terça-feira, novembro 22, 2011

Amor à favela - ANCELMO GOIS





O GLOBO - 22/11/11



Durante quatro meses, a Secretaria de Assistência Social do Rio, com a ajuda da Uerj, pesquisou a vida dos jovens entre 15 e 29 anos de favelas com UPPs.
Acredite. Sete em cada dez reconhecem os problemas do lugar, mas não gostariam de sair.

Sonho juvenil...
Também chamaram a atenção do secretário Rodrigo Neves os sonhos que alimentam a esperança dessa mocidade: 39% querem entrar para a universidade, 29% preferem fazer curso profissionalizante e 22%, trabalhar por conta própria.

Café com açúcar
Dilma recebe hoje a empresária russa Margarita Louis-Dreyfus, principal acionista do clube francês Olympique de Marselha. Mas não vão falar de futebol.

Viúva do francês Robert Louis-Dreyfus, de quem herdou um império, a dona do grupo Louis-Dreyfus tem interesses no setor de açúcar e álcool no Brasil, onde já possui usinas.

Primavera árabe
De um gaiato de Brasília, atento ao que vai em São Paulo:

— Tem o Haddad, tem o Chalita apoiado pelo Temer, tem o Afif apoiado pelo Kassab... Essa eleição é em São Paulo, mas bem que poderia ser em Beirute.

Faz sentido.

CD de inéditas
A banda Biquíni Cavadão, depois de quatro anos, vai lançar o CD de inéditas “Roda gigante” mês que vem.
O clipe “É dia de comemorar”, candidato a se tornar hino da Copa de 14, faixa que puxa o CD, já está no YouTube.

Não fale nisso
O conselho é de quem sabe das coisas. Quem quiser irritar Dilma tente falar com ela sobre a reforma ministerial esperada para janeiro.

A presidente até fala no assunto — mas só quando quer e com quem quer.

Segunda saliente
A coluna estranhou, sábado, o fato de o pico de acesso do site Sexo com Café ser às segundas, por volta das 9h.

Mas isto se repete nos sites Par Perfeito, Almas Gêmeas, Amores Possíveis, Disponível e Amor proibido, segundo pesquisa de Luciene Setta, da Uerj.

Segundo ela...
A maioria dos usuários dos sites de saliência “não gosta de acessar de casa, mas do trabalho. Assim, segunda, lêem as mensagens e estreitam contatos para encontros.” Ah, bom!

Timão, meu
O Corinthians tem sorteado ingressos de seus jogos entre os operários de seu futuro estádio, a cargo da Odebrecht.
Domingo passado, foram 41 — dos quais 19 nunca tinham visto um jogo em estádio.

Alô, Ibama
A libertação da Rocinha, aos poucos, revela coisas que o Rio não conhecia.
Há na favela, acredite, uma... rinha de passarinhos.

Subiu de posto
Por nomeação do Papa Bento XVI, Dom Filippo Santoro, bispo de Petrópolis, RJ, passa a arcebispo de Taranto, na Itália.

Caixinha de Natal
Eike Sempre Ele Batista foi domingo com quatro meninas à loja de doces Colher de Pau, no Leblon, no Rio.
A turma comeu brigadeiro. O empresário pagou e foi embora sem deixar a caixinha de Natal.

Caso João Roberto
Começa quinta, às 13h, na 2a- Vara Criminal do Rio, o julgamento de Elias Gonçalves da Costa Neto, ex-PM, um dos acusados de matar, em 2008, na Tijuca, no Rio, o menino João Roberto Amorim Soares, na época com 3 anos.
Elias e Willian de Paula, também ex-PM, teriam confundido o carro onde o menino estava com a mãe e atiraram.

Mãos ao alto!
Parceiro da coluna comprou ontem passagem para hoje de ida e volta da ponte aérea Rio-São Paulo. Pagou R$ 2.300.

Miaaaauuu
Sábado, na sessão de 21h de “A pele que habito”, no Sesc Botafogo, no Rio, havia... um gato solto na sala de exibição!

Uma senhorinha procurou um funcionário. O moço disse: “Minha senhora, gato pode. O que não pode é rato.” Ah, bom!

Baciada - SONIA RACY



O ESTADÃO - 22/11/11



Quatro contratos da Egypt Engenharia coma SPTrans, datados de 2006, 2007 e 2008, foram aprovados de uma só vez pelo Tribunal de Contas de SP. Treze dias depois de o Estado revelar que a empresa pertence a Cíntia Branco Farhat, prima de Marcelo Cardinale Branco, secretário municipal dos Transportes.

Em tempo: as aprovações já entraram na defesa da Egypt apresentada ao Ministério Público. 

Próxima parada
Empresas que operam há quase três meses o sistema de recarga do Bilhete Único do Metrô de São Paulo desrespeitam regras previstas em edital.

Além de constantemente com sistema fora do ar, muitos postos não aceitam cartão de débito. Tampouco mantêm funcionário para explicar o auto atendimento.

Parada 2
O Metrô diz que, “no caso de descumprimento contratual, os fatos serão analisados e providências administrativas cabíveis serão tomadas”.

Por enquanto, julga que o serviço é satisfatório.

Pingos nos is
Walter Feldman avisa: Alckmin o convidou para discutir sua situação no PSDB, o que deve acontecer semana que vem.

Pingos 2
O tucano, que anunciou saída da legenda (mas ainda não entrou com pedido de desfiliação), está em Paris com Kassab. Defendendo a candidatura de SP a sede da Expo 2020.

Indicado
Maria do Rosário, com aval de Dilma, tem dito alto e bom som: Roberto de Figueiredo Caldas é o candidato do Brasil a juiz titular da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Além de conselheiro da OAB e membro do conselho de ética da Presidência, foi cotado várias vezes para o Supremo.

Fazendo arte
Atenção, classe artística: Andrea Matarazzo anunciará, amanhã, mudanças no Programa de Ação Cultural.

O artista terá direito de manter dois projetos em fase de captação – e não apenas um. E o calendário para pleitear o apoio cultural passa a ser fixo.

Mordida
Como antecipou o blog desta coluna, ontem, a Vinci Partners está fechando compra do BGK, franquia da Burger King em SP – pertencente ao polêmico Luiz Eduardo Batalha e seus sócios José Carlos Bumlai, Galvão Bueno e outros.

Valor? R$150 milhões.

No ar
A Sky West está de olho em 20% das ações da Gol. Se vai ou não conseguir são outros voos.

Quanto vale?
Carrapetas em brasa. Tudo porque ajuíza Cláudia Longo bardi Campana, da 16ª Vara Cível de SP, decidiu (em primeira instância) que uma casa noturna paulistana, onde só se apresentam DJs, não precisa pagar direitos autorais ao ECAD.

O sindicato dos DJs profissionais não gostou nem um pouco. Defende repasse a compositores, cantores e produtores. E cobra mais transparência na gestão dos recursos.

Convalescendo
Zé Celso não sabe se irá hoje à pré-estreia do documentário Evoé!, dedicado a sua carreira.

O diretor teatral acaba de chegar a SP após duas semanas de retiro – - aconselhado por seu médico.

Na faixa
Felipão mudou de tom. Pelo menos em conversa com amigos. Anda dizendo que tirar o campeonato do Corinthians na última rodada do Brasileirão seria “como um título para o Palmeiras”.

Não perde mais
Téo José, comentarista, está preparando livro sobre os bastidores do automobilismo.

Na frente
Patricia Semeoni e Carola Matarazzo comemoram 50 anos da Montecristo Joalheria, com coquetel pró-Liga Solidária. Hoje, no Iguatemi.

E Alcione de Albanesi pilota o Jantar dos Amigos do Bem. Hoje, no Buffet Torres.

Maílson da Nóbrega lança versão para tablet de sua autobiografia. Hoje, na Saraiva do Morumbi Shopping.

O evento Book Festas 2 estreia hoje. No The Society.

