terça-feira, agosto 02, 2011

JOÃO PEREIRA COUTINHO - Crimes, terremotos, furacões


Crimes, terremotos, furacões
JOÃO PEREIRA COUTINHO
FOLHA DE SP - 02/08/11

Pergunta lógica: se o indivíduo deixa de ser um agente autônomo, como julgá-lo autonomamente?
Todo mundo que é mundo já escreveu sobre o terrorista da Noruega. Não sou exceção. Mas, hoje, proponho um exercício imaginativo. Imagine: Anders Breivik encerrado numa cela, onde um batalhão de médicos estudam o monstro.
Subitamente, uma conclusão aterradora: Breivik não é um terrorista; é um doente grave, com uma patologia grave -e bem gráfica. Uma análise detalhada do seu cérebro revela um tumor que explica os morticínios. De que forma responderíamos a essa revelação?
Sim, o massacre continuaria a ser um massacre. Mas de que forma o sistema judicial deveria tratar Anders Breivik? Considerá-lo um agente livre, que perseguiu atos de terror e deve ser condenado? Ou vítima de enfermidade, que o privou da razão e o levou a cometer o inominável?
Eis a questão que o neurocientista David Eagleman formula em ensaio arrepiante. Intitula-se "The Brain on Trial" (o cérebro em julgamento), foi publicado na revista "The Atlantic" e, descansem, não se aplica ao terrorista da Noruega: o texto foi escrito antes de Breivik virar celebridade.
Mas existe uma história semelhante à do norueguês: em agosto de 1966, Charles Whitman subiu na torre da Universidade do Texas.
Disparou aleatoriamente sobre os terráqueos. Fez 13 mortos e 32 feridos. A polícia abateu-o no local e depois, quando investigou a privacidade de Whitman, encontrou mais dois cadáveres (a mulher e a mãe) e textos pungentes do assassino, em que o próprio pedia uma autópsia ao seu corpo. Algo não estava bem.

Acertou: um tumor no cérebro, a comprimir a amígdala, explicava o torpor homicida do desgraçado. Não foi caso único: Eagleman relata outros episódios em que alterações químicas ou morfológicas no cérebro levaram adultos "normais" a desenvolver personalidades transgressivas. A lista é variada: pedófilos, cleptomaníacos, meros exibicionistas de rua. Impressionante?
Sem dúvida. Como impressionante é a conclusão de Eagleman: os progressos das neurociências mostram de forma crescente que o comportamento humano é indissociável da biologia humana.
E, muitas vezes, atos que julgamos livres e que o sistema judicial aprecia como tal são, na verdade, determinados por patologias comprovadas e comprováveis. Pergunta lógica: se o indivíduo deixa de ser um agente autônomo, como julgá-lo autonomamente? A pergunta não é nova: quando olhamos para o século 20, encontramos versões de "determinismos" vários que inundaram as ciências sociais e, pior, a própria prática política totalitária.
O marxismo é apenas o exemplo supremo dessa mentalidade determinista que coloca o ser humano como mero joguete de forças históricas, impessoais e subterrâneas, que moldam o seu comportamento e conduzem a sua ação. Havia uma diferença porém: o determinismo histórico se assenta em premissas pseudocientíficas que são possíveis contestar e desmontar. O cenário que David Eagleman apresenta é distinto; e distinto porque justificado por métodos científicos e racionais. É essa vantagem que o autoriza a uma conclusão de peso: os tribunais devem incorporar nas sentenças, de uma forma ainda mais onipresente, avanços das neurociências sobre comportamentos desviantes. A cultura de punição deve dar lugar à cultura de tratamento. O raciocínio de Eagleman é teoricamente inatacável: se existe uma doença que tudo assoberba, não existe um sujeito autônomo responsável pelos seus atos. Mas é preciso temperar o otimismo científico de Eagleman com duas observações.
Em primeiro lugar, relembrando que é necessário distinguir doenças que aniquilam por completo a autonomia do sujeito daquelas que, apesar de nociva influência, continuam a conceder-lhe uma margem de livre-arbítrio -e, consequentemente, de responsabilização criminal.
Nem tudo o que somos desculpa o que fazemos. Pelo contrário: acredito que o número de casos em que a autonomia é engolida pela doença é residual e não constitui regra.
Em segundo lugar, mesmo que esse número fosse majoritário, isso não seria motivo para festejos.
Honestamente, quem desejaria viver num mundo onde o crime humano seria perfeitamente comparável ao fatalismo natural de um terremoto ou de um furacão?

ANCELMO GÓIS - O produto R10

O produto R10 
ANCELMO GÓIS
O Globo - 02/08/2011

Ronaldinho Gaúcho, depois das boas atuações recentes, deve, finalmente, deslanchar como garoto-propaganda. Desde que chegou ao Flamengo, em janeiro, a turma da publicidade, a exemplo de muitos torcedores, tinha dúvidas se a experiência carioca daria certo. O gosto pelas noitadas também não ajudava.

Segue...
Mas a Traffic, que cuida dessa parte, fecha, aos poucos, alguns contratos. Já se vê a marca do craque em mochila, chinelos, mala, artigos de festas infantis, brinquedos, bonecos, jogos de cama e mesa. O maior contrato, até agora, é com a chinesa Moto Traxx. Tudo somado, já passa de R$ 1 milhão por ano. Mas ainda é pouco.

Manto sagrado...
Aliás, a vitória do Flamengo contra o Santos turbinou a venda de camisas do clube. Em 48 horas, foram comercializadas 26 mil.

Tirou o time
A Rede TV! retirou da Justiça a ação contra o Clube dos 13 e os grandes clubes em que reclamava multa de R$ 450 milhões. A emissora chegou a assinar com o Clube dos 13 para transmitir os jogos do Brasileiro.

Voto de silêncio
A declaração de Marco Aurélio Garcia em defesa do PR foi uma das poucas do ex-falante assessor presidencial desde que Dilma assumiu. Garcia, segundo a visão cáustica de um sábio, é o único intelectual “que Lula tolera”.

Fotos de corruptos
De Frei Betto, numa roda em que se discutia a roubalheira no setor público: — Já que põem fotos terríveis nos cigarros, por que não botar imagens de gente obesa nos pacotes de batatas fritas, de matadouros em cada bandeja de carne, de acidentes de trânsito nas bebidas alcoólicas, de gente sem teto na conta de água e luz e de políticos corruptos na declaração de Imposto de Renda?

