quinta-feira, abril 28, 2011

QUADRILHA SE REÚNE NA CASA DE MARTA SUPLICY


Delúbio participa de jantar a comando do PT na casa de Marta
CATIA SEABRA
FERNANDA ODILLA
FOLHA ONLINE 28/04/11

DE BRASÍLIA

Dois dias antes da votação de seu pedido de refiliação, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares é um dos convidados a participar de jantar que a senadora Marta Suplicy (PT-SP) oferecerá na noite desta quinta-feira ao comando do partido. Segundo interlocutores de Delúbio, ele foi convidado e participará do jantar.

O PT começará hoje a discutir a reintegração do ex-tesoureiro e a decisão poderá ser ratificada no sábado, durante reunião do Diretório Nacional da legenda.Nos bastidores do partido, o discurso é que o ex-tesoureiro deve ser premiado com a refiliação por ter se comportado discretamente desde o início do escândalo.

A votação do pedido de refiliação deve ocorrer amanhã.

Expulso do partido em 2005 por causa do seu envolvimento no escândalo do mensalão, Delúbio foi condenado em maio do ano passado por improbidade administrativa por um colegiado do Tribunal de Justiça de Goiás.

Delúbio foi condenado em Goiás por ter apresentado declarações falsas para continuar recebendo salário como professor da rede pública estadual, mesmo sem aparecer na sala de aula nem atuar no sindicato dos professores, de 1994 a 1998 e de 2001 a 2005.

O político desfrutava de licença remunerada e passou a maior parte desse período em São Paulo, trabalhando como dirigente do PT.

Ele foi condenado a devolver R$ 164,6 mil ao Estado, teve suspensos os direitos políticos por oito anos, foi proibido de contratar com o poder público ou receber benefício fiscal por dez anos.

MENSALÃO

Delúbio é um dos 38 réus do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, que deverá ser julgado em 2012.

Revelado em 2005 pela Folha, o esquema consistia no desvio de recursos públicos para compra de apoio político no Congresso. O PT afirma que o objetivo era financiar campanhas eleitorais do PT e de partidos aliados.

ANCELMO GÓIS - Fla acerta a hora


Fla acerta a hora
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 28/04/11

Depois da CBF, que anunciou contrato com os relógios Parmigiani, agora é o Flamengo que fecha acordo com outra marca suíça de luxo, a Hublot. A grã-fina, que também patrocina o clubão inglês Manchester United, vai lançar a linha Fla Bang, para comemorar os 30 anos da conquista do título mundial do Fla. 

Segue...
Serão apenas 250 unidades do relógio — cada um, acredite, ao preço de R$ 40 mil. O clube ganhará US$ 300 mil pelo licenciamento, mais US$ 160 mil de verba publicitária. 

Marriot Fla 

Por falar em Flamengo, o botafoguense Eike Sempre Ele Batista negocia a bandeira Marriot para o hotel que pretende criar na antiga sede rubro- negra no Morro da Viúva. Pelo acordo, o empresário deve reformar o Ninho do Urubu, centro de treinamento do time de futebol profissional do clube, em Vargem Grande. 

Nosso dinheirinho
A dupla César Menotti e Fabiano desembarcou ontem às 17h30m num hangar de jatinhos em Brasília. À espera dos artistas, um carro do Senado, placa 0073, do senador Magno Malta. 

Aeroporto de Nacala 
A Odebrecht assina hoje o primeiro contrato de financiamento de infraestrutura entre Brasil e Moçambique, via BNDES, para construção do aeroporto de Nacala. Negócio de US$ 110 milhões.

Tá liberada
O juiz Alberto Fraga deu habeas corpus que garante ao pessoal da Marcha da Maconha o direito de expressar suas ideias no ato do dia 7, na orla carioca. Na prática, a medida protege os manifestantes de possíveis prisões por apologia às drogas.

Gois em Buckingham
 
O vestido de casamento de Kate Middleton é, como se sabe, segredo de Estado. Mas, no casório de Diana com o príncipe Charles, em 1981, o segredo atrapalhou. O vestido da princesa era rodado demais, com sete metros de cauda, e a carruagem, estreita. Resultado:
ao descer, o povão gritou: “Ih, está toda amarrotada!” 

Quem conta...

A história está no best seller “Diana, crônicas íntimas”, da jornalista inglesa Tina Brown. 

Outra de realeza... 
Há dúvidas sobre o tempo, amanhã, em Londres, para o casamento de William e Kate. Conta a lenda que, no dia do casamento de Grace Kelly com o príncipe Rainier III, em 1956, as nuvens cederam a um sol esplendoroso quando ela pisou em Mônaco. Até hoje, nativos lá chamam de “sol de Grace Kelly” um dia com luz bonita. 

Morar bem
O mercado imobiliário no Rio cresce sem parar, sem parar, sem parar. O número de licenças dadas pela prefeitura no primeiro trimestre
superou em 22% o do mesmo período de 2010, que já havia sido um recorde dos últimos 30 anos. Foram licenciadas 1.220.000m² de novas obras. 

Tem pediatra?

A Secretaria estadual de Saúde do Rio investiga um suposto esquema de pediatras e ortopedistas fantasmas no Hospital Getúlio Vargas, na Penha. A suspeita é a de que salários de cerca de dez médicos, que nunca apareceram na unidade, foram parar no bolso de um alto funcionário do hospital. 

Rei das Quentinhas
Ariadne Coelho e seus três filhos com o finado empresário Jair Coelho, o Rei das Quentinhas, entraram com agravo de instrumento contra o inventariante judicial Luiz Marcondes Baptista Teles. Acusam Teles de “dilapidar o patrimônio da família” por ter vendido, contra a vontade deles, terreno de 85.000m² na Av. Brasil à empresa de ônibus Pégaso. 

Prótese peniana
A 7a- Câmara Cível do Rio determinou que a Unimed indenize em R$ 10 mil e dê uma prótese peniana a um segurado que ficou impotente por causa de um câncer de próstata. Segundo o desembargador José Geraldo Antônio, a prótese semirrígida oferecida pela empresa implicaria “em constrangimento para o autor, pela dificuldade de ocultá-la em locais públicos, sobretudo em piscinas e praia”.
Faz sentido. 