A exposição Dom Pedro II no Líbano abre quinta. No Sesc Vila Mariana.

Villa Mix, casa noturna sertaneja premium da dupla Jorge & Mateus, abre amanhã. Em São Paulo.

Fernando Pires lança Rainbow, primeira linha de joalheria GLSBT, junto com a Mirandouro. Quarta, em sua loja dos Jardins.

A Kiehl’s faz 160 anos, com inauguração de loja no Shopping Higienópolis. Hoje.

Com Zagallo na abertura da Soccerex, dia 26, no Rio, tem executivo estrangeiro achando as mil libras da entrada pouco. Todos querem ver de perto o “Velho Lobo”.

Velhice - ALON FEUERWERKER





CORREIO BRAZILIENSE - 22/11/11




A Europa, como os Estados Unidos, consome demais e produz de menos. Mas, diferente dos americanos, não tem um ambiente com liberdade econômica suficiente para relançar rapidamente a expansão capitalista
Uma crise econômica gravíssima que aumenta exponencialmente a taxa de desemprego deveria levar as pessoas a pedir mais proteção do Estado e, portanto, favorecer a esquerda. 
Mas na Europa quem emerge na crise com poder político reforçado é a direita. 
Mesmo na Itália, onde o tsunami econômico-financeiro derrubou o direitista Silvio Berlusconi, quem entrou no lugar foi um governo “técnico” comprometido com a austeridade. 
Austeridade parece ser a palavra da moda na Europa. Da Grécia ao Reino Unido, da Itália à Espanha, os eleitores parecem inclinar-se agora para quem sempre defendeu menos Estado, não mais. 
Há exceções, como a Dinamarca, mas são exceções. 
Quando a primeira grande onda da crise engolfou o mundo desenvolvido, a linha imediata de defesa foi o Estado. 
Que se endividou e emitiu o suficiente para evitar a quebra das empresas, financeiras ou não, grandes demais para irem à breca. 
Na primeira fila, o premiê britânico, Gordon Brown, a quem devemos muitos agradecimentos por o planeta não ter quebrado. 
Brown defendeu que os Estados oferecessem garantias ilimitadas para evitar que maus passivos causassem falências em cascata. 
O premiê, ele próprio ex-ministro das Finanças do longevo governo trabalhista de Tony Blair, só por isso já mereceria uma estátua. 
Além de não recebê-la, foi duplamente mandado para casa na primeira eleição: perdeu o cargo e também a liderança do partido. 
Agora é o colega espanhol quem segue o mesmo caminho. 
Qual é o problema da Europa? O mesmo do resto do mundo. O modelo funcionou razoavelmente para evitar o pior, mas não indica as portas de entrada para um mundo melhor. 
Uns dizem que o remédio é ruim, outros dizem que a dose foi insuficiente, mas os povos não parecem querer pagar para conferir esta segunda hipótese. 
Para sair da crise com vigor, a Europa precisaria reorganizar-se economicamente e buscar para si algum protagonismo. 
Tirando a Alemanha e seu ainda vigor tecnológico, o que exatamente a Europa faz melhor que o resto do mundo? 
Em inovação, os americanos lideram, seguidos pela Ásia. Em commodities agrícolas, quem manda é o mundo emergente. Igualmente em recursos minerais. 
Energia? Não parece que a Europa tenha algo de realmente novo a oferecer. 
Indústria, exportação? Aqui manda a China. Serviços? Muita gente competitiva, não parece haver grande vantagem para ninguém. 
A Europa, como os Estados Unidos, consome demais e produz de menos. Mas, diferente dos americanos, não tem um ambiente com liberdade econômica suficiente para relançar rapidamente a expansão capitalista. 
E o risco que corre é ser devorada de um lado pela superpotência e de outro pelos emergentes. 
Um problema do Velho Mundo é exatamente este: a velhice. 

ParalelismosAnalistas fazem paralelos entre o cenário espanhol e o brasileiro, duas economias de crescimento baseado não em poupança, mas apenas na expansão do crédito. 
O Brasil tem diferenças óbvias em relação à Espanha. A primeira e mais importante é a alta taxa de emprego. 
O problema é que o baixo desemprego brasileiro se deve bastante à expansão do consumo via crédito. 
Mas tudo tem limite, e se hoje o brasileiro não chega a dever muito, na comparação com outros, arca com um serviço altíssimo das suas dívidas, alimentadas pelo nosso juro recorde. 
Tanto a Europa como o Brasil precisariam absorver algo do modelo chinês. Dar mais peso relativo à poupança e às exportações. 
E isso no exato momento em que a China percorre o caminho oposto. Pois os chineses perceberam lá atrás que não dá para sustentar um crescimento baseado só nas exportações num mundo cada vez mais protecionista. 

VaticíniosBarack Obama foi ao Extremo Oriente para relembrar que os Estados Unidos estão ali para ficar. Vão até fixar tropas na Austrália. 
O recado é para a China.
E os aliados dos Estados Unidos fecham a tenaz em torno do Irã. 
A superpotência não parece muito convencida dos vaticínios a respeito do seu declínio inevitável. 

Pior que o Lupi? - TUTTY VASQUES



O ESTADÃO - 22/11/11

Não sei se o combativo Carlos Lupi poderá se valer disso em sua defesa, mas, pelo que a gente vem acompanhando desse último grande escândalo nacional em evidência no noticiário, a tal de Chevron, empresa americana responsável pela lambança de óleo na Bacia de Campos, é ainda menos confiável que o ministro do Trabalho.
Em matéria de prospecção de mentira, convenhamos, nada se compara à dona do poço que derramou milhares de barris de petróleo mar adentro cerca 130 quilômetros de Búzios: a companhia teria tentado, na moita, atingir o pré-sal, descumprido protocolos de segurança necessários à perfuração e, quando o problema veio à tona, inventado uma falha geológica para se isentar de culpa no cartório ambiental.
Não satisfeita, subestimou a real extensão do desastre ecológico nas primeiras informações fornecidas às autoridades brasileiras. Estaria, por fim, afundando com jateamento de areia o óleo que diz sugar do mar. Pelo menos até o fechamento desta edição, a Chevron não havia prestado esclarecimentos ao Congresso Nacional ou pedido desculpas à presidente Dilma, o que a torna menos defensável que o ministro Carlos Lupi. Ou não, né?

Essa não!Antes que os boatos se propaguem nas redes sociais, convém esclarecer o seguinte: não está rolando nada entre Luciano Huck e Mike Tyson! O ex-lutador estará de novo nesta semana no programa do apresentador, mas isso não quer dizer, necessariamente, nada. Peralá!

Gol milagrosoÉ questão de ponto de vista: Adriano acha que “Deus colocou alguns obstáculos na minha vida e eu estou tentando ultrapassá-los”.
Há quem diga justo o contrário!

Eu, hein!Vocês viram o são-paulino William Bonner com a camisa do Vasco torcendo pelo time da Fátima Bernardes em São Januário?
Será que ele virou casaca ou, como dizia o Brizola, está ainda costeando o alambrado?

Sem fimA tal “primavera árabe” não tem data para acabar no Cairo. O pau continua quebrando na Praça Tahir.

Pré-deprêAmigos de Carlos Minc estão aliviados! O vazamento de óleo na Bacia de Campos ressuscitou o ex-ministro no noticiário. No papel de secretário do Meio Ambiente do Rio, ele ainda não havia tido chance de estrear nenhum colete novo na mídia nacional.

Acredite se quiserMichel Temer e Gilberto Kassab estão em Paris pagando viagem do próprio bolso para lançar a candidatura de São Paulo como sede da Expo 2020. E tem gente que ainda duvida do altruísmo dos homens públicos no Brasil! Ô, raça!

Ah, bom!Ontem foi dia de folga na crise da Grécia! As bolsas europeias despencaram por causa de temores sobre dívida nos EUA.

Responda rápidoQual o nome da ministra do Meio Ambiente? Começa com “i”.