Pensando bem...
Faz sentido.

‘El templo és diñero’
A Igreja Universal de Buenos Aires tem feito uma corrente de orações pela economia do país de Cristina Kirchner. Acredite. Semana passada, um obreiro anunciava assim na porta do templo: “Culto da crise econômica! Participe da corrente dos países endividados!”

Lesaram Caetano
A polícia do Rio concluiu ontem inquérito sobre o maior golpe contra compositores (Caetano Veloso e Sérgio Ricardo entre eles), no valor de R$ 110,6 mil. Foram indiciados Bárbara de Mello Moreira e Rafael Barbus Cortes, ex-funcionário da UBC.

Operação Furacão
O juiz da 7 a- Vara Federal Criminal do Rio, Erik Navarro Wolkart, condenou os advogados Silvério Cabral Júnior e Antonio Corrêa Rabelo a seis anos de reclusão por crime de lavagem de dinheiro.

Clube dos 80
O clube dos 80 anos, que já tem FH, João Gilberto, Zuenir Ventura, Paulo Casé e Reis Velloso, ganhará outro sócio ilustre. Ruy Guerra, o diretor, faz 80 dia 22, e a turma da tela grande organiza uma festança na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, com exibição de seus filmes.

Mestre Zu...
Aliás, a Casa do Saber, no Rio, vai promover dia 8 a aula aberta “Celebrando mestre Zu”, para festejar os 80 anos de Zuenir. Eduardo Moscovis, o ator, lerá trechos de textos do nosso Zu. Soraya Ravenle, a cantora, interpretará canções preferidas do mestre. Armando Strozenberg comandará um bate-papo.

Tudo tem limite
Sábado à tarde, num show da funkeira Mulher Filé na feijoada da Renascer de Jacarepaguá, no Rio, uma menininha de uns 5 anos foi içada ao palco para dançar, imitando uma transa. À certa altura, Filé deu o microfone para a miudinha cantar um refrão sobre sexo oral.

ILIMAR FRANCO - Na linha de tiro

Na linha de tiro
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 02/08/11

O comando do PMDB acredita que os senadores petistas vão voltar à carga e tentar desestabilizar o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), constrangido pelas declarações do irmão, Oscar Jucá Neto, demitido da Diretoria Financeira da Conab. Jucá corre o risco de perder apoios em seu próprio partido. Os ataques de Jucá Neto atingiram o ministro Wagner Rossi (Agricultura), cujo padrinho é o vice Michel Temer.

Plebiscito vai ser decidido no STF
O Instituto Cidadão Pró- Emancipação de Tapajós e o Instituto Pró-Estado de Carajás vão recorrer ao STF para mudar a interpretação
do TSE, que considera “população interessada” na criação dos estados de Carajás e Tapajós toda a população do Pará. As duas entidades sustentam que somente podem ser tratados como “população interessada” os paraenses residentes nas duas regiões. Querem
que, no plebiscito marcado para 11 de dezembro, sejam ouvidos apenas os paraenses que têm título eleitoral nos municípios dessas duas regiões. Ocorre que a maioria dos eleitores (4.500.693) reside na região litorânea do Pará.

"O PMDB faz questão de chamá-lo, e o ministro faz questão de ir” — Henrique Alves, líder do PMDB (RN) na Câmara, ao anunciar que vai propor que o ministro Wagner Rossi seja ouvido na Comissão de Agricultura

DE MOLHO. 
O ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, renovou ontem, por mais 30 dias, licença médica para se recuperar de uma cirurgia no quadril. Ele está em casa. Com a saúde prejudicada, o ministro, que tem um problema na coluna, não poderá começar logo a redigir seu voto sobre o mensalão. Os petistas temem o efeito do julgamento de seus quadros às vésperas das eleições municipais do ano que vem.

Encontro marcado
 A presidente Dilma e o ministro Nelson Jobim (Defesa) despacham amanhã de manhã. Na pauta, o orçamento da pasta para 2012.
Sobre a declaração de voto de Jobim, assessor de Dilma disse que já estava na conta do convite.

É guerra

 O governo do Espírito Santo se reuniu com a Confederação Nacional dos Municípios. Na mesa, a divisão dos royalties do petróleo.
“Só o Rio não nos procurou. Para eles (cariocas) nada serve”, diz Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.

A divisão na Articulação de Esquerda
 A tendência petista da ministra Iriny Lopes (Mulheres), a Articulação de Esquerda, teve uma baixa durante seu congresso, no último fim de semana. O deputado Valmir Assunção (PT-BA) se retirou do congresso e, apoiado por militantes de outros estados, vai criar uma nova tendência no partido. Assunção se rebelou contra a direção da tendência após esta colocar sob suspeita o inchaço de filiados com direito a voto na Bahia.

Revanche
 O líder do PR, deputado Lincoln Portela (MG), está defendendo que o partido apoie a CPI dos Transportes. Já que a presidente Dilma resolveu fazer uma “faxina”, ele tem dito que essa é a forma mais transparente de fazer uma investigação.

Pré-campanha

 Se o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo não for José Serra, haverá prévias. Dirigentes tucanos dizem que isso dará notoriedade ao candidato do partido. Os nomes são Bruno Covas, José Aníbal e Andrea Matarazzo.

 A COORDENAÇÃO política do governo Dilma decidiu que vai tentar votar neste ano uma proposta de distribuição dos royalties do petróleo. O governo não quer deixar o assunto para o ano que vem. Acredita que as eleições impedirão um debate racional.
 A CONTAG quer reunir 50 mil mulheres, em Brasília, durante a Marcha das Margaridas.
● PANELA DE PRESSÃO. Enfrentando greve da Polícia Civil há um mês, o governador Cid Gomes (CE)
suspendeu ontem o pagamento da categoria.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

BRT na mesa
SONIA RACY
O ESTADÃO - 02/08/11

Dilma bateu o martelo na sexta-feira e o Ministério das Cidades oficializou.

Entre as cidades-sede da Copa, quem ainda não deflagrou seu projeto de mobilidade urbana terá de seguir o modelo acordado na Matriz de Responsabilidade assinada por governo e estados. E se ater ao sistema Bus Rapid Transit (BRT), a ser financiado pela CEF.

Este foi o resultado das conversas durante toda a semana passada entre técnicos do ministério e representantes de prefeitos e governadores. Concluiu-se que não há mais tempo para se pensar em outras propostas. Todas, aliás, mais caras que o BRT.

