domingo, abril 29, 2012

‘Caliente’ é forte - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 29/04/12


Dilma reclamou com a amiga Graça Foster por ter dito na Câmara que será “caliente” o embate da Petrobras com a Argentina, caso o país vizinho desrespeite seus contratos com o Brasil. 

A presidente teme melindrar “los hermanos”. 

Só que... 

Embora no momento a aproximação entre Brasil e Argentina no setor de petróleo interesse mais ao vizinho, técnicos da Petrobras acompanham com interesse as descobertas do chamado “shale gas” (gás de folhelho) na terra de Evita Perón. 

Trata-se de fonte energética da moda, notadamente nos EUA. 

Atlântica sem postos 

Cabral bateu o martelo com a BR Distribuidora. Os cinco postos do canteiro central da Avenida Atlântica vão mesmo fechar. 

Mas o governo recuou e decidiu manter os três postos da Lagoa Rodrigo de Freitas. 

No mais 

Paulo Francis (1930-1997) não conheceu certos políticos atuais. 

Mas em seu livro “Diário da Corte”, escreveu: “A classe política, desculpem o carioquismo, é pura Lapa ou Praça Mauá, ou seja, gente que só víamos no Rio nesses locais sórdidos. É preciso ter um estômago rabelaisiano para ouvir tanta besteira.” 

Em tempo... 

Francis era do tempo em que Lapa e Praça Mauá eram sinônimos de prostituição. 

O DOMINGO É de Giselle Batista, 26 anos, a formosa Isadora de “Cheias de charme”, a novela das 19h da TV Globo. Sua personagem, dondoca, será uma pedra no caminho de Cida (Isabelle Drummond), empregada da casa de seus pais. Isadora terá, digamos, grande afinidade com o namorado de Cida, o playboy Conrado (Jonatas Faro), consumista e ambicioso como ela. “Estou ansiosa para ver a minha primeira aparição numa novela”, diz Giselle. Aparece para eu 

O Papa e o PC 

Em 1963, na cerimônia de sua entronização, o Papa Paulo VI recebeu do nosso então presidente João Goulart um portajoias com a pequena inscrição “Viva o Partido Comunista” e o símbolo da foice e do martelo. 

A, digamos, travessura foi obra do marceneiro Manuel Oliveira, que fez o mimo. Jango não sabia. 

Segue... 

A revelação vai estar na edição de maio da “Revista de História da Biblioteca Nacional”. 

Retratos da vida 

Policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima, no Rio, ao investigar casos de exploração e prostituição, recolheram várias filipetas coladas em orelhões com nomes e fotos de algumas meninas. 

Intimadas a depor, três “delas”, na verdade, eram... “eles”. 

São Dorival Caymmi 

Dia desses, Fernanda Montenegro, nossa grande atriz, achou esta espécie de santinho numa empresa paulista. Nele, Dorival Caymmi (1914- 2008) aparece como “protetor dos compositores”, com direito, no verso, a uma oração. 

A relíquia foi enviada para Stella Caymmi, neta do saudoso compositor. 

Romário na Rocinha 

Carlos Costa, nascido na Rocinha, lança dia 15 “Rocinha em Off”. No livro, conta a ida de Romário à favela em 2005. 

Lá pelas tantas, apareceu um traficante com fuzil e tudo, e puxou o jogador para uma foto. 

Cimento quente 

A RJZ/Cyrela, leia-se Rogério Jonas Zylbersztajn e Elie Horn, negociam parceria com Eike Sempre Ele Batista em negócios imobiliários no Rio. 

‘Big Field’ 

Eduardo Paes pediu aos operadores do BRT da Transoeste que convidem Iris Lettieri, 70 anos, a eterna locutora dos nossos aeroportos, para gravar o anúncio das paradas da nova via. 

— Imagine aquela voz anunciando, em vez de Paris, “Three Bridges” (Três Pontes), “Big Field” (Campo Grande) e “Holy Cross” (Santa Cruz)! — vibra o prefeito. 

Cozinha insurgente 

Nas novelas de TV, pena, as patroas têm maltratado cada vez mais as empregadas domésticas. Mas a situação é bem diferente na vida real. Uma boa profissional, hoje, está cada vez mais disputada no mercado. Os salários dispararam, e elas já têm direitos assegurados. Aliás, segundo o IBGE, a inflação gerada pelas domésticas (formais e informais) nos últimos 12 meses foi de 11,96%, mais que o dobro do índice geral (5,24%). 

Mas há quem ache que ainda é pouco. A pesquisadora Hildete Pereira de Melo, uma das maiores estudiosas do assunto no Brasil, diz que, nesta ocupação, só ficam mulheres que não tiveram oportunidade de frequentar escola. Em 1995, 15,5% das domésticas eram analfabetas. A taxa caiu para 8,6% em 2009, mas ainda é significativa: mais de 500 mil mulheres, segundo Hildete. 

— É fato que houve uma melhora, por causa da elevação da escolaridade. Mas as domésticas que ganham até um salário mínimo são 72% do total. Não há no mercado de trabalho nacional outra categoria ocupacional que tenha dois terços dos seus trabalhadores recebendo até um salário mínimo no país — diz Hildete. 

Na TV, elas ganharam outro status. Viraram protagonistas de novelas. Veja o caso das belas e talentosas Isabelle Drummond, Leandra Leal e Taís Araújo (foto), que vivem empregadas em “Cheias de charme”, trama das 19h da TV Globo. Elas sentem na pele, na ficção, o que ainda passam algumas domésticas no Brasil: 

— O dinheiro mudou de mão, né? O mercado olha para essas profissionais como consumidoras e boas pagadoras. Acho uma grande ideia pôr luz sobre pessoas que ficavam à margem, que a gente não sabia muito como viviam — afirma Taís, que conversa com a babá de seu filho sobre Maria da Penha, sua personagem na novela. 

Filipe Miguez, um dos autores de “Cheias de Charme”, conta que a brasileira tem relação forte com a empregada, e que este universo, antes pouco explorado pela teledramaturgia, é muito rico: 

— Acho que a autoestima dessas profissionais vem crescendo. Hoje sobra mais dinheiro para elas comprarem cremes, esmaltes e para o cabeleireiro. Elas se cuidam, estão bem tratadas — diz. 

De fato, as empregadas estão com o ego massageado por sua exposição na TV. Maria de Fátima Silva, que trabalha como doméstica há quatro anos na casa de Leandra Leal, a Rosário da novela, está feliz com a patroa na vida real: “Tenho muito orgulho de ela representar uma empregada na TV.” 

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