Faxina na Defesa - ILIMAR FRANCO



O GLOBO - 22/11/11



Foi detonado ontem no Ministério da Defesa um esquema de roubo miudinho que, pelas primeiras estimativas, causou um prejuízo de R$ 4,5 milhões aos cofres públicos. O ministro Celso Amorim exonerou dois servidores, afastou outros cinco e substituiu todos os funcionários terceirizados do almoxarifado da pasta. Além de abrir processos administrativos para apurar o envolvimento de servidores civis e militares. O esquema foi descoberto por sindicância aberta no mês passado.

Quatro empresas sofrerão devassa
A sindicância na Defesa detectou que quatro empresas participavam do esquema com o objetivo de desviar material de consumo (cartuchos de impressora, copos, guardanapos, etc). Um grupo de trabalho foi criado para chegar ao número exato do rombo. O ministro Celso Amorim enviou cópias da sindicância para a Procuradoria Geral da República e para a Controladoria Geral da União (CGU). Como essas empresas fornecem material para outros ministérios, de acordo com a CGU, serão vasculhados todos os contratos da C&D Comércio e Serviços Ltda; Century Comércio e Serviços Ltda; Copatt Soluções Tecnológicas; e JEL Comércio e Serviços de Informática Ltda.

"Ter candidato próprio a presidente não significa deixar a oposição. Significa competirmos para melhorarmos nossa posição relativa (no Congresso)” — Raul Jungmann, presidente do PPS de Pernambuco

MODELO. A fórmula usada pelo PT em São Paulo, onde conseguiu impor o nome de Fernando Haddad para as eleições do ano que vem, valerá para todo o Brasil. O presidente do partido, Rui Falcão, janta amanhã com a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, para tentar convencê-la a não fazer prévias para a sua sucessão. O PT tem cinco pré-candidatos na capital cearense. O argumento é que as prévias dividem o partido.

Caso perdido
Em reunião do PSB, na noite de sexta-feira, o presidente do partido, governador Eduardo Campos, esquivou-se de comentar a entrevista de Ciro Gomes. Rindo, Campos disse que não tinha lido. Ciro já não é levado em conta no partido.

Crise
Petistas dissidentes da aliança com o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), que vai disputar a reeleição, reclamam de ele ter entregado ao PSDB as pastas mais fortes do Orçamento: Saúde, Finanças, Transporte e Turismo.

Preservação x desenvolvimento
Parlamentares do Rio Grande do Norte e do Ceará se articulam para derrubar a reinclusão dos apicuns e das salinas como áreas de proteção permanente no Código Florestal. Além da criação de camarão, a preocupação é com as plantações de coco e com a produção de sal. "A produção de sal e camarão nas áreas de salgadio e apicuns é uma realidade consolidada no Nordeste e que pode e deve triplicar de tamanho nos próximos 12 anos", disse o deputado Danilo Forte (PMDB-CE).

Previdência
Negociador pelo Poder Judiciário, o ministro Marco Aurélio Mello (STF) quer três fundos de previdência para os servidores públicos, um para cada Poder. Mas o Executivo acena com um fundo só, com três planos separados.

Mais Brasil
O presidente do Líbano, Michel Suleiman, informou ao vice Michel Temer que quer empresas de construção civil do Brasil atuando lá. E o primeiro-ministro, Najib Mikati, pediu gestões para que a Embraer abra um escritório em Beirute.

OTIMISTA. Apesar de o relator da reforma política, deputado Henrique Fontana (PT-RS), afirmar que a comissão especial começará a votar seu parecer hoje, deputados governistas querem pedir vista do texto.

CONTRA. O PMDB vai votar contra. O deputado Marcelo Castro (PI) vai apresentar texto alternativo que prevê financiamento público e privado; voto em lista para 50% das cadeiras; e voto majoritário sem quociente eleitoral para os outros 50% das vagas.

A MINISTRA Ana de Hollanda e a colega peruana Susana Baca conversaram ontem sobre a experiência brasileira nas áreas de economia criativa, cinema, museus e nos mecanismos de incentivo fiscal.

Mudança de cultura - EDITORIAL ZERO HORA


ZERO HORA - 22/11/11

Recém sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a Lei Geral de Acesso à Informação chega com atraso ao Brasil, em relação ao que já ocorre em outros países. Ainda assim, em muitos aspectos, é mais avançada do que as da maioria deles, podendo, portanto, se constituir num instrumento importante para facilitar a transparência dos atos públicos e, em consequência, para fortalecer a democracia. Por isso, é preciso que os próximos seis meses sejam aproveitados ao máximo por todos os poderes, em todas as unidades federativas, incluindo sociedades de economia mista, para que seus servidores se adaptem às novas exigências. Em consequência de seus aspectos polêmicos, a lei demorou para ser aprovada. O mais difícil, porém, será conquistar a verdadeira mudança cultural da qual ela depende para ser posta em prática.

Por sua abrangência, a nova lei deve ampliar a demanda do setor privado e da comunidade acadêmica por informações e documentos da esfera pública. O texto sancionado não se limita a liberar o acesso ao público, sem burocracia e em linguagem acessível, de documentos de órgãos da administração direta do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. O mesmo direito é estendido às autarquias, às fundações e empresas públicas, às sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente por União, Estados, Distrito Federal e municípios. O Executivo já garantiu que os interesses de acionistas como os do Banco do Brasil e os da Petrobras estão protegidos. Não há qualquer risco, também, em relação ao sigilo bancário e fiscal dos cidadãos. O restante, porém – de procedimentos licitatórios aos contratos assinados –, ficará à disposição de qualquer interessado. O sigilo, a partir de agora, só será justificável em casos de proteção da segurança do Estado, além dos relacionados a informações de caráter pessoal. E, mesmo assim, as decisões dessa natureza precisarão ser revistas com frequência.
Um dos méritos da legislação foi justamente o de desfazer temores alimentados por líderes políticos contrários à abertura. Entre esses, incluem-se dois ex-presidentes, os atuais senadores José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, e Fernando Collor (PTB-AL), que se opuseram à mudança, defendendo a ocultação permanente de documentos oficiais. Felizmente, prevaleceram as intenções dos textos iniciais, encaminhados ao Congresso ainda durante o governo anterior.
A lei que elimina o risco de sigilo eterno para documentos oficiais de todos os poderes em todas as instâncias da federação impõe uma transformação histórica que o setor público precisa fazer acontecer na prática. Daí a necessidade de que as mudanças na máquina administrativa – incluindo desde facilidades como as do acesso em rede até o treinamento específico de servidores para o atendimento ao público – tenham início de imediato.

Democracia e comunicação pública - IMA CÉLIA GUIMARÃES VIEIRA e ANA LUIZA FLECK SAIBRO



