design, fotografia, maquiagem, entre outros.

"O trabalho é pegar empresas sem estrutura de gestão e sem conhecimento de processo para elevar o patamar de qualificação", afirma Paulo Borges, presidente da Luminosidade.

"Com isso, nós pretendemos quebrar aquele tabu de que o microempresário não pode estar inserido no processo de inovação", afirma. Borges.

Despejos por inadimplência atingem menor índice em 17 anos

O número de ações de despejo por falta de pagamento na cidade de São Paulo em 2011 foi o mais baixo dos últimos 17 anos.

Entre janeiro e dezembro passados, ocorreram 14,7 mil casos, segundo estudo do Secovi-SP (sindicato da habitação) e do grupo Hubert.

Na comparação com 2010, houve queda de 12%.

Para 2012, a tendência é de nova diminuição, segundo Hubert Gebara, um dos responsáveis pela pesquisa.

"Com as alterações na lei de locação, os despejos são realizados mais rapidamente, o que também aumentou o número de acordos", diz Jaques Bushatsky, do Secovi.

A alta dos aluguéis também influenciou na redução da inadimplência, de acordo com Bushatsky. "O locatário sabe que, se sair de seu apartamento atual, terá muita dificuldade para conseguir um aluguel do mesmo preço."

Coleta A Associação Prolata Reciclagem, criada por empresas de embalagens de aço, ocupará área de quase mil m2 em SP para receber 20 toneladas de material por dia.

Nome... O número de títulos protestados de empresas no Brasil teve aumento de 11,8% em 2011, na comparação com o ano anterior, de acordo com dados da Boa Vista (administradora do SCPC).

...sujo As regiões Nordeste e Centro-Oeste foram as que apresentaram maiores altas no período, de 18,7% e 17%, respectivamente. O Sul, por sua vez, teve o incremento mais baixo, de 8,6%. No Sudeste, o índice foi de 10,9%.

CAPACIDADE INDUSTRIAL

O Brasil caiu da 37ª posição para a 44ª no ranking dos países com maior rendimento industrial competitivo, segundo índice do órgão das Nações Unidas para o desenvolvimento industrial.

No total, 118 economias foram analisadas.

O índice, apresentado no Relatório de Desenvolvimento Industrial 2011, foi reformulado e passou a medir o impacto do país na produção fabril mundial e no comércio internacional.

O órgão, porém, analisou os dados estatísticos de 2009 e concluiu que o Brasil perdeu competitividade nos quatro anos anteriores.

Quando considerados apenas América Latina e Caribe, o país ficou na terceira posição, atrás do México (30ª) e da Costa Rica (41ª). O relatório destaca a indústria automobilística mexicana.

com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ

Divergência liberal - CLAUDIA ANTUNES

FOLHA DE SP - 19/01/12

RIO DE JANEIRO - O economista Persio Arida, um dos pais do Real, e o cientista político americano Francis Fukuyama defendem o liberalismo, que privilegia a liberdade à igualdade substantiva. Cabe ao Estado zelar pelos direitos individuais, com intervenção limitada no mercado.
No entanto, em entrevistas à Folha nesta semana os dois divergiram no diagnóstico da crise provocada pelo estouro da bolha de crédito nos EUA. Com isso, prescreveram políticas diferentes.
À Folha, e em artigo na revista "Foreign Affairs", Fukuyama disse que preceitos liberais viraram dogmas e devem ser matizados. Em vez de gerar maior eficácia na alocação de recursos, a desregulamentação financeira e a redução de impostos ajudaram a promover sua concentração.
Para ele, a estagnação da renda média dos americanos e o aumento da desigualdade causaram a bolha. O subsídio às hipotecas para pobres "tornou-se uma forma perigosa de redistribuição" (nos EUA, o valor da casa, mesmo sem sua compra quitada, pode ser usado para obter crédito).
Já Arida disse a Eleonora de Lucena que a causa da bolha foi a oferta de dinheiro: "As pessoas sempre têm limitação de renda. O sistema hipotecário americano as induz a se endividarem". Afirmou que não eram as leis bancárias dos EUA que estavam erradas. "Houve desregulamentação sem consentimento do regulador."
Para Arida, o aumento do mínimo acima da inflação, como no Brasil, distorce o mercado e causa inflação. A melhor distribuição, disse, é pela ajuda direta aos mais pobres e a queda dos juros, só viável com redução dos gastos públicos. Ele sugeriu o desenvolvimento de um sistema de hipotecas aqui.
É possível que as diferenças sejam questão de medida e contexto. Mas a crise embaralhou teorias e práticas e, independentemente do ideal de sociedade, invalidou as cartilhas para alcançá-lo.

A crise mundial e a América Latina - ANTONIO C. PANNUNZIO


 O Estado de S.Paulo - 19/01/12


Entre as previsões que pululam nessa transição de calendário, a que mais chama a atenção é a advertência da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo Christine Lagarde, a severidade da crise e a dificuldade que os europeus têm para geri-la criarão uma onda que atingirá todas as economias do mundo.

Se a principal autoridade da economia mundial não esconde o que espera para 2012, relatório divulgado pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) esboça cenários pouco confortáveis para o panorama social da região na esteira dos efeitos da turbulência internacional.

O receio inicial é de que fluam para o ralo os avanços na distribuição de renda proporcionados pela implementação de programas sociais, conforme registra o estudo realizado em 17 países pela Cepal, que também constatou recuo na taxa de pobreza. A questão, entretanto, é que esses números são paliativos, não resolvem os graves problemas estruturais desses países, que convivem com riscos cotidianos de exclusão e índices educacionais sofríveis.

Mudar esses parâmetros tem sido um desafio desde sempre e já era tema de Eduardo Galeano em seu livro As veias abertas da América Latina, publicado há quatro décadas. Se o incremento das políticas públicas sociais depende diretamente do processo de evolução da economia, é preciso que os governantes prestem atenção aos temores dos arautos globais e ponham suas barbas de molho.

