sexta-feira, maio 20, 2011

Alívio no Bar do Carlão...‏




Alívio no Bar do Carlão...‏

Relato de um amigo... 

"Hoje eu estava tomando um café, no Bar do Carlão, quando
desesperadamente precisei peidar.
A música estava bem alta, então calculei para soltar o gasoso em
sincronia com o ritmo.
Não deu outra. Lá se foi a feijoada, molho de repolho e ovos cozidos
sendo liberados no ritmo da música.
Fiquei orgulhoso pelo peidão fragmentado, ritmado, em sincronismo
perfeito com a música... Comecei a me sentir melhor e mais aliviado...
Terminei meu café tranquilamente; só então notei que todo mundo estava
me olhando.
Então lembrei que estava escutando música no meu iPod...

Nunca mais tomo café ali."


Colaboração envia do APOLO

XICO SÁ - Pela utilidade do homem - final



Pela utilidade do homem - final
XICO SÁ

FOLHA ONLINE

Estimado mulherio, é hora de reiniciar o macho.


Uma chance na terra aos homens de boa vontade. Queremos ser úteis, não estes malditos seres obsoletos e infantis.

Pela serventia do macho. Nem que seja apenas como toscos lenhadores que abastecem a casa de lenha durante o rigoroso inverno.

Nem que seja de forma fingida como um orgasmo, rogamos por esta nova oportunidade.

Repito: mirem-se na pedagogia da Marilyn Monroe entre os seus dois cowboys no filme "Os Desajustados".

Como ela sabia pedir gostoso e tudo conseguia de um homem.

Eu imploro, eu lhe peço todos os seus pedidos mais difíceis.

Pede Channel, pede Louis Vuiton, pede que eu compro nem que seja no camelô.

Não me pede nada simples, faz favor.

Casa, comida, roupa lavada e Bilhete Único? Pelamor. É pouco.

Já que vai pedir, que peça alto. Você merece.

Como é lindo uma mulher pedindo o impossível, o que não está ao alcance, o que não está dentro das nossas posses.

Podemos não ter onde cair morto, mas damos um jeito, um truque, um cheque sem fundos.

Até aqueles pedidos silenciosos, quando amarra a fitinha do Senhor do Bonfim no braço, são lindamente barulhentos.

Homem que é homem vira o gênio da lâmpada diante de uma mulher que pede o impossível.

Ah, quero o batom vermelho dos teus pedidos mais obscenos, como um Wando, como o poeta mais brega ou como o T.S.Eliot.

Quero o gloss renovado de todas as vezes que me pede para fazer um pedido, assim, quase sussurrando no ouvido: “Amor, posso te pedir uma coisa? Posso mesmo?”

Um castelo na Inglaterra?

Sim, eu dou na hora.

Sim, eu opero o milagre.

Como no pára-choque, o que você pede chorando que não faço sorrindo?!

Pede, benzinho, pede tudo.

Que eu largue a boemia, pare de beber e me regenere???

Pede, minha nega, que o amor tudo pode.

Mesmo as que têm mais poder de posse que todos nós não escapam de um belo pedido.

Com estas, as mais poderosas, tem ainda mais graça. Elas pedem só por esporte, o que não lhes comprometem a pose e muito menos a independência.

Não é questão de poder ou dinheiro.

O charme e o que importa é o pedido em si, o romantismo que há guardado no ato.

Os melhores cremes da Lancôme? Vou a Paris agora. Estou pronto.

Eu lhe peço: me pede.



Pra ler a primeira parte clique AQUI

XICO SÁ - Manifesto pela volta do macho útil - parte I



Manifesto pela volta do macho útil - parte I

XICO SÁ

FOLHA ONLINE

(Ou Das serventias esquecidas de um Homem)


Queremos voltar a ser úteis, imploro, repito. Queremos prestar de novo. Mulheres, escutem o nosso grito. Ouviram do Ipiranga, da Pampulha, do Capibaribe, das margens do Jaguaribe? Ouviram?

Não se trata de mais uma cantada genérica. Cantar é fácil. Qualquer mané o faz. A grande arte de um homem começa quando a cantada dá certo, ouviram, rapazes? Sim, o feitio de oração, o devotar-se, como insisto aqui nesta campanha permanente.

E nesse quesito, amigos, quem mais se aproxima da nota dez é quem atende todos os pedidos, ou quase, da cria da sua costela. Mesmo que seja uma daquelas gazelas que adoram ser mimadas 24 horas, filha única, carente, voz manhosa de Marilyn Monroe no faroeste “Os Desajustados”.

Porque só Marilyn, não por ser loira, mas pelo estilo da fala, sabe ensinar como obter tudo de um homem.

Ainda mais nesses tempos de hoje, em que perdemos praticamente a utilidade. Não vamos muito além da velha troca do chuveiro queimado ou da lâmpada. No restante dos ofícios, elas possuem dotes e consolos materiais e filosóficos. Nem a massagem do cansaço noturno passa mais por nossas mãos rudes –tem sempre um japa do ramo que já resolveu a parada antes.

Nesse critério, de nos tornar um pouco úteis, de deixar o macho se sentindo vivo e importante, queremos a chance de saber que na vida ainda existe almoço de graça. Deixem que o homem pague, mesmo que você seja aquela super-poderosa mulher que comanda uma plataforma de petróleo ou que tenha nascido da costela do Onasis.

Queremos voltar a ter a chance de atender os seus pedidos. Uma das maiores virtudes de uma fêmea é arte de pedir, não acha?

Como elas pedem gostoso.

Como elas são boas nisso.

Resistir, quem há de?

Um simples “posso pegar essa cadeira, moço?” vira um épico. É o jeito de pedir, o ritmo caliente da interrogação, a certeza de um “sim” estampado na covinha do sorriso.

Pede que eu dou, meu amor, eis o mantra aqui repetido.

Pede todas as jóias da Tiffany´s, minha bonequinha de luxo!

Estou pedindo: pede!



Para ler a segunda parte clique AQUI

JANIO DE FREITAS - Palocci, o devedor


Palocci, o devedor 
JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/11

O ministro não está adotando uma linha de defesa; é só uma linha de fuga e despistamento


A PARTE VALIOSA na nota explicativa do ministro Antonio Palocci, o único trecho em que não repete seu velho truque de embaralhar assuntos, contém a revelação, despercebida, de que a colheita para o seu patrimônio aumentou em mais do que as 20 vezes constatadas nos R$ 7,4 milhões de dois imóveis comprados.
No antepenúltimo dos 13 itens de pretensas explicações, diz a extensa nota com referência à empresa Projeto, em cujo nome o ministro pôs seu novo patrimônio: "A gestão dos recursos financeiros da empresa foi transferida a uma gestora de recursos, que tem autonomia contratual para realizar aplicações e resgates, de modo a evitar conflito de interesse".
Durante os quatros anos como deputado, de 2007 a 2010, portanto, o hoje ministro teve também ganhos em dimensão que justifica a entrega, sob a forma de "recursos financeiros" e não de imóveis, à gestão de empresa especializada "com autonomia para aplicações e resgates", como é próprio de patrimônio em títulos ou espécie.
Esse acréscimo à parte constatada do veloz patrimônio não se traduz em comprovação de ilícito na maneira de obtê-lo, dada por Palocci como "remuneração" de "serviços para a iniciativa privada", "atividade de consultoria". É o máximo que diz sobre a procedência do novo patrimônio. No restante, manobra exaustivamente como se questionado por atividade empresarial imprópria a deputados, invocando 273 que a têm (o que deveria ser e não é ilegal). E, ainda, sobre pagamento de impostos e legalidade da Projeto. A mesma tática de ter um assunto pela proa e agir como se fosse outro, tal como o uso que pretendeu com a atribuição de venalidade ao caseiro Francenildo Costa.
Palocci não está adotando uma linha de defesa. É só uma linha de fuga e despistamento. Praticada pela mobilização urgente do PT e do PMDB, que não se cansam de proclamar "o assunto encerrado" - até que o senador Humberto Costa, o deputado Cândido Vaccarezza e outros sem-cerimônia precisem correr para novas defesas fugitivas de Palocci e deles mesmos.
Como ocupante de um cargo da altitude de chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, qualquer um tem o dever, com o país, de prestar informações quando atingido por suspeita. A situação de Palocci vai além: seus antecedentes robustecem as suspeitas e o seu dever de esclarecimento.
Mais ainda, bancar seu retorno ao governo apesar dos antecedentes, e para o cargo que tem com a influência que tem, foi uma atitude de Dilma Rousseff que não deveria ser retribuída com máculas que contaminem o governo.
A atitude atual de Antonio Palocci já expele efeitos tóxicos. A ética de um governo não está só nas suas decisões. Depende também da conduta e do conceito de seus integrantes.
E, ao deixar a primeira sob dúvidas graves e o segundo com a recuperação em suspenso, Palocci compromete o governo de Dilma Rousseff. Já transfere para a própria presidente a expectativa da opinião pública e suas consequências onerosas.
Apesar do seu admirável patrimônio, Antonio Palocci é um grande devedor.