FOLHA DE SP - 22/11/11


Uma condição para que todos os veículos da Empresa Brasil de Comunicação sejam de fato considerados públicos é a atuação do conselho curador 
O sistema público de comunicação deu seus primeiros passos em 2007, com a criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), mantenedora da TV Brasil, da Agência Brasil e de oito emissoras de rádio. Foi atribuída a ela a complexa tarefa de suprir uma lacuna democrática e tornar a comunicação pública brasileira realmente complementar aos sistemas comercial e estatal, contribuindo para o exercício da liberdade de expressão e dos direitos à comunicação e à cultura. 
À semelhança das empresas de comunicação pública relevantes no mundo, a lei que criou a EBC determinou a um amplo conselho, com maioria da sociedade, mas composto também por membros do governo federal, do Congresso e dos trabalhadores da empresa, a tarefa de zelar pelo cumprimento de sua missão, impedindo seu uso político e garantindo a expressão da diversidade -política, cultural, étnico-racial, regional, entre outras- existente no país. 
O conselho curador da EBC nasceu, assim, com a própria instituição, constituindo-se no principal instrumento de observação dos princípios da comunicação pública. Seus conselheiros possuem mandato fixo e não podem ser indicados por partidos políticos. 
Sua atuação é condição para que os veículos da EBC sejam considerados efetivamente públicos. 
Nestes quatro anos, o conselho buscou construir seus alicerces, dando forma a um órgão atuante, com a realização de reuniões periódicas, consultas e audiências públicas, a aproximação com a ouvidoria, a criação de instrumentos para dar transparência às discussões em curso e o apoio a estudos de especialistas independentes. 
Internamente, há ampla diversidade política, regional e de competências profissionais, mas também forte sintonia com os princípios da comunicação pública. 
Dentre outros temas, foram objeto de atenção do órgão a programação infantil, os programas jornalísticos e esportivos, a qualidade do sinal de nossas emissoras, a acessibilidade para pessoas com deficiência, a programação das rádios e os conteúdos de caráter religioso. 
Esse último tema foi objeto de longa discussão. Após amplo debate, optou-se por determinar a produção de uma faixa de programação que expressasse a diversidade religiosa brasileira. 
Reconhecemos, simultaneamente, a profunda religiosidade de nosso povo e a necessidade de igualdade de tratamento às mais diferentes fés. Enfrentou-se, com cuidado e transparência, um tema de notória delicadeza, sem fugir à responsabilidade de reavaliar práticas do passado. Segue em discussão o exato desenho dessa faixa de programação, cujo resultado será um marco para a comunicação pública. 
Nos primeiros anos de vida da EBC, a contribuição fundamental do conselho curador foi marcar a autonomia editorial como condição essencial da instituição. Se certas decisões ensejaram reações, essas são também indicativos da existência de um órgão interno atuante e no qual a sociedade pode confiar. 
Como parte de uma instituição em construção, os instrumentos de fiscalização e participação social na EBC devem ser sempre aprimorados. Estamos, afinal, dando somente os primeiros passos. A reflexão a respeito da atuação do próprio conselho curador é bem-vinda ao seu melhor desenvolvimento. As sementes plantadas nesse período pelos gestores e pelos trabalhadores da EBC permitem ambicionar novas conquistas. 
Nesta segunda etapa de construção do sistema público, seguiremos alinhados aos anseios da sociedade por uma instituição forte e respeitada, que contribua de forma efetiva para a garantia dos direitos e liberdades ligadas ao campo da comunicação e da cultura. 
IMA CÉLIA GUIMARÃES VIEIRA, pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, é presidente do conselho curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). 
ANA LUIZA FLECK SAIBRO, consultora do Senado, é vice-presidente do conselho curador da EBC

Mudar a política externa - RUBENS BARBOSA



O Globo - 22/11/2011


Convidado pelo Centro de Pensamento Estratégico da Colômbia, importante fórum de debates entre governo, setor privado e universidade criado pelo Ministério das Relações Exteriores daquele país, participei, em Bogotá, na semana passada, de encontro promovido pela Cátedra Ásia-Pacífico para discutir as percepções e políticas do Brasil em relação a esse continente.

Em minha apresentação, ressaltei a prioridade que o governo brasileiro vem dando à Ásia nos últimos dez anos, no contexto da política Sul-Sul. Chamei também a atenção para as medidas que foram tomadas para ampliar a cooperação com a Asean (Associação dos Países do Leste da Ásia) e para os efeitos da crescente influência, particularmente da China, sobre a economia e a política externa brasileiras.

Em uma década, a Ásia tornou-se a principal parceira do Brasil, superando a União Europeia e a América Latina.

As nossas dinâmicas relações com a China estão trazendo oportunidades e desafios que terão de ser respondidos, não com improvisações, mas a partir de uma visão estratégica de médio e longo prazos. As exportações de produtos agrícolas e de minérios deverão continuar a crescer. E a gradual substituição de produtos industriais brasileiros por produtos importados da China poderá acentuar a queda da participação da indústria no nosso PIB. A tendência da concentração das exportações em poucos produtos primários e a desindustrialização, se no curto prazo não forem enfrentadas com políticas efetivas, poderão reduzir o Brasil à categoria de simples produtor de commodities e nossa indústria, ao mercado doméstico.

Os efeitos negativos da reprimarização das exportações e o desaparecimento de setores industriais pela competição com produtos chineses começam a ser sentidos também nos demais países da região. À luz dessas realidades, o Brasil precisa repensar a visão que temos da parceria com nossos vizinhos. A América do Sul está dividida, dificultando a busca de convergências políticas e comerciais. O crescimento do intercâmbio comercial, apesar da paralisia das negociações para aumentar as trocas entre os países sul-americanos, faz com que se acentue a percepção de que a integração regional não é mais necessária.

O crescimento da economia brasileira e a presença cada vez mais visível de empresas brasileiras nos países vizinhos despertam sentimentos contraditórios. Alguns deles vêem o Brasil como uma ameaça à sua soberania e sua economia. Essa percepção vem propiciando movimentos centrípetos, a formação de coalizões e medidas restritivas ilegais, que, na realidade, são claros contrapesos à crescente importância regional do Brasil.

Como o Brasil reagirá a essa visão desconfiada de nossos vizinhos? Em termos da integração econômico-comercial, a meu ver, o Brasil deveria aprofundar os acordos comerciais com todos os países da região, oferecendo a abertura completa de nosso mercado, com regras de origem claras e rígidas, e acelerar a execução de projetos de infraestrutura - rodovias, ferrovias e melhoria das facilidades portuárias - que facilitem o acesso de produtos brasileiros ao mercado asiático pelos portos do Pacífico .

As dificuldades que os países sul-americanos enfrentarão para exportar produtos não agrícolas ou minerais para os mercados europeu e americano, em virtude da presença da China como produtora industrial global, tenderá a criar nos próximos 15 a 20 anos uma dependência crescente das economias da região em relação ao mercado brasileiro.

Por tudo isso, o mundo sinocêntrico deverá obrigar o Brasil a redefinir sua política externa na região, em especial no tocante ao processo de integração regional, com ênfase na integração física, e a reduzir os custos internos (taxa de juro, energia, impostos, infraestrutura) para aumentar a competitividade da economia com vistas a recuperar o dinamismo, o crescimento e a modernização da indústria nacional.

O pensamento estratégico deve antecipar os acontecimentos e acelerar sua ocorrência. Chegou a hora de pensar mais no interesse nacional do que em parcerias estratégicas e politicas de generosidade.

Genuflexório - RENATA LO PRETE



FOLHA DE SP - 22/11/11

Foi o bispo de Lorena, d. Benedito Beni, quem comunicou a Edinho Silva a decisão da TV Canção Nova de tirar do ar o programa do presidente do PT-SP, lançado em 3 de novembro. Durante a campanha eleitoral, d. Beni defendeu a divulgação de folhetos que pregavam boicote à candidata Dilma Rousseff, a quem religiosos atribuíam posição dúbia em relação ao aborto.

"Ele disse ter sofrido pressões", relata Edinho. Fiéis contrários à incorporação do petista ao quadro de apresentadores da Canção Nova promoveram movimento que incluiu, além de protestos, o estímulo à suspensão das doações que ajudam a financiar a emissora.

Sem-tela 1 Edinho diz ter sido convidado pela Canção Nova, em 2010, a comandar um talk-show que aproximasse as pastorais sociais da Igreja Católica e a Renovação Carismática, mais conservadora. "Lamento que esse espaço tenha sido suprimido."

Sem-tela 2 Mas o principal afetado pela suspensão dos programas ancorados por políticos é Gabriel Chalita (PMDB), pré-candidato à prefeitura paulistana. Nascido em Cachoeira Paulista, sede da Canção Nova, o deputado comandava o "Papo Aberto", um dos campeões de audiência do canal, com duas horas de duração e gravações itinerantes pelo país.

Trem da fé Em seu esforço de aproximação com a Canção Nova durante a campanha eleitoral, Dilma contou a dirigentes da comunidade católica ter feito pressões, quando ministra da Casa Civil, por uma estação do TAV em Cachoeira Paulista.