ILIMAR FRANCO - Dilma e Lula na TV


Dilma e Lula na TV 
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 28/04/11

A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula serao as estrelas de insercoes nacionais e regionais do PT, no radio e na TV, que irao ao ar a partir da proxima semana. Num dos comerciais, Dilma e Lula estarao juntos, num tom emocional, falando das conquistas dos oito anos de governo petista. A escalada midiatica comeca amanha com pronunciamento da presidente Dilma, em rede nacional, sobre o Dia do Trabalho, 1o- de maio.

Bota-fora do PMDB na Funasa
A presidente Dilma Rousseff não quer o PMDB no comando da Funasa. Ela aceitou indicação de um aliado do exministro Patrus Ananias, o presidente do Crea de Minas Gerais, Gilson Carvalho de Queiroz Filho. O ministro Alexandre Padilha (Saúde) relatou a decisão para alguns superintendentes da Funasa. O assunto é tratado com reserva por causa da reação do PMDB, que já tinha sido defenestrado
da Secretaria de Assistência à Saúde (SAE). No PT também há reações. Ao tomar a decisão, o governo minimiza auditoria da Funasa
que constatou irregularidade em obra da empresa de Queiroz em Carbonita (MG).

"Resolvi concordar. Fui compreensivo. Achei que não devia esticar a corda” — Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara (RN), sobre o PT emplacar Gilson Carvalho de Queiroz Filho na presidência da Funasa

MARTELO BATIDO. O vice-presidente Michel Temer, o ministro Wagner Rossi (Agricultura) e o presidente do PMDB paulista, Baleia Rossi, acertaram ontem o ingresso do deputado federal Gabriel Chalita (PSB-SP), na foto, no partido. Eles se reuniram na Vice-Presidência ontem à tarde. Está sendo programada uma grande festa de filiação no final de maio. Chalita está entrando no PMDB para ser seu candidato à prefeitura de São Paulo. 

Turista acidental
O governo ofereceu ao PCdoB a presidência da Embratur. O nome sugerido pelo Palácio do Planalto é o do ex-deputado Flávio Dino
(PCdoB-MA). O atual presidente da autarquia, Mário Moysés (PT), vai para a Autoridade Pública Olímpica.

Descontinuidade
O senador João Pedro (PT-AM) reclamou ontem do ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores), em audiência no Senado, da redução de investimentos e funcionários da Embrapa na África. São compromissos do ex-presidente Lula.

Europeus querem empregos no Brasil
A Comissão do Parlamento Europeu que visita o Brasil, nas gestões junto ao governo Dilma e nos contatos com parlamentares brasileiros, está pedindo que o Brasil escancare as portas para os desempregados de nível superior daquele continente. Como a Europa continua atolada na crise econômica, querem que o Brasil resolva o problema deles. Mas não dizem nada sobre facilitar a
migração de brasileiros para lá. 

A ressurreição
A senadora Marta Suplicy (PT-SP) promove jantar hoje, em sua casa, com a presença do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, um
dos pivôs do escândalo do mensalão. Amanhã o Diretório Nacional vai aprovar a refiliação de Delúbio.

Fora da pauta
Em reunião ontem com as centrais sindicais, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse que não pretende votar o fim do fator
previdênciário. Explicou que não dá para acabar com o fator sem propor uma alternativa viável. 


 OS MINISTROS Fernando Haddad (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde) convenceram o PT da Câmara a votar a favor da MP 520, que cria uma empresa pública para assumir a prestação de serviços nos hospitais universitários. 
 O PSB quer que o novo Hospital do Instituto Nacional de Ortopedia e Traumatologia, no Rio, seja batizado com o nome do ex-ministro Jamil Haddad. 
● MALAS PRONTAS. O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) irá para o PSD junto com o ex-deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). O projeto de Fruet é ser candidato à prefeitura de Curitiba.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Algema
SONIA RACY
O ESTADO DE SÃO PAULO - 28/04/11

Adriana Zanetti, da 5ª Vara Federal Criminal, não gosta dos holofotes. Tanto assim que ao constatar a ausência de Nelson Tanure, convocado para depor anteontem em processo contra Daniel Dantas, fez seu trabalho de maneira discreta: decretou prisão do empresário por flagrante desobediência. Não se sabe se, e quando, a ordem será cumprida.

Sem voltaMulher que fizer denúncia de violência doméstica não poderá mais retira-la. Foi o que Marta Suplicy e Gleisi Hoffmann conseguiram emplacar ontem no Senado, endurecendo a Lei Maria da Penha.

Culpa do sistema
Réus, na capital paulista, estavam ao léu até ontem, às 13h. O Departamento de Inquéritos Policiais local ficou uma semana sem sistema de computação. E para não perder controle dos inquéritos, pedia às delegacias que não enviassem mais nada até a regularização do sistema. O que faz o órgão? Investiga e também manda prender.

Palhaçada?
Três meses depois de empossado, Tiririca não se mudou para seu apartamento funcional. O deputado continua morando em flat em Brasília esperando a liberação do seu apê.

A verdadeFernando Haddad sai na frente. Quer saber o que aconteceu durante o regime militar em cada uma das120 instituições de ensino ligadas ao Ministério da Educação. Pediu documentação que, depois de compilada, vai para a Biblioteca Nacional.

Jogo de cintura
Kaká soube domingo, vindo de Madrid, já dentro da cabine do avião, que sua filha havia nascido bem. Passou 24 horas em São Paulo com a família e já na terça voltou para Europa.

Andamento

Depois de muito bate-boca e quase agressões no Congresso, terça-feira, ficou acertado que Aldo Rebelo entregará na segunda-feira o texto do Código Florestal para votação. Cujos termos, até ontem, não estavam claros para os ambientalistas. Que arrumaram, no entanto, um fato para comemorar. Estudo da SBPC/ABC mostrando que o projeto, como está, bate de frente com a Ciência.

