quarta-feira, março 02, 2011

ESPORTE NA TV: HOJE

16h45 - Arsenal x Leyton Orient, Copa da Inglaterra, ESPN HD e Esporte Interativo

16h45 - Manchester City x Aston Villa, Copa da Inglaterra, ESPN Brasil

19h30 - Botafogo x River Plate-SE, Copa do Brasil, Sportv 2 e ESPN

19h30 - Tolima x Cruzeiro, Libertadores, Sportv

21h30 - Phoenix Suns x Boston Celtics, NBA, ESPN e ESPN HD

21h50 - América-MEX x Fluminense, Libertadores, Globo (menos SP) Sportv

21h50 - Santos x Cerro Porteño, Libertadores, Globo (para SP) e Sportv 2

21h50 - Palmeiras x Comercial-PI, Copa do Brasil, Band e ESPN Brasil

CELSO MING

Mais incertezas
CELSO MING
O Estado de S. Paulo - 02/03/2011

O Copom, presidido por Alexandre Tombini, decide hoje o novo nível dos juros básicos (Selic) em um ambiente bem mais carregado de incertezas do que havia no dia 19 de janeiro, data da última reunião, quando a decisão foi puxar os juros em meio ponto porcentual, até 11,25% ao ano.

Não estava no radar de ninguém o avanço dos preços das commodities, de 32% em seis meses e de 6,5% nos últimos 42 dias (da última reunião do Copom até ontem), numa situação que é de lenta recuperação global.

Nenhum observador conseguiu prever a nova disparada dos preços do petróleo nem muito menos a crise do mundo islâmico que a deflagrou. Conhece-se o início desses eventos apenas depois de começados e, em seguida, não se sabe nem como evoluem nem como terminam.

Embora reconheça que a inflação brasileira, de 5,99% em 12 meses, esteja intimamente conectada com a decisão de aumentar as despesas correntes do setor público ao longo de 2010 - como ainda segunda-feira reconhecia o ministro da Fazenda, Guido Mantega -, ninguém no governo previa avanço tão forte dos preços nem contava com que os juros tivessem de subir tanto para empurrar a inflação para dentro da meta.

Ao longo do último trimestre do ano passado, o Banco Central apostava equivocadamente em que a desaceleração da atividade industrial (a partir de maio) seria suficiente para conter o consumo interno e a disparada dos preços. Não previu que a alta das matérias-primas puxaria o IGP-M para 11,2% em 12 meses nem que, consequentemente, elevaria os preços administrados (aluguéis, tarifas, contratos financeiros) a ele indexados. Também não esperava que a criação de renda fosse capaz de provocar tão generalizada alta nos preços do setor de serviços.

Depois vieram as tais medidas macroprudenciais (reforço de capital dos bancos, restrições à expansão do crédito e aumento da retenção compulsória), tomadas em parte para evitar futuras elevações dos juros. O empenho com que o Banco Central vai apontando a força do efeito (colateral) dessas medidas na contenção do consumo e da inflação mostra que é muito a contragosto que vai sendo obrigado a elevar os juros.

Esse conjunto de incertezas já seria suficientemente amplo para exigir políticas mais conservadoras que as que prevaleceram nos últimos 18 meses. No entanto, há ainda mais incertezas externas com que lidar.

Como ontem avisou o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, a ameaça de deflação já foi embora. Se há novo risco a enfrentar, embora ele não seja ainda relevante, é o de inflação, em consequência do avanço dos preços do petróleo e das commodities.

E, se os grandes bancos centrais do mundo tiverem de voltar a puxar pelos juros, como pode acontecer já nesta semana com o Banco Central Europeu (BCE), será inevitável nova desaceleração da retomada da atividade econômica pós-crise global.

Hoje, o Copom deve aumentar os juros em mais meio ponto porcentual, para 11,75% ao ano. Este parece ser um número relativamente moderado diante da força dos preços. Antes de três meses, dificilmente haverá clareza sobre a dosagem ainda necessária para trazer a inflação de volta à meta.

CONFIRA

Muda a participação

No mesmo período, as exportações de produtos primários cresceram 47,5% e saltaram de 37,6% para 44,0% no total. Enquanto isso, as de manufaturados cresceram 10,8% e sua participação no total exportado caiu de 44,8% para 39,4%.

ROLF KUNTZ

A dignidade do orçamento
ROLF KUNTZ
O Estado de S. Paulo - 02/03/2011

Gastar muito é apenas um dos pecados financeiros do governo central. A esse pecado se soma uma perversão - a incontrolável inclinação para gastar mal e desperdiçar bilhões e bilhões extraídos de um dos contribuintes mais esfolados do mundo. Será preciso muito mais que o ajuste recém-anunciado, para a administração federal entregar ao brasileiro serviços e investimentos compatíveis com o dinheiro recolhido. O PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, ficará livre dos cortes, disseram os ministros da Fazenda e do Planejamento, ao detalhar para a imprensa a arrumação do orçamento de 2011. Mas cortar verbas do PAC seria quase uma piada. Dos R$ 96,3 bilhões, em valores correntes, autorizados no orçamento federal em quatro anos, o Tesouro desembolsou pouco mais de R$ 57 bilhões até o fim de 2010 - apenas 59% do total. A conta inclui restos a pagar.

Esses números correspondem apenas ao PAC orçamentário, financiado diretamente pelo Tesouro. Deixam clara, mais uma vez, a incapacidade do governo de administrar programas de investimento. O Executivo gasta muito, e com rapidez, quando se trata de custeio rotineiro, como a folha de salários e encargos sociais. Não é necessária muita competência administrativa para pagar o funcionalismo ou mesmo para conceder-lhe aumentos generosos e ajustar os valores da folha. Isso o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu fazer com eficiência nos dois mandatos, sem obter em troca maior produtividade e maior qualidade nos serviços prestados pelo setor público.