TUTTY VASQUES - A última do português


A última do português
TUTTY VASQUES
O ESTADO DE SÃO PAULO - 20/05/11

Parece piada! Se a ideia era combater o preconceito linguístico, deveriam ter esperado um pouco mais para lançar o tal livro didático que faz apologia do erro de concordância.

O discurso que antecedeu Dilma Rousseff no Palácio do Planalto ainda estava vivo demais na memória do brasileiro quando o MEC saiu em defesa do direito singular de articular o plural em desacordo com a gramática do tempo de FHC.

Resultado: o direito de andar por aí dizendo "os livro" - para usar um exemplo da publicação na berlinda - está sendo exaltado nas redes sociais como um legado da era Lula. Puro preconceito!

O papo seria outro se tivessem levantado a discussão quando Caetano compôs Rock"n" Raul ("E hoje olha os mano"), ou, antes disso, na época em que tocava no rádio "A gente somos inútil". O Ultraje a Rigor cantava "a gente não sabemos escolher presidente" e ninguém ligava o verso à pessoa.

No tempo em que o Lula ainda não era piada pronta, tolerava-se o erro intencional de português como figura de linguagem pela qual, ensina o Houaiss, "a concordância das palavras na frase se faz segundo o significado, e não de acordo com as regras da gramática". Hoje em dia, ninguém sabe nem o que é "silepse", né não?

Língua dos homens

"QUEM ESCREVE CERTO - E, MESMO ASSIM, POR LINHAS TORTAS - É DEUS!"
Fernando Haddad, ministro da Educação

Meritocracia
Antonio Palocci cogitou ontem deixar o governo Dilma. Parece que abriu uma vaga boa no FMI. Se a Europa está atrás de alguém capaz de fazer o dinheiro se multiplicar...

Corrida do ouro

Continua desaparecida a caixa-preta de Dominique Strauss-Kahn. As buscas na França estão divididas entre os grupos políticos de Nicolas Sarkozy e da extrema direita. Quem primeiro encontrá-la ganhará as eleições presidenciais do ano que vem.

Fase de crescimento

ACM Neto estreou um belo salto carrapeta novo para crescer pra cima do Palocci no Congresso. Virou um gigante da moralidade!

Nova frente

Os marqueteiros de Jair Bolsonaro estão incentivando o deputado a dar uma passadinha na Marcha da Maconha programada para a manhã deste sábado, a partir do vão livre do Masp. Argumentam que o movimento gay já deu o que tinha que dar.

Eu, hein!

Não dá para entender as razões que levaram o cineasta dinamarquês Lars von Trier a dizer em entrevista coletiva que compreendia as razões de Hitler. Mais surpreendente,
francamente, só se ele estuprasse a camareira de seu hotel em Cannes.

Qual o problema?

Policiais cariocas estão confusos. Num dia, o governador ordena que soltem a franga na Parada Gay;
no outro, a Secretaria de Segurança ameaça punir o agente que posou para fotos usando dois colares de algemas cruzados no peito ao escoltar uma prisioneira loura. Eu, hein!

IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO - O gato que devorou Camila Pitanga


O gato que devorou Camila Pitanga
IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO
O Estado de S.Paulo - 20/05/11

Chico me ouvia:

- Fazia frio em Araçatuba, pode imaginar?

Ele não podia, nunca foi lá, cidade que fica em uma região quentíssima do Estado. Até eu fiquei surpreso com o clima.

- Oito da manhã, no aeroporto, havia uma brisa fresca, tive de colocar a malha. Acredita?

Chico não respondeu. É um gato rajado, cinza, pedigree de rua, um tanto burguês, só come ração. Pode deixar comida em cima da mesa, ele nem olha. Já a irmã dele, Marieta, negra como uma pantera, olhos verdes, tem suas preferências por kani (ou seria cani?) e alface. Eu tinha voltado da Virada Cultural do último fim de semana. Entrei no Teatro Municipal de Araçatuba, ao mesmo tempo que Tulipa Ruiz cantava na Unip. No hotel, dei com Fafá de Belém e aquele riso enorme que nos engole. O problema da Virada são as muitas opções. Escolher o que, ir onde? Ainda bem.

Antes, tinha estado em Poços de Caldas, na Sexta Flipoços, organizada pela Giselle Correia Ferreira, em tempo de testemunhar um momento emocionante acontecido com a escritora Laís de Castro. Ao entrar na sala para contar histórias, deu com 40 cegos sorridentes. Ela gelou. Como falar para cegos? Que imagens usar para definir o frio olhar de uma pessoa, reflexos na água ou no espelho e assim por diante? Passada a paralisia inicial, Laís foi magistral, simplesmente falou e os cegos entenderam, adoraram.

Em Araçatuba me vi diante de cem pessoas, foi um encontro quase íntimo com gente que tinha preferido a literatura em lugar do jogo final do campeonato paulista. Aquela conversa, envolvida pela paz do domingo, me lembrou o começo da noite em Araraquara, na minha infância, quando não havia tevê nem novelas e as pessoas colocavam as cadeiras na calçada e juntavam vizinhos, parentes, amigos e algum passante ocasional. Conversavam durante horas, servia-se um café com bolinhos de chuva. Falava-se de tudo, namoros, receitas, religião, política, separações (um escândalo!), novenas, custo de vida, limpeza das ruas, notícias ouvidas no rádio. Meu avô José Maria me explicou, certa noite: "Aqui você tem sempre um pedacinho da cidade e da nossa gente". Era a crônica do cotidiano, assim aprendi a olhar para as coisas do dia a dia como assuntos.

Mas agora, Chico e eu estamos sós. Minha mulher viajou, está fora há uma semana, minha filha dorme, voltou tarde da balada, estava com músicos preparando o show de lançamento de seu primeiro CD e a empregada ainda não chegou. A água está quase fervendo, ajeito o coador, conto as colheres de pó, são quatro e meia, para um café mais denso. Chico fica sobre a pia, cauteloso, desconfiado, sente a quentura do fogo. De manhã, ele me segue por toda parte. Abro a porta, ele cheira os jornais, aprova e me olha. Se vou para o computador, ele se instala sobre a impressora, toca leve com a pata cada folha que sai. Não sei se aprovando.

- Fique observando para aprender. Ferva a água, coloque o pó, depois derrame a água sobre o pó, lentamente.

Ele parece entender, olha para o fogo, a panela de água, a cafeteira. Segue os procedimentos, como dizem os médicos.

- Se quiser um café mais suave, coloque três colheres. Duas, se quiser um café de caboclo. Sabe o que é? É um café bem ralo, chamam água de batata, sei lá por quê.

O gato tem o olhar firme, fixo, sei que está me entendendo. Contempla as chamas azuis e não me responde. Penso na formiga com quem, anos atrás, tentei conversar e que se calou (*). Ele está imóvel, naquela pose de gravuras de gatos egípcios, que eram deuses. Não abre a boca, não mia, rosna, não emite opinião. Estará aprendendo a fazer café? Dou informações aleatórias.

- Tem quem prefira usar cafeteirinhas italianas, bonitas, design.

Para que falar em design com um gato? Ela parece mostrar desdém pela minha tarefa. Fazer café? Para quê? Para que beber uma água preta? Pensar que tem gente que toma sem açúcar. Outros não tomam à noite para dormir. Besteiras dos humanos. Chico é curioso. Quando faço o café, não se mete. Medo do fogo? Quando leio o jornal na cama, ele vem, deita-se sobre os cadernos, ou mordisca a página que estou lendo. É isto, o gato come notícias. Outro dia, arrancou uma foto da Camila Pitanga engoliu inteira. Não passou mal. Também, Camila Pitanga faz bem até aos gatos.

Mostro o resto da água fervente.

- Você tem de queimar bem o pó, com cuidado, por igual. Tem gente que não espera a água ferver. Cada um tem seu método. Quer ver? Chegue aqui perto, olhe para o coador, sinta o cheiro!

Chico faz que não com a cabeça. Recua e me diz:

- Eu? Sou bobo? Gato escaldado tem medo da água quente!

(*) Falei mesmo com formiga. A história está no conto O Mistério da Formiga Matutina, no meu livro O Homem Que Odiava a Segunda-Feira.

ANCELMO GÓIS - Tô fora dessa


Tô fora dessa

ANCELMO GÓIS
 O Globo - 20/05/2011

Carlos Lessa, 74 anos, está indignado com o fato de Palocci ter justificado seus R$ 7 milhões em consultorias com o argumento de que passar por Fazenda, BNDES e BC “proporciona experiência única, que dá enorme valor a esses profissionais”: - Não sei dessa história. Deixei o BNDES em 2005 e, desde então, só aceitei fazer uma palestra numa empresa, e com a condição de não falar de temas ligados ao banco. Cobrei R$ 4 mil.