Andamento 2
Versões extraoficiais sobre o texto do Código mostram desavença entre o que o Ministério do Meio Ambiente preparou e o texto "emendado" pela Casa Civil no projeto de Rebelo.

Mas em ambos, segundo ambientalistas, faltam regras mais claras para o agricultor familiar, incentivos econômicos à conservação e compensações fiscais.

Tipo importação

Daniella Helayel não vai mesmo à boda real. Moradora de Londres e xodó de Kate Middleton, ela está em Sampa.

E foi vista, anteontem, no Rodeio, exibindo seus modelitos para Ana Paula Junqueira e Daniella Cicarelli... num iPad.

O craque deve vir ao Brasil nas férias, previstas para o fim do mês que vem.

Mão amigaJ.K. Rowling se engajou de vez. Ajudou Kate McCann a escrever livro sobre desaparecimento de sua filha, Madeleine, em 2007. Vendas revertidas para pagar investigadores, o livro será lançado em maio no exterior.

Na frente


Letícia Linton abre sua casa hoje para exibição de joias. Com presença confirmada de Hayley Henning, embaixadora sul-africana. Tudo em prol da Tanzanite Foundation.

Isay Weinfeld ataca de DJ. No Alley Club, sábado.

A mostra de Youngmi Shin começa amanhã. Na Thomas Cohn.

Rick Amaral recebe convidados para festa oficial da Fórmula Indy. Hoje, na Mokaï.

A pré-estreia do programa Planeta Humano, da Discovery Channel, será dia 4. No Auditório do Masp.

Erik Nako e Cristiano Lanna abrem o bar Prima Bruschetteria. Na Vila Madalena, hoje.

Rafinha Bastos lança o DVD A Arte do Insulto, na Livraria Saraiva do Shopping Ibirapuera. Hoje.

Última dos tabloides ingleses: Kate Middleton estaria tão preocupada, mas tão preocupada, que tem sonhado que se casaria...pelada.

Mito em desfile

Não foi um desfile tradicional, como os apresentados na SPFW, com dez minutos de duração. Pierre Cardin, 88 anos, mito vivo da alta-costura, apresentou anteontem, no Shopping Iguatemi, um pot-pourri da carreira. Foram quase 200 looks em longos 40 minutos.

A ideia de reunir todas as fases do criador - da década de 50 até hoje -, era em si interessante. O problema é que faltou editá-las, talvez dividir por épocas. Mas o que queriam mesmo alguns presentes - poucos usando a grife - era tentar conhecê-lo.

Daniela Mercury o conheceu. E até cantou para ele. Em São Paulo, jantou com o estilista na segunda-feira, no Gero. "Tive uma aula de autoestima. Ele jura que tudo o que fez sempre deu certo", conta a artista, se auto intitulando de "retrozinha, meio fora de moda". E Cardin, de "mestre atemporal".

Já Luciana Vendramini pensa no pai quando lembra do designer. Mais precisamente, de suas calças guardadas no fundo do baú.JOÃO LUIZ VIEIRA

ANNA RAMALHO - Como um tiro certo


Como um tiro certo
ANNA RAMALHO

JORNAL DO BRASIL - 28/04/11

Orçado em mais de R$ 7 milhões, o projeto de patrocínio do Tour 2011 de Zezé di Camargo & Luciano, enviado ao Ministério da Cultura, foi negado por 12 votos a 1 na Comissão Nacional de Incentivo a Cultura. Ainda bem. 

Fala sério!

R$ 7 milhões para os triliardários sertanejos! E depois neguinho ainda vem difamar Maria Bethânia, que sonhava em distribuir palavras e poesia por menos de um terço disso. 

Polêmica à vista 
Dois processos envolvendo a união de pessoas do mesmo sexo foram incluídos na pauta de julgamentos do plenário do Supremo Tribunal Federal da próxima semana. No dia 4, os ministros deverão analisar a união homoafetiva. 

Direitos iguais

A ação pretende que se reconheça a união entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. Pede, também, que os mesmos direitos e deveres dos companheiros nas uniões estáveis sejam estendidos aos companheiros nas uniões entre pessoas do mesmo sexo.

Reconhecimento


A dedicação do ex-jogador e agora deputado federal Romário (PSB-RJ) às crianças portadoras de necessidades especiais será recompensada e traduzida em um espaço na Casa Cor Amazonas 2011.

Craque em casa

Romário é uma das sete celebridades que serão homenageadas com ambientes na segunda edição da mostra que vai ao ar de 29 de setembro a 9 de novembro, no Centro Cultural Povos da Amazônia, em Manaus. 

No embalo

O governador Omar Aziz criou a Secretaria dos Direitos da Pessoa Com Deficiência do Amazonas.

Maomé foi à montanha


Ministro das Cidades, Mario Negromonte, esteve no Senado para discutir pontos da reforma política com o presidente da Casa, José Sarney, e também encontrar-se com representantes da bancada federal e de prefeitos do Amapá, que levaram pleitos do estado nas áreas de habitação, urbanização, saneamento e combate às enchentes.

Ai, ai...


– Sabemos da sensibilidade do ministro para as urgentes necessidades de nosso estado – disse o presidente do Senado, ao agradecer a "gentileza" do ministro que, acompanhado de assessoria técnica, recebeu os pedidos amapaenses.

Esse Sarney...

Claro, claro

O ministro garantiu o aumento da ajuda federal ao estado de Sarney. Aliás, ao estado que Sarney representa. O outro, que sempre precisa também de uma mãozinha, é o seu Maranhão natal. Mas esse fica para outra visita do ministro, né, não?

Doutor em eleição

O professor de Comunicação Política e Eleitoral Marcelo Serpa, doutor em Comunicação e Cultura e coordenador do Núcleo de Marketing da UFRJ, participa do debate Política e Novas Mídias, que vai tratar da influência da internet e das redes sociais no processo eleitoral, hoje, na Alerj. 

Mais
Serpa, que sempre atuou com o saudoso Cid Pacheco, professor pioneiro da área e um dos grandes publicitários e consultores políticos brasileiros, acaba de defender a tese de doutorado "Sufrágios Espetacularizados: Os referendos e eleições venezuelanos", pela Escola de Comunicação da UFRJ. 