As projeções de especialistas e organismos internacionais também fazem coro ao pessimismo generalizado em relação à crise do euro e suas consequências para o resto do mundo. O balanço das economias da América Latina e Caribe, divulgado pela Cepal, sinaliza crescimento menor para a região do que o registrado em 2011.

É nesse contexto que a advertência da diretora do FMI suscita a expectativa de que uma nova espiral negativa na economia mundial será potencialmente muito maior do que a simples "marolinha" de 2008 e não irá fazer distinção entre países ricos, emergentes e pobres. Naquele ano, é bom lembrar, os países da América Latina fizeram costuras políticas regionais que blindaram a região da hecatombe, que, como se viu, impactou as economias da União Europeia.

A recessão anunciada desde então, e agora realidade, deverá obrigar os governos da América Latina a posturas mais ousadas em relação à circulação do dinheiro. Em 2011, os sinais mais visíveis da crise na Europa e nos Estados Unidos foram o crescimento do desemprego e o corte de gastos públicos, contrapondo-se à queda nas taxas de pobreza e desigualdade registradas na América Latina e no Caribe.

Diante disso, como desenvolver programas sociais que reduzam contrastes tão evidentes, se os próprios gestores das políticas públicas são claudicantes na administração de verbas como as que são destinadas ao combate e prevenção de desastres naturais - aqui, no Brasil, só agora liberadas depois de todo o caos e tantas vítimas? E o que dizer do caso de desvio dos repasses às ONGs? Nesse caso, "há males que vêm para o bem": elas acabam de ser bafejadas com mais R$ 1 bilhão no Orçamento de 2012.

O Brasil e demais países da América Latina precisam, primeiro, fazer a lição de casa se quiserem que a região venha efetivamente a fazer parte da solução para a crise mundial, como propagam arautos do otimismo. O fato de o País ter assumido a posição de sexta economia no ranking mundial não pode ser visto como panaceia. É uma boa notícia, mas que tem o seu avesso quando se sabe que ao Brasil caberá papel preponderante como interlocutor dos emergentes e do Terceiro Mundo.

Seja como for, o futuro da economia latino-americana é uma incógnita, mesmo que se leve em conta a perspectiva otimista de que a China - cujo PIB deverá ultrapassar o dos EUA nessa década - continuará sendo o fiel da balança comercial da região, como preveem especialistas, entre eles o Nobel de Economia Joseph Stiglitz.

Os cofres de silêncio - JANIO DE FREITAS

FOLHA DE SP - 19/01/12

Tão estarrecedora quanto os montantes de "movimentações atípicas" no Judiciário, sejam de juízes ou de outros servidores, há uma questão relevante ainda por entrar no debate do caso. Os R$ 855 milhões movimentados, conforme uma das cifras mais citadas, começa sua misteriosa existência em 2002.

Como e por que a massa de milhões veio desde o governo Fernando Henrique, atravessou 10 anos, desconhecida como um ratinho do Senado, até surgir por um acaso como ele só foi traído por um irresistível pé feminino?

A administração pública é dotada de um Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf_- cuja existência é, por si só, um bom sinal da moralidade vigente. Admita-se que essa espécie de raios-X permanente dos bolsos alheios tenha observado as movimentações, lá atrás. E, depois de confrontadas saídas de dinheiro ali e entradas acolá, que essa é a finalidade básica do Coaf, passasse as respectivas informações "a autoridades", como diz seu diretor.

E depois? Depois, desce o mistério que se arrisca a confundir-se com acobertamento e complacência. Se todas as centenas de milhões correspondessem a movimentações legítimas, a omissão de informações públicas seria cabível. Sabe-se, porém, que nem sempre foi e é assim.

O episódio quase recente, por exemplo, de um juiz de alto tribunal que vendeu sentenças resultou em notícias, mas por iniciativa de juízes revoltados com a conduta do colega. Caso se presuma que o Coaf constatara suas "movimentações atípicas", a dedução é a da inexistência, daí para a frente, de informações que demonstrem ao país a defesa do interesse público e da moralidade do Estado.

É mais uma distância entre o Poder e os cidadãos. Parte do fosso entre a sociedade e a democracia.

