quinta-feira, fevereiro 24, 2011

CLÓVIS ROSSI

O louco, o sangue e o petróleo
CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SÃO PAULO - 24/02/11

A islamofobia que assola o planeta, especialmente Estados Unidos e Europa, faz com que tudo e todos que estejam relacionados ao islamismo sejam vistos como loucos de turbante a ponto de detonar uma bomba.

Pois saiu exatamente de uma liderança islâmica a mais sábia avaliação sobre a realidade na Líbia.

Youssef al-Qaradhawi, presidente da União Internacional dos Sábios Muçulmanos, disse o seguinte, em entrevista à Al Jazeera: "A verdade é que eu não tenho nada a dizer a Gaddafi, porque nós devemos nos dirigir apenas às pessoas razoáveis. As pessoas não razoáveis não devem ser abordadas. Ora, ele não é razoável. Faz tempo que ele é louco".

Simples, curto e grosso. Torna inócuos os apelos de lideranças ocidentais para que cesse o banho de sangue na Líbia. O Ocidente sabe, há muito tempo, que Gaddafi é louco. Prova-o o fato de ter dado respaldo ao atentado contra um avião da PanAm sobre Lockerbie na Escócia (270 mortos).

Adianta fazer apelos a um louco? É louvável o francês Nicolas Sarkozy pedir a imposição de sanções à Líbia e a suspensão de todos os laços econômicos com o reino de Gaddafi. Mas é tarde. Até que sanções façam efeito -se fizerem- o banho de sangue terá sido ainda mais impressionante.

O fato é que o mundo ainda não desenvolveu mecanismos de brecar barbáries. Ações unilaterais (Estados Unidos no Iraque) não puseram fim à violência. Ações das Nações Unidas não impediram massacres nem em Ruanda nem em Srebrenica, na Bósnia.

Talvez porque as forças de pacificação chegam tarde quando muito sangue já correu e muito ódio já se acumulou.

Quem sabe agora que o petróleo passou dos US$ 110 o barril, o Ocidente resolva lidar com um déspota louco com a força, única linguagem que eles entendem.

MÍRIAM LEITÃO

No rastro da crise
MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 24/02/11

A economia americana começou recentemente a entrar no terreno positivo, com sinais de crescimento. A Europa ensaia uma saída da crise que a sacudiu nos últimos meses. Justo agora, um fator perturbador de grandes proporções apareceu no painel de controle: o preço do petróleo. Ele pode elevar a inflação, afetar taxas de juros, abortar recuperações.

A Agência Internacional de Energia (AIE) alertou ontem exatamente para esse risco em cadeia. Os eventos separados têm efeito local, mas juntos eles aumentam o nível de incerteza sobre o suprimento de petróleo. Se o Egito é importante para a logística do produto, por causa do Canal de Suez, a Líbia é o terceiro maior produtor da África e tem a maior reserva do continente. Há outros produtores que podem entrar em ebulição.

O economista-chefe da AIE, Fatih Birol, disse que a recuperação da economia global está ainda muito frágil e que a alta do petróleo pode deteriorar a balança comercial de vários países, elevar a inflação, já pressionada por outras commodities, obrigando os bancos centrais a elevarem as taxas de juros, o que ameaçaria a recuperação.

Pode-se dizer que o risco não é tão alto dado que a Líbia produz apenas 1,6 milhão de barris por dia, ou 2% da produção mundial, mas os estoques podem não ser suficientes para cobrir o suprimento. A ENI, gigante italiana, anunciou ontem que suspendeu parcialmente sua produção de 150 mil barris/dia na Líbia. Fontes ouvidas pelo "Financial Times" calculam que metade da produção do país pode ter sido suspensa.

Mesmo que a Opep consiga elevar a produção para cobrir a falta de um fornecedor no mercado, o que está se espalhando é a incerteza. E nesse ambiente a especulação opera. "Os especuladores podem jogar uma parte do jogo, mas o mais importante é o risco de suprimento. Eles podem detonar uma elevação de preços, mas vão atuar em campo fértil, onde há problema real entre oferta e demanda", disse o economista da AIE, acrescentando que "a estabilidade da economia global está sob ameaça com os preços do petróleo entrando numa área de perigo."

Países da região produtora de petróleo mais importante do mundo estão enfrentando seus dilemas internos. Isso é tão desejável, quanto inevitável. Cada país tem uma situação específica, mas vários deles têm encontros com a verdade: uma população jovem, conectada em redes, querendo emprego, modernização, participação nas decisões do país. Para a economia, no entanto, isso significa incerteza, que representa risco. Neste ambiente, os preços sobem e as decisões de investimento são adiadas. Nada disso faz bem a países que davam os primeiros passos para a recuperação.