Forró garantido


Flora Gil bateu o martelo e fará a segunda edição do São João Carioca, em junho, na Quinta da Boa Vista. A mestre de cerimônia será a arretada Elba Ramalho. 

Raspadinhas


O restaurante Victoria, no Jockey Club, participa da 6ª edição do Festival Brasil Sabor que começa hoje e vai até 29 de maio.

O Werner Coiffeur abre filial, também hoje, no Jardim Botânico.

O ortopedista Marcello Serrão faz palestra sobre dupla banda na 2ª Jornada Luso Brasileira de Cirurgia do Joelho, dia 12, no Ferradura Resort, em Búzios.

CONTARDO CALLIGARIS - Tudo ou nada


Tudo ou nada
CONTARDO CALLIGARIS 
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/04/11

As potências interventoras na Líbia têm interesses escusos e motivações duvidosas. E daí?


NINGUÉM TEM simpatia por Gaddafi, e todos concordamos: se a intervenção da Otan não tivesse protegido a cidade de Benghazi, as milícias do ditador líbio teriam perpetrado um massacre.
Por isso mesmo, desde que a Otan começou sua intervenção (cujo êxito ainda está incerto), as vozes de dissenso não discutem o mérito da ação; "apenas" levantam dúvidas sobre as intenções dos interventores: quais são seus "reais" motivos? Suspeitas levantadas:
1) As potências interventoras obedecem a interesses escusos: é o petróleo; é a cobiça neocolonialista; para algumas, é a proximidade de eleições domésticas e a necessidade de ganhar a simpatia da direita antiárabe.
2) Quando elas invocam grandes princípios, as potências estão mentindo. Prova disso: por que elas intervêm na Líbia e não em outros países que sofrem sob ditaduras tão ferrenhas quanto? Aparentemente, quando se trata de ditadores que são cúmplices ou aliados, as potências se esquecem facilmente de seus nobres ideais, não é?
3) Ao escolherem seus alvos, as potências se orientam, antes de mais nada, pela facilidade das operações. Gaddafi não tem amigos a fim de entrar em guerra para defendê-lo. Além disso, o deserto da Líbia facilita o bombardeio aéreo seletivo, e a proximidade com a Europa faz com que seja possível intervir a partir de bases da própria Otan, sem pedir a ajuda ou a autorização de ninguém. Se a Líbia estivesse no meio do continente africano e fosse coberta de florestas e montanhas, provavelmente, as potências fechariam os olhos, como de fato os fecharam no caso de Ruanda.
Pois bem, concordo com todas essas "suspeitas" e com mais algumas, mas pergunto: e daí?
Ao longo da história, muitas das melhores ideias avançaram graças a ajudas e alianças duvidosas. O ideal democrático e republicano apareceu e prosperou na guerra de independência dos Estados Unidos, exitosa graças também à ajuda da França de Luís 16, o qual certamente não simpatizava com os revolucionários e queria apenas dificultar a vida dos ingleses.
Alguns maldizentes contam, aliás, que a ajuda se deveu sobretudo a um caso entre a rainha Maria Antonieta e Thomas Jefferson, embaixador dos EUA em Paris. Pouco importa, o curioso é que tanto Luís 16 quanto sua rainha foram atropelados pelas ideias a cujo triunfo eles contribuíram.
O princípio de autodeterminação dos povos se afirmou na Europa do século 19. Ora, você acha que Napoleão 3º ajudou o Piemonte a formar a Itália porque acreditava nos ideais de independência nacional e vontade popular ou porque queria enfraquecer o Império Austro-Húngaro e também curtia a ideia de ganhar a Saboia e um pedaço de Liguria em troca pela sua ajuda?
Mais uma: a partir de 1920, mundo afora, as lutas sociais foram sustentadas pelo apoio econômico da União Soviética (note-se que o declínio das esquerdas europeias desde os anos 1990 coincide com o fim desse apoio).
Nada contra isso, os avanços obtidos foram preciosos, e eu adorava as edições gratuitas de Marx em capa dura, impressas em Moscou, assim como as férias pagas nos cursos intensivos para militantes na Iugoslávia. Mas, cá entre nós, você acha que a intervenção soviética era a pura expressão da nobre solidariedade internacional-socialista?
Em suma, as dúvidas levantadas quanto às intenções de potências interventoras não me escandalizam. Ao contrário, elas me levam a constatar a extraordinária e inquietante sedução que exerce, entre nós, o argumento do tudo ou nada.
Pelo argumento do tudo ou nada, uma ação só tem legitimidade moral se sua motivação for perfeitamente pura, sem mistura alguma com interesses e cálculos "oportunistas". Corolário: a pureza das intenções seria por si só garantia indiscutível de legitimidade moral. E essa é uma ideia que me dá calafrios.
"Omnia munda mundis", diz a epístola de Paulo a Tito: tudo é puro para os puros, ou seja (é fácil desenvolver), para quem age com intenções puras tudo é permitido, pois, para ele, tudo é moral.
Os impuros são minha turma: mesmo em seus piores momentos, são sensíveis à contradição, pois lidam sempre com a complexidade atrapalhada de suas próprias intenções e com a falta de legitimidade de seus atos. Enquanto os puros... Pois é, tente conversar com os puros.