Bom sinal - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 19/01/12
A decisão da presidente Dilma Rousseff de excluir da divisão partidária o Ministério da Ciência e Tecnologia, entregando-o a um técnico - Marco Antônio Raupp, atual presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB) -, é notícia alvissareira que, se não serve para redimir a presidente por sua quase-reforma ministerial, deixa uma pequena semente para novos avanços.
É um sinal de que, havendo espaço político, a presidente parece disposta a montar uma equipe mais parecida com a de um governo com projeto do que este, que ainda reflete uma coalizão partidária que se guia mais pelo interesse fisiológico do que pelo programático.
A ideia inicial de enxugar o Ministério, seguindo o conselho do empresário Jorge Gerdau, coordenador da Comissão de Competitividade, segundo quem é impossível governar com 40 ministérios, foi por água abaixo devido a pressões políticas, especialmente do PT.
Esses ministérios como o da Igualdade Racial, o da Mulher, o da Pesca, e outros, existem oficialmente para realizar um diálogo com determinados segmentos da sociedade, mas para tanto não precisariam criar estruturas ministeriais.
Na verdade, são usados para compor com as diversas facções dos partidos de esquerda da coalizão, especialmente o PT, e por isso não foram extintos.
Outras fusões possíveis também foram abandonadas pelas mesmas necessidades de composição partidária, o que transformou a reforma que daria início formal ao governo Dilma em uma troca pontual de nomes, mas não de partidos, em alguns poucos ministérios.
Essas impossibilidades também reforçam a percepção de que a presidente Dilma ainda não conseguiu controlar politicamente sua base, e mesmo na gestão ela deixa a desejar, pois não conseguiu impedir os desmandos verificados em vários ministérios no primeiro ano de mandato.
Também a politicagem rasteira não abandonou de vez a Presidência da República, não fosse o ex-presidente Lula seu inspirador, cada vez com mais ascendência sobre as ações políticas do governo.
A presidente, que não queria manter Fernando Haddad na Educação, que pensou em tirá-lo várias vezes a cada crise do Enem, e só não o fez porque ele era parte de um projeto maior de Lula para retomar o controle político de São Paulo, no seu último dia no Ministério da Educação fez um périplo de inaugurações a seu lado, sempre o elogiando como um dos "grandes ministros da Educação do país".
É a campanha para a prefeitura de São Paulo já se desenvolvendo, pelo menos para o PT, enquanto o PSDB, seu principal adversário em teoria, divide-se em quatro pré-candidatos.
Também na questão da Saúde, a presidente Dilma enviou sinais desencontrados, pois, embora tenha aprovado a regulamentação dos gastos depois de 11 anos, organizando o setor, evitou com seu veto que a União colaborasse mais com as despesas sempre que o aumento do PIB seja maior do que a previsão.
Estados e, sobretudo, municípios continuarão a arcar com a maioria dos gastos com a Saúde, e o governo federal, desistindo de criar um imposto para o setor - no que fez muito bem -, evitou cortar gastos em outras rubricas para aumentar sua presença na Saúde, o que indica uma distorção de prioridades.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação Médica Brasileira (AMB) resolveram patrocinar uma proposta de lei de iniciativa popular, a exemplo do que aconteceu com a Lei da Ficha Limpa, com o objetivo de aumentar os investimentos públicos em Saúde.
A proposta visa a ampliar para 10% os gastos da União, que hoje estão em torno de 7%. Na verdade, a grande crítica aos vetos da presidente Dilma é que neles está refletida a ideia de que não haverá mais recursos do governo federal para a Saúde, já que estados continuam tendo que gastar 12% e os municípios, 15%, o que já é uma exigência legal.
O que ficou melhor é que não será mais possível maquiar os gastos com a inclusão de itens como merenda escolar e saneamento, o que pode fazer com que dinheiro novo entre efetivamente no sistema de saúde pública.
Mas, de qualquer modo, a manutenção do espírito de modernidade que vinha sendo a marca da administração do ministro Aloizio Mercadante à frente da Ciência e Tecnologia é um avanço.
O programa Ciência Sem Fronteiras, que tem como objetivo financiar cem mil bolsas de intercâmbio nas principais universidades do exterior para estudantes, do nível médio ao pós-doutorado, é um dos grandes passos já dados para melhorar a competitividade brasileira, mesmo que o objetivo final seja ambicioso e difícil de ser alcançado.
A parceria entre os ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação, em si só, já é um avanço de visão de longo prazo, e poderá ser aperfeiçoada agora que uma pessoa da equipe de Mercadante assumirá a pasta, enquanto ele vai para o Ministério da Educação.
Outro avanço é o acordo com a iniciativa privada, que vai financiar 25 mil das cem mil bolsas em áreas prioritárias como engenharias, ciências exatas (Matemática, Física, Química), computação, produção agrícola, tecnologia aeroespacial, petróleo, gás e demais áreas tecnológicas, em mais de 200 universidades estrangeiras - entre elas as melhores do mundo, como Harvard, Stanford, Cambridge -, nas áreas de ciências da saúde, ciências da vida, engenharia e tecnologia.
Para se ter uma ideia de como estamos defasados nesse terreno, no ano passado nada menos que 350 mil chineses estudavam no exterior, em programas incentivados pelo governo.

Pela Europa, FMI passa o chapéu - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 19/01/12

Por que dar dinheiro a uma instituição como o FMI que não prevê crises e que ajudou a causar a presente baderna?


O FMI vai pedir entre US$ 500 bilhões e US$ 600 bilhões ao mundo para incrementar sua caixinha, ora de uns US$ 390 bilhões. Vai pedir, claro, aos países "sócios". Trata-se de dinheiro equivalente a um quinto da produção de toda a economia brasileira em um ano (um quinto do PIB, mais ou menos).

A direção do FMI diz que, nos próximos dois anos, talvez precise de US$ 1 trilhão, dinheiro que seria emprestado a países à beira do calote, hoje majoritariamente europeus, embora a eurozona ainda possa fazer estragos em outras freguesias.

O FMI passa o chapéu por pressão europeia e, claro, em menor escala, pelo interesse da corporação de ter mais relevância política.

Os europeus querem dividir com o resto do mundo a conta da sua crise fiscal e também transferir para o Fundo a responsabilidade de cobrar as dívidas, como o FMI quase sempre fez na sua função de capitão-do-mato da finança global.

De onde virá o dinheiro? Os países da eurozona disseram, mas não confirmaram, que arrumam uns US$ 200 bilhões. O resto teria de vir de EUA, asiáticos ricos, países petrolíferos e talvez até do Brasil.

O Congresso americano quer cortar dinheiro do Orçamento deles a ponto de deixar velhos doentes morrendo (ainda mais) na rua. Querem até cancelar empréstimos já feitos pelos EUA ao FMI. Não parece que os americanos vão colocar muito mais dinheiro no Fundo.

Sobram os "países em desenvolvimento", China à frente.

Europeus e americanos não gostam da ideia de ver os chineses na posição de fazer o favor de emprestar dinheiro e, ainda por cima, barganhar poderes e concessões do velho mundo rico. Em suma, a crise europeia é mais um capítulo da mudança de equilíbrio político e econômico no mundo, blá-blá-blá.

Embora seja uma questão essencial, crítica, de "realpolitik", a redivisão de poderes é, ainda assim é um assunto convencional.

Chineses, indianos e até brasileiros aproveitam a situação para reclamar mais voz no FMI, no Bird ou na ONU; para enrolar discussões climáticas ou acordos na OMC (Organização Mundial do Comércio).

No entanto, não se contesta a ideia de que o Fundo, ou equivalente, vai recolher dinheiro de governos, do público (direta ou indiretamente), a fim de escorchar países (o povo comum, na verdade) com o objetivo de restituir empréstimos aos donos do dinheiro grosso.