Exceção a BH e Rio - que já iniciaram obras combinando BRT e a expansão do metrô.

Esqueceu?

Testemunha viu: Dilma subiu e desceu do palco sem cumprimentar pessoalmente prefeitos e governadores presentes. Durante o sorteio das Eliminatórias da Copa, no Rio.

Guerra e paz

A ideia de lançar um candidato único na eleição da OAB-SP, unindo as chapas de Luiz Flávio D"Urso e Antonio Claudio Mariz, está causando um racha na base dos dois grupos. O objetivo era recuperar a paz, mas o cenário que se desenha é que surjam novos candidatos de oposição.

Repulsa

Serra e Marta têm algo em comum: alto índice de rejeição na zona oeste, a mais rica da cidade. Ela com 24%, ele com 20%. Estão bem à frente de Netinho de Paula, com 15%. Ou os 5% de Mercadante. Os dados são da Vox Populi, divulgados na semana passada.

Marta sofre conforme aumenta a renda dos eleitores; a curva de Serra vai na direção inversa. Netinho tem sua pior marca no centro (31% de rejeição); a de Mercadante é a região sul (7%).

A pesquisa ignorou Maluf.

Yes I can

Em campanha para a realização de prévias no PT, Eduardo Suplicy decorou datas e números da que foi feita nos EUA pelo partido democrata. Lembra que Hillary era a favorita, mas foi superada por Obama.

Acredita que isso possa se repetir com ele.

Samba e futebol

A vida de Telê Santana, quem diria, pode virar um musical. O projeto foi aprovado pelo MinC .

No elenco, só mineiros - outra homenagem ao eterno treinador do SPFC, que nasceu em Itabirito.

Consciência

Sábado, pela Vila Madalena, amigos de Vitor Gurman distribuíram folheto com os dizeres: "Não espere perder um amigo para mudar a sua atitude ". Trata-se de uma ação contra dirigir alcoolizado.

O garoto morreu atropelado na calçada, semana passada.

Sorriso enigmático

Um abaixo-assinado para tirar a Mona Lisa do Louvre em 2013 e levá-la de volta à Itália. É o que pretende o Comitê Italiano para a Valorização dos Bens Históricos, Culturais e Ambientais, 100 anos depois de o quadro ter sido exposto na Galeria Uffizi, em Florença.

O museu parisiense vai brigar para a obra de Da Vinci não sair de lá.

A voz do povo

São Paulo resolveu copiar a mineira Machado. A cidade implantou sistema que leva as reclamações da população diretamente ao prefeito e seus secretários. Tudo via palmtop.

O primeiro município paulista mais próximo de testar a ideia é Tupã, a 450 km da capital.

A voz do povo 2

Mauricio Macri foi reeleito prefeito de Buenos Aires no fim de semana que passou.

E no levantamento dos eleitores, chama atenção uma informação: um em cada três portenhos votou em branco, nulo ou se absteve.

Em outras palavras, 33% não optaram por ninguém.

Na frente

A Nike tem mais um surfista para chamar de seu. Filipe Toledo se une a Alejo Muniz e Gabriel Medina. Idade? 16.

José Victor Oliva inaugura hoje nova sede da Samba.Pro.

O filme Ex Isto, inspirado na obra Catatau, de Paulo Leminski, será lançado hoje. No Itaú Cultural.

Bell e Cessna estão enviando seis executivos para a Labace. Onde a TAM Aviação Executiva expõe um dos 15 helicópteros 429 que acaba de encomendar à Bell.

A demora da definição sobre a dívida americana não derrubou os mercados. Mas a divulgação, ontem, de dados sinalizando que os EUA estão mais perto de uma recessão fez o mundo tremer.

JOSÉ SIMÃO - Copa! A Dilma tava de copeira!

Copa! A Dilma tava de copeira!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 02/08/11

E a pérola do Galvão? "Que pena que não deu pra ver o Ganso enfiando as bolas pro Ronaldo". Rarará!

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E sábado de manhã aqui na rua passou a Marcha contra a Liberação da Maconha. Com a inacreditável faixa: "A Holanda pede socorro". Rarará!
E outra: "Mineiros são contra a liberação da maconha". E a favor da liberação do torresmo! Vulgo infarto frito! E, depois de tomar uma Devassa, a Sandy gritou: libero a Sandy e o Junior! Rarará!
E eu já falei que o Corinthians é como golfinho: sobe, dá uma brincadinha e afunda de novo. Rarará!
E o sorteio da Copa? E a Dilma? Tava vestida a caráter: na festa da Copa, tava de copeira. Parecia o uniforme da tiazinha do café! Dilma Copeira 2014! Rarará! Tava muito chique de pérolas, mas o vestido era da tiazinha do café!
E para entender o sorteio: pega-se meia vaga da Oceania e a vaga e meia da Krakonia, soma-se a vaga do resultado de Somália x Indaiatuba e divide-se pelos anos da Hebe e multiplica-se pelos dólares do Maluf na Suíça e mais um quilo da coxa da Mulher Melancia, igual a: Argentina eliminada! Rarará!
E a pérola do Galvão relembrando as Copas? "Que pena que não deu pra ver o Ganso enfiando as bolas pro Ronaldo." Rarará! E eu não ouvi nada do sorteio. O Galvão não parava de falar! Com aquela voz de foca da Disney! E PAC quer dizer Programa de Atrasos pra Copa.
E, na Argentina, tem La Bombonera. E aqui teremos La Robalhera. Mas eu acho que a Copa no Brasil vai ser incrível, sensacional. Detesto a turma do contra!
E o Ricardo Teixeira? A CBF é uma capitania hereditária. Em 1500 e pedrada o rei de Portugal deu a CBF pro Ricardo Teixeira! E a maldição dos 27? O Sarney e o Ricardo Teixeira estão devendo cem anos pra maldição! Rarará! Essa Fifa me deixa encafifado!
E esta: "Turista que verá a Copa é solteiro e ganha bem". As quengas agradecem! Rarará! Vamos lançar a campanha: "Copa 2014! Já pegou seu gringo hoje?". E um amigo lançou a campanha: "Copa 2014! Vou pegar uma gringa". Argentina não vale! Rarará!
E esta placa: "Gratifica-se quem encontrou um anel!". É da Sandy. A Sandy perdeu o anel. Rarará! Ô esculhambação, viu! Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

BENJAMIN STEINBRUCH - Mundo novo, mundo louco


Mundo novo, mundo louco
BENJAMIN STEINBRUCH
FOLHA DE SP - 02/08/11

Os ferozes cobradores de ontem, senhores do FMI e do Clube de Paris, são hoje os candidatos a caloteiros.