JANIO DE FREITAS - Na pista do remendo


Na pista do remendo
JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 28/04/11

ARRANJO AGORA ESBOÇADO PELO GOVERNO PARA PROBLEMA DOS AEROPORTOS EVIDENCIA GRAVE ERRO DE FAZER A COPA
A cada referência séria às obrigações para realização da Copa em 2014, mais se comprova que esse compromisso foi buscado pelo Brasil em ocasião imprópria, para data prejudicial e por motivos alheios ao mais conveniente para o país. O presente impulso de crescimento econômico e redução da injustiça social deveria receber todos os bilhões e centavos exigidos pela Copa que não perderia, muito ao contrário, por esperar uns anos mais.
O arranjo agora esboçado pelo governo federal para o problema dos aeroportos iguala solução para já e problema para depois, como mais evidência do grave erro de fazer a Copa. Destinar alguns bilhões aos aeroportos ao tempo em que é aplicado um programa de contenção de gastos federais, por força das circunstâncias, seria tão incabível quanto aguardar por disponibilidade financeira para as obras. Faltam 37 meses para a Copa.
Vem o remendo da falsa salvação. Em lugar de projetos, concorrências e obras com os olhares postos no que se espera do futuro de longo prazo, apenas são admissíveis projetos de realização menos demorada, com os balangandãs da enganação habitual. E, para efetivá-los, a entrega por concessão às empresas que assumam custo e realização das obras, do que já existe (feito com dinheiro público) e do que venha a somar-se.
O tão citado problema dos aeroportos e sua concessão referem-se, a rigor, à precariedade das estações de passageiros, os chamados terminais. Da exploração deles -as taxas pagas por passageiros, o aluguel e o uso de lojas, áreas e serviços pagos pelas empresas aéreas- os concessionários recuperarão os investimentos nas obras e farão o lucro. Uma fórmula que conduz logo à regra capitalista de que, quanto mais estritos os investimentos, mais rápidos o seu retorno e a entrada nos lucros. Um prenúncio, pois.
Aeroportos de médios a grandes são considerados negócios de alta lucratividade. Graças às receitas dos terminais. Faturamento que, destinado às concessionárias, segundo a fórmula esboçada, deixa ao governo os custos das obras já necessárias nas áreas de operações das aeronaves, em vários aeroportos, e os de sua manutenção e possíveis melhoramentos em todos. Gastos a serem cobertos com verbas públicas, ano a ano. Tal como esboçada, convenhamos, a fórmula é para um lado só.
Uma vantagem para o governo, porém, não lhe pode ser negada: a esperteza, voluntária ou não. O governo deixa de ser responsável e cobrado pelas obras e prováveis atrasos, além de outros desagrados a que não hão de faltar os alegados custos das reformas e os períodos das concessões (no Brasil, concessões deveriam ser fixadas em número de vidas ou gerações, não de anos: são até bens de heranças).

LIMITE
A propósito das duas notas sobre a transferência de verbas da nova Secretaria Especial da Saúde dos Indígenas (Sesai) para a velha Funasa, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informa que a operação ficará limitada a contratos que não podem ser repassados de uma à outra entidade ou só o seriam com muitos inconvenientes a superar.

JULIO VASCONCELLOS - Financiamento colaborativo


Financiamento colaborativo
JULIO VASCONCELLOS
Folha de S. Paulo - 28/04/2011

Há muito tempo as pessoas se cotizam nesse tipo de colaboração para viabilizar iniciativas em que acreditam

Ainda é comum aos críticos das novas tecnologias verem aquelas advindas da internet, em especial, como nocivas e ameaçadoras do "real" jornalismo e também das fontes de sustento de compositores, de escritores e de artistas em geral.
Até os pequenos empreendedores aparecem por vezes como "vítimas" desses "avanços da modernidade".
Entretanto, exemplos envolvendo o que convencionou-se chamar de "crowdfunding" parecem mostrar que o oposto é, de fato, verdadeiro.
O conceito de coletar pequenas quantias de maneira pulverizada para viabilizar algum tipo de empreendimento não é novo. Há muito tempo as pessoas se cotizam em "financiamentos colaborativos" para viabilizar iniciativas nas quais acreditam, sejam elas festas comunitárias, jornais locais ou campanhas eleitorais.
O que mudou e continua mudando é a escala em que isso passou a ser viável, o tamanho das iniciativas abarcadas e o polo de onde partem as ações. Com plataformas propiciadas e disponibilizadas pela internet e pelas mídias sociais, os exemplos de iniciativas bem-sucedidas surgem por toda parte.
Entre esses exemplos de sucesso, a organização de shows envolvendo bandas estrangeiras é um caso particularmente interessante.
Projetos como esses costumam ser bastante arriscados por envolverem quantias bastante significativas e com poucas garantias de retorno, uma vez que não é possível assegurar que um número mínimo de ingressos será, de fato, vendido.
Por esse motivo, são priorizadas as cidades onde há maior expectativa de público. Mesmo cidades grandes, como é o caso do Rio de Janeiro, costumam ser excluídas do circuito de muitas turnês.
Invertendo a lógica tradicional, mas seguindo o exemplo de sites estrangeiros semelhantes, empreendedores cariocas fundaram o "Queremos". Por meio do site, ao fazer a "venda antecipada" de ingressos reembolsáveis que garantam que os custos de realização do show estejam cobertos, a vinda de bandas como Belle and Sebastian ao Rio de Janeiro se tornou viável.
Em alguns casos, quando os ingressos foram vendidos para o público em geral, o dinheiro levantado foi suficiente para devolver o que foi pago pelos "investidores" e estes assistiram aos shows sem pagar nada.
No campo do jornalismo, já existem também aplicações instigantes e exitosas do conceito. Com uma parceria da Fundação Knight, um jovem jornalista chamado David Cohn fundou o portal Spot.Us, em que jornalistas "freelancers" propõem pautas que gostariam de explorar e estimam quanto a elaboração da reportagem, ou por vezes até documentários, custaria.
Os leitores não apenas podem financiar os repórteres mas também interagir com os jornalistas e, eventualmente, propor novas pautas.
Figuras como David Cohn têm se tornado cada vez mais presentes em diversos setores.
No campo da moda, a companhia FashionStake é mais um exemplo de sucesso. Nos moldes do "Queremos" e do SpotUs, a ideia é conectar o público-alvo das coleções com todo o processo de criação das roupas e acessórios.
A ideia é proporcionar feedback dos potenciais usuários para os designers, oferecer a possibilidade de pré-encomendar peças específicas com desconto e possibilitar que os usuários do site se tornem investidores na loja on-line.
Os investimentos podem ser pequenos, como US$ 50 ou podem ultrapassar US$ 500, momento no qual o investidor ganha privilégios exclusivos nos eventos de lançamento das coleções e, claro, peças também exclusivas.
Embora os exemplos de "crowdfunding" já sejam muitos, o fenômeno ainda está no início. À medida que as mídias sociais forem sendo ainda mais difundidas e a viabilidade jurídica e econômica do modelo for sendo consolidada, assistiremos a uma explosão do número de projetos e de áreas que serão viabilizadas por esse modelo de "financiamento colaborativo".