É uma crítica velha e, diz-se, ingênua e inepta. Afinal, se os bancos vão a falência, a crise se multiplica e afeta multidões etc. etc. etc. É verdade. Se os bancos perdem dinheiro, emprestam menos, a economia cresce menos etc. etc. É verdade.

Mas quais as punições para aqueles que acumularam fortunas por meio de investimentos ruins, com as piores alocações de capital da história do capital? Quase nenhuma.

Por que uma instituição que não percebeu a chegada de nenhuma das crises financeiras graves desde 1997 será responsável por supervisionar o rescaldo do incêndio?

Aliás, de incêndio para o qual forneceu vasto combustível, pois o FMI sempre foi um instrumento da propaganda da política financeira que causou os desastres que culminaram na baderna de agora, para nem mencionar outras imposições ineptas e desgraças humanas e políticas que causou ou chancelou.

"BBB"! Gorducha estupra geladeira! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 19/01/12

A final vai ser transmitida da DP de Jacarepaguá! O pessoal do Projac vai ter que tomar Prozac!

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E a banda de rock: "Eu ligo o rádio, e a garganta dá um nó/ Eu vou vomitar no Michel Teló".
Rarará!
E adorei o novo reforço do Palmeiras: Barcos! Deve ser pra recolher o time que tá afundando! Ou então partiram pro iatismo. Já que futebol não dá mais! E o Barcos é argentino! Agora é que afunda de vez! Rarará!
E a piada pronta do ano: "Navio que naufragou na Itália é o mesmo do centenário do Timão". Esse navio tava zicado: a champanhe não estourou, foi usado pelo centenário do Corinthians. E o dono da empresa se chama Pier!
E diz que naufragou porque tava sem Timão! E se o Adriano já estivesse no centenário do Timão, o navio já tinha adernado dois anos atrás! Rarará!
E esses surrealities, hein? Big Baixaria Brasil! Paredão já era! Quero expulsão! A onda é expulsão! E sabe por que aquela gorducha foi eliminada? Porque estuprou a geladeira! Abusou da geladeira enquanto a geladeira dormia!
E as "Mulheres Ricas"? As bizarras foram pra Buenos Aires. Buenos Aires? Mulheres ricas, produção pobre. Rarará. E uma das bisonhas falou: "O tango é a cara da Argentina". Não, errado, o tango é a cara de Botsuana! Rarará!
E a filha do bicheiro, que se chama Shana? Soltaram a Shana! O bicho tá com a Shana solta. Vou jogar no bicho! Qual o número da perereca? E essa aqui: "Crocodilo que assustava até dinossauros morava em SP há 80 milhões de anos". Era o Maluf! Rarará. Era o Maluf porque era em São Paulo. Se fosse no Maranhão, seria o Sarney!
E diz que a final do "BBB" vai ser transmitida direto da DP de Jacarepaguá! Esse pessoal do Projac vai ter que tomar Prozac! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
E um amigo esteve nas Americanas do shopping Tamboré e olha como eles dividem a seção de DVDs: "Clássicos, épico, Hitler e Trapalhões". Ah, acho que hoje eu vou pegar um Hitler. Aí você liga pra tua mulher: "Amor, você quer assistir a que hoje? Um Hitler ou Os Trapalhões?". Rarará.
E São Bernardo do Campo amanhece submersa. Como é o nome do prefeito? Luiz Marinho. Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Pra ver a Luiza, que está no Canadá!

Notas sobre a cracolândia - CONTARDO CALLIGARIS


FOLHA DE SP - 19/01/12

A escolha de se drogar é uma doença? Consideramos doente quem não se autorregula como nós?


Alguns leitores pediram que eu me posicionasse sobre a operação policial que tenta acabar com a cracolândia de São Paulo.

Aqui vão três posicionamentos. 1) Sou contra violência e abusos repressivos (em tese, o governo também é). 2) Com ou sem internações não voluntárias, com ou sem a boa vontade de ONGs e igrejas, só uma ínfima parte dos drogados desistirá do crack e da errância pelas ruas da cidade. 3) E enfim, em tese, sou a favor do projeto de acabar com a cracolândia, mas não me orgulho disso, por duas razões: a primeira é que tenho carinho pelas sarjetas urbanas e ainda sinto falta da Times Square de Nova York nos anos 1970; a segunda pede uma explicação mais longa.

A operação cracolândia e o debate que a acompanha na imprensa ilustram as dificuldades do poder na modernidade. Num dos seus melhores seminários (o de 1975, "Os Anormais", Martins Fontes), Foucault mostra que esse poder oscila entre dois modelos: o da lepra e o da peste. Os diferentes e infratores podem ser retirados da circulação, fechados na prisão, na colônia agrícola, no antigo asilo.

Esse é o modelo adotado para a lepra; ele segrega no lazareto. Mas, às vezes, os diferentes e infratores, muito numerosos, espalham-se pelo tecido social de forma que sua segregação seria improvável. É o que acontecia no caso da peste.

Os contaminados, então, não eram fechados em lazaretos afastados, mas a cidade era dividida em quadras, que eram vigiadas por, digamos, agentes sanitários: os doentes eram proibidos de deixar seu domicílio, e o governo administrava a vida (e a morte) deles dentro de suas próprias casas.

O modelo da peste tinha duas vantagens: ele permitia gerir intimamente a vida concreta das pessoas, e sua motivação aparente era nobre: "curá-las". Por isso, aliás, ele contaminou o modelo da lepra: quase não há mais detenção (modelo da lepra) que não cultive a ilusão de que ela será, para o detento, uma ocasião de redenção ou de cura (modelo da peste).

