sexta-feira, janeiro 13, 2012

Hora do divórcio - EDUARDO MALUF


O Estado de S.Paulo - 13/01/12



Dois assuntos têm se arrastado nas manchetes esportivas das últimas semanas, em parte por envolver personagens importantes, em parte porque vivemos a época pós-festas, em que as notícias costumam ficar escassas. Eles são: a tentativa do Corinthians em contratar Montillo e as negociações envolvendo Santos, Paulo Henrique Ganso e a empresa DIS. Fico com o segundo tema, e não farei rodeios para cravar minha opinião. A relação entre o clube e o meia não é mais feliz e, se possível, deve ser rompida.

Acredito na palavra de Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, que afirmou não ter, hoje, nenhuma proposta oficial pelo jogador. Uma pena para os dois lados. Ganso não parece tão motivado na Vila Belmiro e o Santos tem lucrado pouco atualmente com o meia de 22 anos. Uma transferência resultaria em dinheiro em caixa para os santistas, sem grande prejuízo técnico para o time, e novos ares para o atleta.

Escrevi, há alguns meses, que considerava Ganso bom jogador, mas não o craque que imaginávamos ser no primeiro semestre de 2010, quando se destacou na conquista do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil.

Um leitor me enviou e-mail rebatendo o que dizia: "O jogo crucial na Libertadores foi contra o Cerro Porteño, no Paraguai, ainda na primeira fase. Quem decidiu? Ganso. O grande jogo no Paulistão 2011 foi contra o São Paulo, no Morumbi, pela semifinal. Quem foi o melhor em campo? Ganso".

Tem toda a razão. Contra fatos não há argumentos. Ganso foi fundamental nos confrontos citados, e em outros. Acho apenas que seu aproveitamento é fraco pela fama que adquiriu. Não faz jus ao rótulo. Trata-se de um jogador de altos e baixos, não de um craque que vai bem em seis ou sete partidas e falha em uma ou duas. No ano em que mais brilhou, ainda não era tão badalado e sofria marcação bem mais amena do que hoje.

Mário Sérgio Pontes de Paiva, técnico e ex-jogador, fez recentemente comentário ousado sobre o santista: "Se o treinador adversário fizer uma marcação forte homem a homem, Ganso não pega na bola". O polêmico craque de São Paulo, Palmeiras e Flamengo, entre outros, talvez tenha exagerado, mas sua declaração, para mim, não beira o absurdo.

O meia é ótimo, inteligente e técnico. A lentidão e a pouca movimentação em campo, contudo, prejudicam demais seu futebol, já abalado por cirurgias no joelho. Sobretudo nos tempos modernos, em que o preparo físico faz cada vez mais diferença. Suas grandes jogadas se tornaram raras, a ponto de nos empolgarmos com lances comuns. Contra o Atlético-GO, numa das últimas rodadas do Brasileirão (empate por 1 a 1, no Pacaembu), marcou bonito gol. Como Borges, Dagoberto e Fred, por exemplo, fizeram tantas vezes na temporada. O tento, porém, acabou descrito por muitos como "genial".

Torço para estar errado, mas não vejo Ganso brilhando por bastante tempo no Santos nem vestindo a camisa 10 da seleção na Copa de 2014.

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