terça-feira, agosto 21, 2012

De eleições e votos - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 21/08

Com o início da propaganda de rádio e tevê hoje, os partidos e as empresas de consultoria fizeram uma série de análises de pesquisas e cruzamentos de dados para fotografar esse cenário em que o eleitor começa a despertar para a campanha eleitoral em que irá escolher os futuros prefeitos das capitais do país. O PSDB ficou em festa. Descobriu que larga bem em sete capitais: Rio Branco, Maceió, Manaus, Vitória, João Pessoa, Teresina e São Paulo. Pode não ser o paraíso, mas é bem melhor do que ocorre com o principal adversário dos tucanos, o PT. O partido que detém o comando do Planalto larga na dianteira ou em posição bastante favorável apenas em Recife e em Goiânia. Não por acaso, o PT, ontem mesmo, foi até Lula para ver se ele incrementa a campanha não só nessas cidades, como em outros polos estratégicos, como Belo Horizonte.

Se o problema eleitoral petista fosse apenas o PSDB, estava de bom tamanho. Mas os cruzamentos que a consultoria Arko Advice fez chegar a seus clientes mostram os aliados ao governo Dilma numa situação muito melhor do que a do partido de Lula. Além do empate técnico registrado entre o tucano Cícero Lucena (PSDB) e José Maranhão (PMDB), em João Pessoa, os peemedebistas apresentam boas performances no Rio de Janeiro, em Campo Grande e em Boa Vista (RR). Já o PSB segue para o horário eleitoral com um cenário positivo em Belo Horizonte e em Cuiabá. Tem também uma boa largada em Curitiba, onde Luciano Ducci concorre à reeleição, com o apoio do PSDB, contra o ex-tucano Gustavo Fruet — candidato do PDT com apoio dos petistas. O PDT, por sua vez, larga bem em Porto Alegre, Macapá e Natal. O PP, em São Luís, e o PSD, em Florianópolis.

Por falar em Curitiba…

Ao analisar o cenário, os tucanos juntaram informações coletadas pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), publicadas domingo no Correio. Descobriram que a maioria das disputas se dará entre aliados do governo Dilma. Ou seja, fatalmente, parte desses aliados voltará estressada no fim do ano para Brasília, disposta a largar o apoio ao governo. Ou, no mínimo, tentada a dar algumas derrotas à presidente e seu partido. Especialmente, porque existe a sensação de que o PT tentará usar Lula para tratorar aliados em várias cidades.

Não dá para deixar de lembrar que toda essa confusão em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) começou logo depois da campanha de 2004, quando, confrontando algumas situações desfavoráveis com o desempenho dos aliados nas urnas, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, ficou irritado e declarou guerra ao PT do então ministro José Dirceu. Isso nem de longe significa que a história pode se repetir, mas a disputa entre aliados deixa no ar uma certa preocupação com sentimentos de vingança e ações capazes de comprometer o governo, o que, num ambiente de crise externa, pode ser tão perigoso quanto foi a denúncia do mensalão.

Por falar em mensalão…

O voto de Joaquim Barbosa pela condenação do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato por peculato indica um enfraquecimento da tese da defesa — de que o processo conhecido pela alcunha de mensalão não passou de dinheiro de caixa dois de campanha, sem desvio de dinheiro público. Vamos ver se isso se confirma nos próximos capítulos da novela, quando saberemos os votos dos demais ministros. Esse é um dos pontos mais nevrálgicos do julgamento.

Por falar em pontos nevrálgicos…

O clima ferve na Petrobras. Nomeado há menos de quatro meses, o diretor de Abastecimento, José Carlos Consenza, quer deixar o cargo. Ele substituiu Paulo Roberto Costa, que havia sido indicado pelo PP com a concordância do PMDB ainda no governo Lula. O que se comenta nos bastidores é que Consenza cansou de ser responsabilizado por atrasos no cronograma das obras de seu setor, uma vez que pegou o bonde andando. Como diz o ditado, em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão.

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