Hoje, podemos ser infratores e incômodos, mas raramente somos "ruins" e irrecuperáveis: seremos emendados pelos bons cuidados da sociedade, pois, de fato, éramos (ou melhor, estávamos) apenas "doentes". Será que este modelo nos deixa mais livres? Engano. Atrás da face indulgente do poder que se inspira no modelo da peste (o infrator estava doente, não fez por querer, está "desculpado"), esconde-se uma face especialmente tirânica: qualquer ato dissonante é reconhecido não como fruto de rebeldia ou originalidade, mas como efeito de uma patologia. Você é contra? Você é diferente? Pois bem, você está doente. Não há mais dissenso -só enfermos e loucos.

Voltemos à cracolândia. Talvez a toxicomania, uma vez instalada, seja uma espécie de doença. Mas a escolha inicial de se engajar na droga, será que é uma doença? Consideraremos doente (por alguma disfunção do córtex pré-frontal, por exemplo) qualquer sujeito que não se autorregule como a gente?

Anos atrás, jovem psicanalista, no norte da França, eu me ocupava de adolescentes "problemáticos" pelas drogas que consumiam, pela desistência escolar, por uma criminalidade difusa e pela violência contra os adultos que se opunham a suas vontades.

Alguns eram filhos de excluídos, outros inventavam uma marginalidade própria, não herdada. Um desses jovens escutou pacientemente enquanto eu tentava convencê-lo a frequentar as sessões de terapia e a aceitar a ajuda de uma assistente social, que facilitaria sua reinserção. Quando acabei, ele me disse, pausadamente, olho no olho: "O que lhe faz pensar que eu queira ter uma vida parecida com a sua?".

Conclusão. Podemos tentar curar os "noias", ou seja, esperar suprimi-los de um jeito mais radical do que apenas prendendo-os. De qualquer forma, agimos porque os achamos insalubres para nós.

E peço que ninguém pretenda me convencer que a dita cura, à diferença da segregação ou das porretadas, seria para o bem (ou para a dignidade) deles. Detalhe. Originalmente, os modelos da lepra e da peste foram maneiras diferentes de lidar com o risco de um contágio.

Quando tentamos "curar" vagabundos ou drogados talvez estejamos também reagindo ao risco de um contágio pelas margens sociais. Como assim? Nunca estamos realmente convencidos de que temos razão de sermos bem pensantes e bem comportados. "Curar" à força os perdidos da cracolândia nos ajuda a evitar a sedução que sua "noite suja" exerce sobre nós.

Automóveis devem ter rabos? - FERNANDO REINACH


 O Estado de S.Paulo - 19/01/12


A descoberta de como os lagartos usam seus rabos motivou a construção de carros-robôs providos de rabos. E, impressionante, o rabo ajuda a estabilizar o veículo.

Para que servem os rabos? Vacas espantam moscas e macacos se penduram, mas sempre se suspeitou de que a principal função dos rabos seria ajudar os animais a manter o equilíbrio. O princípio envolvido é o mesmo que os equilibristas usam para andar numa corda bamba carregando uma longa vara. Se eles vão cair para a esquerda, levantam a borda direita da vara, o que leva o corpo a se inclinar para a direita, permitindo reequilibrar o corpo.

O fenômeno físico por trás desse efeito é a conservação do momento angular. Em filmes de guepardos perseguindo gazelas em alta velocidade, pode ser observado que o animal move o rabo para compensar o desequilíbrio causado pelas curvas fechadas necessárias para acompanhar a presa. Até recentemente, essa função dos rabos era uma simples suposição, nunca comprovada experimentalmente.

Um grupo de cientistas filmou em câmara lenta os saltos de lagartos da espécie Agama agama. Os lagartos, que pesam aproximadamente 65 gramas, eram incentivados a correr em uma pista, subir em um degrau, saltar sobre um vão, pousar sobre uma superfície vertical e entrar no seu esconderijo. Esses vídeos foram analisados de modo a verificar como o lagarto conseguia orientar o corpo durante o voo de modo a conseguir pousar na vertical partindo da posição horizontal.

Os cientistas variaram a superfície do degrau de onde o lagarto partia. Quando a superfície era lisa, mas não escorregadia, o lagarto conseguia orientar corretamente o pulo e o rabo permanecia reto em relação ao corpo. Mas, se a superfície era escorregadia, o impulso era mais fraco e ficava mais difícil de o lagarto iniciar o pulo com a cabeça erguida. Ele decolava em linha reta e, se nada fosse feito, bateria de frente na superfície vertical. Nesses casos, o lagarto levanta rapidamente o rabo de modo a orientar o corpo para a vertical durante o voo , conseguindo pousar corretamente. Finalmente, se a superfície era áspera, o lagarto partia com um excesso de inclinação e necessitava baixar o rabo para orientar o corpo.

Carro com rabo. Após coletar e analisar esses dados, os cientistas construíram um modelo matemático que permite prever o quanto é necessário mover a cauda do lagarto para orientar o corpo durante o voo, qualquer que seja sua orientação inicial. Para verificar se esse modelo estava correto, construíram um carro-robô com rabo, que possui um giroscópio que mede a inclinação do corpo do carro (que faz o papel do ouvido interno do lagarto) e informa um computador.

Com base nesses dados, o computador (que faz o papel do cérebro do lagarto) utiliza o modelo matemático e ativa um motor (que faz o papel dos músculos do rabo do lagarto) capaz de alterar a orientação do rabo do carro. O sistema é programado para mover o rabo de maneira a manter o corpo do carro na horizontal durante a queda.

O carro-robô foi lançado em uma pista descendente, semelhante a uma pista de salto de esqui, que termina em um trecho ascendente. Normalmente, sem a ativação dos movimentos do rabo, o carro tende a cair de bico no chão, como ocorre quando um caro sai da estrada e cai em um barranco . Quando o rabo inteligente é ativado, o carro consegue manter a frente erguida durante a queda e pousa na horizontal.

Isso prova que o rabo móvel é capaz de orientar o carro durante a queda. Mais importante, esse resultado demonstra que o modelo deduzido a partir dos estudos com lagartos permite não somente prever o comportamento dos lagartos, mas controlar a orientação de um carro durante a queda. Como toda boa ciência, esse estudo explica como funciona um fenômeno natural e permite que esse conhecimento seja incorporado a novos produtos.