Abre portas... Para Lessa, o jogo que leva muitas ex-autoridades econômicas a fazer este tipo de serviço tem nome: informação privilegiada e abrir portas no poder.

Vânia na Vale
Vânia Somavilla, que cuidava de meio da ambiente na Vale, vai assumir uma diretoria-executiva no lugar de Carla Grasso. Aliás, Carla trabalha até hoje (seu mandato acaba amanhã). Não pediu demissão.

Sarney baixinho
Sarney, ontem, concedeu a Xuxa, que visitou o Senado, deferência incomum. Foi esperá-la na entrada da Casa, chamego só dispensado a altas autoridades. Disse que recebeu a Rainha dos Baixinhos ali porque tinha ido levar outra rainha, a da Suécia, Sílvia, até a saída. Ah, bom!

Mas... 
Ao chegar, a Rainha dos Baixinhos deu dois beijos em Sarney. “Treinei para não fazer isso e acabei fazendo”, desculpouse a bela. Sarney nem ligou: - Pois então, agora, dê o terceiro!!! Xuxa atendeu.

Jorge leve 
Jorge Vercilo, o cantor, deixou a gravadora gigante Sony. Decidiu criar um selo, que batizou de Leve, e administrar a própria carreira. Seu próximo CD, previsto para o segundo semestre, já vai sair pelo Leve.

Céu engarrafado 
Acredite: 47 jatos foram para a Ilha de Comandatuba, BA, para o 9o- Encontro de Empresários da América Latina-Pais e Filhos, aberto por Lula, quarta. Foi um caos aéreo. Muitos vips esperaram horas a autorização para decolar rumo à Bahia.

Segue... 
Na Copa de 14 e nas Olimpíadas de 16, este tipo de engarrafamento ameaça ocorrer. Na Copa da África, no jogo Brasil x Portugal, cinco aviões comerciais, com cerca de 1.000 torcedores, não conseguiram pousar em Durban por causa do excesso de jatos de bacanas.

Aliás... 
A apresentação de Lula, na ilha, coube a Eike Sempre Ele Batista - que, depois, citando o pai, Eliezer, comentou, modesto, o tamanho de seus negócios: “Tamanho não é documento. Se fosse assim, elefante seria o dono do circo.” É. Pode ser.

Tabu das drogas 
Com apoio do AfroReggae, será exibido em Vigário Geral, no Rio, dia 5, o documentário sobre drogas “Quebrando o tabu”. Estarão lá o diretor, Fernando Grostein, e FH, âncora do filme.

Fator Ana Hickmann 
A prefeitura do Rio estima que a reforma do Sambódromo custará uns R$ 5 milhões. As obras devem durar seis meses, e a Passarela vai ganhar pintura antiderrapante. É para evitar que beldades caiam no desfile - como Ana Hickmann este ano, tadinha.

Multa do barulho 
A Vila Isabel está com as contas bloqueadas por decisão da 49a- Vara Cível do Rio. O motivo é uma multa de R$ 1,5 milhão dada pelo MP do Meio Ambiente, por causa do barulho na quadra da escola.

O outro lado 
Nilson Bruno, defensor público- geral, contesta a nota aqui ontem sobre o evento do Dia do Defensor Público, no Copacabana Palace: - O 1o- Encontro Institucional de Gestão, no Copa, foi uma reunião de trabalho. A Defensoria funcionou com plantões, e a Firjan apenas forneceu folhetos para a campanha Todo Mundo Tem Direito a Ter Direitos.

Poxa, Narcisa
Quarta, no lançamento de “O tempo não para, Viva Cazuza!”, de Lucinha Araújo, no Rio, Sérgio Cabral, pai, que esperava para ganhar autógrafo, bradou ao ver Narcisa Tamborindeguy, a coleguinhalite, furar a fila: - Ei! Tô vendo! Tá furando fila! Vou denunciar no Ancelmo!

ARTHUR DAPIEVE - Discordância


Discordância
ARTHUR DAPIEVE
O GLOBO - 20/05/11
A boa expressão oral também é necessária

Sou professor. Dou aulas de história da música e de jornalismo cultural, além de oficinas de crônicas, em centros de cursos livres. Dou aulas de técnicas de redação para jornalistas, no sétimo período de uma universidade particular. Nestas, obviamente, o bom português é condição indispensável à aprovação dos alunos. Erros custam pontos.

Porém, universitários prestes a se formar - bem como profissionais já formados, claro - cometem erros de português de vez em quando. Uma concordância aqui, uma crase lá. É normal, seja pela má formação de base seja pela pressa do fechamento, mas não significa que possa ser aceitável. O jornalista deve ter tolerância zero com erros.

Explico aos alunos que o erro de português, para não falar no de informação, tem um efeito metastático em jornal, revista ou internet. Fixado no papel ou na tela, o erro contamina o tecido gramaticalmente sadio que está em volta, levando o leitor à dúvida ("Se esse repórter não conhece o seu instrumento de trabalho..."), solapando até o mais bem construído dos argumentos, minando a preciosa credibilidade.

Não apenas isso, não apenas para futuros jornalistas. Além da boa expressão escrita, derivada de uma boa leitura, a expressão oral é fundamental para qualquer candidato a emprego criar uma impressão positiva numa entrevista, por exemplo. Advogados, médicos ou engenheiros que não se expressam bem não passam confiança. Profissionais sem necessidade de diploma superior também são mais bem avaliados se falam bom português. Vale para taxistas, comerciários, jogadores de futebol.

Gosto de dar aula. Talvez seja o derradeiro bastião do meu idealismo. Acredito que há algo de nobre em compartilhar o conhecimento acumulado, devolvendo à sociedade aquilo que ela nos transmitiu, enriquecido pela nossa experiência. Lecionar também ajuda a organizar as próprias ideias, submetendo-as às salas de aula. E estas são um suprimento aparentemente inesgotável de gente interessante.

É desta perspectiva, portanto, que vejo a distribuição pelo Ministério da Educação de 485 mil exemplares de "Por uma vida melhor", de Heloísa Ramos. Trata-se de um livro didático, não de linguística ou para linguistas. Nele, ao falar de diferentes registros, a colega defende a substituição dos conceitos de "certo" e de "errado" pelos de "adequado" e de "inadequado" na linguagem oral. Falar "nós pega o peixe" ou "os livro ilustrado mais interessante estão emprestado" seria adequado, dependendo do contexto e com a ressalva de que "a pessoa pode ser vítima de preconceito linguístico".

O trecho gerou celeuma num Brasil que, reconhecidamente, pena com um baita déficit educacional. Comentaristas notaram que, se levado ao extremo, esse relativismo gramatical equivaleria à autodissolução do magistério, à renúncia ao próprio ofício de ensinar, tanto a crianças quanto a adultos. Do outro lado do ringue, um assessor não identificado do ministro Fernando Haddad defendeu a pasta, naturalmente fazendo uso das concordâncias corretas: "Não somos o Ministério da Verdade. (...) Já pensou se tivéssemos que dizer o que é certo ou errado? Aí, sim, o ministro seria um tirano."

Não alcancei o raciocínio, mas acredito que a "flexibilização" linguística eterniza o preconceito que pretende combater (e não estou nem bem certo se o termo preconceito se aplica aqui). Porque, ao considerar "adequado" que o cidadão menos instruído continue se expressando mal, ainda que oralmente, ela não o estimula a estudar, a aprender, a se aperfeiçoar. É como se o sucesso do ex-presidente Lula fosse a norma na sociedade, não a exceção. Ou seja, pode até soar progressista proclamar que a abolição da concordância liberta a fala do povo dos grilhões da norma culta das elites, ou slogan parecido, mas a rigor ela imobiliza o sujeito em dois grupos: o dos bem-falantes e o dos mal-falantes. E educação é sobre mobilidade.

Assim, sem querer, tal proposta está mais para reacionária, porque admite que o povo permaneça onde está, na semiescravidão de ser cortejado como consumidor - agora que as classes C e D melhoraram um pouco de vida, graças ao continuum Itamar-Dilma - e não reconhecido como cidadão pleno, apto a se informar e se expressar bem, seja na concordância seja na discordância, mas com conhecimento de causa.