Quem enfrentou os anos terríveis da década de 1980 e parte da de 1990, quando os países latino-americanos foram achincalhados e marginalizados por causa da incapacidade de pagar suas dívidas, certamente não esperava viver para ver o que se passa hoje na economia mundial.

Os ferozes cobradores de ontem, senhores do FMI e do Clube de Paris, são os candidatos a caloteiros de hoje. Nas últimas semanas, a União Europeia concluiu um pacote de € 159 bilhões para socorrer a Grécia e evitar que o país entrasse em default. Talvez a UE devesse ter negociado um plano mais amplo, para atender a outros países do continente que carregam enormes dívidas públicas, como Itália, Espanha, Irlanda e Portugal. Não o fez, e isso indica que talvez novas emoções venham por aí, em breve.

Do outro lado do Atlântico, a grande nação americana viveu a última semana a um passo de dar um calote nos credores de sua dívida de US$ 14 trilhões. Barack Obama lutou obstinadamente com os conservadores do Congresso para elevar o teto da já monumental dívida pública, sem o que não poderia honrar os compromissos do país.

Tal qual se fazia e ainda se faz na política brasileira, os republicanos dos EUA adotaram a tese do “quanto pior, melhor”. Deram prioridade, em suas decisões, aos dividendos eleitorais que poderão obter em 2012, sem se importar muito com uma nova recessão ou até com uma catástrofe na economia.

Ao olhar para esses fatos, é inevitável a constatação de que o mundo realmente mudou. O economista Dani Rodrik, professor de economia política internacional da Universidade Harvard, escreveu dias atrás que “talvez, pela primeira vez na história moderna, o futuro da economia mundial está na mão dos países pobres”. Referia-se aos já não tão pobres países emergentes, entre os quais Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul. Caberia a esses países puxar o crescimento global, devido à estagnação que deverá atingir o antigo Primeiro Mundo, agora sufocado pelo pesado endividamento, nos anos vindouros.

Tudo isso nos remete ao atual momento da economia brasileira. Para ajudar nesse novo papel de puxador do crescimento global, o Brasil precisa de mudanças estruturais que estimulem o desenvolvimento em áreas estratégicas e em novos setores de serviços e tecnologias, além de uma desoneração geral da produção. Sem isso, não há como ocupar posições tradicionalmente dominadas pelos ricos, das quais, aliás, eles relutarão em abrir mão.

O principal problema brasileiro do momento é o excesso de ingresso de dólares no país, com graves efeitos na taxa de câmbio e na competitividade da produção. Não dá para saber qual será o impacto real das medidas cambiais da semana passada, mas foram importantes as declarações da presidente Dilma sobre o atual momento. Ela disse, segundo relato de Fernando Rodrigues na Folha, que o governo optou por manter a economia crescendo consistentemente. “Não queremos inflação sob controle com crescimento zero.”

Dado o cenário econômico do hemisfério Norte, nada é mais sensato do que a declaração de Dilma. Seria insano, num momento como este, quando há risco de estagnação global, ceder à fúria conservadora que pretende trucidar a inflação a marteladas, sem se preocupar com a manutenção do consumo interno.

A estabilidade foi uma enorme conquista brasileira e não se pode jamais descuidar de sua manutenção. Cabe à autoridade governamental, porém, combater com igual atenção as mazelas que levam ao lento crescimento econômico, especialmente quando pouco ou nada se pode esperar em matéria de crescimento da demanda externa vinda dos antigos países ricos.

Nunca se deve esquecer a lição dos anos 1930, descrita nos manuais de economia. Depois da Grande Depressão de 1929, a economia americana vinha em forte recuperação até 1937. Foi então que forças conservadoras que John Kenneth Galbraith chamou com ironia de “homens da sensatez” começaram a promover cortes de investimentos públicos e aumentos de impostos para equilibrar o orçamento. “Houve então um novo e horrível colapso, uma retração dentro da Depressão”, escreveu Galbraith.

EDITORIAL - O GLOBO - O porquê de não se fazer 'varredura geral'


O porquê de não se fazer 'varredura geral'
EDITORIAL
O Globo - 02/08/2011

Por uma dessas voltas que a política dá, o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu causou surpresa ao defender o corte nos cargos comissionados, ditos "de confiança", como maneira de reduzir as chances de novas crises no governo Dilma, deflagradas por denúncias de corrupção. Ao diminuir o número desses assessores, nomeados por afinidades políticas e ideológicas, acredita Dirceu que minguarão as fricções entre aliados por mais espaço na máquina pública, e, assim, o "fogo amigo" tenderá a desaparecer.

É uma autocrítica de Dirceu, considerado mentor do projeto de aparelhamento do Estado, iniciado tão logo subiu a rampa do Planalto com o presidente Lula, em janeiro de 2003. Ele nega, por óbvio. Mas a multiplicação dos tais cargos de confiança não aconteceria sem o respaldo dele, homem forte no governo, até cair e ter o mandato cassado pela Câmara, devido ao escândalo do mensalão. Dirceu não conseguiu concluir o primeiro mandato de Lula no governo, mas o projeto de nomeações de apaniguados para estes cargos não parou. Quando assumiu em 2003, Lula tinha ao dispor da caneta 18.374 postos na burocracia pública. Já uma enormidade. Em oito anos, ele ainda aumentou este contingente em quase 19%, com mais 3.473 postos à disposição de companheiros.

Dirceu pode defender, por conveniência política, a revisão do projeto de ocupação de espaços no Estado. Mesmo assim, a proposta de substituição desses assessores por funcionários públicos de carreira é correta, de preferência com um corte profundo no número astronômico destes cargos. Despesas menores com servidores seriam complementadas pela filtragem na nomeação de funcionários concursados, com formação profissional adequada à função.

O pressuposto de Dirceu de que as denúncias partem de aliados desgostosos por alguma razão pode explicar um ou outro caso. Talvez o do irmão do senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo, Oscar Jucá Neto, que disparou as baterias, em entrevista a "Veja", contra o ministro da Agricultura, o peemedebista Wagner Rossi: "A Conab (da estrutura da Pasta) é pior que o Dnit." Porém, há muitas histórias que surgem do trabalho normal de fiscalização de organismos do Estado.