É difícil saber se essa tecnologia um dia será incorporada aos carros. Afinal, um carro com rabo talvez não habite o sonho dos consumidores - mas sem dúvida o rabo ajudaria a evitar acidentes.

O parto da montanha - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 19/01/12

Quem não tem reforma ministerial a fim de apresentar um governo para chamar de seu, caça com uma reunião ministerial para discutir metas, meios e modos.

Assessores, conselheiros, ministros e políticos próximos à presidente da República passaram o ano de 2011 dizendo que no início de 2012 haveria uma reforma ministerial que marcaria o começo do verdadeiro governo de Dilma Rousseff.

Pouco depois da posse presidencial e do anúncio do Ministério disseminou-se a versão de que a equipe então nomeada teria prazo de validade. Seria de um ano. Quem não sobrevivesse ao teste estaria fora. Os leitores, espectadores e ouvintes atentos lembram-se disso.

Completado o primeiro ano de governo, do parto da montanha nasceu um rato. O que era reforma agora é chamado de "ajuste" com quatro, no máximo cinco mudanças pontuais de nomes e nenhuma alteração no conceito da formação do condomínio.

As razões são basicamente duas e já conhecidas: a troca de sete ministros ao longo de 2011 e a decisão de não mexer na forma nem no conteúdo da partilha política entre partidos aliados.

Primeiro porque o governo considera que está ganhando o jogo e segundo porque todo cuidado é pouco em ano eleitoral.

Pois bem, mas Dilma ainda assim continua precisando de um marco, a fim de consolidar a imagem do recomeço com jeito de começo para valer.

E é aí que entra a reunião ministerial marcada para a próxima terça-feira para discutir cortes no Orçamento, metas de gestão e reformulação de programas setoriais.

Trata-se de um substitutivo à reforma que, na prática, terá muito pouco ou quase nada a oferecer além de diagnósticos - sem sentido num projeto de governo que entra em seu décimo ano - de prognósticos cuja execução o histórico da discrepância entre anúncios e resultados não convida à credibilidade.

Como evento, a reunião ministerial é sucesso garantido. Como ação real e marco de governo, algo que precise de três encontros preparatórios e movimente 38 ministros (entre eles vários com os quais Dilma nunca recebeu), nada garante o sucesso.

Dois gumes. A ausência do senador Aécio Neves da linha de frente de combate oposicionista, segundo seus aliados, é estratégica. Apostaria na atuação de bastidor e nas fissuras da base do governo.

Um dos seus alvos é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB.

Há quem veja, porém, um risco: o de Eduardo Campos crescer demais e terminar dono do espaço que Aécio esperaria ocupar nos preparativos para 2014.

Padroeiros. A ofensiva do governo argentino contra a imprensa não alinhada aos seus interesses - invasão de uma empresa do grupo Clarín e proposta de estatização disfarçada da produção, distribuição e comercialização de papel-jornal - não é, na versão oficial, uma tentativa de controle dos meios de comunicação.

A ideia, segundo assessores de Cristina Kirchner, é "democratizar a informação e eliminar o poder dos monopólios".

O presidente do PT, Rui Falcão, também desmente que o objetivo do partido seja o controle. "Queremos proteger a imprensa nacional da lei da selva do mercado", alega.

Qualquer semelhança na argumentação não é mera coincidência. É eufemismo mesmo.

Venha a nós. Na entrevista do ministro do Tribunal Superior do Trabalho e ex-integrante do Conselho Nacional de Justiça, Ives Gandra Filho, publicada na edição de domingo do Estado, sobre a pressão de juízes contra a criação de critérios bem definidos para o pagamento de pagamentos acumulados a magistrados, um trecho mostra a amplitude dos lobbies.

É o relato sobre a situação encontrada pelo CNJ no Tribunal de Justiça de Mato Grosso: "A presidência era dominada por maçons, havia uma cooperativa ligada à maçonaria. Vários magistrados receberam (alguns R$ 1,5 milhão) para emprestar à loja".

COELHADA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 19/01/12


A pré-estreia de "2 Coelhos", anteontem, no Cinemark Iguatemi, contou com a presença do elenco: Alessandra Negrini, Caco Ciocler, Thaíde e Fernando Alves Pinto. O diretor do longa, Afonso Poyart, e a atriz Lucy Ramos também foram à sessão, em São Paulo.

CHEVRON NA MIRA
O deputado Protógenes Queiroz (PC do B-SP), relator da comissão externa da Câmara que apura o vazamento de óleo no campo de Frade (RJ), operado pela Chevron, pretende pedir em fevereiro a suspensão de todos os contratos da empresa americana com o governo brasileiro. "Já tenho dados para propor isso. Não é a primeira vez que ela causa esse tipo de acidente, e temos a suspeita de que havia poucos técnicos treinados para aquele trabalho", diz.

NA MIRA 2
A Chevron diz que não comenta "rumores ou especulações de qualquer natureza" e que "não recebeu notificação de nenhuma autoridade sobre essa questão". A empresa afirma que respeita as leis de todos os países onde atua e que está colaborando com o governo para a apuração do vazamento.

ESQUECERAM DE MIM
A família do ex-governador André Franco Montoro, morto em 1999, está ressentida com o secretário de Energia, José Aníbal, que não o citou como um dos idealizadores das Diretas Já em sua apresentação como pré-candidato à Prefeitura de SP durante debate do PSDB, na segunda. "Tem que falar, por coerência e respeito à história do partido", diz Leonardo Coutinho, sobrinho-neto de Montoro.

NÃO FUI EU
A assessoria de Aníbal diz que quem redigiu a apresentação foi o partido. "Não cometeríamos essa gafe." Já a assessoria do PSDB paulistano diz que o currículo foi enviado pelos pré-candidatos.