O ajuste nominal de R$ 50,1 bilhões corresponderá, em parte, a um corte de vento. Foram podados pouco mais de R$ 18 bilhões da receita prevista no orçamento aprovado pelo Congresso. Os congressistas, como sempre, haviam inflado por sua conta a arrecadação projetada pelo Ministério do Planejamento. Cortado esse vento, o Executivo deverá, como contrapartida, podar emendas parlamentares correspondentes à diferença de arrecadação. Nisso, pelo menos, o governo parece dar uma demonstração de coragem, mas de efeito limitado. As emendas, normalmente paroquiais, são uma forma de apropriação de recursos públicos para benefício eleitoral dos parlamentares.

O Executivo nem sempre libera as verbas para os projetos previstos nas emendas, mas aproveita seu poder de arbítrio (porque o orçamento não é impositivo) para comprar apoio e favorecer aliados. Não há inocente nessa história, embora os ministros da área financeira tendam a assumir o papel de defensores do Tesouro. São, com frequência, os únicos a vestir essa farda, especialmente quando seu chefe decide aparelhar a administração, conceder aumentos generosos ao funcionalismo e investir permanentemente no jogo eleitoral.

Quanto aos chefes dos demais Poderes, agem quase sempre como se as limitações financeiras fossem problema do Executivo e de ninguém mais. É a sua concepção da independência do Legislativo e do Judiciário. Combinada com o princípio da isonomia salarial, essa concepção reduz perigosamente as possibilidades de controle dos gastos públicos.

O ministro da Fazenda prometeu um ajuste suficiente para garantir o cumprimento das metas fiscais definidas para 2011. É pouco. Se o governo fizer apenas o necessário para retomar a trajetória de antes da crise, a rotina do desperdício será mantida e haverá pouco espaço e pouco estímulo para a racionalização do sistema tributário. A arrumação fiscal deste ano poderia ser, no entanto, o passo inicial de inovações muito mais ambiciosas na administração pública. A presidente Dilma Rousseff prometeu algo desse tipo, logo depois de eleita, ao prometer maior atenção à eficiência e à qualidade do gasto público - e da gestão federal, portanto.

Sem essa mudança, não haverá nem os investimentos necessários à expansão e à modernização da infraestrutura, nem a racionalização dos tributos, nem a execução dos programas indispensáveis à formação do capital humano procurado com dificuldade crescente pelas empresas. Será perdida - ninguém sabe por quanto tempo - a oportunidade de converter o Brasil numa potência econômica de primeiro time.

A correção do orçamento brasileiro não é um problema isolado nem um desafio restrito ao exercício fiscal de 2011. O orçamento é uma síntese dos obstáculos ao desenvolvimento econômico e social do País. A política orçamentária será uma política séria quando for entendida como componente de um grande projeto político e econômico.

ROBERTO DaMATTA

De que lado está o Estado?
ROBERTO DaMATTA

O Estado de S.Paulo - 02/03/11

Vale a pena ouvir a canção Which Side Are You On? (de que lado você está?). É simultaneamente música, palavra de ordem e ladainha que os mineiros de carvão do Kentucky recitavam, em 1931, quando se organizaram contra os proprietários, naquele capitalismo de tal ordem hegemônico que os trabalhadores sequer tinham o direito de organização.

A canção mostra as diferenças de um mesmo "modo de produção", mas ela assusta ainda mais pela insistência na tomada de posição, impedindo o acordo, o jeitinho e a interdependência hierárquica que constitui um elemento básico da construção do nosso mundo social. Pois no Brasil, a questão tem sido sempre a de escolher não escolher e assim não ser antipático ou "sectário" a ponto de tomar partido e ser consequente com a individualização disso decorrente.

***

Esse tomar partido abre uma reflexão sobre os laços entre Estado e sociedade. Afinal, o Estado veio para proteger, defender, ajudar e servir ou para atrapalhar? Sobretudo quando decide entrar com seu pesado legalismo ibero-nacional, cuja burocracia nasce intrincada a procedimentos que não visam a igualdade ou a destruição da dominação patrimonialista ou carismática, como queria Weber, mas que recria e garante privilégios e hierarquias, atiçando carismas. Produto da Contra-Reforma, esse gosto pela papelada, moldada nos séculos 16 e 17 com ajuda do Direito Romano no que veio a ser Portugal (e, depois, Brasil), inventa uma nova hierarquia. Nela, o Estado passa a ser o patrão da sociedade que, por força da lei, tem que obedecer às suas normas. Por isso, continuamos a fazer "revoluções" (como a de 1930) cujo protagonista é sempre o Estado - um "Estado Novo". A grande questão não é discutir o papel do Estado, mas de rediscutir o seu papel junto de quem o sustenta: a sociedade; ou seja, todos nós e não apenas os eleitos e seus altos funcionários sustentados pelo nosso trabalho.

***

Um cara sai de carro e imediatamente observa que as avenidas e ruas estão entupidas. Não se trata de engarrafamento, mas de um enfarte. Tem mais veículo do que espaço. Ato contínuo, nosso herói cai numa cratera que liquida a suspensão do seu automóvel. Mais um problema para esta semana que começa obrigando-o a pensar naquele curso de zen-budismo pela internet. Mais adiante, no confronto com um semáforo quebrado faz meses; local onde pode ser assaltado e faz com que todos tentem exercer seus velhos privilégios de família, tentando passar em primeiro lugar; ele recorda que parte do preço do seu carro foi um altíssimo imposto destinado ao aumento e à construção de vias urbanas e de rodovias. Ou seja, ele toma consciência de que o imposto enterrado no seu carro não voltou para ele na forma de uma melhoria. Muito pelo contrário, esse dinheiro tem ajudado a aparelhar o governo do momento que, sem nenhum pudor, contrata novos funcionários leais à sua ideologia, do mesmo modo que tem enriquecido e aristocratizado seus funcionários. O entupimento abre sua cabeça para esses pensamentos nada ortodoxos, já que sua educação passou pela escola, segundo a qual progresso é Estado. É obvio - ele pensa - que quanto mais eu pago ao Estado, mais ineficiente o Estado se torna. Nesse momento, chega à sua cabeça a imagem de um amigo que, partidário do governo, tem três polpudas aposentadorias e um emprego no qual não trabalha, mas despacha. O atributo mais importante deste Estado, conclui, não é servir ao cidadão, mas ser um mecanismo de aristocratização e de enriquecimento dos partidários do governo agora funcionários e administradores cujo objetivo explícito é gerenciar por gerenciar. Esse cara passa a semana nesse inferno.