Este, aliás, é um aspecto de uma questão ainda maior, que diz respeito não só a educadores ou a comunicadores, não apenas aos governos, e sim a todos os brasileiros: como lidar com o grande contingente de pessoas que a duras penas subiu na vida nos últimos 17 anos? Vamos ser paternalistas? Aceitar que esse "subir na vida" seja apenas material ou insistir na obviedade de que a ascensão social - e econômica, do país - só pode ser sustentada por um ensino de melhor qualidade, no qual se aprende a norma culta para, depois, se for o caso, adaptá-la, questioná-la, subvertê-la, atualizá-la? É por intermédio dela que um cidadão fala de igual para igual com outro cidadão.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


Peso de diárias em receita de hospital recua no país 
MARIA CRISTINA FRIAS

 Folha de S.Paulo - 20/05/2011

A participação dos serviços de diárias aos pacientes no faturamento dos hospitais privados brasileiros recuou em relação ao resultado total das instituições em 2010.

Subiu, por outro lado, o peso relativo das receitas obtidas com a comercialização de insumos como medicamentos, material e gases, usados em internações de alta complexidade como UTIs.

O faturamento dos maiores hospitais do país foi de R$ 7,5 bilhões em 2010, segundo estudo que a Anahp divulga na próxima semana.

Do total, a participação das diárias e taxas na composição de receitas caiu de 32% em 2006 para 27,5% no ano passado.

Os insumos, que representavam 45% das receitas hospitalares em 2006, são hoje responsáveis por 54%.

"Isso ocorre pois não tem havido reajuste adequado das diárias e taxas hospitalares por parte das operadoras. Ao mesmo tempo, o investimento em alta complexidade ganha espaço", diz Henrique Salvador, presidente do conselho da entidade.

"É uma distorção. A principal função do hospital é prestar serviço, não vender material, medicamento e gás."

A alta no faturamento veio acompanhada de queda no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, em inglês).

"O Ebitda caiu porque os custos nesse modelo sobem. A alta na receita com base nos insumos dá um controle menor sobre os custos", diz.

Em fase de testes
As fabricantes de eletrodomésticos intensificaram os testes para o recebimento do selo de qualidade do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).

A partir de julho, 87 tipos de eletrodomésticos só poderão ser vendidos no Brasil com a certificação.

"Em 2010, fazíamos até 15 testes de produtos por mês. Hoje estamos em uma faixa de 30 ensaios e, até o final de 2011, deveremos chegar a 50", diz Ivan Bornal, gerente do laboratório de ensaios da TÜV Rheinland Brasil, que presta serviços para Fame, RCG, entre outros.

Os eletrodomésticos importados também serão submetidos à nova resolução e precisarão do selo de qualidade para a comercialização.

Os produtos deverão estar de acordo com o padrão brasileiro de tomadas, que entra em vigor no mesmo mês, segundo decisão do Conmetro (Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial).

"Só haverá dois tipos, de duas e de três entradas, além das diferentes voltagens. Antes, eram mais de 14", diz o gerente de tecnologia da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), Fabian Yaksic.

De carro a avião
A Embraer promove mais uma mudança em seu quadro de vice-presidentes. Jackson Schneider, ex-presidente da Anfavea (associação das montadoras), que estava na Mercedes-Benz, será o novo vice-presidente de relações institucionais. A partir de 1º de julho, ele assume o cargo no lugar de Horácio Forjaz, que deixou a empresa. A escolha se deu pela imagem de executivo de bom trânsito em Brasília. O americano Ernest Edwards já havia sido nomeado vice-presidente de aviação executiva. Ele era responsável pelas vendas nos EUA. O atual vice-presidente da área, Luís Carlos Affonso, assume a vice-presidência de novos programas, no lugar de Mauro Kern, que, por sua vez, assume a vice-presidência de engenharia, ampliada pela área de inovação.

Sala de aula
A paranaense Aymará Educação, editora e empresa de tecnologia educacional, chega a São Paulo.

A companhia inaugura no final deste mês nova sede na capital paulista e lança um programa educacional para escolas particulares, voltado para alunos do ensino fundamental 1.

"O programa estimula os estudantes a desenvolverem o senso crítico com outros tipos de leitura, como artigos de jornais e da internet", afirma André Caldeira, diretor-presidente da empresa, que investiu R$ 10 milhões em desenvolvimento de novos produtos.

Temas como empreendedorismo, trabalho em equipe, educação financeira e sustentabilidade são abordados pelo programa.

"O mercado de educação tem muitas oportunidades no país, que ainda tem baixos índices educacionais. Há espaço para qualificação e para serviços de apoio aos professores", diz.

A empresa projeta faturamento de R$ 75 milhões para este ano.

Petróleo
A primeira unidade flutuante de produção e armazenamento de óleo da OSX, empresa do Grupo EBX, de Eike Batista, tem cerca de 90% de sua customização concluída em Cingapura.

O FPSO OSX-1 está agora no estágio de içar os novos módulos, de produção e estocagem, do cais do estaleiro para o convés do navio.

Consumo... 
Mais de 60% dos grandes consumidores de tecnologia -que possuem mais de 14 aparelhos eletrônicos- afirmam que gostariam de falar com apenas uma empresa para resolver seus problemas, segundo a Accenture.

...de tecnologia
Cerca de 35% dos entrevistados gostariam de interagir com provedores de modo remoto e pagariam por mês pelo suporte.

Casa própria
O Santander fechou parceria com a Fernandez Mera para atuar no mercado de crédito imobiliário. O banco terá consultores nos pontos de venda da empresa em SP, PR e RJ.

Hospedagem
O Instituto Marca Brasil, que reúne 5.505 hotéis e pousadas em 944 cidades, fechou acordo com a Amadeus para implantação de tecnologia de reservas on-line.

Velocidade...
A Singapore Airlines e a autoridade de aviação de Cingapura implementam medidas para reduzir a pegada de carbono dos voos em rotas de Ásia e Pacífico.

...de cruzeiro
Nesta semana, entrou em operação o segundo voo "Cidade Parceira", de Los Angeles para Cingapura. O programa visa diminuir o gasto de combustível e reduzir emissões de carbono.

CELSO MING - Continua aquecida


Continua aquecida 
CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 20/05/2011

A arrecadação recorde do governo federal em abril, mais os números do Índice do Nível de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) e, ainda, os últimos dados sobre contratação de mão de obra e nível de emprego confluem para a conclusão de que o ritmo da atividade econômica (evolução do PIB) em 2011 continua acelerado, bem mais do que vem pretendendo a política econômica do governo. São números consistentes com um crescimento econômico real (descontada a inflação) em relação ao do ano passado de 6,5%.

A evolução média do IBC-Br, já submetida a ajuste sazonal, foi de 1,3% no primeiro trimestre, o que aponta para os tais 6,5% de crescimento anual. O avanço real da arrecadação dos quatro primeiros meses do ano também é dessa magnitude. Enquanto isso, o Ministério do Trabalho informa que a criação de empregos com carteira assinada nos últimos 12 meses terminados em abril foi de 2,3 milhões, o que mostra um crescimento do mercado de trabalho de 6,7%.

E, no entanto, as projeções do governo federal, especialmente do Banco Central, para todo o ano de 2011, são de um incremento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno dos 4%.

Ainda ontem, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, mostrou que não se deixa impressionar por eventuais consequências inflacionárias desse desempenho acima do esperado. Para ele, o momento é de "ponta alta" e já há sinais de desaceleração da atividade econômica. Ele reafirma que estão mantidas as projeções de uma evolução do PIB de 4% para todo este ano.

Tombini garante que a inflação atingirá o ponto mais alto "por volta de agosto de 2011" para, enfim, começar a convergir para o centro da meta, de 4,5%, no último trimestre de 2012.

Todos os números acima são o resultado da opção feita há alguns meses. Durante o último ano da administração Lula, a decisão foi aumentar as despesas do setor público e, assim, criar renda no mercado interno para facilitar a eleição de Dilma Rousseff. E, nesse início do governo Dilma, a escolha foi não atacar prontamente os focos de inflação com o rigor exigido, mas tentar a convergência para a meta apenas em 2012.

Essa estratégia implica riscos. O principal deles é o de que o mercado de trabalho não se comporte de maneira compatível com o ritmo de desaquecimento pretendido pelo governo e pelo Banco Central. Os picos inflacionários, à altura de 7% em 12 meses, coincidem com a próxima safra de negociações sindicais por reajustes de salário de importantes categorias profissionais e num ambiente ainda fortemente aquecido. Além disso, em 1.º de janeiro entrará em vigor o novo salário mínimo, cujo reajuste já contratado subirá a 14%, patamar também incompatível com a estabilidade dos preços. São fatores que conspiram contra os projetos do Banco Central de enquadramento da inflação dentro da meta até o final de 2012.

Não dá, também, para garantir que os preços das commodities agrícolas se acomodarão abaixo dos níveis atuais, porque a demanda dos emergentes, especialmente da Ásia, tende a continuar forte.

Tomara que o Banco Central esteja certo.

Confira

Corte na dívida
Na última quarta-feira, os ministros de Finanças reunidos em Bruxelas admitiram, finalmente, que não há saída senão aceitar uma certa reestruturação da dívida grega (de 1,6 bilhão de euros ou 150% do PIB).