NEGÓCIO FECHADO
O jornalista e escritor Mario Sabino, ex-redator-chefe da revista "Veja", será anunciado hoje como sócio e vice-presidente da agência de comunicação corporativa CDN (Companhia de Notícias), uma das maiores do país.

MARVADA PINGA
Na esteira da polêmica do suposto estupro de uma participante do "Big Brother Brasil", Boni, ex-diretor da TV Globo, voltou a criticar o reality show, comandado por seu filho Boninho. "Não me atrai esse conceito que eles pegaram da Holanda, em que ficam dando bebida alcoólica [para os participantes] e promovendo festinhas", afirma.

VISCONDE DE SABUGOSA
O Ministério Público de SP busca documentos, fotos e objetos de seus integrantes para criar o memorial da instituição. Localizaram o livro de posse do escritor Monteiro Lobato como promotor da cidade de Areias, onde atuou de 1907 a 1911.

EU NÃO SOU ELE
Na saída da estreia para convidados de "Xanadu", no Rio, anteontem, o ator Ney Latorraca recebia os parabéns pelo musical. E explicava: "Eu não sou o Xexéo, não". Alguns espectadores o confundiram com o escritor Artur Xexéo, também grisalho, que adaptou a peça.

QUEDA LIVRE
E uma das tecladistas do musical caiu da cadeira no fim de semana, em cima do palco. Luxou o braço e machucou a perna.

CURTO-CIRCUITO

Serpui Marie lança hoje linha infantil de acessórios na feira Zero a Doze.

O site Stylesight comemora aniversário hoje, às 19h, com coquetel na SPFW.

A venda de ingressos para os Bailes do Rio de Carnaval, organizados por Luiz Calainho, Alexandre Accioly, Ricardo e Bernardo Amaral, começa hoje, no site ingresso.com.

com DIÓGENES CAMPANHA (interino), LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

Havel, cebolas e cenouras - DEMÉTRIO MAGNOLI


O Estado de S.Paulo - 19/01/12


Fez ontem um mês que morreu Vaclav Havel. No dia seguinte ao enterro, 80 mil manifestantes reunidos em Moscou interromperam por um minuto o protesto contra Vladimir Putin para homenageá-lo em silêncio. Eles perceberam que o mundo ficou mais pobre sem Havel. O intelectual, dramaturgo e dissidente checo ensinou, ao longo de uma vida, que o contrário do comunismo não é o capitalismo, mas a verdade.

Havel não era um dramaturgo excepcional, nem um ensaísta genial. Contra o cenário fulgurante da vida literária, artística e filosófica da Europa Central, suas peças e seus textos parecem, com apenas uma exceção notável, experimentos secundários. "A obra mais importante de Havel é sua própria vida", disse o romancista Milan Kundera. E, no entanto, ele fez mais diferença que qualquer outro.

A dissidência comunista nasceu junto com a consolidação do poder bolchevique na Rússia. Antes de Hannah Arendt iluminar os paralelos entre o comunismo e o nazismo (Origens do Totalitarismo, 1951), figuras como Victor Serge (É meia-noite no século, 1939), Arthur Koestler (O Zero e o Infinito, 1940) e George Orwell (A Revolução dos Bichos, 1945) cortaram o corpo apodrecido do sistema soviético com o bisturi da literatura e escancararam a natureza do totalitarismo. Havel inspirou-se nesses predecessores para formular o seu diagnóstico: o mal manifestava-se como linguagem - e, justamente por isso, contaminava a sociedade inteira.

O Poder dos Sem-Poder, de 1978, é o grande voo ensaístico de Havel. Escrito logo após um encontro furtivo com o dissidente polonês Adam Michnik, o texto desvendou o segredo do poder comunista tardio. O terror stalinista, com seu cortejo indescritível de opressão e brutalidade, era coisa do passado. No lugar dele se instalara um sistema "pós-totalitário", expressão que não pretendia conotar a superação do totalitarismo, mas uma acomodação essencial das engrenagens de controle da sociedade. O fundamento do sistema residia na mentira ritualizada.

Por que o administrador da quitanda pendura na vitrine, junto com as cebolas e as cenouras, um cartaz com os dizeres "trabalhadores do mundo, uni-vos!"?, indagou Havel. Ele não estava "genuinamente entusiasmado com a ideia da unidade dos trabalhadores do mundo". O cartaz fora "enviado da sede da empresa ao verdureiro, junto com as cebolas e cenouras". O homem expunha-o porque "agia assim há anos", "todos fazem o mesmo" e "tais coisas devem ser feitas para que tudo corra bem na vida". O pós-totalitarismo comunista operava com base no hábito, na imitação, no medo e num interesse pessoal mesquinho. A doutrina que anunciara a libertação de toda a humanidade se conservava no poder pelo estímulo organizado das inclinações humanas à subserviência, à hipocrisia e à covardia. O poder comunista pereceria quando as pessoas sem poder simplesmente se recusassem a desempenhar os papéis deploráveis que lhes haviam sido designados.

Na superfície, não parece existir nenhum traço comum entre Havel e o polonês Leszek Kolakowski. O checo nunca foi comunista; o polonês ingressou no partido na juventude, destacando-se como brilhante promessa. Por motivos políticos, as portas da universidade fecharam-se ao checo; pelas mesmas razões, abriram-se de par em par ao polonês, que cursou filosofia e, em 1950, ganhou uma viagem à "pátria do socialismo". A visita teve consequências inesperadas, pois aquela fresta para a "desolação material e espiritual" da URSS quebrou sua fidelidade ideológica, convertendo-o em dissidente. Mesmo nessa condição, porém, um abismo o separava de Havel: o polonês entregou-se à crítica da filosofia marxista da História, transitando numa esfera teórica distante dos interesses intelectuais do checo.