A região mais atingida pelo risco Líbia é a Europa. Não apenas porque compra 79% do óleo do país africano, mas porque a Líbia tem muitos investimentos na Itália, como um pedaço da Fiat, por exemplo. O fundo do próprio Muamar Kadafi comprou participações em empresas e empreendimentos italianos. Enquanto os rebeldes chegam cada vez mais perto de Trípoli, outros países começam a fazer concessões. O Bahrein anunciou libertação de presos políticos e o governo da Arábia Saudita anunciou aumento de benefícios sociais para a população.

Os economistas estão dizendo que a escalada de revoltas no norte da África e Oriente Médio cria um novo tipo de risco de contágio soberano. O Bank of America Merrill Lynch calculou que os eventos recentes na Líbia elevaram mais o preço do barril do que a queda do ditador egípcio, Hosni Mubarak. Enquanto o petróleo WTI disparou 8,5% nos dois primeiros dias desta semana, na queda de Mubarak o ajuste foi bem menor, de 4,5%. Ontem, o petróleo americano furou a barreira dos US$100. O Brent foi a US$111. O economista Helder Queiroz, da UFRJ, calcula que os preços podem voltar à cotação de antes da crise de 2008: US$145.

A economista Monica de Bolle, da Galanto consultoria, diz que a Líbia é um país com potencial sistêmico, ou seja, capaz de desencadear efeitos de contágio na economia mundial:

- A Líbia pode se transformar num problema sistêmico, ou seja, com potencial desorganizador da economia internacional porque possui muita reserva de petróleo. Por ser um país tribal, as soluções não são simples.

O mundo começa a se lembrar, uma vez mais, que é excessivamente dependente de um produto que vai se esgotar e que tem grandes reservas numa área conflagrada. David Zylberstajn acha que outras fontes de energia, renováveis, não fósseis, podem se beneficiar de mais uma onda de temor dos países consumidores. Uma das promessas do presidente Barack Obama foi de conduzir a recuperação da economia diminuindo a dependência da energia fóssil. Mas a matriz energética americana não permite maiores esperanças.

Em 2009, o crescimento do consumo de energia a partir de fontes renováveis foi de 8% nos Estados Unidos. O problema é que a base de comparação é muito baixa. Enquanto o petróleo representa 35% da matriz; o gás natural, 25%; e o carvão, 21%; as fontes renováveis são apenas 8%, segundo dados da Energy Information Administration, a agência americana de estatísticas de energia. Em relação ao consumo de energia elétrica, a projeção é saltar de 10% para 17% de fontes renováveis somente em 2035.

A dificuldade, segundo a agência americana, são os custos. Instalar e operar as plantas de geração renovável é mais caro que as de tecnologia convencional. Além disso, as áreas no país propícias para a energia eólica, por exemplo, ficam longe dos grandes centros, encarecendo custos na transmissão da energia.

Esse é o argumento que tem mantido a inércia do combustível fóssil, que aumenta o risco da mudança climática, e produz momentos de incerteza como os que se vive hoje.

VINICIUS TORRES FREIRE

Petróleo em revolta e o Brasil 
VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SÃO PAULO - 24/02/11

Choque menor de preços pode ser "amaciado" pela Petrobras; "estagflação", por ora, é um risco distante


DEPOIS DO zum-zum-zum por enquanto algo histérico sobre o risco de nova crise econômica global, devido ao aumento dos preços do petróleo, começou uma conversa ainda mais ansiosa a respeito do efeito das revoltas árabes sobre o Brasil.
Por ora, o preço do petróleo sobe por precaução especulativa, digamos. A guerra civil na Líbia está feiíssima, mas o temor é de o caldo entornar na península Arábica, nos Emirados e na Arábia Saudita. O entupimento dos canos da Líbia não enfartaria o mercado mundial. Em paz, os emires e os sauditas precisam apenas abrir algumas torneiras extras em seus campos gigantes a fim de compensar o forfait líbio.
No caso de não haver choque maior nas economias maiores, Estados Unidos e China, no Brasil há um amortecedor parcial para a alta do preço do petróleo. Para o bem ou para o mal, a Petrobras funciona como um monopólio regulador. Não repassa imediatamente nem altas nem baixas de preço. Esteja o barril a US$ 35 ou a US$ 135, muito consumidor não sente a variação, em particular o consumidor de varejo, de gasolina, por exemplo. Nos Estados Unidos, a variação de preço é sentida na veia e rápido, nas bombas da gasolina que os americanos bebem como doidos.
Mas não só combustíveis de varejo são feitos de petróleo & gás. Químicos vários, plásticos e fertilizantes dependem de produtos de refinaria. Muitos dos insumos desses produtos são importados -trata-se de um dos maiores buracos na balança comercial do Brasil. Os preços subiriam, se espraiando por toda a indústria e pela agricultura. A variação de outras commodities já colabora com a inflação "puramente" doméstica. A petroquímica inflacionada pioraria a situação. Além do mais, petróleo mais caro também pressiona o preço da comida por outros meios, devido aos biocombustíveis americanos, feitos de milho.
Quão provável é hoje o contágio?
Seria necessário um tumulto duradouro e radical, que mantivesse o barril a mais de uns US$ 120 por meses. Ou que houvesse a expectativa de que o preço ficasse por aí ou acima disso durante meses, ano até, no caso do preço do barril do tipo Brent -então seria provável mais especulação financeira e formação de estoques de segurança, o que levantaria ainda mais os preços.
O clima está, sim, tenso. O Brent foi a US$ 105 na segunda-feira e a US$ 111 ontem. Mas os entendidos desse mercado ainda não vislumbram a perspectiva de "choque do petróleo". O pessoal do "mercado" da finança, "analistas", é que está mais perturbado. Não há sinal de pânico no mercado financeiro ele mesmo, porém.
Num cenário de alta contínua de preços, consumo pessoal e lucros cairiam nos EUA (haveria menos dinheiro para gastar em outras mercadorias; custos de produção subiriam). Alguma mordida no crescimento haveria, como houve em 2007/8, antes da crise financeira.
De julho de 2007 a julho de 2008, o preço do barril aumentou uns 70%, para US$ 135, levando talvez um ponto percentual de crescimento, segundo a conta de alguns bancos e economistas. Talvez houvesse mais inflação na China, embora os chineses ditatoriais estatistas tenham meios de sufocar o efeito de uma alta temporária de preços.
Mas isso tudo é apenas especulação, ainda.