Nos arquivos do Tribunal de Contas e da Controladoria-Geral da União há muitos registros de indícios de corrupção em obras públicas. O foco no momento se concentra no Ministério dos Transportes, onde a farra parece ter atingido decibéis capazes de incomodar o Planalto. Com acerto, ele interveio na farra.

Mas, como mostrou O GLOBO de domingo, o vício do sobrepreço em obras verificado no Dnit contaminou outros órgãos. Entre eles, a Fundação Nacional de Saúde, feudo peemedebista recém-transferido ao PT. Há relatos, ainda, sobre contratos renegociados no projeto de transposição do Rio São Francisco. A administração descuidada do dinheiro do contribuinte parece tão disseminada que o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, teve o cuidado de tranquilizar dirigentes petistas: a faxina não é uma "varredura geral", atenuou o representante de Lula no Planalto.

Chegamos a este ponto: o governo se preocupa em preservar algum nível de corrupção, para não inviabilizar alianças do PT com partidos aliados nas eleições do ano que vem. É disto que se trata, em português claro.

VLADIMIR SAFATLE - Melancholia


Melancholia
VLADIMIR SAFATLE
FOLHA DE SP - 02/08/11

Poucos são os cineastas realmente necessários para nossa época. Lars Von Trier é certamente um deles. Talvez alguns de seus filmes estejam entre as melhores reflexões contemporâneas sobre moralidade e seus impasses.
Eles retratam uma época que descobriu que a insistência na certeza moral subjetiva é, muitas vezes, a maneira de não nos perguntarmos sobre como as nossas ações serão recebidas em contextos intersubjetivos.
Boa parte das heroínas de seus filmes são mulheres que parecem a encarnação contemporânea da bela alma, com seu coração puro e sua incapacidade de compreender porque tanta catástrofe decorre de suas ações. Elas, no fundo, não entendem por que nem sempre o melhor a fazer é confiar na clareza de nossa intencionalidade moral.
No entanto seu último filme tem algo que os outros não têm: uma mulher que não sabe o que deve fazer.
Melancholia é a história de Justine, uma mulher que vai se casar, mas não consegue. O casamento está lá, o castelo, a limusine, a festa cara, as promessas de felicidade, a promoção no trabalho. Mas ela é incapaz de impedir que tudo apareça com o gosto insípido do que está radicalmente fora do lugar. Ao final, ela se encontrará em um estado próximo a catatonia.
Enquanto o casamento fracassa e a impotência toma conta, um planeta, chamado Melancholia, aproxima-se da Terra em rota de colisão.
A metáfora não poderia ser mais clara a respeito desta doença que assombra a época e retira nossas forças a ponto de dissolver o mundo de nossos interesses. Doença que perdeu seu nome de origem para ser, atualmente, chamada de "depressão".
Dificilmente encontraremos um filme que retrate de maneira tão forte e realista tal quadro clínico. Mas sua grandeza está em outro lugar.
Numa época como a nossa, raras são as obras que nos lembram como a confrontação com o que Spinoza chamava de "paixões tristes" é, muitas vezes, a única maneira de aprender a lidar com o caráter brutal e contingente do fim, da perda, do insensato.
Por ter passado pelo "caminho do desespero", Justine é a única que sabe como terminar, como se portar diante do fim do mundo.
Na verdade, sua depressão deixou um saldo: saber como lidar com a natureza trágica de certos acontecimentos. Ela se cura ao compreender isso.
Mudança importante já que nossa sociedade deve ser a única que perdeu essa capacidade de lidar com o caráter trágico da finitude, da contingência e da contradição.
Preferimos o riso compulsivo e defensivo e nos dopar a ter que nos confrontarmos com o que parece ter a força de abalar o mundo de nossas certezas imediatas. Como Trier nos lembra, há algo de equívoco moral nesta preferência.

GIL CASTELLO BRANCO - Faxina geral na Esplanada


Faxina geral na Esplanada
GIL CASTELLO BRANCO
O Globo - 02/08/2011

A julgar pelas denúncias do fim de semana, envolvendo os ministérios das Cidades e da Agricultura, a Agência Nacional do Petróleo, a Fundação Nacional de Saúde, o Banco do Nordeste e a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, a faxina iniciada pela presidente da República deverá estender-se à casa inteira, e não apenas a um dos seus cômodos.

As suspeitas de corrupção têm estruturas semelhantes. Envolvem funcionários venais, políticos e partidos fichas-sujas e empresários desonestos. Mudam os atores, mas a novela é a mesma. O loteamento partidário dos ministérios - negociados como fazendas com porteiras fechadas - e o elevado custo das eleições brasileiras formam o pano de fundo.

No escândalo de julho, a constatação é obvia: se o Ministério dos Transportes e o Departamento de Infraestrutura em Transportes (Dnit) fossem empresas privadas, já teriam falido. Mas, como são órgãos públicos, sustentam-se à custa dos impostos pagos pela sociedade. Assim, sobrevivem a tudo e a todos. Até mesmo à demissão de vinte servidores flagrados em situações que afrontavam os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Curiosamente, para memorizar esses preceitos do Artigo 37 da Constituição Federal, costuma-se recorrer à palavra "LIMPE", que vem a calhar no caso atual. Afinal, a corrupção é uma das causas das mortes de 24 mil pessoas por ano nas rodovias brasileiras.

O Ministério dos Transportes está entre os mais cobiçados. Com mais de seis mil funcionários, orçamento anual de R$25 bilhões - sendo R$17 bilhões para investimentos - a Pasta coordena obras em todo o país. Outro atrativo é a proximidade com as empreiteiras, segmento que lidera - junto com o setor financeiro - o financiamento das campanhas eleitorais brasileiras. Coincidência ou não, os principais doadores do Partido da República (PR), que controla a Pasta, receberam, em 2010, quase R$1 bilhão dos órgãos vinculados ao Ministério, o Dnit e a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias (Valec).

As irregularidades são frequentes. A Polícia Federal conduz 79 inquéritos sobre obras do Dnit e da Valec, em 20 estados brasileiros. Paralelamente, na relação das obras consideradas irregulares pelo Tribunal de Contas da União, oito pertencem ao órgão rodoviário e três à estatal que cuida das ferrovias. A roubalheira da moda são os aditivos aos preços iniciais, acima do limite legal de 25%. No conjunto das obras em andamento do Dnit, os "puxadinhos" chegam a R$2,6 bilhões. Dos contratos em curso, 14% foram aditivados acima do teto fixado na lei das licitações.