Evitar o contágio
A ideia seria facilitar uma solução para a crise da Grécia sem empurrar os credores (bancos) para o precipício e sem provocar um amplo contágio da crise pelos demais países da periferia do euro.

Rejeição
Ontem, no entanto, o primeiro-ministro da Grécia, Georges Papandreou, rejeitou a reestruturação, provavelmente por temer o fechamento do mercado de títulos para o país, como aconteceu com a Argentina depois da renegociação de 2001.

Privatização
E, ainda na quarta-feira, o governo da Grécia anunciou a privatização de negócios hoje administrados pelo setor público, como aeroportos, rodovias, ferrovias e a loteria.

MÍRIAM LEITÃO - Moeda de troca


Moeda de troca 
MIRIAM LEITÃO

O Globo - 20/05/2011

A floresta entrou como moeda de troca para o acordo político que livrou o ministro Antonio Palocci de ser convocado no Congresso. Tudo é espantoso. Revelador de como o Brasil não tem oposição, como o governo é dividido, como se negocia o futuro em troca de uma questão conjuntural que deveria, em favor do principal envolvido, ser resolvida de outra forma.

O ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, está convencido de que nada fez de errado nos negócios que aumentaram em 20 vezes seu patrimônio em quatro anos. Ótimo. Então nada a temer. Palocci não deveria se assustar com discursos de oposição, ele foi parlamentar, é capaz de convencer quando tem bons argumentos, já reverteu muitas situações políticas delicadas. Protegido pelo biombo construído pela concessão feita à pluripartidária bancada ruralista, em que está parte da sua base e parte da oposição, ele ficará ainda mais fraco.

Não é assim que se enfrenta crise. É preciso encarar as dúvidas e dirimi-las. Fugir delas, proteger-se dos questionamentos é o caminho para as suspeitas. Sua patética reação de atacar integrantes de outros governos, em situações bem diferentes, não foi mantida nem por ele mesmo. Agora, a versão é que aquela argumentação não era para ser divulgada. A maneira como o ministro Palocci enfrenta mais uma de suas turbulências é problema que interessa aos seus estrategistas. Às pessoas do país continuará faltando uma boa explicação para tão bom desempenho financeiro que o leva a comprar quase à vista imóveis de R$ 7 milhões.

A volta de Palocci ao cenário político, depois de sofrer o ostracismo pelas repercussões do caso da quebra do sigilo do caseiro Francenildo, foi comemorada na economia. Empresas, economistas, professores, analistas consideram que ele é um oásis de compreensão dos fenômenos econômicos no atual governo, mesmo sendo um médico sanitarista. Ele acumulou informação e sensibilidade que poderiam ser vitais em momentos de crise e tomadas de decisão relevantes. Qualquer que seja a evolução dos fatos, mesmo que funcione a blindagem, ele é hoje um ministro mais fraco do que era há uma semana quando enfrentou a bancada ruralista.

O episódio enfraquece o governo Dilma porque Palocci era também a esperança da articulação política, que tem, como se sabe, um ministro sem senioridade para organizar a fragmentada base política. Estamos no quinto mês do governo e já há uma série de problemas políticos de coordenação da base parlamentar. Palocci agora, como é de seu estilo, vai fazer uma nova imersão na expectativa de que o tempo ajude a serenar o bombardeio. Fica no governo, mas perde a musculatura que vinha ganhando paulatinamente. Na economia e na política, um ministro-chefe da Casa Civil submerso e acuado será ruim. Melhor seria se ele tivesse prestado todos os esclarecimentos já que, como diz o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não há nada que o desabone, ou como disse o procurador-geral da República, “consultoria não é crime”. Como não há ainda informação de que a consultoria que prestava tivesse qualquer relação com facilitação de negócios no governo - o que sim, configuraria crime - Palocci deve dizer a quem prestava que tipo de serviço. A fronteira é clara. Se ele abria portas no governo, se intermediava negócios, o nome disso não é consultoria. Se o que ele tratava com seus clientes eram assuntos nos quais adquiriu expertise e sobre os quais não tinha poder de decisão, tudo se esclarece.

A defesa do ministro parece à deriva. O pior dos lances foi aceitar a negociação do acordão no Congresso sobre o qual se fala desde quarta-feira nos meios políticos: o ministro não depõe, o governo põe em votação o Código, o PMDB apresenta uma emenda que torna ainda mais ampla e irrestrita a anistia aos desmatadores. E fica assim concedida a floresta como moeda.

Os dados do Imazon foram infelizmente confirmados pelo Inpe: aumentou o desmatamento nos últimos meses. O governo como reação criou um gabinete de crise para tentar reverter a situação. É preciso urgentemente dizer ao governo o que o governo anda fazendo no mesmo campo. Tudo se passa como se fossem assuntos estanques. A proposta de reforma do Código Florestal embute uma anistia e flexibilização da legislação ambiental do país e o desmatamento aumenta. Claro. É o moral hazard, ou seja, quem desmata já sabe que o governo que cede uma vez, cederá sempre. Já desmatam à espera de novas concessões. Perderá eficiência a mais potente de todas as armas: a que proíbe o financiamento a quem desmatou.

A oposição joga papel lamentável. Quase todo o PSDB se aliou ao que há de mais atrasado no ruralismo. Todo o DEM está com o atraso. É da sua natureza. Eles se juntam aos peemedebistas e integrantes de outros partidos da base do governo para aprovar projeto que derruba um movimento que começou no governo Fernando Henrique. Naquele governo, depois de um número escandaloso e recorde de desmatamento, foi proposta a ampliação da reserva legal da Amazônia e leis mais duras contra desmatadores. No período Marina Silva, no governo Lula, foram dados passos fundamentais no combate ao abate das florestas. É ao retrocesso que se alia a oposição.

MERVAL PEREIRA - Limites na negociação


Limites na negociação 
MERVAL PEREIRA

O Globo - 20/05/2011

Não era previsível que os Estados Unidos assumissem a defesa do Estado Palestino de acordo com as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias, em 1967. Vários países já haviam tomado essa posição, inclusive o Brasil, e essa atitude foi considerada uma maneira de encaminhar eventuais negociações a partir de uma reivindicação- chave da causa palestina, o que certamente limita a margem de manobra de Israel se e quando as negociações começarem.

No domingo, durante um debate de que participei no Copacabana Palace em comemoração aos 63 anos de Israel, promovido pelo consulado israelense do Rio, tive oportunidade de falar sobre esse tema, justamente enfatizando que tentar iniciar uma negociação impondo limites não seria o caminho mais lógico para se chegar a um acordo realmente viável.

Era previsível, portanto, a reação do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que considerou a proposta de Barack Obama “indefensável”, embora até mesmo analistas israelenses tenham encontrado nas palavras do presidente americano pontos favoráveis a Israel.

“O sonho de um Estado judeu e democrático não pode ser cumprido com a ocupação permanente”, disse Obama, para justificar o estabelecimento de limites de 67. Mas, em troca do estabelecimento de um Estado Palestino baseado nas fronteiras de 1967, Obama falou em “troca de terras acordadas” entre palestinos e Israel, o que está sendo interpretado como um apoio a reivindicações de Israel.

Obama também foi enfático ao desencorajar os palestinos de uma tentativa de criação unilateral de seu Estado: “As ações simbólicas para isolar Israel nas Nações Unidas em setembro não vão criar um Estado independente.”

Outro ponto que debatemos no domingo foi o significado da união entre o Hamas e o Fatah. Tendo a concordar com o ex-presidente americano Jimmy Carter em que somente com a representação palestina unida seria possível uma negociação com Israel.

A questão é saber qual das lideranças será preponderante, e me juntei aos que consideram mau sinal a exigência do Hamas de substituição do premier da Cisjordânia, Salam Fayyad, considerado o dirigente palestino mais respeitado no Ocidente, que faz uma revolução econômica na região capaz de criar um sistema de segurança que, segundo o “New York Times”, inspira confiança até mesmo em Israel.

O presidente Barack Obama mandou nesse sentido um recado para os palestinos: “Os líderes palestinos não vão alcançar a paz ou a prosperidade se o Hamas insiste em um caminho de terror e da rejeição. E os palestinos nunca vão atingir a sua independência, negando o direito de Israel a existir.” Será preciso, portanto, que o Hamas abdique de ações militares contra Israel e retire de seu estatuto o objetivo de destruir o Estado judeu.

Mas Obama também chamou a atenção para o fato de que “a atividade de construção nos assentamentos israelenses afastou os palestinos das negociações”.

Obama lembrou que a América está comprometida com a segurança de Israel e que isso é “inabalável”, mas acrescentou que, “precisamente por causa da nossa amizade, é importante que se diga a verdade: o status quo é insustentável, e Israel também deve agir com ousadia para promover uma paz duradoura”.