aos críticos das novas tecnologias verem aquelas advindas da internet, em especial, como nocivas e ameaçadoras do "real" jornalismo e também das fontes de sustento de compositores, de escritores e de artistas em geral.
Até os pequenos empreendedores aparecem por vezes como "vítimas" desses "avanços da modernidade".
Entretanto, exemplos envolvendo o que convencionou-se chamar de "crowdfunding" parecem mostrar que o oposto é, de fato, verdadeiro.
O conceito de coletar pequenas quantias de maneira pulverizada para viabilizar algum tipo de empreendimento não é novo. Há muito tempo as pessoas se cotizam em "financiamentos colaborativos" para viabilizar iniciativas nas quais acreditam, sejam elas festas comunitárias, jornais locais ou campanhas eleitorais.
O que mudou e continua mudando é a escala em que isso passou a ser viável, o tamanho das iniciativas abarcadas e o polo de onde partem as ações. Com plataformas propiciadas e disponibilizadas pela internet e pelas mídias sociais, os exemplos de iniciativas bem-sucedidas surgem por toda parte.
Entre esses exemplos de sucesso, a organização de shows envolvendo bandas estrangeiras é um caso particularmente interessante.
Projetos como esses costumam ser bastante arriscados por envolverem quantias bastante significativas e com poucas garantias de retorno, uma vez que não é possível assegurar que um número mínimo de ingressos será, de fato, vendido.
Por esse motivo, são priorizadas as cidades onde há maior expectativa de público. Mesmo cidades grandes, como é o caso do Rio de Janeiro, costumam ser excluídas do circuito de muitas turnês.
Invertendo a lógica tradicional, mas seguindo o exemplo de sites estrangeiros semelhantes, empreendedores cariocas fundaram o "Queremos". Por meio do site, ao fazer a "venda antecipada" de ingressos reembolsáveis que garantam que os custos de realização do show estejam cobertos, a vinda de bandas como Belle and Sebastian ao Rio de Janeiro se tornou viável.
Em alguns casos, quando os ingressos foram vendidos para o público em geral, o dinheiro levantado foi suficiente para devolver o que foi pago pelos "investidores" e estes assistiram aos shows sem pagar nada.
No campo do jornalismo, já existem também aplicações instigantes e exitosas do conceito. Com uma parceria da Fundação Knight, um jovem jornalista chamado David Cohn fundou o portal Spot.Us, em que jornalistas "freelancers" propõem pautas que gostariam de explorar e estimam quanto a elaboração da reportagem, ou por vezes até documentários, custaria.
Os leitores não apenas podem financiar os repórteres mas também interagir com os jornalistas e, eventualmente, propor novas pautas.
Figuras como David Cohn têm se tornado cada vez mais presentes em diversos setores.
No campo da moda, a companhia FashionStake é mais um exemplo de sucesso. Nos moldes do "Queremos" e do SpotUs, a ideia é conectar o público-alvo das coleções com todo o processo de criação das roupas e acessórios.
A ideia é proporcionar feedback dos potenciais usuários para os designers, oferecer a possibilidade de pré-encomendar peças específicas com desconto e possibilitar que os usuários do site se tornem investidores na loja on-line.
Os investimentos podem ser pequenos, como US$ 50 ou podem ultrapassar US$ 500, momento no qual o investidor ganha privilégios exclusivos nos eventos de lançamento das coleções e, claro, peças também exclusivas.
Embora os exemplos de "crowdfunding" já sejam muitos, o fenômeno ainda está no início. À medida que as mídias sociais forem sendo ainda mais difundidas e a viabilidade jurídica e econômica do modelo for sendo consolidada, assistiremos a uma explosão do número de projetos e de áreas que serão viabilizadas por esse modelo de "financiamento colaborativo".

JULIO VASCONCELLOS, 30, economista, é fundador e presidente-executivo do site de compras coletivas Peixe Urbano

CARLOS ALBERTO SARDENBERG - Não tem nada de mais



Não tem nada de mais

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O Globo - 28/04/2011

A gente não pode querer o padrão japonês, pelo qual o dirigente político ou empresarial se suicida quando é apanhado fazendo alguma coisa muito errada. A verdade é que nem os japoneses de hoje seguem essa regra. O comportamento em geral anda mais frouxo. Mas os nossos políticos inventaram algo radical nessa linha, o "não tem nada de mais".

O senador Requião arranca o gravador das mãos de um repórter porque se sentiu ameaçado pelas perguntas. O presidente da Casa, José Sarney, explica mais ou menos assim: pois é, melhor que não tivesse acontecido, mas também não vamos exagerar, o Requião ficou nervoso, é assim mesmo.

Restrição à liberdade de imprensa?

Imagine! Que é isso?

Um assalto com violência física?

Imagine! Só arrancou um gravador, nem deu um soco, nem nada.

De onde se pode concluir: se um repórter se irritar com um pronunciamento de Sarney e achar que o senador está incomodando, fica autorizado a arrancar-lhe o microfone.

Violação à imunidade parlamentar?

Imagine!

A pergunta que irritou Requião era sobre sua aposentadoria como ex-governador do Paraná - assunto que também está na categoria "não tem nada de mais".

O sujeito fica no cargo quatro anos ou, vá lá, cansativos oito anos, e leva uma aposentadoria integral. Nenhum trabalhador comum consegue isso, mas, e daí? Reparem: o beneficiado acha que nem precisa justificar a vantagem obtida às custas do dinheiro dos cidadãos. Toma o gravador de quem pergunta e ainda se diz vítima de uma ofensa pessoal.

Passo seguinte, o repórter tenta levar o caso para a Corregedoria do Senado, mas não vai dar. Sabe o que é, explica Sarney, ainda não deu para nomear o corregedor, então não há quem possa receber a denúncia.

