domingo, julho 15, 2012

Soberania tecnológica - JOSUÉ GOMES DA SILVA

FOLHA DE SP - 15/07


A USP é a única universidade do Brasil incluída entre as 200 mais bem ranqueadas do mundo, ocupando o 178º lugar. Também é a melhor da América Latina, conforme ranking do grupo britânico Quacquarelli Symonds, que lhe atribuiu nota máxima.

De fato, o país tem instituições de excelência no ensino superior, mas, considerada sua extensão territorial, sua população e seus desafios a serem superados, ainda está aquém do ideal.

O Chile, com território de 756 mil quilômetros quadrados e 17 milhões de habitantes (população equivalente à da Grande São Paulo), classificou quatro entre as dez melhores universidades da América Latina. O Brasil, com área mais de dez vezes superior e população 11,5 vezes mais numerosa, classificou apenas três.

Se ampliarmos o universo de avaliação para as 25 melhores universidades latino-americanas, nosso país tem nove representantes. Além da USP, incluem-se a Unicamp (3ª colocada), seguida das federais do Rio de Janeiro (UFRJ, 8ª), Minas Gerais (UFMG, 13ª), do Rio Grande do Sul (UFRGS, 14ª) e de São Paulo (Unifesp, 15ª). A Universidade Estadual Paulista (Unesp) é a 16ª, logo à frente da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio). A Universidade de Brasília (UnB), no 25º posto, encerra a relação das nacionais no topo da lista.

É interessante cruzar essa classificação do Quacquarelli Symonds com recente relatório da Thomson Reuters baseado no Índice Mundial Derwent de Patentes, obtido com exclusividade pela Folha, em março último. Nota-se que somente 27% dos registros brasileiros são de universidades. Encabeçado pela Petrobras, o grupo dos cinco primeiros tem empresas estatais e instituições públicas.

Infere-se então que nossa academia tem espaço para produzir mais pesquisas e, sobretudo, para transformá-las em patentes, fator que certamente também estimularia a excelência em maior número de estabelecimentos de ensino superior e lhes garantiria receita adicional pela exploração das descobertas registradas.

De maneira geral, o estudo revela um avanço brasileiro, mostrando que o número de patentes no país cresceu 64% de 2001 a 2010. Tivemos, na década, 130 mil pedidos de registros "inovadores", mas na China, que acabou de superar os EUA e o Japão, foram três milhões.

Portanto, temos potencial e, mais do que isso, necessidade de ampliar o número de universidades inseridas no padrão mundial de excelência. É importante que esse avanço inclua maior sinergia entre academia e empresas, de modo que o desenvolvimento científico e tecnológico leve à maior inovação de nossos setores produtivos.

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