terça-feira, outubro 02, 2012

Inteligência policial - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 02/10


É um tanto inquietante a primeira impressão deixada pela revelação, em reportagem do "TV Folha", programa veiculado na TV Cultura no domingo, das entranhas da facção criminosa que infesta os presídios do Estado de São Paulo.

Descobrir o PCC presente em 123 das 645 cidades paulistas, com 1.343 alistados sob seu comando, instilará receios em qualquer pessoa. A organização dispõe de 88 fuzis e 75 veículos para apoiar suas ações criminosas, que lhe arrecadam R$ 6 milhões mensais.

Essas informações alarmantes vêm somar-se às outras más notícias sobre a segurança pública no Estado. Os homicídios dolosos aumentaram 8,6% em agosto, contra o mesmo mês de 2011; nos primeiros oito meses do ano, a taxa foi um pouco menor, de 6,3%.

Teme-se que o incremento, embora não explosivo, represente -mais que flutuação estatística- a interrupção da formidável queda da criminalidade em SP nas duas últimas décadas, que a levou para a casa dos 10 homicídios por 100 mil habitantes (a média nacional é pelo menos duas vezes maior).

Preocupa nessa alta os sinais de que a ela se associa um recrudescimento da violência praticada contra a polícia e por ela. Pelo menos 73 policiais Militares foram mortos no Estado neste ano, quase duas vezes o número de vítimas no mesmo período do ano passado.

O total de mortos pela corporação policial (supõe-se que a maioria seja de bandidos abatidos em confrontos) estava em 170 no fim de julho, último dado oficial disponível -uma cifra de letalidade excessiva, sob qualquer parâmetro.

Tudo leva a crer que se encontra em curso uma guerra subterrânea entre a Polícia Militar e a facção.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) insiste em que se trata de reação dos criminosos à ação policial, explicação que já parecia plausível e agora sai reforçada.

Os cerca de 400 documentos obtidos e revelados na reportagem indicam que a polícia paulista deu um passo importante de investigação sobre o PCC, fruto de um trabalho de inteligência mais apurado.

Cabe agora utilizar a informação adquirida para desbaratar a organização com a mesma eficácia, sem excessos nem ímpetos de vingança. Investigar e prender -é tudo que a população espera de uma polícia atuante e preparada.

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