No sábado, para esquecer, sai com a mulher. Seguem para um restaurante, comem e tomam umas e outras. Na volta, é parado pela blitz da Lei Seca. E nota, um tanto parvo, a eficiência prussiana do aparato estatal que o distingue com um impecável bafômetro e com agentes tão supereducados e hábeis quanto os da Gestapo, do FBI ou da KGB. Quase sorridentes, eles lhe tiram a carteira por ter tomado "dois chopes"! São tão distintos que ele não consegue sequer esboçar desculpas ou tentar o jeitinho. Fica alegre com isso e sabe que está na pátria brasileira.

***

De que lado você está?, pergunta aos administradores que mecanicamente gerenciam o "Estado". A resposta é simples: estamos do lado da cobrança e da perseguição. As ruas esburacadas, os assaltantes e a total indiferença para com o trânsito - ou seja, essa brutal ineficiência - contrasta veementemente com a eficiência da Lei Seca e dos impostos.

Agora ele sabe que onde está o Estado não pode estar o cidadão decente. Falta ao governo bom-senso e limites. Falta o sentido do lugar de um Estado moderno numa cidade moderna. Falta discutir o papel dessas imensas burocracias patrimonialistas, tocadas a ideologia salvacionista no Brasil. Daí essa gigantesca máquina boa para cobrar e negar, e péssima para concordar. Isso, pensa o nosso cara, só no carnaval!

ANCELMO GÓIS

O preço da mística
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 02/03/11

Quando João Havelange defendeu a demolição o Maracanã, foi muito criticado. Ontem, em Zurique, engenheiros da Fifa concluíram, na ponta do lápis, que a reforma de um estádio tombado, como o Maracanã, custa o dobro de um novo. 

Ou seja...
Para se manter a mística, vai se gastar mais R$ 352,5 milhões. É que a reforma do Maracanã está orçada em R$ 705 milhões. 

Vai que é tua, Gilberto
O ministro Gilberto Carvalho administra a crise gerada no Ministério da Cultura pelas críticas de Emir Sader à ministra Ana de Hollanda, que o indicou para presidir a Casa de Ruy Barbosa. 

Questão de ética 
Aliás, a cantora Cristina Buarque, irmã de Ana, tem pedido para retirar seu nome de projetos incentivados no MinC. 

O ano de Lota
A editora Leya lança na Flip a edição em português de “The more I owe you”, de Michael Sledge, sobre o caso da poetisa americana Elizabeth Bishop e da brasileira Lota Macedo Soares. O romance também vai virar filme de Bruno Barreto. 

Faz sentido
De Vik Muniz, no Twitter, sobre a derrota no Oscar do documentário “Lixo extraordinário” para “Trabalho interno”, sobre a crise global de 2008: “Fizemos um filme sobre como transformar lixo em dinheiro e deram o Oscar para um sobre como transformar dinheiro em lixo.”

Coisa de bacanas
Custa, acredite, R$ 18 mil o acesso aos três dias do Fórum Mundial de Sustentabilidade, de 24 a 26 de março, em Manaus. Entre os palestrantes, Bill Clinton, ex-presidente dos EUA, e o fortão Arnold Schwarzenegger, ex-governador da Califórnia.

Jogou a toalha
Segunda, Ferreira Gullar, 80 anos, foi dormir candidato a uma vaga na ABL, depois de um telefonema de seu conterrâneo José Sarney. Mas ontem desistiu de novo. 

Não é de hoje...
Na verdade, Gullar sempre resistiu aos acenos dos amigos para entrar na ABL. Numa entrevista ao “Jornal da poesia”, em 1995, disse que a Academia é uma instituição “anacrônica”, a começar “pelo fardão e pela espada”. E mais: “A ABL não tem função alguma. É uma instituição meramente consagratória.” É. Pode ser.

‘Enfant du Brèsil’
Lula recebeu de Denise Paraná, autora da biografia “A história de Lula — o filho do Brasil”, que deu origem ao filme de Fábio Barreto, um exemplar da edição francesa, cujo título é “Lula, enfant du Brèsil”. 

Inflação da folia
Os ambulantes da Lapa subiram os preços para o carnaval. Uma caipirinha que saía a R$ 7 agora custa... R$ 10, um aumento de quase 50%. Parece desaforo. E é. 

AeroFux
A Associação dos Magistrados do Rio fretou um avião para levar cerca de 150 juízes à posse de Luiz Fux no STF, em Brasília, amanhã. Cada um vai pagar uns R$ 500 para ir e voltar no mesmo dia.

Alô, MEC!
Depois do levante por arcondicionado no Colégio Pedro II de São Cristóvão, no Rio, a revolta agora é na unidade Tijuca da escola federal. A 4a- série aguarda até hoje os livros de estudos sociais, geografia e história. Enquanto isso, as crianças dividem um livro
entre três ou quatro alunos. 

Calma, gente
Domingo, na Gávea, no Rio, um chá de fraldas na casa do músico João Hermeto virou caso de polícia. Perto de 22h15m, um vizinho do prédio ao lado, na Rua Osório Duque Estrada, jogou uma pedra de uns 2kg no telhado de Hermeto, perto de onde estavam os convidados. 

Melhoras, Tia Leia 
Personagem da música “W/Brasil”, de Jorge Benjor, a empresária Leia Millon (“Alô, alô, tia Lea, se estiver ventando muito/não venha de helicóptero”) estava a pé, no Leblon, quando... catapum! Levou um tombo numa calçada e teve de ser operada, segunda-feira à noite.

