sábado, janeiro 28, 2012

Para Brasil, não existe 'emergência' quanto a direitos humanos em Cuba - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 28/01/12

Chanceler brasileiro, Antonio Patriota, afirma em Davos que Dilma evitará tema em viagem
Segundo ele, visita da presidente servirá para dialogar sobre "atualização do modelo econômico cubano"

O chanceler Antonio Patriota disse ontem que a situação dos direitos humanos em Cuba "não é emergencial" e, por isso, a presidente Dilma Rousseff não falará sobre o tema em sua visita à ilha na semana que vem.
O ministro ressalvou que ela não falará "para os ouvidos dos jornalistas", uma maneira evasiva de dizer que talvez fale a portas fechadas aos líderes cubanos.
A tese clássica da diplomacia brasileira é que "resultados positivos [em direitos humanos] não surgem necessariamente da exposição pública", repetiu o chanceler.

O Itamaraty escuda-se nessa tese para evitar se manifestar abertamente sobre direitos humanos.

Patriota relatou uma conversa com autoridades cubanas sobre o assunto em recente viagem à ilha.

Ele não entrou em detalhes, a não ser para elogiar o papel de médicos cubanos para controlar um surto de cólera no Haiti.

Epidemias também são uma forma de violação dos direitos humanos, embora a avaliação usual restrinja o tema a aspectos institucionais e de liberdades públicas.

O chanceler adiantou que a visita de Dilma servirá para dialogar a respeito da "atualização do modelo econômico cubano em busca de maior eficiência".

Ou, posto de outra forma, o governo brasileiro está interessado em colaborar no que seja necessário para a transição cubana de um modelo de economia centralizada e totalmente estatizada para algo mais aberto, ainda que sob controle do Partido Comunista Cubano.
Nesse mesmo espírito, o ponto central da relação Cuba/Brasil passa pela ampliação do porto de Mariel, obra para a qual a Câmara de Comércio Exterior acaba de autorizar o BNDES a desembolsar mais uma fatia.
Tradução, segundo a Folha apurou no governo brasileiro: a ampliação do porto de Mariel só tem sentido se servir para o comércio com os EUA, hipótese inviável ante o embargo norte-americano.

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