O presidente Barack Obama chegou o mais perto que pôde de um pedido de desculpas pelo papel dos Estados Unidos nos últimos anos no Oriente Médio, apoiando ditadores e criando “uma espiral de divisão entre os Estados Unidos e o mundo árabe” que ele quer ver revertida.

“Depois de décadas de aceitar o mundo como ele é nessa região, temos uma chance de perseguir o mundo como deveria ser”, disse Obama, admitindo implicitamente que os Estados Unidos agiram até hoje na região buscando seus próprios interesses, aceitando pragmaticamente o que supostamente seriam hábitos e costumes locais, que não incluíam a adoção dos direitos humanos como valores universais.

A partir das transformações que estão surgindo nos países árabes desde que na Tunísia e no Egito os ditadores pró-ocidentais foram derrubados por rebeliões populares, valores como liberdade de expressão, justiça, dignidade humana passaram a fazer parte das reivindicações naquela região, e os Estados Unidos viram-se na contingência de admitir que não foram eles que colocaram o povo nas ruas contra as tiranias, e assumiram um papel de coadjuvantes nas revoltas, embora seu apoio continue sendo fundamental.

Foi o que reafirmou Obama ontem: “Nós apoiamos um conjunto de direitos universais. Esses direitos incluem o livre discurso; a liberdade de reuniões pacíficas; a liberdade de religião; a igualdade para homens e mulheres sob a égide da lei; e o direito de escolher os próprios líderes, viva você em Bagdá ou Damasco, Sana (capital do Iêmen) ou Teerã.”

O anúncio de que o FMI e o Banco Mundial financiarão projetos de desenvolvimento nos países da região - o que já está sendo chamado de “Plano Marshall para o Oriente Médio” - é um passo importante nesse apoio ao que ele classificou de “a reforma política e econômica no Oriente Médio e no Norte da África que possa satisfazer as aspirações legítimas das pessoas comuns em toda a região”.

A questão da implantação da democracia é também delicada, já que é provável que, se tudo der certo, os sistemas institucionais que surgirão naqueles países não apenas diferirão entre si como também podem ser diferentes do que conhecemos como democracia no Ocidente.

O próprio Obama admitiu essa possibilidade em seu discurso: “Nem todos os países seguirão nossa particular forma de democracia representativa, e (...) haverá momentos em que nossos interesses de curto prazo não se alinharão perfeitamente com nossa visão de longo prazo da região.”

São os riscos inerentes de um processo que é novo e ainda não está bem definido. Mas o presidente Barack Obama está fazendo o que lhe compete: servindo de indutor das soluções, sem as impor, mas estimulando o debate com vistas à criação do Estado Palestino sem que a existência do Estado de Israel seja colocada em questionamento. Por isso os limites de 67 não deveriam ter sido mencionados, mesmo que o objetivo fosse esse.

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO - Os galpões e a competitividade


Os galpões e a competitividade
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 20/05/2011

Puxadinhos, não. Os dois galpões destinados a servir como terminais no Aeroporto Internacional de Guarulhos, o mais importante do Brasil e um dos mais movimentados abaixo do Equador, são grandes demais para essa qualificação. A nova improvisação da Infraero - os puxadões de Guarulhos - foi anunciada na terça-feira. No mesmo dia, no Rio de Janeiro, o ministro de Ciência e Tecnologia, o petista Aloizio Mercadante, defendeu bravamente a imagem de eficiência do Estado brasileiro, ao tentar responder a um comentário do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC). Segundo Fraga, o Estado brasileiro é grande, mas investe pouco. O investimento nacional, ainda situado pouco acima de 18% do PIB, é realizado quase todo pelo empresariado e continua insuficiente para garantir um crescimento econômico na faixa de 5% a 6% ao ano.

Mercadante protestou contra a defesa do "Estado mínimo", embora o ex-presidente do BC houvesse passado longe dessa ideia. O ministro petista recitou a ladainha de costume sobre as privatizações no governo tucano e mencionou a ação da Petrobrás e dos bancos estatais, nos últimos anos, como fundamentais para a superação da crise iniciada em 2008. Como de costume, também, a apologia petista da ação estatal contou apenas uma parte da história. O Estado brasileiro ainda controla grandes empresas, mas só uma, a Petrobrás, tem realizado cerca de 90% do investimento atribuído às estatais da União no PAC.

Não há como disfarçar a inépcia do governo federal, tanto na administração direta quanto na indireta, quando o assunto é investimento. O governo tem-se mostrado incompetente para projetar obras, para licitá-las e para administrar sua execução. Muitos projetos encalham, desde o início, quando submetidos ao exame do Tribunal de Contas da União. Falta competência até para seguir um conjunto de regras básicas da gestão pública. Petistas adoram falar em planejamento, mas parecem esquecer essa paixão quando se trata de realmente fixar prioridades, planejar e usar recursos com um mínimo de eficiência.

Também na terça-feira o International Institute for Management Development (IMD) divulgou seu Índice de Competitividade Mundial 2011. O Brasil havia melhorado nos quatro anos anteriores, mas desta vez perdeu seis posições, caindo para o 44.º lugar num conjunto de 58 países. Variações podem ocorrer de um ano para outro, por circunstâncias diversas, algumas dificilmente controláveis. Apesar disso, uma perda de seis posições parece preocupante, por causa do quadro internacional adverso. O estudo, no entanto, contém algumas informações mais interessantes e de certo modo mais úteis para quem pretenda analisar o caso brasileiro.

A pesquisa distingue, entre outros detalhes, os níveis de eficiência do governo e das empresas. Na lista deste ano, as empresas brasileiras foram classificadas no 29.º lugar por esse critério. O governo ficou no 55.º. Em nenhum outro país foi detectada uma diferença tão grande - 26 posições - entre o setor empresarial e o governo, quando se consideram os padrões de eficiência. Em outras palavras: a posição do Brasil na classificação geral - 44.º posto - é determinada principalmente pela baixa avaliação atribuída ao setor público.

Traduzida em números, a diferença entre a qualidade do governo e a do setor privado brasileiro pode variar de um ano para o outro, mas é sempre muito ampla. E tem sido apontada regularmente em pesquisas publicadas por várias fontes.

O comentário de Armínio Fraga sobre o contraste entre o tamanho do Estado brasileiro e sua baixa contribuição para o investimento apenas toca num aspecto da ineficiência do setor público. Esse Estado, já se disse muitas vezes, não é apenas grande. É principalmente balofo. Tributa muito, gasta mal, move-se com lentidão, por ser ineficiente, e entrava a economia. O Estado anterior às privatizações dos anos 90 era muito mais balofo e mais sufocante para o País. Mas é esse, ainda, o modelo de aparelho estatal defendido, em tom saudoso, por muitos petistas.

RUY CASTRO - Meros funcionários


 Meros funcionários
RUY CASTRO 
FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/11

RIO DE JANEIRO - Certo livro didático está na berlinda por propor que as pessoas possam fugir da norma culta da língua portuguesa e dizer "Os livro" e "Nós pega os peixe". De fato, as normas existem para ser transgredidas -mas por quem de direito. Eis alguns que fizeram isto no romance, na música popular e na poesia. E o fizeram muito bem.
Guimarães Rosa reinventou a língua criando palavras como "ensimesmudo", "sussurruído", "engenhingonça", "coraçãomente", "infinilhões", "homenzarrinho" e muitas outras. Essa língua só existia em seus livros. Adoniran Barbosa escreveu "Arnesto", "brabuleta", "pogréssio" e "nóis não semo tatu" porque fazia um tipo, um personagem. Não falava assim na vida real e não gostava quando parafraseavam suas letras, mesmo mantendo sua gramática particular.
Ferreira Gullar detonou a língua nos versos finais de "A Luta Corporal", ao escrever "Urr verõens/ Ôr/ Túfuns/ Lerr desvéslez várzens". Mas, nos anos seguintes, trouxe-a de volta aos cânones, para usá-la como ninguém. E João Cabral de Melo Neto, no poema "Uma Faca Só Lâmina", rimou "faca" com "bala" e "ávida" com "lâmina". Se lhe dissessem que essas palavras não rimam, ele diria que, nos poemas dele, rimavam, sim.
No fox-nonsense "Canção Pra Inglês Ver", Lamartine Babo misturou citações em português e inglês, resultando em "I love you/ Forget sclaine/ Maine Itapiru". E, antes dele, Juó Bananére já tinha feito paródias em dialeto ítalo-caipira de poemas conhecidos, tipo "Che bruta insgugliambaçó/ Che troça, che bringadêra/ Imbaixo das bananêra/ Na sombra dos bambuzá".
Rosa, Adoniran, Gullar, João Cabral, Lalá e Bananére não fizeram escola, nem esta era sua intenção. Continuaram únicos. Artistas podem e devem fugir da norma. Já os professores e linguistas têm de aderir a ela, como meros funcionários da língua que são.