DORA KRAMER

Janela indiscreta
DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 02/01/11

Cesar Maia, ex-prefeito e blogueiro de ex-blog, está usando uma boa expressão para definir a movimentação no Congresso em prol da abertura de um espaço, de quatro em quatro anos, para a liberação do troca-troca de partidos: chama a manobra de "janela indiscreta".

E o que é isso? Durante um determinado período, provavelmente seis meses antes da eleição seguinte, ou do fim da legislatura, os parlamentares poderiam mudar livremente de partido sem incorrer na sanção prevista pela interpretação dada à Constituição pelo Supremo Tribunal Federal: a perda do mandato legislativo.

A respeito dos postos no Executivo o tribunal ainda não se pronunciou, ficando a questão, portanto, mais ou menos em aberto. Mais ou menos porque o princípio é o mesmo e, por analogia, imagine-se que seria aplicado também a prefeitos, governadores e presidente.

Desde 2007, quando o STF se pronunciou corroborando posição doTribunal Superior Eleitoral estabelecida mediante consulta, a regra em vigor é a seguinte: os detentores de mandato não podem trocar de partido, a não ser em caso de criação de uma nova legenda, fusão entre agremiações, comprovada perseguição política ou se houver mudança de orientação programática da qual discorde cabalmente o filiado. Quem quiser mudar pode, desde que entregue o mandato.

O que o Supremo estabeleceu não foi um aprisionamento, mas um obstáculo a trocas injustificadas.

Daquelas que a cada início de legislatura permitiam a fraude aos resultados das urnas: o partido x elegia y número de deputados e, entre a eleição e a posse, o número de bancadas era totalmente alterado. Favorecendo claro, ao partido que havia conquistado a Presidência da República.

O que pretende o Congresso? Criar, por lei, um atalho para se desviar da regra. Um jeito de escapulir da interpretação do Supremo (cristalina) de que o mandato pertence ao partido e não ao eleito, autorizando, por determinado período, a suspensão da interpretação constitucional.

O caráter casuístico da medida é óbvio. Há parlamentares que assim consideram, mas admitem mudar de posição caso a "janela indiscreta" seja aberta ao fim do mandato.

Cabe a dúvida: por que seria casuísmo agora e mais à frente não seria? Afinal, a data não altera o conceito.

Da mesma forma, configura-se um "gato" na lei a criação de partidos trampolim, com o único objetivo de permitir a troca e não se formar uma agremiação política com identidade específica.

Se a troca de partido desrespeita a vontade do eleitor, o faz a qualquer tempo. No início do mandato, mudando o voto dado nas urnas, ou no fim, subtraindo seis meses daquela delegação. Pois encurta de quatro anos para três anos e meio a validade do voto dado na eleição anterior ao deputado y pertencente a partido x.

A conferir. Discurso da ministra dos Direitos Humanos em Genebra condenando fortemente as violações nos países do Oriente Médio e da África onde ditadores enfrentam o basta das populações foi o que se esperava de uma representante de país democrático.

Cedo, porém, para interpretar que essa posição traduz uma efetiva mudança na política externa do governo do PT nas relações com ditaduras.

Maria do Rosário, com razão, criticou os países que com seu silêncio sustentaram regimes de força. No governo Lula o presidente fez mais que silenciar, externou apoio e da maneira mais vil: ao lado de Fidel Castro posou sorridente no dia da morte de um dissidente por greve de fome e ainda comparou os presos políticos da ilha a criminosos comuns.

Quando o tirano do Irã enfrentou protestos por causa das eleições fraudadas, Lula comparou os manifestantes aos torcedores de futebol insatisfeitos com a derrota de seus times.

Antes de o Brasil considerar que há uma mudança mesmo no trato de ditaduras é preciso observar qual será a posição do País em relação aos déspotas que ainda não estão moribundos.

Uma coisa é chutar os que estão quase mortos, outra é se posicionar contra os que ainda têm força para subjugar seus povos.

FERNANDO DE BARROS E SILVA


Dá o pé, Dilma
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SÃO PAULO - 02/03/11

São Paulo - "O nosso objetivo é fazer com que a economia continue crescendo de forma estável, sem que a inflação volte. Olha, acho que está muito baixo esse fogo". Dilma Rousseff não se referia ao fogo baixo da economia, mas da frigideira. A presidente falava enquanto fazia uma omelete ao lado de Ana Maria Braga, no programa "Mais Você".
Dilma já falou ao "Washington Post" e aos jornais argentinos. Merece registro que sua primeira entrevista à imprensa brasileira tenha sido concedida ao louro José. A rigor, nem se deve chamar de entrevista a papagaiada que foi ao ar ontem pela manhã. Nunca antes neste país se viu um louro tão puxa-saco. Sua voz ecoa um certo clima geral.
"Mais Você" é um programa de variedades domésticas e autoajuda, com uma pitada de jornalismo light. Está mais perto da cozinha que da República. Nos trechos "sérios" do papo, a apresentadora usava perguntas só para paparicar o governo. O que prevaleceu no ar foi o tom comemorativo, o fru-fru sentimental, o caldeirão culinário onde borbulhavam "tantas emoções".
Uma música triunfal acompanhou a chegada de Dilma ao Projac, de helicóptero. Na despedida, a trilha sonora sugeria algo no estilo "Nova Era". Depoimentos de populares encantados, testemunhos de velhos amigos, cenas da intimidade do poder -tudo foi arquitetado para idolatrar a mulher-presidente.
Quanto mais Dilma dizia ser uma "pessoa comum", "como outra qualquer", mais o programa fazia disso um mote do culto à sua personalidade. Nas disposições e no formato, havia muito de propaganda eleitoral neste matutino da Globo.
Dilma, em certos instantes, não escondeu seu constrangimento. Mas há no Planalto grande preocupação com sua imagem no marco simbólico dos cem dias. A boa impressão que ela causa hoje entre as elites é diferente de aprovação popular. É preciso popularizar Dilma. É preciso explicar direitinho, para o louro entender, que não se faz omelete sem quebrar ovos.