Vai ficando O Planalto avaliava ontem que, em reunião do PDT hoje, Carlos Lupi conseguirá obter nota de apoio do partido, até agora rachado quanto à sua permanência no Ministério do Trabalho. Foram chamados os presidentes regionais do PDT, majoritariamente pró-Lupi.

Papai Noel Paulinho da Força (PDT-SP) afirma que protocolará hoje na Comissão de Orçamento emenda para conceder 11,7% de reajuste a aposentados que ganham mais de um salário mínimo. Alérgico à ideia, o governo teme o comportamento da base aliada caso o deputado consiga votar a emenda separadamente, sobretudo às vésperas do Natal.

Trator Em semana decisiva para a tramitação do Código Florestal no Senado, Dilma encerrará amanhã seminário alusivo aos 60 anos da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil). A presidente da CNA, Kátia Abreu (PSD-TO), é defensora maior do novo texto.

Piti Em evento sábado na sede do PSDB-SP, José Serra discutiu feio com o presidente da Juventude Tucana, Paulo Mathias, partidário da pré-candidatura de Bruno Covas à prefeitura paulistana. Contrariado por ter não ter sido citado em revista sobre o Parlamento Jovem, o ex-governador se disse rompido com o grupo, que, segundo ele, estaria "se intrometendo em questões municipais".

#aeciofeelings Estimulados pela seção mineira, militantes da Juventude do PSDB de todo o país puxaram ontem corrente pela internet em solidariedade ao colega paulista inquirido por Serra.

Decibéis Disposto a dificultar a vida do PT, que planeja ocupar a vaga do vice, o cantor Frank Aguiar, na chapa reeleitoral do prefeito Luiz Marinho, o PTB vai inundar São Bernardo do Campo com adesivos do recém-lançado movimento "Fica, Frank".

Protocolo Pré-candidato do PTB à prefeitura, Luiz D'Urso será feito presidente do diretório paulistano.

com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

Tiroteio
"Será que Alckmin vai dar, no caso do presidente do metrô, a mesma aula de democracia que prescreveu aos alunos que ocuparam a reitoria da USP?"

DE ÊNIO TATTO, LÍDER DO PT NA ASSEMBLEIA, em resposta a declarações do governador, segundo quem foi "sem sentido" a decisão judicial que afastou Sérgio Avelleda em razão da suspeita de irregularidade na licitação da linha 5.

Contraponto
De olhos bem abertos

No sábado passado, durante evento de lançamento da seção paulista do Coletivo da Nova Política, liderado por Marina Silva, o engenheiro agrônomo e professor da USP José Eli da Veiga foi chamado a discorrer sobre os princípios do movimento. Ele começou por comentar o termo "sonhático", cunhado pela ex-senadora:

-Olha, eu discordo de muita coisa que está sendo dita aqui. Para começar, só sou "sonhático" quando durmo. Quando acordo, não consigo ser. É uma deformidade profissional...

Euro - românticos maçantese cruéis PAUL KRUGMAN



O Estado de S. Paulo - 22/11/11




As coisas que esse grupo exige em nome de suas visões envolvem enormes sacrifícios dos trabalhadores e suas famílias


Se existe uma palavra que tenho ouvido muito ultimamente é: tecnocrata. Às vezes, ela é usada a título de escárnio - os criadores do euro são tecnocratas que não levaram em conta fatores culturais e humanos. Outras vezes é usada como elogio: os novos primeiros-ministros de Grécia e Itália são tecnocratas que estão acima da política e farão o que é preciso ser feito.

Acho injusto. Conheço tecnocratas, às vezes, eu mesmo atuo como um. E estas pessoas - as pessoas que obrigaram a Europa a adotar uma moeda comum e que estão forçando Estados Unidos e Europa a adotar em medidas de austeridade - não são tecnocratas.

Pelo contrário, são românticos irrealistas.

E, com certeza, trata-se de uma classe de românticos peculiarmente maçantes,que se expressam numa prosa grandiloquente em vez de poesia.

E as coisas que exigem em nome das suas visões românticas são cruéis, envolvendo enormes sacrifícios dos trabalhadores e suas famílias.

Mas persiste o fato de que essas visões são impelidas por sonhos de como as coisas deveriam ser e não por uma avaliação fria da maneira como as coisas realmente são.

E para salvar a economia mundial precisamos derrubar esses românticos perigosos dos seus pedestais.

Comecemos com a criação do euro. Se acha que este foi um projeto motivado por um cálculo cuidadoso dos custos e benefícios, você está muito mal informado.

A verdade é que,desde o início, a marcha da Europa na direção de uma moeda comum foi um projeto questionável sob qual quer análise econômica objetiva. As economias do continente eram muito discrepantes para funcionarem sem percalços com uma única política monetária para todas e, muito provavelmente, condenada a experimentar "choques assimétricos" em que alguns países entrariam em colapso, ao passo que outros prosperariam. E, ao contrário dos Estados do território americano, os países europeus não fazem parte de uma única nação com um orçamento unificado e um mercado de trabalho ligado por uma linguagem comum.

Assim, por que esses "tecnocratas" insistiram tanto no euro, desconsiderando os muitos alertas dos economistas? Em parte foi o sonho da unificação europeia que a elite do continente achou tão atraente que seus membros deixaram de lados as objeções práticas.

E em parte foi um ato de fé econômico, a esperança - impelida pela vontade de acreditar, apesar das fortes evidências do contrário - que tudo funcionaria bem desde que as nações praticassem as virtudes vitorianas da estabilidade de preços e a prudência fiscal.

É triste dizer, mas as coisas não funcionaram como prometido.

Contudo,em vez dese ajustarem à realidade, esses supostos tecnocratas redobraram a aposta - insistindo, por exemplo, que a Grécia conseguiria evitar o calote aplicando um plano de austeridade cruel, quando qualquer pessoa que conhece aritmética sabia que não daria certo.

Deixe-me tratarem particular do Banco Central Europeu (BCE) que, supostamente, seria a instituição democrática de última instância e que é conhecida por se refugiar na fantasia quando as coisas vão mal.No ano passado, por exemplo, o BCE confiou na afirmação de que cortes no orçamento, no caso de uma economia fragilizada, promoveriam uma expansão.

Estranha essa afirmação, isso não ocorreu em lugar nenhum.

E agora, com a Europa em crise - uma crise que não pode ser refreada, salvo se o BCE adotar medidas para interromper o círculo vicioso do colapso financeiros -, seus líderes ainda se agarram à noção de que a estabilidade cura todas as doenças. Na semana passada, Mario Draghi, o novo presidente do BCE,declarou que "ancorar as expectativas inflacionárias" é "a maior contribuição que podemos oferecer para apoiar um crescimento sustentável, a criação de empregos e a estabilidade financeira".

Trata-se de uma afirmação totalmente fantasiosa, feita no momento em que a inflação europeia esperada é bastante baixa e o que vem inquietando os mercados é o temor de um colapso financeiro mais ou menos imediato. E é mais uma proclamação religiosa do que uma avaliação tecnocrata.

Apenas para deixar claro, não estou me insurgindo contra os europeus, uma vez que temos os nossos pseudo - tecnocratas pervertendo o debate nacional. Em particular, grupos alegadamente apartidários de especialistas têm conseguido desviar o debate político econômico, mudando o foco do problema do emprego para o do déficit.

Os verdadeiros tecnocratas estão questionando por que isso teria sentido num momento em que o índice de desemprego chega a 9%e o juro sobre a dívida dos EUA é de apenas 2%. Mas, como o BCE, nossos tecnocratas ranzinzas têm seus argumentos sobre o que é importante.

Então, sou contra os tecnocratas? Não, absolutamente.

Gosto deles - são amigos meus. E precisamos de conhecimento técnico para lidar com nossas dificuldades econômicas.