ANCELMO GÓIS

Poxa, Grazi
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 24/02/11

A 16a- DP, na Barra, no Rio, vai intimar a querida Grazi Massafera. É que, em outubro passado, a atriz se envolveu num acidente de trânsito porque teria avançado um sinal vermelho na Barra. A vítima, José Manuel, de 70 anos, que estava no outro carro, teve fratura no pescoço. 

Só que... 
O registro foi feito como se outra pessoa estivesse no volante do automóvel de Grazi, um rapaz chamado Jaivaldo. A delegacia, depois de investigar e de ouvir testemunhas, está convencida de que, na direção, estava a atriz, que não tinha carteira de habilitação. 

Cadê meu Guido?

Dilma não gosta de tratar de assuntos econômicos em suas audiências sem a presença do ministro Guido Mantega. 

Fora da agenda 

Os nomes dos empresários que vêm sendo recebidos extra- agenda por Dilma são muito mais nobres do que pode supor nossa vã filosofia. A agenda oficial é ficção. 

Mito do bom ditador
O sociólogo Sérgio Abranches resolveu ler a tese de doutorado em filosofia na London School of Economics desse Saif Al-Islam Alqadhafi, o filho de Kadafi que ordenou o bombardeio de manifestantes civis nas ruas de Trípoli. Na tese, “O papel da sociedade
civil na democratização das instituições de governança global”, o sanguinário se declara um democrata. Imagina
se não fosse.

Gol de Romário

O deputado Romário vai comandar no Dia Internacional da Síndrome de Down, 21 de março, no Salão Nereu Ramos, do Congresso, um grande ato para chamar a atenção para o tema. O Baixinho tem uma filha portadora da síndrome.

Momo sarado

O prefeito de Recife, o petista João da Costa, em campanha contra a obesidade, resolveu fazer um concurso de Rei Momo com a turma sarada. Os candidatos gordinhos, coitados, vão promover, em protesto, um concurso por conta própria, terça que vem.

Gente sabida

O pessoal da Lan Chile, que desembarcou na TAM, sabe fazer dinheiro. Está cobrando R$ 20 a mais de quem senta na fileira mais espaçosa da saída de emergência.

Auxílio-paletó

A OAB vai ajuizar, nos próximos dias, ação para impedir o pagamento de uma gratificação de R$ 20 mil aos deputados estaduais de Pernambuco. O abono, aprovado pela Assembleia, foi apelidado de “auxílio-paletó”. 

Obama in Rio

Uma missão precursora da visita de Obama ao Rio, dia 20 de março, já visitou as comunidades da Cidade de Deus, do Dona Marta e do Chapéu Mangueira. Uma das vantagens anotadas na visita ao Dona Marta é que há na favela, feita para receber Lula, em 2010, uma espécie de... porta secreta, que vai dar numa escola profissionalizante do estado. 

Orfeu negro

A escolha da favela deve obedecer razões de segurança. Mas a inclusão do Chapéu Mangueira, sugerida por Sérgio Cabral, teve razões sentimentais. É que ali foi rodado “Orfeu negro”, do francês Marcel Camus, em 1959. O filme, diz Obama em sua autobiografia, mudou, na época, a visão de sua mãe sobre os negros (ela acabaria se casando com um). 