MÔNICA BERGAMO

CADÊ A SANTINHA?
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 02/03/11

A cantora Sandy clareou os cabelos só para assumir o papel de "loira devassa" na propaganda da cervejaria. Ela surpreendeu a equipe de produção de tão à vontade que ficou no novo papel, no estúdio do fotógrafo Jairo Goldflus.

FERRO VELHO
Os nove aviões da Vasp estacionados no aeroporto de Congonhas e que pertencem à massa falida da empresa começam a ser desmontados e removidos no próximo dia 30. Suas peças serão leiloadas. Eles ocupam hoje 10% do terminal paulista. Estão guardados de forma tão precária que dentro deles já foi encontrado até o mosquito da dengue. O espaço livre será disponibilizado para o embarque e desembarque de passageiros.

FERRO 2
O desmonte, que englobará no total 119 aviões da Vasp, Transbrasil e outras estacionados como ferro velho em diversos aeroportos do país, foi negociado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) com juízes de primeira instância, a Infraero e o Ministério Público.

EMBARQUE LITERÁRIO
Nem todos os aviões virarão sucata: o museu da TAM já se interessou por um deles, o primeiro 737-200 a pousar no Brasil. O Distrito Federal quer a carcaça de outra aeronave para montar dentro uma biblioteca infantil.

APOSTA

O nome do economista Marcelo dos Guaranys, ex-diretor da Anac, a agência que fiscaliza o setor aéreo, circula entre as empresas do setor como provável futuro dirigente do órgão.

DIAS CONTADOS
Ganha força no Congresso a ideia de acabar com a figura do suplente de senador na reforma política. No caso de renúncia, assumiria o segundo mais votado, e não mais o companheiro de chapa, em geral um desconhecido sem densidade eleitoral.

CESTA DE VOTOS

Se a proposta vingar, em caso de impedimento de um dos senadores paulistas, por exemplo, Netinho assumiria o cargo -e não Antonio Carlos Rodrigues, suplente de Marta Suplicy, nem Airton Sandoval, suplente de Aloysio Nunes Ferreira.

PELO MUNDO
Ronaldo e o empresário Marcus Buaiz, seu sócio na 9ine, devem embarcar para um giro europeu em meados do mês. Além de uma audiência com Martin Sorrell, presidente do grupo britânico WPP, com quem têm parceria, os dois devem dar um pulo no Real Madrid, o time de Kaká, na Espanha.

DESEJO
Kaká é um dos objetos de desejo tanto da 9ine quanto do Corinthians -mas já disse que fica no Real pelo menos até o fim do ano. Já o time admite negociar seu passe.

KIT COMPLETO
A Secretaria Estadual da Saúde vai distribuir 14 mil camisinhas e 10 mil leques com informações sobre sexo seguro e os riscos do abuso de bebida alcoólica na sexta e no sábado, durante os desfiles de Carnaval no Anhembi.

CINDERELA

A modelo brasileira Camila Alves, mulher do ator Matthew McConaughey, participará hoje do "National Read Across America Day", evento de estímulo à leitura nos Estados Unidos. Ela estará em Washington, ao lado de autoridades como a primeira-dama Michelle Obama e o secretário da Educação, Arne Duncan, contando histórias infantis para crianças.

ALÍVIO IMEDIATO
O cantor Nasi conseguiu suspender a cobrança da multa de R$ 100 mil a que foi condenado a pagar por ter descumprido decisão que o proíbe de falar de forma ofensiva sobre seu irmão e ex-empresário, Airton Valadão Junior. O valor não precisará ser pago até que o Tribunal de Justiça de São Paulo analise o recurso do artista. A defesa de Valadão Junior diz que sustentará que a condenação é correta e que a multa deve ser cobrada.

CIRCUITO FECHADO
As atrizes Mariana Ximenes e Débora Duboc participaram, anteontem, da pré-estreia de "Lope", no shopping Iguatemi. O longa, de Andrucha Waddington, tem Selton Mello e o argentino Alberto Ammann no elenco.

DAMAS E CAVALEIROS
A Confederação Brasileira de Hipismo promoveu jantar de premiação no Jockey Club de São Paulo. Entre os convidados presentes estavam Luiza Tavares e Nando Miranda.

CURTO-CIRCUITO

Elisa Bracher inaugura hoje, às 20h, a exposição "Ponto Final", na Galeria Millan.

A mostra "Dionísio Del Santo e o Concretismo" será inaugurada hoje, às 19h, na Galeria Vitrine Paulista, da Caixa Cultural, na avenida Paulista.

O filme "Gnomeu e Julieta" terá pré-estreia hoje, às 10h, no shopping Iguatemi. Livre.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Santinhos!
RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 02/03/11
Dilma Rousseff não escondeu dos auxiliares sua contrariedade com a entrevista coletiva na qual Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento) detalharam o facão no Orçamento. A presidente desaprovou especialmente o modo como foi comunicado o corte no "Minha Casa, Minha Vida". No entender do Planalto, os ministros não conseguiram convencer o mercado de que a meta de R$ 50 bi será atingida e o público de que o fundamental será preservado.
Em compensação, Dilma se cercou de cuidados para anunciar ela mesma o reajuste do Bolsa Família. No esforço de evitar vazamento antecipado da boa notícia, ela só sairá hoje no "Diário Oficial".
Abafa... A votação da MP que cria a Autoridade Pública Olímpica, aprovada ontem no Senado, produziu mais um cisma nas já divididas forças da oposição. Na Câmara, DEM e PSDB foram aguerridos defensores da emenda que prorroga, sem licitação, contratos de concessionárias de lojas em aeroportos. No Senado, os dois partidos fizeram cara de escândalo diante do artigo.

...o caso 
Lembrado de que será algo constrangedor para Dilma vetar a emenda de autoria do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) desbafou: "Em saia justa estou eu!". O líder do tucano na Câmara, Duarte Nogueira (SP) foi um dos defensores da emenda.