Mas o nosso discurso está sendo distorcido por ideólogos e sonhadores - românticos

Brasa que se apaga - JOSÉ PAULO KUPFER



O Estado de S. Paulo - 22/11/2011




Que são anormais os tempos na economia disso ninguém mais duvida. Mas ainda é lenta a aceitação de que, em tempos anormais, também não podem ser normais as políticas econômicas mais adequadas para enfrentar esses tempos. Substituir - ou pelo menos flexibilizar - fórmulas consolidadas em décadas de aplicação bem sucedida é compreensivelmente difícil. Essa dificuldade, no caso brasileiro, é ainda maior porque o passado recente - este que, na economia, vem sendo atropelado por um presente repleto de surpresas - localiza-se num ponto fora da curva.

O ritmo de crescimento da economia brasileira em 2010 descolou da média da última década e meia. A alta de 7,5% do PIB apurada pelo IBGE - que na revisão de praxe a ser anunciada no fim do ano pode chegar perto de 8% - produziu uma série de desequilíbrios e estes se refletiram em distorções nos indicadores, sobretudo quanto observados em relação aos últimos 12 meses.

Isso é verdade, entre tantos outros, para os índices de inflação e para os de evolução do crédito. Mês a mês, em meio à ampliação do contágio da crise global, números exuberantes do mesmo período do ano passado vão dando lugar a índices mais moderados do momento. A "febre", medida pelo termômetro dos 12 meses, em razão da troca de números mais altos por novos mais moderados, está baixando aos poucos. Examinada, porém, com instrumentos prospectivos, já mostra, com clareza um firme esfriamento.

O governo, tendo à frente o Banco Central, parece ter entendido esse fato intertemporal e vem atuando de acordo com uma nova régua, mais voltada para os sinais da redução da velocidade projetada para a economia do que para os indicadores quando observados daqui para trás. É o que explica as "surpresas" não só com o início do ciclo de cortes dos juros básicos em agosto, mas também com o alívio das medidas de contenção do crédito no ano passado. Seria difícil mesmo entender esses movimentos diante dos níveis elevados, em 12 meses, tanto da inflação quanto do ritmo de concessões de crédito.

Quando, porém, se constata que a expansão acelerada de 2010 vem sofrendo uma forte reversão, fica mais fácil compreender porque a política macroeconômica também vem passando por reversões, substituindo anteriores providências de aperto por novas medidas de alívio. O que, em resumo, poderia ser visto como lenha na fogueira parece ser, na verdade, uma tentativa de manter avivada uma brasa que se apaga.

Assim como a taxa de desemprego chegou ao ponto mínimo e agora tende a aumentar, também a inflação bateu no teto e começa a recuar. Ao mesmo tempo, o endividamento das pessoas chegou ao limite, devendo entrar numa trajetória de queda. São todos movimentos recentes, que tomaram corpo no segundo semestre, período em que a política econômica ainda se esforçava para segurar o nível de atividades aquecido que transbordou de 2010. A reversão das curvas de acompanhamento da evolução da economia - não uma ou outra, mas paulatina e praticamente todas - dá indicações já bastante seguras de que o esfriamento então pretendido agora pode dispensar as restrições antes adotadas. E até mesmo receber reforço de novos alívios, como a esperada nova redução da taxa básica de juros, na reunião do Comitê de Política Monetária, prevista para a próxima semana.

Por vários ângulos, os sinais do momento são de moderação na economia brasileira. O saldo das contratações formais no mercado de trabalho cai mês a mês, refletindo um arrefecimento que atinge todos os setores de atividade. Em linha com essa tendência, a inadimplência do consumidor recua há dois meses, assim como a demanda por crédito para consumo já registra duas quedas mensais consecutivas.

Não parece se tratar de um quadro apenas temporário. O economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, classifica o momento atual como um período de recuperação de crédito. Nunca, aliás, a intenção de utilizar o 13.º salário para quitar dívidas foi tão disseminada, alcançando agora o recorde de 60% dos entrevistados, na tradicional pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças. Rabi considera que os consumidores, com a renda mais comprometida pelo efeito do repique da inflação até setembro, dos juros em ascensão no primeiro semestre e das medidas de restrição ao crédito, decidiram promover uma correção de rota, depois de um ano e meio de altas acentuadas nos níveis de endividamento. Para o economista, o alívio agora anunciado no crédito, justamente por essa razão, pode demorar mais do que se imagina para fazer o serviço pretendido de reestimular o consumo.

O vento virou. Seria estranho se os rumos da política econômica não virassem também.

O meu melhor amigo - ARNALDO JABOR


O GLOBO - 22/11/11

Não estou mais com 8 ou 10 anos e acabo de entrar na universidade. Lembranças surgem e somem na minha cabeça. Hoje me lembrei do Nelson: "Genial!" - ele disse perto de mim, sobre um filme que estava passando. Acho que foi A Aventura, do Antonioni. Ergui os olhos e vi, pela primeira vez, aquele que virou meu melhor amigo. Eu me sentia deslocado entre tantos colegas já de terno e gravata, prontos para a vida de advogados. Nelson me pareceu irmão de infortúnios, de loucura, eu que odiava as aulas de Direito num país onde a lei (eu já sentia) era uma piada. Vivíamos entre duas revoluções: a revolução política e a revolução sexual. A pílula ainda não tinha chegado, mas já havia um clima de temerosa liberdade: os 'amassos' eram mais fortes nos automóveis, os vestidos eram mais curtos e sentíamos que em breve amor e sexo seriam diferentes.

As meninas deixavam quase tudo, mas enguiçavam na porta dos apartamentos - naquela época, a gravidez solteira era doença venérea.

Eu tive uma namorada, não mais virgem, que nunca me permitiu repetir o feito do 'ex' - na ilusão de 'reconstituir' a inocência perdida.

Uma outra se entregava loucamente, de olhos em alvo, com gemidos de angístia, simulando um 'desmaio' que a absolvia do consentimento, como se não fosse ela que estava ali.

Mas, Nelson, esse se apaixonava. Seus namoros eram de pierrô - mãos dadas, beijos trêmulos. Ele não era feio, mas sua calvície precoce, sua inteligência esmagava as meninas em conversas infinitas, sua leve obesidade em calças de tergal herdadas do pai, sem a menor vaidade masculina, afastava possíveis namoradas.

Nelson não era gay. Ao contrário, mostrava interesse demais pelas moças e não exibia o típico distanciamento viril, para se fazer desejado.

Em conversas ansiosas, elas percebiam sua insegurança denegada, em sua simpatia percebiam o medo e, assim, ficavam suas amigas, mas nunca amantes, enquanto os cafajestes juvenis levavam-nas para mãos nos peitos, sutiãs rasgados, calças arriadas nos bancos de trás dos carros.

Nossa amizade crescia na fome de literatura.

"Quero fazer arte séria!", ele dizia, berrando poemas nas noites estreladas, com sua voz arfante: "April is the cruellest month (...) mixing memory and desire! Genial! Genial!"

Um dia, chegou a pílula e, com ela, amores famintos, os motéis, orgasmos nas noites, os biquínis, os peitos de fora, o fim da aura de pureza ou inocência, beijos de língua, corpos nus entrelaçados.

Nelson apareceu com uma namorada. Era uma garota de roupa muito justa, levemente estrábica, uma sensualidade enleante, visível orgulho de seus seios empinados, parecendo gostar muito do Nelson que a cobria de gentilezas, beijos leves, abraços apertados e uma alegria imensa no rosto. Estava mais adulto, confiante.

"E aí?" - perguntei - "cabaço?"

Ele ficou encabulado. "Não... teve um namorado..."

"Então, o virgem é você! - sacaneei.

Ele riu alto e arfou: "Isso! Rimbaud: "Par delicatesse, j'ai perdu ma vie! Genial! Genial!"

E aí, sumiu durante um tempo. Vivia nos balcões dos cinemas, aos beijos sem fim, sob a luz vigilante dos lanterninhas. Passaram-se uns meses e, um dia, ele me procurou de novo.