BARBARA GANCIA - Estrepation 2.0


Estrepation 2.0
BARBARA GANCIA
FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/11

Arnold, Dominique e todos os brilhantes, poderosos e sedutores acabam caindo na mesma cilada


TERMINATOR, FORNICATOR, abusator da paciência dos Kennedys -e olha que se tem uma família em que a mulherada está acostumada com esse negócio de pulation de cercation são eles, hein?
O que está acontecendo com os homens, alguém sabe me dizer? Será que foi o Viagra que deixou todo mundo enlouquecido, poder, podendo? Mas o que explica essa fome por bruaca? Vale tudo? Diz que antes de cometer adultério o Schwarzenegger ligou para o príncipe Charles e perguntou: "Posso? Você acha que ela é feia o suficiente?" Realmente. O sujeito precisa ser Conan, o bárbaro, para traçar aquela senhora que eu vi na foto, por dez anos sem poder se dar ao luxo a preliminares. Sendo que, no caso de uma preliminar com ela, o indicado seria recorrer de cara a dois litros de Pirassununga e uma cartela de dormonid para não ter de estar presente durante o acontecimento. Cruz e bala de prata são opcionais.
É claro que eu posso ter sido exposta a uma foto que não fazia jus à senhora Baena, a empregada de Arnold Terminator Schwarzenegger e Maria Shriver que serviu como pivô de separação do casal. Só pode ser isso.
Quem, como eu, já se esbaldou de pizza fria, de pé na frente da porta aberta da geladeira, sabe como é difícil resistir à tentação. Qualquer gordo se flagra nessa situação vez ou outra, compulsão é dureza de lidar. Só que o feijão dentro do tupperware e o sorvete de chocolate na vasilha da Kibon não gritam e não esperneiam implorando para a gente largar deles, não é mesmo?
Dominique-nique-nique Strauss Kahn é do tipo que acha que pode pegar qualquer ser do sexo feminino que tenha boca e faça sombra que passe pela frente e friccioná-la contra seu Sherman McCoy.
Uso o nome do personagem do livro de Tom Wolfe para batizar o pingolim do chefe do FMI como uma homenagem. Em "Fogueira das Vaidades", Sherman McCoy se intitula "mestre do universo", pode tudo e acaba dando com os burros n" água. Com Gordon Gekko, de "Wall Street", Sherman foi o mais emblemático dos yuppies, aquela turma cujo dinheiro, parafraseando Nelson Rodrigues, era capaz até de comprar amor.
Passados 20 anos, os yuppies agora são vistos como comedidos. A coisa piorou tanto que ao pacote de onipotência deles acabamos juntando um punhado de zeros na conta bancária, técnicas de rejuvenescimento que eram desconhecidas na época, a pirotecnia para lidar com a disfunção erétil e um arsenal de novas técnicas de reprodução.
Minhas amigas entre 45 e 55 anos que tiveram maridos bem-sucedidos estão todas separadas. E eu concordo que casamento não combine com tanta coisa interessante que a gente tem para fazer nesta vida, inclusive entre quatro paredes e sobretudo em termos de frescor e romance, mas o ardil 22 é que Schwarzenegger, Strauss Kahn e todos os poderosos sedutores com inteligência acima da média e mulheres maravilhosas e abandonadas acabam caindo na mesma cilada.
Quando o sujeito que engana a mulher começa a acreditar que seu dinheiro compra inclusive a sua não decrepitude e que ele não precisa pagar pelos serviços de uma profissional, é aí que ele se estrepa.
E toma um tombo, como aprendeu Sherman McCoy no romance, que sai bem mais caro.

VINÍCIUS TORRES FREIRE - Palocci e a oposição zumbi


Palocci e a oposição zumbi
VINICIUS TORRES FREIRE 
FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/11

Governo atira à vontade no próprio pé, oposição não reage; crise na Casa Civil tira mais força de "liberais"


NOMEAR PARA a Casa Civil um ministro que tenha de explicar a origem rápida e recentíssima de milhões, faturados numa atividade tão inefável como a de consultoria, não parece uma ideia politicamente prudente, para dizer o menos e para se ater apenas ao aspecto operacional do assunto, "realpolitik", digamos.
Isto feito, nomeado assim esse ministro, é uma ideia de jerico não prever a eventualidade quase certa de que vazaria pela mídia o formidável faturamento das consultorias privadas do deputado federal, coordenador de campanha da futura presidente e seu provável premiê.
Que o governo não se preparou para o vazamento ficou evidente na falta de explicações rápidas e organizadas (para nem dizer críveis) para a querela decorrente do "barata avoa" dos documentos da atividade empresarial do ministro.
Pior ainda, o governo logo de cara meteu os pés pelas mãos e chutou para o público (deputados, a princípio) uma explicação constrangedora ("ex-ministro econômico vale muito no mercado"). A tal nota já resultou em pedidos adicionais de desculpas e na decapitação de um assessor da Casa Civil.
A patacoada explicativa, de resto, chamou a atenção para dinheiros outros da empresa, até então desconhecidos do público, como observou ontem Janio de Freitas nesta Folha. A empresa do ministro não apenas dispunha de R$ 7,5 milhões para gastar em imóveis como tem outras aplicações.
Isto posto, o governo tendo ideias de jerico e sendo inepto na administração da crise, apenas uma oposição catatônica, narcoléptica, zumbi ou com muita culpa no cartório não se daria ao trabalho de pelo menos cobrar explicações rápidas, organizadas e críveis para o faturamento expressivo da empresa do deputado federal, coordenador de campanha da presidente da República e seu premiê. Mas nada.
A oposição não sabe nem em que partido está ou estará, dadas as notícias e os rumores sobre desmonte, criação e fusão dos partidos que nominalmente não são governistas. A oposição não sabe o que dizer da política do governo nem da política que fará para conquistar o governo, e muito menos que política faria num governo seu. Pior ainda, a oposição parece nem ao menos ter trocado uns telefonemas para saber o que dizer de modo organizado sobre uma crise deste governo.
As dissensões ocorrem apenas no interior da gelatina da coalizão partidária que envolve o Planalto, como se vê nas disputas sobre o código de leis florestais, que nada têm a ver com partidos. Do lado de fora da cuia de gelatina governista, a oposição é líquida e escorre pelo ralo.
Interessante é que o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, é a maior diferença no governo de Dilma Rousseff. É "oposição" quase solitária às ideias mais comuns no ministério. Palocci é no governo a figura mais próxima dos "liberais" no mercado e no tucanato restante. O ministro diverge largamente da política econômica de Dilma Rousseff e Guido Mantega.
Acaba-se na situação em que a oposição "de fato" (ou de nome, tucanos e agregados) não se mexe para fritar um seu "próximo" (Palocci) e, assim, facilita a vida do governo Dilma. Ao não fazê-lo (ao não fazer ataque nenhum, em suma), a oposição contribui para a paralisia da crítica política prática no país.

NELSON MOTTA - A lista de Dilma


A lista de Dilma
NELSON MOTTA
O Globo - 20/05/2011

Uma lista de 120 nomes de companheiros de partido desempregados - porque perderam as eleições ou não sabem fazer nada - para ocupar cargos bem pagos no governo e em estatais não é só uma afronta a 120 profissionais de alto nível, concursados que estudaram, trabalharam, dedicaram sua vida à carreira e se tornaram os melhores em suas áreas. É um prejuízo incalculável ao país.

Os que sabem mais, os mais competentes, que conhecem mais as estruturas e os problemas da área, serão atropelados pela ignorância e a voracidade dos dirigentes partidários e preteridos, na melhor hipótese, por incompetentes, e, na pior, pelos corruptos de sempre, que apodrecem a máquina estatal por dentro.

Como o partido vai falar em democracia, justiça social, direitos humanos, ética, cidadania, igualdade de oportunidades, sem provocar risos e constrangimentos? Encurralados pela evidência dos danos morais e materiais que essa política faz à nação e às instituições, sem argumentos além das "causas" do partido, eles repetem Lula justificando o mensalão: todo mundo faz.


Dizem que Dilma flambou a lista com as labaredas que saíam de sua boca, com adjetivos que não ficavam nada a dever aos piores de Lula. Companheiros, tremei.

É bom demais para ser verdade, ou para durar, mas o suficiente para alegrar os corações democráticos. O provável é que, pressionada, ameaçada e acuada pelo partido, ela acabe cedendo, ao menos em parte, pela governabilidade. Mas já terá sido um avanço para a ética e a eficiência. Dá-lhe, Dilmão!

O aparelhamento partidário do Estado na era Lula provocou novos comportamentos oportunistas entre funcionários de carreira, que se filiaram aos partidos na expectativa de se beneficiarem de cargos e promoções. Assim, quando eles são indicados aos melhores salários e atropelam colegas mais competentes, podem ser apresentados publicamente como funcionários de carreira. Uma mão suja a outra e todos ficam contentes. Só o país perde.