Atenção, portanto, senadores: o jogo está inteiramente liberado, os senhores e as senhoras podem tomar microfones, agredir fotógrafos, roubar o quanto quiserem, mas, cuidado, tem limite, é só enquanto não tem corregedor. Isso aqui é sério!

Se ela pode

A chefe da Polícia Rodoviária Federal, Maria Alice, perdeu a carteira de motorista. Estourou o limite de 30 pontos. E só entregou a carteira depois de notificada e denunciada.

Qual o problema? Entre outras explicações, disse que o carro em nome dela, e que foi apanhado na série de infrações, é usado por outros membros da família. Daí o acúmulo de multas.

Ou seja, não tem nada de mais.

Mas, reparem: estão nos dizendo que a chefe da PRF e mais seus familiares não cumprem as leis do trânsito. E que, mesmo assim, ela tem condições de chefiar a polícia cuja função é cuidar para que os cidadãos respeitem aquelas regras.

Isso tudo em um país cuja cultura de trânsito reza o seguinte: você decide se pode passar um sinal vermelho, estacionar em baixo da placa de proibido, parar na fila dupla etc. O argumento: não pode, certo, mas, sabe como é, eu estava atrasado, precisava pegar uma encomenda ali mesmo, a criança não pode ficar esperando na porta da escola. Não tem nada de mais.

Multado? Denuncie a indústria de multas. Há um novo excelente argumento: se a chefe da PRF cometeu mais de 30 pontos...

Se ele pode

O senador Aécio Neves foi apanhado numa blitz no Rio, de madrugada. Sua carteira estava vencida. E os policiais estavam aplicando o bafômetro nos motoristas interceptados.

A assessoria do senador explicou, primeiro, que ele não sabia que a carteira estava vencida.

Ah!, então está tudo bem. Se ele soubesse que a carteira estava vencida, aí sim, seria grave.

Portanto, se a polícia lhe apanhar com a carteira de outra pessoa, você pode alegar: puxa, seu guarda, não sabia que não era a minha.

Carteira de motorista vale por cinco anos, de modo que é até normal uma pessoa menos organizada não perceber que está vencida. Mas um senador da República tem que fazer tudo direitinho, não é mesmo? E, apanhado no erro, dizer que não sabia só piora a situação.

E por que não fez o teste do bafômetro? Não foi necessário, explica sua assessoria, porque o senador contratou um motorista para dirigir o carro a partir daquele momento.

Tudo considerado, e se Maria Alice, ela mesma, a chefe da PRF, apanhá-lo em excesso de velocidade, você explica:

1) não sabia qual era o limite de velocidade;

2) não é mais necessário multar porque você voltou a rodar abaixo do limite;

3) o carro é da família;

4) todo mundo desrespeita a regra, inclusive a senhora sabe quem.

E, se ela insistir na multa, sinta-se ofendido, arranque o talonário e a processe por bullying.

Se ainda assim for multado, peça aos senadores Sarney e Requião um projeto de lei de anistia para reparar essa injustiça.

Não tinha nada de mais.

EDITORIAL - O GLOBO - A farra dos cargos de confiança


A farra dos cargos de confiança
EDITORIAL
O GLOBO - 28/04/11
O grande crescimento do contingente do funcionalismo público é uma das marcas dos dois mandatos de Lula. Em servidores concursados, houve 115 mil admissões, elevando o quadro total para a faixa do milhão de pessoas. Uma das justificativas foi a substituição de empregados terceirizados. Mas, a julgar pela evolução de despesas com este tipo de prestação de serviços, aconteceu o oposto: por exemplo, apenas com terceirizados contratados para o trabalho de copa e cozinha, nestes oito anos, o gasto subiu 245% acima da inflação. As cifras em valores absolutos não são grandes dentro de um Orçamento contabilizado às centenas de bilhões, mas o percentual é sugestivo e coerente com uma política de rápida e desbragada expansão de gastos com pessoal.

O inchaço foi em todas as máquinas burocráticas dos três poderes. Enquanto em 2002 a folha de salários dos servidores foi de R$75 bilhões, no ano passado atingiu a R$184 bilhões, mais de 80% de crescimento real. Outra justificativa: ampliação e melhoria dos serviços públicos. Não se tem notícia nem de uma, nem de outra. A oferta de serviços continua deficiente, assim como a qualidade.

Há informações de ampliação de quadros em áreas de fato vitais, como a Educação - escolas técnicas e universidades federais - e Saúde. Mas, principalmente neste último setor, o governo continua deficiente, enquanto volta e meia há quem insista com a volta da CPMF, como se o problema pudesse ser resolvido pela injeção de mais dinheiro do contribuinte numa estrutura mal gerenciada, regida por normas esclerosadas e inspiradas no corporativismo.

Outra válvula da gastança com pessoal são os chamados "cargos de confiança", preenchidos, em geral, por apadrinhamentos, vínculos pessoais e/ou ideológicos e políticos. Eram 18 mil em 2002, aproximavam-se dos 22 mil no final da Era Lula.

A estatística fornece a medida do aparelhamento, em alguns casos, e da conversão de áreas do governo em cabides de emprego a serviço do clientelismo, em outros. Reportagem do GLOBO de domingo traz dados do Portal da Transparência esclarecedores sobre o efeito do aparelhamento e do empreguismo clientelista na montagem de equipes de ministérios.

Da equipe da Pasta do Desenvolvimento Agrário, convertida em capitania hereditária de "movimentos sociais", 63% são de servidores comissionados, nomeados sem concurso, numa canetada, ou 330 pessoas com remuneração quase sempre superior à dos funcionários de carreira. No Ministério da Pesca, outro bunker companheiro, os cargos ditos de confiança são quase 60% do quadro total de 602 pessoas. Em Minas e Energia, sob influência de José Sarney, os postos comissionados são 68% do total de cargos da Pasta. Esta é outra faceta da má administração de pessoal e despesas nestes últimos oito anos. Não houve preocupação com a qualidade do atendimento às demandas da sociedade, em todos os campos, e bilhões serviram para consolidar alianças político-eleitorais com corporações sindicais do funcionalismo, além de partidarizar ministérios e órgãos subordinados.