Folia 
Mesmo tendo votado a favor do salário mínimo de R$ 545, Paulo Paim (PT-RS) será homenageado pelo Bloco dos Aposentados, sexta-feira no Rio. O senador confirmou presença e prometeu "muito samba no pé".

Quietinhos 
Em reunião com deputados aliados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), alertou que a visita de hoje a Dilma será breve. A intenção da presidente, disse o líder do governo, é apenas agradecê-los pela aprovação do mínimo. O Planalto teme ouvir lamentações sobre corte de emendas e cargos não preenchidos no segundo escalão.

Sobreaviso 
O chanceler Antonio Patriota disse a Dilma que há chances concretas de os EUA apoiarem a candidatura de José Graziano à direção da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Seria a primeira vez que os americanos endossam um nome brasileiro para posto de tamanha visibilidade.

W.O. 
Ronaldo não compareceu ontem à que seria sua primeira reunião como membro do comitê paulista da Copa. Alegou compromisso de última hora no Rio.

Eu sozinho 
Ciente de que terá apenas o próprio voto, Carlos Giannazi (PSOL) lança amanhã sua candidatura à presidência da Assembleia paulista. Enfrentará Barros Munhoz (PSDB), que fechou pacto com a oposição por um novo mandato e projeta apoio de 93 deputados.

Vitrine 
O PT-SP escolheu Telma de Souza, de Santos, para ocupar a quarta secretaria, e João Paulo Rillo, de São José do Rio Preto, para a liderança da minoria na Assembleia. Ambos são pré-candidatos a prefeito.

Reciclagem 
Preso pela PF em 2010, o ex-governador Waldez Góes (PDT-AP) virou "secretário parlamentar" do correligionário Bala Rocha, lotado no escritório que o deputado mantém em Macapá.

Visita à Folha 
Beto Richa (PSDB), governador do Paraná, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Marcelo Cattani, secretário de Comunicação, Deonilson Roldo, chefe de gabinete, e Nelson Biondi, publicitário.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio
"Se tivesse investido pesadamente em infraestrutura, o governo não se veria agora obrigado a refrear o crescimento da economia para conter a inflação."
DO DEPUTADO EDUARDO SCIARRA (DEM-PR), sobre os cortes no Orçamento detalhados anteontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Contraponto

Tudo em família
Presidente da comissão do Senado que discute a reforma política, Francisco Dornelles (PP-RJ) se atrapalhou ao chamar Jorge Viana (PT-AC), tratando-o por "Tião". O petista reagiu com bom humor:
-Eu entendo a confusão... Afinal, meu irmão ficou muito tempo nesta Casa...
Dornelles aproveitou a deixa:
-Ficou em nossos corações...
Roberto Requião (PMDB-PR) completou:
-O Jorge é o avatar do senador Tião...

Dr. MARCO SOBREIRA

DOUTOR, FOI A PRIMEIRA E ÚLTIMA VEZ...

Dr. MARCO SOBREIRA


Setembro de 1976, ao chegar para meu primeiro dia de trabalho, constatei desolado que na Unidade Sanitária de Atílio Vivácqua – ES não tinha praticamente nada. Um consultório, secretaria, gabinete odontológico, pequena farmácia que também servia de depósito, banheiro, cômodo com uma grande pia que servia de cozinha e um corredor, essa seria a unidade de saúde que trabalharia por longos anos. De equipamentos mesmo, um aparelho de pressão, otoscópio, balanças de adultos e de crianças, um estojo com material para pequenas cirurgias, uma estufa e uma geladeira no corredor. No consultório uma mesa de ferro com 3 gavetas, duas cadeiras, armário de vidro e uma maca.

Após as boas vindas das três funcionárias e do colega dentista, um cafezinho completou a recepção. Sentei no consultório, respirei fundo e um pensamento me invadiu; “O que vim fazer aqui?” Confesso que tive vontade de ir embora, mas a varanda já lotada de pacientes impediu qualquer possibilidade de desistir.

Após atender todos os pacientes fui fazer um levantamento mais detalhado dos recursos a minha disposição, revirar o depósito e procurar o que mais poderia me ser útil. Não tinha laboratório, isso me obrigou a clinicar sem exames, a não ser que o paciente se dispusesse a viajar até Cachoeiro de Itapemirim a 30 km de distância, em uma péssima estrada sem asfalto, o que na prática significava que um simples hemograma (exame de sangue básico) levaria uma semana, nada promissor.

Para minha surpresa descobri entre um amontoado de caixas, um microscópio bi-ocular novinho, nunca usado, fui tomado de grande alegria pois pelo menos exames de fezes e de escarro para pesquisa do bacilo da tuberculose ( na verdade o motivo do microscópio) poderíamos realizar. Solicitei e fui atendido na contratação de um técnico que me foi muito útil. Transformamos a improvisada cozinha num pequeno laboratório que na verdade dentro de muito pouco tempo só serviria para a busca da tuberculose.

Mais animado, já tinha providenciado minha mudança para a cidade, via aumentar todos os dias o número de pacientes e resolvi fazer uma campanha para realização de grande quantidade de exame de fezes, principalmente na população rural, pois a grande quantidade de crianças “barrigudas” , anêmicas , desnutridas e com diarréias freqüentes me preocupava, daí a vontade de descobrir as verminoses mais conhecidas no Município. Convenci o técnico a me acompanhar nesse mutirão e comecei a pedir os exames, principalmente da turma do interior..

Foi assim que atendi o Sr. Argemiro, trabalhador da lavoura de café, pai de sete filhos entre um e doze anos. Morador de um alto de serra, usava água de nascente e tinha vindo pedir um lumbrigueiro para as crianças , o que repetia todos os anos, um hábito muito comum no interior do Brasil. Pacientemente expliquei a necessidade de fazer o exame das crianças , o que foi aceito com alguma dificuldade pelo lavrador. Na época não dispúnhamos ainda de potes plásticos para a coleta e ficava a cargo da criatividade de cada um, o recipiente para acondicionar as fezes.