Na verdade, não é de hoje que se comenta sobre o superfaturamento de obras realizadas pelo órgão. Para mencionar apenas alguns casos emblemáticos, na década de 70 foi questionado o valor da construção de um dos cartões-postais do Rio de Janeiro, a Ponte Rio-Niterói. Na década de 90, faxina incompleta varreu a sujeira para debaixo do tapete. À época, foi descoberto que a ordem de pagamentos dos precatórios do então Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) dependia do valor das propinas. Como resposta, o governo mudou a sigla, de DNER para Dnit. Mal comparando, tiraram o sofá da estrada. No início do governo Lula, nova crise, desta vez envolvendo o então ministro - e atual prefeito de Uberaba - Anderson Adauto, acusado de criar aditivos fictícios para obras em rodovias.

Assim sendo, cabe a pergunta: o que fazer?

Além da punição dos corruptos, deve ser ampliada a transparência, pré-requisito para o controle social. Existem na Pasta vários sistemas informatizados cujo acesso não é disponibilizado para a sociedade. Entre eles, o Sistema de Informação e Apoio à Tomada de Decisão (Sindec), que permite o controle da quantidade e da situação de cada contrato, indicando os valores iniciais e os aditivos, entre outras informações relevantes. Além disso, o governo deve fornecer acesso irrestrito ao SICONV - Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse - para que seja possível a qualquer cidadão saber quais os beneficiários nos estados e municípios dos recursos transferidos pelo governo federal.

Pelo teor das denúncias recentes, é quase certo que outros órgãos padeçam do mesmo mal. Por outro lado, é pouco provável que existam condições políticas que viabilizem uma limpeza geral. O que a sociedade espera é que o governo leve até o fim a varredura que começou. Assim sendo, presidente Dilma, pé na estrada e mãos à obra.

MARCIA PELTIER - Sem retrocesso

Sem retrocesso 
MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 02/08/11

A presidente Dilma e os ministros Moreira Franco e Guido Mantega participam de um seminário, na próxima segunda-feira em Brasília, destinado a retratar a nova classe média no país e seus valores e servir de base para a criação de políticas públicas. O objetivo maior é evitar que essas pessoas retornem à pobreza.

Caminho ascendente 

Em 10 anos, dos 19 milhões de novos integrantes da classe média, cerca de 10 milhões estão na região Sudeste, fazendo inflar o mercado de consumo da região. Esse estrato da população gasta 38% do orçamento com habitação, 21% com alimentação e 17% com transporte. No mercado, de cada 100 produtos que a classe média coloca no carrinho de compras, 30 são de linha premium, ou seja, considerados de categoria superior. Os dados são do estudo Classe Média em Números que será lançado no mesmo evento do dia 8, no prédio da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio.

Show de rosas 

A comemoração das bodas de diamante de Sarita e José Carlos Galliez Pinto, este domingo, na casa do Alto da Boa Vista de sua filha Tisse e do genro Romualdo Pereira, encantou os convidados do início ao fim. Um toldo altíssimo com a vista exuberante da Floresta da Tijuca abrigou as mesas cobertas com toalhas verde-água e cadeiras cor de rosa, décor assinado por Antônio Neves da Rocha. Em cada mesa, três fruteiras brancas foram enfeitadas com rosas colombianas, em tons de rosa chá e rosa claro. As mesmas rosas envolviam o ambiente em arranjos de Lourdinha Vidal. Eram tantas as flores – mais de 70 dúzias – que os parentes levaram para casa buquês e, as que sobraram, foram doadas para igrejas da Usina, Alto e Tijuca.

Fora do prazo 

Já estamos em agosto e muitas das prestadoras de serviços públicos e privados ainda não emitiram a declaração anual que comprova que o consumidor está quite com o órgão. A declaração, que deveria ter sido enviada até março, permite que o consumidor substitua os comprovantes de quitação por um único documento que comprove sua adimplência e também facilita o exercício de sua defesa em caso de cobrança indevida. Haja espaço para tanto papel.

Multimídia 

Roteirista, cineasta e diretora de tevê, Rosane Svartman faz sua estreia na direção teatral com a peça Eu te amo, nesta sexta, no Rio. Na readaptação do filme de Arnaldo Jabor para o palco, Rosane trabalhou em parceria com o colega, também cineasta, Lírio Ferreira. “Vi o filme quando ainda era aluna de cinema da UFF e me impressionou pela sensualidade e verborragia’’. Diferente da época em que foi lançado (1981), os personagens, interpretados por Juliana Martins e Alexandre Borges, hoje se conhecem através de redes sociais. “Apesar da tecnologia, o tema continua atual com os mesmos conflitos de uma relação em que há paixão, situações patéticas, arrependimentos’’, diz ela.

Homens elegantes 

Fato raro no Rio, hoje haverá evento de moda exclusivamente masculina na Avec Homme do Fashion Mall. Entre as novas marcas que serão lançadas destaca-se a Fred Perry, com tênis no estilo uniforme de tenista, com debruns em vermelho ou azul. Antes de ser estilista, Fred Perry foi jogador de tênis, com três vitórias em Wimbledon e três no US Open.

Público quente 

Além da ovação entusiasmada da plateia, que obrigou os artistas a voltarem inúmeras vezes à cena do teatro Municipal, na última das cinco récitas da ópera Nabucco, domingo, voltou a acontecer um episódio singular que já havia ocorrido em mais duas outras apresentações. Após o coro do Va, pensiero, os aplausos do público foram tantos que o maestro Sílvio Viegas teve de reger um bis desse trecho do 3º ato da obra de Verdi.

Dinheiro africano 

O presidente da Vila Isabel Wilson da Silva Alves, o Wilsinho, decolou, ontem, rumo a Angola. No país africano, irá almoçar com o presidente José Eduardo dos Santos para tratar do patrocínio para o carnaval da escola, cujo enredo para 2012 é Você semba lá ... que eu sambo cá! O canto lírico de Angola.

Livre Acesso

Paciente cardiopata da dra. Rosa Célia, a pianista Livia Coutinho, de 16 anos, será a atração do chá hoje, às 16h, no Iate Club, em benefício do Instituto Pro Criança. As doações arrecadadas com a venda dos ingressos serão destinadas integralmente ao projeto. O ingresso custa R$ 70 e dá direito ao sorteio de pacotes de duas noites no hotel Victoria-Jungfrau, na Suíça.