Estatísticas mostram os efeitos do empreguismo e do aparelhamento

DEMÉTRIO MAGNOLI - Sem aspas, Garcia



Sem aspas, Garcia
DEMÉTRIO MAGNOLI

O Estado de S.Paulo - 28/04/11

"É mesmo lamentável ver o Brasil adotar essa posição", reclamou Sayad Sajjadi, embaixador do Irã na ONU, no dia 25 de março. A representação brasileira votara a favor de uma resolução patrocinada pelos Estados Unidos e diversos países europeus que institui um relator independente para investigar a violação dos direitos individuais na ditadura teocrática xiita.

"Não esperávamos isso do Brasil". Na sua surpresa genuína, Sajjadi deixa entrever o diagnóstico que, por aqui, se procura ocultar: a política externa de Dilma Rousseff promove uma ruptura conceitual, não um mero ajuste, em relação à de Lula. Dias atrás, no Palácio do Itamaraty, a presidente esclareceu o sentido da nova orientação, conectando a defesa dos direitos humanos à pretensão brasileira de obter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Durante oito anos o Brasil rejeitou todas as resoluções que condenavam o Irã. Ano passado, alegando uma "questão cultural", absteve-se em face da resolução que condenava o apedrejamento de mulheres condenadas por adultério. "Eu sei que cada país tem suas leis, sua Constituição, sua religião - e, gostando ou não, temos que respeitar o procedimento de cada país", explicou Lula no momento da abstenção ignóbil. O então chanceler Celso Amorim, na sua característica arrogância, deu um passo à frente para dizer que não votaria com a finalidade de "agradar à imprensa". A mudança em curso é indisfarçável, mas a facção derrotada tenta disfarçá-la para reconquistar, no futuro próximo, uma influência perdida.

Nas antigas enciclopédias soviéticas, lacunas narrativas ocupavam o lugar de eventos históricos "indesejáveis". O assessor presidencial Marco Aurélio Garcia, em artigo consagrado à política externa do governo Dilma, publicado na edição de abril da revista Interesse Nacional, simplesmente não menciona a nova abordagem do tema dos direitos humanos. Numa entrevista, instado a falar sobre aquilo que lhe desagrada, atribuiu a reviravolta apenas a uma preferência pessoal da presidente, que refletiria seu passado de prisioneira política. Ele fala aos tolos, supondo que todos o são.

Menos melífluo, o ex-chanceler Amorim admitiu que, provavelmente, votaria contra a resolução sobre o Irã, por considerá-la "política". É, de fato, de política que se trata. Samuel Pinheiro Guimarães, o lugar-tenente de Amorim, num ensaio de 2002, qualificou a promoção dos "direitos humanos ocidentais" como política destinada a dissimular, "com sua linguagem humanitária e altruísta, as ações táticas das Grandes Potências em defesa de seus próprios interesses estratégicos". O adjetivo "ocidental", agregado aos direitos humanos, é o sinal inconfundível de uma doutrina de justificação dos regimes que violam sistematicamente os direitos humanos.

Um artigo do diplomata Sérgio Florêncio, também publicado na Interesse Nacional, mas em 2008, e devotado à defesa da abordagem dos direitos humanos na política externa de Lula, sintetiza exemplarmente tal doutrina. Florêncio aponta uma tensão entre "uma visão de fortalecimento da universalidade dos direitos humanos" e "um olhar de preservação de identidades culturais consideradas ameaçadas por um mundo globalizado" para, em seguida, denunciar os "propósitos políticos" das resoluções de condenação de regimes que criminalizam a opinião política, encarceram dissidentes, assassinam opositores. As passagens cruciais de seu texto poderiam ser encampadas pelo governo chinês ou subscritas por Hosni Mubarak, Muamar Kadafi e Fidel Castro.

"O Brasil deveria mostrar que é um país independente, e não um país pequeno que se curva aos interesses dos Estados Unidos". A crítica, emitida após o voto contra o Irã, casualmente não partiu de Amorim ou Garcia, mas do diplomata iraniano Mohammad Reza Ghaebi. Dilma Rousseff pode usá-la como condecoração involuntária oferecida pelo representante de uma ditadura que borra, cotidianamente, a fronteira entre civilização e barbárie. O voto brasileiro não é uma homenagem aos interesses dos Estados Unidos, mas aos valores nacionais, proclamados pela nossa Constituição.

No seu artigo sobre política externa, Garcia cerca a expressão "interesse nacional" com as aspas de uma rancorosa ironia. Por meio de uma longa digressão em torno do óbvio, ensina que o interesse nacional está sujeito a contrastantes interpretações, concluindo com uma afirmação tão vulgar quanto perigosa: "A política externa, como toda política, sempre dividiu e divide uma sociedade (...)". O interesse nacional não é, evidentemente, um dogma inscrito em pedra. Mas, ao contrário do que imagina o ideólogo, a experiência histórica das nações se condensa em valores coletivos e consensos duradouros. Quando a Constituição os converte em princípios políticos, como no caso da prevalência dos direitos humanos nas relações internacionais do Brasil, é preciso reconhecer a existência de um interesse nacional não cerceado pelas aspas da "luta de classes".

O discurso de Dilma Rousseff no Itamaraty alinhou nossa política externa à prescrição constitucional - ou seja, ao interesse nacional. Nele os direitos humanos foram recolocados no seu lugar: "Vamos promovê-los em todas as instâncias internacionais, sem concessões, discriminações ou seletividade, coerentemente com as preocupações que temos a respeito em nosso próprio país". A mensagem é cristalina. As violações de direitos humanos nas democracias, inclusive na nossa, não invalidam os compromissos internacionais com os direitos humanos. Guantánamo deve ser criticada, mas não mais será transformada em pretexto para silenciar sobre as tiranias.

É uma mudança providencial, na hora em que os povos árabes se erguem contra ditaduras tantas vezes elogiadas por Lula e Amorim, exigindo precisamente o respeito às liberdades políticas - isto é, aos direitos humanos "ocidentais".