Estava mudado. Disse que ia trabalhar num escritório, usava um terno cinzento e uma gravata torta e seus olhos mostravam uma tristeza imensa. Estranhei quando me levou à sua casa e me deu sua coleção dos Cahiers du Cinéma, amarelos, que até hoje guardo.

"Que é isso, Nelson? Os Cahiers?"

"Já li tudo, pode levar...", disse, com se desistisse de alguma coisa.

Na sala, a empregada preta servindo café, um pai gordo e tristíssimo vendo a televisão preto e branco, a mãe lendo a Manchete, tudo sob luzes mortiças e quadros feios, móveis escuros, cortinas ventando como velas de um barco parado.

Entendi de onde vinha a ansiedade do Nelson, querendo respirar a vida. Na porta do elevador, perguntei: "E aí? E a namorada?"

Seu rosto ficou sombrio. "Esta aí, estamos nos vendo..."
Ele sumiu de novo e fui tocando a vida.

Um dia, a garota (Mariana, creio) me apareceu no pequeno apartamento de meu pai em Copacabana, para onde eu fugia. Ela entrou agitada, sem cerimônia, cruzou as pernas fumando e falando sem parar, elogiando muito a bondade do Nelson, sua inteligência, mas acabou dando a entender que a relação estava impossível, que não dava mais, que ele era o máximo, mas...

"Mas, o quê..?

"Não dá mais... ele não consegue, fica chorando com as mãos nos rosto, chorando na beira da cama, dizendo que não consegue, chorando nu, sem parar."

Mariana caiu em prantos e se agarrou a mim, soluçando. Seus seios (seu orgulho) arfavam contra meu corpo e suas lágrimas me molhavam o rosto, que ela começou a beijar febrilmente até a cama onde caímos naquela tarde chuvosa. Foi tudo muito intenso e rápido e ela saiu fumando nervosamente.
Não sabia por onde andava o Nelson, e isso me aliviava, pois ele trabalhava mesmo num escritório de advocacia na Cinelândia.

Passaram uns meses e foi então que tive meu primeiro contato com a tragédia.
Pelo telefone, me chega a notícia de que Nelson tinha morrido. O lanterninha o encontrou imóvel, com seu terno cinzento. Ele morrera do coração silenciosamente, aos 23 anos, dentro de um cinema, sozinho.

Eu nunca tinha visto um morto e, nublado por minhas lágrimas, lá estava seu rosto pálido rodeado de flores. A desgraça era absurda e sua família gemia de dor, sem entender como aquilo podia ter acontecido. As pessoas me olhavam espantadas, porque eu chorava abertamente, de rosto erguido para todos verem e experimentava um estranho prazer em deixar as lágrimas rolando sem parar, pois eu queria que todos me vissem, eu me orgulhava do pranto, quase vergonhoso, excessivo. Muitos estranhavam tanta dor. Creio mesmo que exagerei conscientemente meus soluços. Não sabia porque chorava tanto, mas sabia que tinha de chorar. Hoje, me lembrando, entendo tudo, claro.

Nelson morrera assistindo a Palavras ao Vento, de Douglas Sirk, com Lauren Bacall e Rock Hudson, em reprise no Pathé. "Genial!" - ele teria dito se me encontrasse depois.

A máquina de triturar governos - CLÓVIS ROSSI


FOLHA DE SP - 22/11/11

Agitação nos mercados torna Europa ingovernável, independentemente do partido dos políticos


Na antevéspera da votação, Mariano Rajoy, presidente eleito do governo espanhol, havia mendigado aos mercados que lhe dessem mais de meia hora de trégua, no pressuposto de que governos eleitos devem ser respeitados.

Até concordo com o pressuposto, mas os mercados, ah, os mercados, não lhe deram nem um minutinho, nem um segundo sequer: a Bolsa de Madri caiu, e o risco-país da Espanha foi o que mais subiu ontem, outro dia de baderna nos mercados.

Hoje, é possível que os mercados se acalmem, para voltarem aos berros amanhã ou depois. Talvez, quando Rajoy tomar posse efetivamente, em dezembro, até ganhe seus 30 minutos de paz. Mas os movimentos de ontem são uma indicação adicional de que a Europa está se tornando ingovernável. Ou de que é governada pelos mercados, não pelos líderes eleitos, qualquer que seja a coloração política deles.

Um repasse rápido aos governos triturados nas urnas desde 2010, quando a crise de 2008 entrou no seu segundo tempo, centrado mais na Europa:

Reino Unido: Na eleição de maio de 2010, o trabalhista Gordon Brown obtém o pior resultado para seu partido desde 1983.

Holanda: O derrotado é o democrata-cristão Jan Peter Balkenende, que perdeu a maior quantidade de eleitores em 23 anos.

Irlanda: O Fianna Fáil (Partido Republicano), hegemônico desde a independência, perdeu 24% de seus votos e caiu para o terceiro lugar.

Portugal: Os socialistas tiveram, em junho, o pior resultado em 20 anos e perderam o governo para os conservadores (mais ou menos como aconteceu agora na Espanha).

Dinamarca: Ao contrário de Portugal e Espanha, a social-democracia é que acabou com dez anos de sucessivos governos de direita.

Se se quiser recuar algo mais no tempo, até 2008, o cenário é ainda mais turbulento, pela contabilidade de Ignacio Molina, pesquisador do Real Instituto Elcano (Espanha): de lá para cá, os eleitores castigaram todos os governantes, salvo na Suécia, na Polônia e na Estônia.

"Caíram 21 Executivos, contando o da Itália. Quem governa tem agora opções muito restritas e não pode aplicar seu programa", afirmou Molina a "El País".

A ideia de que os eleitores mais castigam o governo de turno do que premiam a oposição fica nítida no caso da Espanha: o governante PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) perdeu 59 cadeiras nas Cortes, o Parlamento, mas o PP (Partido Popular) ganhou apenas 32, o que não deixa de ser uma anomalia em um sistema que é praticamente bipartidário.

Mais: os 10,8 milhões de votos do PP de Rajoy correspondem a apenas 30% dos 35,8 milhões de eleitores. É claro que a votação lhe dá a mais ampla legitimidade para formar o governo e controlar o Parlamento, mas, na conjuntura crítica que a Espanha vive, qualquer governante precisa de uma massa crítica de apoios ainda mais robusta e que vá além da política.

Para não falar de atores menos poderosos, precisa do mercado, que, como se vê pela lista de decapitações que ajudou a operar, não liga a mínima para a cor política do governante de turno. Berlusconi que o diga.

GALÃ URGENTE - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 22/11/11 


O apresentador da TV Bandeirantes José Luiz Datena posou para a "Rev. Nacional", do fotógrafo J.R. Duran. E revelou: "Se eu tivesse que 'dar' pra alguém, 'daria' pro Alain Delon [ator francês]". A publicação será lançada hoje, a partir das 17h, na Loja do Bispo.

LEÃO NA MASSA
A Receita Federal está cobrando R$ 140 milhões da massa falida do Banco Santos, de Edemar Cid Ferreira. Os valores referem-se ao não pagamento de Imposto de Renda, PIS e Cofins referentes a 2004, acrescidos de multa e juros.

TRANSFERÊNCIA
O administrador da massa falida, Vânio Aguiar, diz que está recorrendo. E que a autuação se refere à corretora PDR. Ela teria sido usada para desviar recursos do Santos, mas seria "estranha" ao banco, já que Edemar nega ser seu dono. A Receita não aceitou os argumentos.

MICROFONE FECHADO
Impedida pelo governo de falar na cerimônia de instalação da Comissão da Verdade para não melindrar os militares, a psicóloga Vera Paiva, filha de Rubens Paiva, desaparecido desde 1971, diz que, em vez de proibir seu pronunciamento, os oficiais deveriam ter falado também. "Teria sido mais coerente. Eles teriam o que dizer, defendendo a Constituição e a importância de se conhecer a verdade. Eles fariam o quê? Defenderiam a ditadura?"