Júlio Rocha, da Kevingston , realiza coquetel de inauguração de sua nova loja, no Shopping Rio Sul, nesta terça. Esta é a quarta no Rio e a 17ª no país.

As inscrições para o 6º Seminário Internacional de Comportamento e Consumo, organizado pelo SENAI/CETIQT, dias 30 e 31 no Copacabana Palace, já estão abertas. No time de palestrantes estão o empresário Luiz Calainho, o economista e arquiteto finlandês Mikko Koria e o sociólogo Francesco Morace.

Augusto Mendonça, presidente da Abenav, faz palestra sobre pré-sal e competitividade da indústria de construção naval e offshore, amanhã, às 14h30, no Navalshore 2011, no Centro de Convenções Sul América, no Rio.

Francisco dos Santos comemora 45 anos da Mirage, fábrica especializada em móveis de escritório, e inaugura amanhã a terceira loja da marca, com brunch para arquitetos e decoradores.

O economista Claudio da Rocha Miranda reúne um grupo de executivos do Vistage Brasil para almoço, amanhã , no Giuseppe Grill, no Leblon.

Acontece amanhã, no 00 Cozinha Contemporânea, mais uma edição do evento multiarte Araka – Quem tem medo de Aracy de Almeida.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito

MÔNICA BERGAMO - SEM EXCESSO

SEM EXCESSO
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 02/08/11

A atriz Grazi Massafera estampa a capa da revista "RG" de agosto, em que diz ter ganhado sofisticação com o tempo. "Existe uma nova Grazi. A caipira não tem espaço na minha vida de hoje. Sou curiosa, observadora. Gosto de moda. Já me vesti com muitos excessos. Depois fui encontrando pessoas que me apresentaram as coisas."

A CULPA É SUA

O apresentador José Luiz Datena enviou carta aos diretores da Record em que afirma que saiu da emissora "por culpa exclusiva de vossas senhorias". Diz que sofreu "efetiva obstaculização da livre manifestação de pensamento". Por isso, a TV deve a ele multa de cerca de R$ 20 milhões. A Record tinha proibido Datena de dar entrevistas depois de ele dizer à coluna que a Band é a emissora de seu "coração".

EM CASA
A Record também tinha perdoado multa que Datena devia à emissora por ter deixado a TV em 2003. Mas só se dessa vez ele cumprisse o contrato até o fim. O apresentador, nesse caso, também alegará que só não cumpriu pois a Record não deixou. A emissora diz que ainda não recebeu a carta comunicando a rescisão do pacto.

VULCÃO
Datena só deve reestrear o "Brasil Urgente" na Band no dia 8. Ontem, ele aguardava notícias do vulcão Puyehu para decidir se embarcaria para uma semana de descanso na Argentina.

AMIGOS
Apesar de todas as apostas de que Dilma Rousseff deve nomear uma mulher para substituir Ellen Gracie no STF (Supremo Tribunal Federal), é forte o lobby de advogados para que ela leve em consideração o nome do desembargador José Carlos Paes, do Rio de Janeiro.

INIMIGOS
Já a ministra Nancy Andrighi, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), também cotada para o STF, enfrenta resistência do grupo ligado aos réus do mensalão. Ela é considerada "pior do que o Joaquim Barbosa [relator do mensalão]", na palavra de um deles.

ACABOU O PAPEL
O Tribunal de Justiça de SP estima que vai economizar duas toneladas de papel por ano depois que passou a enviar por meio eletrônico as informações sobre habeas corpus para o STJ. E mais R$ 31 mil deixariam de ser gastos com despesas postais.

PRA TODO MAL, A CURA
As cientistas Vilma Martins e Glaucia Hajj, do hospital A.C. Camargo, vão participar de uma pesquisa internacional liderada pelos brasileiros Marco e Vânia Prado, da Universidade de Western Ontario, e financiada com US$ 600 mil pela agência canadense PrioNet. Investigarão uma forma de evitar o mal de Alzheimer impedindo que as proteínas príon se liguem a outras, chamadas amilóides, no processo que provoca a doença.

A VOZ DO MORRO
Jamelão, famoso intérprete da Mangueira que morreu em 2008, aos 95 anos, ganhará um acervo digital com toda sua obra.

O projeto, chamado "Mestre Jamelão - Cem Anos", ainda não tem data para estrear na internet.

INDIANA JONES
Em 2010, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) aprovou 969 pesquisas arqueológicas no Brasil, número cinco vezes maior que as pesquisas realizadas no México, país tradicionalmente conhecido por investir nessa área, no mesmo período. As informações estão em reportagem da "Revista de História da Biblioteca Nacional" que chega hoje às bancas.

DINHEIRO BLOQUEADO
Em campanha pelo fim do visto para as viagens entre Brasil e EUA, a Braztoa, associação das operadoras de turismo, vai lançar uma espécie de "impostômetro" mostrando quanto o país deixa de ganhar com a exigência do documento para turistas americanos: US$ 39 por segundo. A partir deste mês, promete a entidade, essa contagem será atualizada em tempo real em um site.

O DOBRO OU NADA
A estimativa da Braztoa é de que a liberação do visto dobraria o número de turistas americanos no Brasil. Hoje, são 620 mil por ano, com gasto médio de US$ 2.000. Já a US Travel, que congrega hotéis, companhias aéreas e destinos dos EUA, calcula que seu país passaria a receber 2,4 milhões de brasileiros por ano, contra o atual 1,2 milhão.

CRIADORES E CRIATURAS
A exposição "The Creators Project" reuniu no fim de semana trabalhos que misturam arte com tecnologia. O stylist Ciro Midena foi ao prédio da Bienal conferir obras de artistas como Matt Clark, com direção criativa de Dave Haroldson.

TELINHA POP
A mostra "Warhol TV", com vídeos feitos pelo americano Andy Warhol, foi inaugurada no fim de semana no Sesc Pinheiros. A curadora Judith Benhamou Huet, o produtor Christophe Coffrant e a empresária Isabella Prata estiveram na abertura.

CURTO-CIRCUITO

Ana Carolina apresentará o show "Ensaio de Cores", nos dias 2 e 3 de setembro, no Citibank Hall do Rio, às 22h. Classificação: 15 anos.