Entretanto, um fio profundo une Kolakowski a Havel. De volta à Polônia, Kolakowski publicou um ensaio devastador que contestava o núcleo do pensamento marxista. A História não é previsível, escreveu, delineando um raciocínio que o conduziria à conclusão de que o stalinismo não representava uma aberração do comunismo, mas a sua plena realização. O dogma da previsibilidade da História é a fonte da noção de que os destinos da sociedade devem ser depositados no partido. Tal noção, por sua vez, esculpe a linguagem política da mentira, privando a sociedade de valores genuínos e esvaziando a vida pública de qualquer sentido cívico.

A Revolução de Veludo, de 1989, transferiu um relutante Havel dos bastidores do Teatro Lanterna Mágica para o Castelo de Praga. No cargo quase simbólico de presidente da Checoslováquia, ele convidou Frank Zappa para tocar no concerto "Adeus ao Exército Soviético", última performance pública do músico. Também evitou que a separação entre a República Checa e a Eslováquia degenerasse nos horrores do conflito étnico. Há três anos, como ato político derradeiro, Havel inspirou a Declaração de Praga, que classifica o comunismo, ao lado do nazismo, como causa dos mais terríveis crimes do século 20. O documento solicita que o 23 de agosto, data da assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop, seja transformado em dia de memória das vítimas dos dois totalitarismos paralelos.

Dias atrás, a blogueira cubana Yoani Sánchez divulgou um apelo em vídeo à presidente Dilma Rousseff. Yoani foi convidada para a estreia do documentário Conexão Cuba-Honduras, do cineasta Dado Galvão, na Bahia, em fevereiro, mas o governo cubano continua a negar-lhe uma autorização de viagem. Ela não pode viajar porque, como ensinou Havel, escolheu "viver na verdade", recusando-se a seguir o roteiro escrito pelo pós-totalitarismo. Todos nós podemos erguer um brinde em memória do dissidente checo. Dilma tem a oportunidade de homenageá-lo com um gesto especial: intercedendo em favor de Yoani. Nossa presidente fará uso desse privilégio ou preferirá celebrar uma mentira emoldurada por cebolas e cenouras?

O eleitor decide - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 19/01/12


Com o apoio do PMDB, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) vai propor a realização de um plebiscito nas eleições de 2014 para decidir sobre a reforma política. Ontem, o vice Michel Temer deu aval à iniciativa de Miro. Ele também recebeu sinal verde do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, e dos líderes do PR, Lincoln Portela (RR), e do PTB, Jovair Arantes (GO), na Câmara. Esse movimento deve paralisar a votação da proposta de reforma relatada pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS).

Ampliar o tempo de propaganda na TV
O texto do projeto que está sendo preparado prevê a ampliação, nas eleições de 2014, do horário de propaganda eleitoral no rádio e na TV. Esse tempo adicional seria usado para debater o conteúdo das propostas de reforma política. Os eleitores teriam de escolher entre o voto distrital, o distritão, o voto distrital misto, a manutenção do voto proporcional e a adoção do voto em lista. E decidir também sobre como será o financiamento eleitoral: privado, como é hoje; exclusivamente público; ou misto, como é nos Estados Unidos. As mudanças aprovadas nas eleições de 2014 seriam implementadas no pleito seguinte, o de 2018.


"Nossa ideia é baixar a temperatura e consolidar a aliança com o PMDB. O problema é o destempero verbal do (Jorge) Picciani” — Edson Santos, deputado federal (PTRJ), sobre a escaramuça entre os dois partidos 

O PROJETO É NACIONAL. O presidente estadual do PT de São Paulo, Edinho Silva, na foto, defende as conversas com o PSD do prefeito Gilberto Kassab para uma aliança em torno da candidatura de Fernando Haddad. Diz que a prioridade tem que ser o projeto nacional. “Uma vitória na capital muda a correlação de forças no quadro nacional para 2014”, disse ele. “Não dá é para o PT não se abrir para o diálogo”, acrescenta Edinho.

Sílfide
A presidente Dilma ficou surpresa ontem ao encontrar o vice do Rio, Luiz Fernando Pezão. Ele emagreceu 22 kg. "Não estou te conhecendo", disse ela. O governador Sérgio Cabral brincou: "Esse é o meu novo vice-governador".

Insatisfação
O PT não gostou da nomeação de Marco Antônio Raupp para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Ele foi uma indicação pessoal de Aloizio Mercadante, que assumirá a Educação. O partido queria emplacar o deputado Newton Lima (PT-SP).

Faca nos dentes
Enquanto dirigentes petistas criticaram o tom da nota que o partido soltou contra o presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, teve gente que achou pouco. Na reunião da Executiva do PT carioca, segunda-feira, Antonio Neiva, ligado ao senador Lindbergh Farias (PT-RJ), disse que a nota deveria ter sido mais agressiva. No PMDB, com 38 prefeitos no Rio, se diz que a postura de Picciani teve o objetivo de motivar o partido.

Auditoria neles
Três estados declararam, em 2010, não ter aplicado o mínimo de 12% do orçamento em Saúde. Piauí, 11,07%; Paraná, 9,98%; e Rio Grande do Sul, 7,62%. O Ministério da Saúde analisa a veracidade dos dados dos outros 24 estados.

Ainda não
Neste primeiro ano de governo, o ministro Moreira Franco (Assuntos Estratégicos) nunca despachou individualmente com a presidente Dilma. Agora ele participará de reunião setorial com ela para traçar as metas para este ano.

RETIRO As reuniões setoriais dos ministros com a presidente Dilma estão programadas inclusive para sábado e domingo. Quem representará a Previdência será o secretário-executivo Carlos Eduardo Gabas. O ministro Garibaldi Alves estará de férias.

PRÉVIAS. Apesar do esforço do presidente do PT, Rui Falcão, para que não haja prévias em Fortaleza, o partido continua com seis pré-candidatos.

JÁ FORAM indicados 22 deputados para a comissão especial dos royalties do petróleo. O Rio (9), o Espírito Santo (3) e São Paulo (1) somam 13 votos. O PT (5) e o PMDB (4) ainda não indicaram os seus.