MICROFONE FECHADO 2
Vera divulgou no fim de semana o texto do discurso que faria. "Eu apoio a Comissão da Verdade e fui lá [à cerimônia de Brasília] na confiança. Foi um mau começo. Espero que seja corrigido."

MICROFONE ABERTO
A presidente Dilma Rousseff gravou no domingo participação no programa do PT que vai ao ar no dia 8. E vai estrelar inserções publicitárias de dezembro -inclusive na véspera do Natal, 24.

PRÓXIMO PASSO
Reynaldo Gianecchini deve dar entrada no hospital Sírio-Libanês na próxima semana para se preparar para o autotransplante. A previsão é que ele fique um mês internado. O ator marcou para amanhã exame de PET Scan, um dos mais avançados para diagnósticos de câncer, para monitorar a resposta à primeira etapa do tratamento de seu linfoma.

EXTRA
Zezé Di Camargo e Luciano vão interromper as férias de janeiro para duas apresentações extras no Credicard Hall, em SP.

Com shows lotados, a dupla sertaneja acertou duas novas datas para subir ao palco: 13 e 14 de janeiro.

DO LÍBANO
A libanesa Katia Saleh, produtora da série feita para internet "Shankaboot", vencedora do Prêmio Emmy, vem ao Rio em 2012. Ela será uma das palestrantes do evento RioContentMarket.

GESTAÇÃO DE LUCROS
Mãe de dois filhos, a apresentadora Angélica, da TV Globo, deve ser anunciada hoje como sócia do site Baby.com.br. A página, de comércio eletrônico, vende artigos para bebês e gestantes.

Sua participação deve ser semelhante à que o marido, Luciano Huck, tem com o Peixe Urbano, usando as redes sociais para divulgar as ofertas da página.

CEREJA
O Brasil sediará pela primeira vez, em 2012, um encontro das agências reguladoras de medicamentos de todo o mundo, equivalentes à Anvisa nacional. Será um fórum de cúpula, com a presença de representantes de países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.

No mesmo ano, em Brasília, haverá reunião de 57 países que participam do programa da Organização Mundial da Saúde para monitoramento de medicamentos.

É PIQUE!
A promoter Alicinha Cavalcanti fez sua "festa anual de 38 anos" no sábado, em seu apartamento, em Cerqueira César. Entre os convidados, o ator Fiuk e a namorada, Natália Frascino, a apresentadora Marília Gabriela e o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez. Alicinha conta que ofereceu hospedagem em hotel para os vizinhos.

TELAS E PINCÉIS
As galeristas Márcia Fortes e Alessandra d'Aloia fizeram festa para comemorar os dez anos de seu espaço de arte, a Fortes Vilaça, com sedes nos bairros Vila Madalena e Barra Funda. O publicitário Washington Olivetto circulou pelo evento, no sábado à noite, no galpão da Barra Funda.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

PIB nominal? - ANTONIO DELFIM NETO



Valor Econômico - 22/11/2011


A última reunião do G-20 terminou de maneira decepcionante. Foi quase uma tertúlia lítero-musical. Terminou, como todas elas, com a convocação da próxima... A carência de ideias, o despreparo das propostas, a visível insegurança das principais lideranças internacionais e a aparente alienação dos EUA com relação ao problema da Eurolândia orquestraram um espetáculo no mínimo assustador.

O Brasil, na minha opinião, saiu bem na foto. Colocou de forma séria o enorme problema dos desequilíbrios comerciais gerados por políticas cambiais claramente protecionistas de alguns países. Mais do que isso. Discreta, mas firmemente, referiu-se às distorções adicionais produzidas pelas disparidades abissais entre as políticas civilizatórias de proteção ao trabalho que as acompanham em alguns deles. Isso transforma a teoria das vantagens comparativas, que recomenda a liberdade absoluta de comércio, de uma bela história da carochinha numa peça de horror...

No mesmo momento, numa batalha de sites, blogs e "tutti quanti", alguns economistas exumam parte de uma velha ideia, desenvolvida por um grupo de Cambridge (Inglaterra) coordenado pelo competente James Meade (1907-1995, Nobel de 1977), que durante toda a sua vida preocupou-se em como transformar o conhecimento da economia em eficientes receitas para a política econômica.

Trata-se, no fundo, de dar às políticas fiscal, monetária, salarial e cambial não uma meta de inflação, mas uma meta para o Produto Interno Bruto Nominal, de forma que a sua partição entre o crescimento do PIB real e o aumento dos preços dependa da eficiência com que o poder incumbente cria as facilidades para o crescimento físico da economia.

Ao Banco Central, cabe garantir a liquidez para o cumprimento da meta do PIB nominal (PIBN). Quem tiver interesse arqueológico pode consultar o livro "Macro-Economic Policy" (London, 1989), de Weale, M.; Blake, A.; Christodoulakis, N.; Mead J. e Vines, D..

A sugestão é interessante, mas não é isenta dos mesmos grandes problemas que enfrentamos com o sistema de metas inflacionárias e a sua nova ênfase: é preciso cuidado e flexibilidade para controlar a inflação, ao mesmo tempo em que se avaliam os custos sociais das flutuações do PIB e do nível de emprego. No keynesianismo ortodoxo, a função da política econômica era manter um alto e estável nível da demanda global. Quando isso pressionasse a taxa de inflação, seria preciso utilizar políticas de rendas (salários e preços) e providenciar mudanças estruturais para eliminá-las.

No Novo Keynesianismo (de 1977), propõe-se o contrário: utilizar as políticas monetária e fiscal para manter o PIB nominal (PIBN) numa taxa de crescimento estabelecida e deixar por conta do poder incumbente as reformas estruturais das políticas de salário e de preços, para garantir que, enquanto existirem fatores de produção disponíveis, os aumentos de demanda global (PIBN) levem a um aumento do PIB real e não dos preços e dos salários.

A proposta era muito mais sofisticada e impunha uma segunda condição à política econômica: garantir um nível de investimento que leve ao crescimento da capacidade produtiva, porque - como dizem os autores -, "os formuladores da política econômica têm a tentação de controlar a taxa de inflação com expedientes que elevam o padrão de vida presente em detrimento do futuro".

O programa proposto é muito rico e no velho estilo de modelos simples e próximos da realidade. É interessante para os que aprenderam a duvidar das virtudes dos equilíbrios produzidos pelas "leis naturais do mercado perfeito" e já perderam a esperança que os "policy makers" são oniscientes e, portanto, devem ser onipotentes...

Na sua nova encarnação, a ideia de propor meta para o PIB nominal parece um "surto epidêmico", particularmente nos blogs de importantes economistas. A ideia circulou, sem repercussão, no início dos anos 80 do século passado, devido ao grande economista monetário Bennett McCallum.

Mais recentemente, tornou-se uma espécie de cruzada, depois que Scott Summer, David Beckworth e Paul Krugman a abraçaram, em seus blogs. Entre nós, o excelente economista João Marcus Marinho Nunes a vem defendendo há algum tempo e tem navegado com sucesso entre eles.

Provavelmente, esse movimento é apenas uma reação à evidente falta de imaginação das autoridades monetárias, particularmente o Fed, comandado por Ben Bernanke, que não consegue o suporte necessário de seus pares. Lembremos que o presidente Obama não conseguiu aprovar no Senado, até agora, a indicação de dois diretores do Fed. A situação está ficando muito incômoda.

Num artigo de elegância maliciosa, Christina Romer (que foi defenestrada pelos assessores econômicos de Obama da função de presidente do Council of Economic Advisers da Casa Branca) recomendava a Ben Bernanke que assuma um programa de meta de PIB nominal ("Dear Ben: It´s Time for Your Volcker Moment", "The New York Times", Oct. 29).

E, por último, a Goldman Sachs, em dois excelentes documentos ("US Economics Analyst", Oct. 12, e "Global Economics Weekly", Oct. 26), colocou a pasta de dente fora do tubo. Vai ser difícil colocá-la de volta...