Passado alguns dias, chegando para o trabalho encontro o Sr. Argemiro à minha espera , e antes mesmo que entrasse na Unidade se dirigiu a mim,

Bom dia doutor, trouxe o que o senhor me pediu, mas foi a primeira e última vez que faço exame de fezes naquela molecada, o senhor não imagina o trabalhão que deu pra fazer aqueles pestinhas “cagar” nessa lata.

Não segurei um ataque de risos ao ver uma lata de banha de uns dois litros lotada com as fezes de toda a família!!!

MÍRIAM LEITÃO

Os sinais do painel
MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 02/03/11
O Banco Central sobe hoje os juros olhando um painel de controle com sinais confusos: o PIB de 2010 será divulgado na quinta-feira e deve confirmar os 7,5%, mas a produção industrial de janeiro, que será anunciada hoje, deve ficar negativa. A inflação tem risco de superar o teto da meta; o governo anunciou cortes de gastos e novos aportes ao BNDES ao mesmo tempo. A alta dos juros deve ficar em 0,5%.

Há sinais contraditórios na conjuntura, mas uma coisa é certa: a inflação está alta e subindo. Ouvimos aqui na coluna vários economistas, todos acham isso. A inflação de fevereiro vai continuar alta, em torno de 0,83%, segundo Elson Teles, da Máxima Asset. Depois, vai cair para algo como 0,45%, em março, segundo Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio. Cunha explica que em junho, julho e agosto do ano passado a inflação foi zero, então a taxa em doze meses vai subir nesse período este ano. Ele acha que não vai estourar o teto de 6,5%, mas prevê um número próximo disso. Outros economistas acham que pode sim superar os 6,5%.

Se fosse olhar só para as pressões inflacionárias, o Banco Central teria que ser ainda mais duro: a inflação não está cedendo e deverá nos próximos meses chegar ao teto da meta; o BC deveria mirar o centro da meta. O governo ampliou muito os gastos no ano passado de olho no calendário eleitoral e os cortes anunciados esta semana não têm a consistência desejada. Há pressões inflacionárias externas contra as quais a taxa de juros tem pouco poder, porém, o BC precisaria compensar nas variáveis sobre as quais suas decisões têm efeito. Além do mais, há em vários mercados sinais de formação de bolhas, como no mercado imobiliário, onde as altas recentes nos preços dos imóveis começaram a ficar fora de órbita.

Mas é pedir demais que o BC tenha uma olhar assim tão técnico num governo inicial e já dando voltas no que havia dito durante a campanha, como a afirmação - agora esquecida, felizmente - de que gastos públicos não têm relação com inflação. Por isso, a aposta geral é por aumento de juros nesta segunda reunião do Copom do governo Dilma Rousseff, mas no mesmo ritmo do último aumento.

O economista José Júlio Senna, da consultoria MCM, acha que o Banco Central está atrasado na sua tomada de decisões, porque as expectativas já vêm piorando desde o ano passado. Aliás, elas melhoraram quando o BC elevou os juros e voltaram a se deteriorar quando ele parou de agir, mesmo diante dos sinais de que pressões inflacionárias estavam se acumulando.

Senna acha que o BC não quer mais trazer a inflação este ano para o centro da meta, ou seja, 4,5%. Mas esse deveria ser o objetivo, porque assim é que funciona o regime de metas de inflação. Ele acha também que o BC pode não estar se sentindo com autonomia para perseguir essa meta este ano ou então está convencido de que a economia vai desacelerar a ponto de reduzir a pressão inflacionária.

De fato, a maioria dos economistas prevê hoje um crescimento do PIB de 2011 menor do que previa no começo do ano, e alguns já notam sinais de desaceleração. Aliás, olhando um período mais longo, o crescimento não é alto, pode ficar em torno de 3,5% de média nos últimos três anos. Na visão de Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse, o grande problema, na verdade, é a forte indexação da economia.

- O grande risco não é a demanda mais forte, mas a inércia da inflação no Brasil. Temos muitos contratos indexados, consultas médicas, serviços. Por isso, os repasses de preços acontecem - afirmou.

A queda das previsões de crescimento do PIB em 2011 para níveis de 4% tem duas explicações. De um lado, a base de comparação agora é alta - o número a ser divulgado esta semana deve confirmar um PIB de 7,5% no ano passado. Segundo, está havendo uma desaceleração, que se reflete na revisão do crescimento para baixo. Nilson Teixeira acha que vai haver um pico de inflação na metade do ano, mas o crédito bancário já está crescendo menos, desaquecendo a demanda.

O economista Eduardo Loyo, do BTG Pactual, considera que um aumento maior de juros agora levaria a um ciclo menor de elevação. Acha também que as medidas macroprudenciais - aquelas que reduziram a oferta de crédito - farão uma parte do trabalho e equivalem a um aumento das taxas de 0,75%.

Luis Otávio Leal, do Banco ABC Brasil, lembra que o governo se comprometeu com vários objetivos ao mesmo tempo, em geral contraditórios: gerar 3 milhões de empregos e reduzir o ritmo de atividade; não cortar investimento; impedir a valorização do real e reduzir a inflação. Ele considera que tudo ao mesmo tempo não dá. Mas admite que a produção industrial deve cair, mostrando a desaceleração do PIB. Sérgio Vale, da MB Associados, acha que a produção industrial, que vai ser divulgada hoje, terá queda de 0,5%. Carlos Thadeu de Freitas, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), acredita que a queda da indústria será ainda maior: 0,75%. Ele conta que o comércio também desacelerou, em parte porque a inflação reduziu a renda.

Natasha Daher, do Itaú Unibanco, afirma que a despeito dos dados da indústria, a atividade ainda está acelerada e acha que a inflação de serviços prova isso. Ela está convencida de que a pressão não vem apenas da alta de commodities.