Filipe Berndt participa da SP Foto pela Central Galeria, de Wagner Lungov. De 15 a 18 de setembro, no shopping Iguatemi.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI

ARNALDO JABOR - A crise por baixo da crise norte-americana

A crise por baixo da crise norte-americana
ARNALDO JABOR
O ESTADÃO - 02/08/11

Hoje é o dia D, de "default". Não sei se hoje a América está em moratória ou não, pois escrevo no passado do domingo. Quando enviei o artigo, tinham chegado a um acordo que ainda seria votado pelo plenário na segunda-feira (ontem), um acordo que muitos democratas acham uma vitória republicana, depois de um torturante suspense diante de um abismo.


Estive em Nova York na semana passada e senti de perto o cheiro de uma coisa nova: a estranha sensação de que havia e há um desejo de desastre no ar, como se quisessem conhecer o impensável.


O incrível é que o caos político foi criado pelo mito de um "equilíbrio" democrático, pela fantasia de que há uma democracia bem azeitada, com dois partidos com opiniões "discordantes". Isso é uma mentira.

O Paul Krugman escreveu no "The New York Times": "O culto ao ‘equilíbrio’ exerceu um papel importante para nos levar até à beira do desastre". Comentaristas tratam da crise política como se os dois partidos fossem igualmente "intransigentes", o que não é verdade. Krugman dá um exemplo: "se um dos partidos dissesse que a Terra é plana, os jornais diriam: ‘Há duas visões que divergem quanto ao formato do planeta’".


Não, os republicanos não aceitam que a Terra seja redonda. A responsabilidade é totalmente deles. Há o óbvio, claro: briga política, eleições em 2012, vingança desde Nixon, racismo, interesses corporativos quanto a impostos. Tudo bem: jogo político sujo normal... Mas há mais que isso.


Essa obstinação autodestrutiva dos republicanos é tão brutal que aponta para razões mais profundas na consciência norte-americana. Seu prejuízo por essa chantagem escrota será imenso; mas eles topam tudo para arrasar a América de Obama. A novidade patológica é este recente "quase suicídio". É como se eles quisessem testar até onde vai o fundo do poço.

Em 1957, morei na Flórida, reduto de reacionários à direita de Genghis Khan, e vi de perto as duras "certezas" desse povo. Vi os negros humilhados, vi brancos terríveis jogando ácido em piscinas que negros ousaram frequentar e lembro-me sempre de um episódio imperceptível, mas que me impressionou muito. Eu viajava num ônibus onde havia uma família branca em pé, uma mãe e duas filhas, entre 7 e 10 anos. Vestiam-se com roupas longas, coloniais, tapando o corpo todo. Mas o que me espantou foi o fato de que nem a mãe nem as meninas olharam uma só vez para os passageiros. Era como se nós não existíssemos. Não era desprezo; era uma absoluta negação de nossa presença, dos seres humanos em geral. Eram de uma seita puritana pesada.


Senti que ali estava o traço básico do reacionarismo atávico do país. Os olhos que não nos viam eram a caricatura triste do fundamentalismo individualista, assim como a frieza fanática que vemos nos rostos do famoso quadro de Grant Wood, "American Gothic".


O dogmatismo do puritano colonial se rarefez nos séculos e se adoçou um pouco na ideologia mais tolerante dos democratas, mas persiste no coração norte-americano.


E esse veneno está renascendo. A cruel estupidez dos "tea parties" é o sintoma óbvio: a complexidade da vida atual provoca a recaída dessa doença atávica. Ela já assassinou os Kennedys, essa doença contaminou o Watergate e foi desinfetada, tentou o impeachment de Clinton, perseguido como um cão obsceno pela fogueira de Kenneth Starr. Essa doença político-religiosa sempre foi agressiva, mas o fato novo é que agora ela começou a ficar autodestrutiva.


O primeiro ataque foram a vitória fraudada de Bush e Cheney e o estrago irrecuperável que fizeram na América e no Ocidente.


Na "Democracia na América", Tocqueville afirma: "O individualismo é um sentimento que estimula cada cidadão a se afastar da massa de seus semelhantes e a se retirar para o isolamento com sua família e amigos; assim, cria uma pequena sociedade para seu uso próprio e abandona voluntariamente a grande sociedade que o envolve".


Essa fé individualista criou a sociedade mais forte do mundo, mas, agora, esse isolamento empreendedor não é mais possível, pois essa crença apenas em si mesmo ficou inviável num mundo revolucionado pela tecnociência, pelo multiculturalismo, pela incessante circularidade política e econômica.


A explosão do sentido do "inquestionável projeto ocidental" é insuportável para espíritos individualistas, nos quais pulsa um leve totalitarismo sob a aparência "democrática". Daí o desejo inconsciente (ou não) de se voltar à ideia mais antiga, mais linear de "indivíduo", quando o mundo era mais "plano".


Eles têm a nostalgia do "indivíduo" do início do século XX até os anos 50. O "indivíduo" hoje não tem a solidez antiga. Hoje, nossa "identidade única" foi fraturada em muitos "eus" e muitos outros. E essa fragmentação trouxe aos conservadores a "peste" (como dizem que Freud disse ao chegar aos Estados Unidos): a intolerável suspeita de que possuem um inconsciente. Aliás, Freud escreveu no "Mal-Estar da Civilização": "Nada nos é mais seguro do que o sentimento de nós mesmos, do nosso Eu. Este Eu nos aparece como autônomo, unitário, bem demarcado de tudo o mais. Mas essa aparência é enganosa, pois o Eu na verdade se prolonga para dentro, sem fronteira nítida, numa entidade psíquica inconsciente a que denominamos Id, à qual o Eu serve de fachada...". É isso que os republicanos querem tamponar, porque o Id é o outro.


E, ainda por cima, lhes chega o negão reformador e lhes mostra a imperiosa necessidade de mudar o país para uma sociedade mais compartilhada, com mais aceitação das diferenças, com sacrifício comum a todos. É intolerável para os velhos individualistas. Aí, instala-se a fome de irracionalismo, que me faz lembrar a paranoia anticomunista da Guerra Fria: "Better dead than red".


Exatamente como Osama bin Laden e os jihadistas, os republicanos e os psicóticos dos "tea parties" querem impedir a modernização deste mundo acelerado.


O grave é que isso pode arruinar a América no pior momento: China, duas guerras e crise econômica e política no mundo todo. Estamos assistindo ao "retorno do reprimido" do inconsciente norte-americano. Vai sobrar para nós.