Instituir a meritocracia em todos os níveis da administração pública é muito mais barato e viável, mas muito mais difícil do que acabar com a miséria no Brasil.

JOSÉ SIMÃO - Ueba! Palofi é a Nhá Barbina!


Ueba! Palofi é a Nhá Barbina! 
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/11

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Manchete do Twiteiro: "Após aumentar o patrimônio em 20 vezes, Palocci recebe convite para substituir Kid Bengala".
E adorei a defesa do Palofi. Ele se defendeu com muita propriedade. Uma mansão flutuante e um "office" top de linha! E esta: "Diretor do FMI renuncia após escândalo sexual". FMI agora quer dizer Fornicar Mulher Ilegalmente!
E em homenagem à gente diferenciada, sabe como vai se chamar o estádio do Corinthians? DIFERENCIADÃO! Rarará! E esta: "Corinthians vende Dentinho". Tá falindo? Começa com dentinho, depois vende o rim, o baço, o bucho do Adriano! Aliás, o Adriano é como camelo, tem dois buchos: um pra cerveja e outro pra cachaça!
E o Palofi tá a cara da Nhá Barbina? Lembra daquela velha caipira da "Praça É Nossa"? O Palofi é a Nhá Barbina. E sabe o que ele falou ontem com aquela língua plesa? "A Dilma FUFEDEU o Lula". E ele falando Sudam e Sudene? Fudam e Fudene. É uma nova dupla sertaneja? Fudam e Fudene! E se puser uma maçã na boca do Palofi vira leitão à pururuca. Palofi à Pululuca! E ele fala com a língua plesa, mas pelo menos não fala nem pobrema nem Pranalto! Rarará!
E eu tenho pena de jornalista entrevistando o Palofi: arremesso de cuspe, chuva de perdigoto, tem que ir de capa e guarda-chuva! Com aquelas capas que usam pra visitar as cataratas do Iguaçu!
E a volta da Lucianta Gimenez: "Depois de dois meses em Nova York esqueci o português de novo". Como é que pode esquecer uma coisa que não sabe? Isto é inédito: a pessoa esquece o que não sabe! E o pensamento ateu do dia: se tudo que falam de Deus é verdade, porque o papa anda de carro blindado? Rarará!
O Brasil é lúdico! Pichação no muro em Ituverava: "Não vendo esta casa por dinheiro NEM UM". E a placa em Osasco: "Vende-se samfona e leitoua". Adorei essa LEITOUA, soa mais gorda e mais leitoa. E oferta E direto de Rio Branco, "Ônibus de EXCUÇÃO". Excução é excursão de quê? Rarará!
E direto do pais da piada pronta: "Ladrões furtam rodas de carros a 50 m da Brigada Militar de Porto Alegre". Como é o nome da rua? FELIZARDO FURTADO! Se você for felizardo, será apenas furtado. Rarará. Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

ILIMAR FRANCO - Aperitivo


Aperitivo 
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 20/05/11

No momento em que é quase uma unanimidade na base aliada a reclamação de que o governo está muito fechado, a presidente Dilma Rousseff pretende chamar líderes da Câmara e do Senado para uma apresentação do Brasil Sem Miséria, antes do lançamento oficial do programa. É uma tentativa de prestigiá-los, mas não resolverá o problema. Deputados e senadores desejam um contato mais frequente, o que não é o estilo da presidente.

Radicalização
O grupo do senador Aécio Neves (PSDB-MG) diz que a eventual contestação jurídica da reeleição do presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), por parte dos aliados de José Serra, seria inócua. Isso porque o grupo de Serra não teria votos suficientes para
eleger um outro presidente. Em reunião com tucanos, na noite de anteontem, Aécio provocou, em tom de brincadeira: “Bom, se eles quiserem, eu me lanço candidato, então”. Assim vai indo para o ralo o esforço de fazer da convenção, no próximo dia 28, uma grande festa, que serviria para vender a imagem de que o partido teria superado as divergências internas.

"Não podemos ter esquizofrenia operacional” — Marcus Pestana, deputado federal e presidente do PSDB-MG, pregando unidade de ação do PSDB, que continua rachado

APETITE. Com uma lista de cerca de cem indicações pendentes para cargos do governo, o novo presidente do PT, Rui Falcão, já abriu o almoço com a presidente Dilma Rousseff, ontem, dizendo que não tinha ido tratar dessas reivindicações. As principais queixas sobre a distribuição dos cargos estão no PT do Nordeste. Dilma, por sua vez, disse que quer ter reuniões mensais com ele para discutir conjuntura e se aproximar do partido.

Saldo negativo

A Câmara está parada há três semanas por causa do Código Florestal. Lideranças da Casa reclamam que o governo esticou demais a
negociação, será derrotado do mesmo jeito e ainda corre o risco de oito MPs perderem a validade.

Estratégia?
O discurso da oposição, sobretudo do PSDB, para justificar a condescendência com o ministro Antonio Palocci é que a politização
do caso só interessaria ao PT, que desviaria o assunto para uma tentativa de desestabilização do governo.

Xadrez maranhense
A governadora Roseana Sarney (MA) está disposta a apoiar o ex-deputado Flávio Dino (PCdoB-MA) para a prefeitura de São Luís, como forma de tirá-lo da disputa pelo governo do estado, em 2014. A princípio, isso nãoestá nos planos de Dino. “Eu não estou cogitando ser candidato a prefeito. Meu plano é 2014”, disse ele. O candidato de Roseana à sua sucessão deve ser o atual secretário da Casa Civil, Luis Fernando Silva.

Polêmica 1
O ministro do STF Marco Aurélio Mello pediu explicação ao Planalto, ao Senado e à OAB sobre a escolha de três novos membros do
STJ. Uma ação questiona a não publicação da lista dos 18 advogados que a OAB indicou para os cargos.

Polêmica 2
A decisão pode atrasar a nomeação dos ministros Ricardo Cuevas, Antônio Carlos Ferreira e Sebastião Alves, já escolhidos por Dilma
e sabatinados pelo Senado. A OAB diz que uma norma interna a desobriga de publicar a lista.
 CONTRARIANDO a nova direção do PT, que prefere uma aliança com o prefeito Marcio Lacerda (PSB), aliados do ex-ministro Patrus Ananias fazem abaixoassinado por candidatura própria em BH em 2012.
 O MINISTRO Pedro Novais (Turismo) trabalha para que o Brasil e os vizinhos do Mercosul vendam pacotes conjuntos para quem visita a América do Sul. 
● A PROPOSTA de incorporar gratificações ao salário dos funcionários do Senado, do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), é para acabar com uma forma de burlar o teto do funcionalismo, de R$ 26,7 mil.

FERNANDO DE BARROS E SILVA - O silêncio de Palocci


O silêncio de Palocci 
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/11

SÃO PAULO - Desde que foi revelado que é mais um novo milionário da política, o ministro Antonio Palocci não se dignou a dar nenhuma explicação a respeito dos serviços de consultoria privada que prestou enquanto era deputado. Da sua boca nenhuma palavra foi ouvida.
Tudo o que fez foi divulgar uma nota por engano -destinada a subsidiar a tropa de choque, foi parar nas mãos de todos os congressistas. Nota assinada por um assessor palaciano, pago com dinheiro do contribuinte, mas ali escalado para explicar os negócios privados do chefe da Casa Civil. E nem isso ocorreu.
Pego de calças curtas, no trecho mais revelador da sua carta acidental o petista evoca a companhia de intelectuais-banqueiros do tucanato, gente, como ele, de "enorme valor de mercado", como quem diz, para livrar a cara: "Olha o respeito, isso aqui é uma tradição nacional".
A própria comparação com a trajetória dos tucanos é capenga e joga a favor da confusão, deixando intactas as dúvidas que o ministro teria a obrigação ao menos moral de dirimir: que tipo de consultoria prestava? Para quem trabalhava?
Quem sabe daqui a pouco apareça algum grande banco para contar uma história do tipo: "Contratamos a empresa Projeto por $ milhões para nos fazer um parecer técnico sobre a criação do Sudão do Sul".
Ajudado pelos líderes tucanos, que atuam no caso para salvar Palocci, o fato é que o Planalto desde o início trata do assunto com ligeireza. A Comissão de Ética Pública da Presidência simplesmente concluiu que não caberia investigar a evolução patrimonial do ministro. E o secretário-geral, Gilberto Carvalho, veio dar o arremate: "Nós estamos muito satisfeitos com esse resultado. Vamos para frente".
Fala mais apropriada a um jogador de futebol. Só faltou dizer: "Com certeza, a equipe está coesa e a professora Dilma confia no capitão". Onde, aliás, está Dilma, que não toca no assunto? Este era um governo discreto, agora ficou omisso. Era circunspecto, agora é opaco.