É neste cenário fluído, cheio de dados, de mudanças de ritmos, de ameaças e em início de governo que o Copom decide hoje a taxa de juros. Deve subir meio ponto, mas avisar que o ciclo não acabou. Para complicar uma situação que já é complexa, lá fora a economia mundial vive com medo do risco que a alta do preço do petróleo pode significar.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Servidor de SP cliente do BB poderá tomar consignado no caixa e na internet
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 02/03/11

Os servidores do Estado de São Paulo clientes do Banco do Brasil poderão tomar crédito consignado direto dos caixas eletrônicos ou pela internet 24 horas.
"Antes, esses clientes tinham de ir à agência, dependiam de consultar o contracheque, fazer análises. Ficou mais cômodo", afirma o vice-presidente da instituição, Paulo Caffarelli.
Os beneficiários são cerca de 1 milhão de funcionários da administração pública direta do Estado e da PM. Muitos são ex-servidores da Nossa Caixa, que foram absorvidos pelo BB, em 2009.
A tendência, segundo o banco, é levar essa metodologia a outros Estados, mas não há nada programado.
O consignado é um tipo de empréstimo que tem como garantia o próprio salário do trabalhador, o que reduz o risco de inadimplência e as taxas de juros cobradas.
Aposentados e servidores públicos representam 86% desses empréstimos, segundo dados do BC.
Ao fazer a operação, o cliente já pode colocar o dinheiro na conta, se não houver impedimentos para a concessão do crédito, afirma. As taxas de juros giram em torno de 1,77% ao mês, segundo o banco.

SEDE

As vendas de água e cerveja neste Carnaval devem ser superiores às de 2010, de acordo com a Nielsen.
"O calor mais intenso e a recuperação da economia brasileira são os principais motivos para o crescimento", afirma Felipe Carrela, gerente da companhia.
A diminuição no tamanho médio das embalagens de cerveja aumentará a quantidade de bebida comercializada, segundo Carrela.
"Já o mercado de água mineral terá evolução mais relevante em valores absolutos, devido ao tamanho cada vez maior das embalagens."

Destinos 
A Copa Airlines passa a operar em junho em Porto Alegre e Brasília, com quatro voos semanais em cada rota. Entre os novos destinos estão pontos na América Latina, no Caribe, nos Estados Unidos e no Canadá.

Comércio 
As consequências das barreiras tarifárias no mercado de trabalho do Brasil são discutidas hoje na FGV-SP pelo economista Rafael Carneiro, da Princeton University.

Expansão 1 
A loja on-line Meu Móvel de Madeira, da Celulose Irani, abrirá centro de distribuição em Recife. A empresa pretende dobrar o volume de compras no site para o Nordeste, atualmente em 12%.

Expansão 2 
A multinacional americana de recrutamento Robert Half abre escritório em Campinas neste mês. A companhia já possui escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

NO POPULAR

A CCDI, incorporadora do grupo Camargo Corrêa, decidiu ampliar o foco no segmento econômico.
O primeiro empreendimento da marca Soul, linha de imóveis residenciais cuja padronização reduz o custo, teve todas as unidades vendidas em 48 horas.
Foram negociados 180 apartamentos, cuja metragem varia entre 49 m2 e 66 m2, na unidade no Jardim Sul, na capital.
Em média, cada unidade foi negociada a R$ 220 mil, segundo Francisco Sciarotta, diretor-superintendente.
A incorporadora também estuda projetos de prédios de escritórios, com salas a partir de 40 metros.
"Temos mais seis projetos nesse segmento residencial popular", diz Sciarotta. "Dois deles já estão com projetos encaminhados para aprovação e quatro deles já têm os terrenos definidos, embora ainda não possa divulgá-los", afirma.

ACESO


A EDP Bandeirante, distribuidora de energia elétrica do grupo no Brasil, trocou 59 pontos de iluminação pública no Estado de São Paulo para tecnologia LED.
Esse tipo de luz é mais econômico e as lâmpadas têm vida útil de 50 mil horas ou até dez anos de duração, de acordo com a companhia.
A tecnologia, oferecida à EDP Bandeirante pela GE Iluminação, também é mais vantajosa do ponto de vista ambiental.
Guarulhos, São José dos Campos e Mogi das Cruzes são as cidades nas quais as trocas de lâmpadas foram realizadas.
Com a mudança, elas terão menos custos com a manutenção dos pontos de luz.

Brasil... 
A Grant Thornton Brasil foi autorizada pela Grant Thornton International, multinacional de auditoria e consultoria, para atuar como IBC (International Business Center), uma unidade de negócios que ficará focada no atendimento das necessidades de clientes que queiram se instalar no Brasil.

...sob consulta
 
Existem atualmente 34 unidades do tipo IBC em 24 países na organização da empresa. Outros países da América que possuem empresas participantes da Grant Thornton Internacional indicadas como IBC são Canadá, Estados Unidos, México, Argentina e Porto Rico.

GÁS GLOBAL
Luiz Mendonça, ex-presidente da Quattor, assume a vice-presidência internacional da Braskem e pretende fomentar a internacionalização da companhia.
De mudança para a Filadélfia, Mendonça cuidará da operação em solo americano, onde a empresa comprou em 2010 a Sunoco Chemical, cujas fábricas estão em Virgínia Ocidental, Pensilvânia e Texas.
"Estamos estudando possibilidades relacionadas ao gás descoberto recentemente nos EUA, em várias regiões do país", diz.
"Continuamos investindo na internacionalização. Acompanhamos o crescimento do Brasil, mas o jogo é internacional, para termos alcance nessa indústria", acrescenta.
"Estamos interessados também em projetos no México, onde já temos um plano em andamento, e na América do Sul."
Além disso, o executivo vai liderar a estratégia dos negócios com base em matéria-prima renovável.
Manoel Carnaúba, vice-presidente de insumos básicos, e Rui Chammas, de polímeros, acumularão as mesmas áreas da Quattor, que foi incorporada à Braskem em janeiro de 2010.

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION e ANDRÉA MACIEL