Negócios da areia

Barraqueiros da Praia da Barra, no Rio, agora aceitam pagamento de contas acima de R$ 100 em duas vezes no cartão. 

Quatro mil folhas 
A Central de Assessoramento Criminal do TJ do Rio recebe hoje do juiz Guilherme Schilling os quatro processos criados após a Operação Guilhotina, da PF. A papelada, de quase 4 mil folhas, relata a investigação contra a banda podre da polícia.

Mãos ao alto

Terça à noite, na 14a- DP, no Leblon, no Rio, três pessoas aguardavam a vez para dar queixa de roubos no bairro quando um inspetor bradou, acredite: — Roubaram minha caneta Bic! Não se pode dar mole nem na delegacia! 

ZONA FRANCA

● Furnas realiza domingo, no Jardim Gramacho, a Aldeia da Cidadania.
 Saturnino Braga recebe sábado, no Quilombo da Sacopã, o título de Benemérito do Bloco Devassos da Cardeal.
 A revista “Rio, Samba e Carnaval” organiza entrevista coletiva hoje na Sapucaí para apresentar seu camarote.
 O selo COB Cultural lança hoje, às 19h, no Country Club, a biografia de João Havelange.
 Domingo, o bloco Vagalume lança seus sambas no Clandestino Bar.
 Hoje, Isa Colli lança “Um amor, um verão e o milagre da vida”, na Saraiva.
 A grife Anna Lima Acessórios faz lançamento com coquetel hoje.
 O Fluminense assinou com a FSB. Em março, a agência de comunicação, administrará a imagem e as relações públicas do clube. A conta está sob a batuta de Dirceu Viana.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Discussão e só
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 24/02/11

Passada a votação do mínimo, Dilma Rousseff deverá fazer uma série de acenos, entre eles receber as centrais sindicais, cujas demandas são conhecidas: os sindicalistas, entre outros temas, cobrarão a abertura de discussão sobre a ampliação de benefícios aos aposentados, além de opções ao fator previdenciário.
Quem priva da rotina da presidente, contudo, sabe que ela não demonstra disposição de promover mudanças imediatas. Ontem, ao receber o senador Paulo Paim (PT-RS), que lhe cobrou a mesma pauta, a petista deu o sinal: "O termo é exatamente esse, senador: abrir discussão! Com isso, eu me comprometo".

Foto oficial 

Em novo gesto simbólico pós-votação do mínimo, Dilma também deve receber nos próximos dias os líderes dos partidos que integram a base aliada. Será o primeiro encontro do gênero desde sua posse.

Anote aí
 
De Roberto Requião (PMDB-PR), sobre a dissidência na votação do mínimo no Senado: "Me retaliar é impossível. Minha única indicação neste governo é a da própria Dilma".

Dentro 
Engana-se quem espera que, com o mínimo resolvido, o segundo escalão sairá num estalar de dedos. No Planalto, ouve-se que Dilma resolverá o quadro a conta-gotas e só fará anúncios quando estiver totalmente convencida de cada caso.

Fora
 
O governo também nega que estejam confirmadas nomeações dadas pelos partidos como certas. É o caso de Geddel Vieira Lima na vice-presidência de Crédito de Pessoa Jurídica da Caixa.

Trilha sonora 
Quem ligou para o Itamaraty na terça-feira, quando passaram por lá tanto a ministra de Negócios Estrangeiros da França, Michèle Alliot-Marie, defendendo os Rafale, quanto o senador americano Max Baucus, do lobby em favor do Boeing, ouviu ao telefone, como música de fundo, "Under Pressure", do Queen.

Reflexões 1 
Do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), rejeitando a crítica de que a proposta do "distritão" favoreceria apenas os candidatos a deputado que dispõem de mais recursos para as campanhas: "No sistema atual, proporcional aberto, o endinheirado pode se eleger, e os seus votos podem eleger candidatos sem voto".

Reflexões 2 
Continua o senador: "No "distritão", o endinheirado também pode se eleger, mas os seus votos não podem ser usados para eleger candidatos sem voto. Por fim, no voto em lista fechada, o endinheirado pode se eleger comprando um bom lugar na lista".

Sucessão 
Andréia Quércia, filha de Orestes Quércia, deve assumir o comando da Coordenadoria Especial de Programas para a Juventude do governo paulista no lugar de Mariana Montoro Jens, neta de Franco Montoro.

Pop 
Garoto-propaganda informal do governo de Geraldo Alckmin, o ex-jogador Ronaldo vai retirar nova carteira de identidade e providenciar o primeiro documento para dois filhos amanhã na agência do Poupatempo de Santo Amaro. Integrante do comitê da Copa, marcou atendimento para as 15h.

Voltagem 
Em meio aos apagões em série em São Paulo, o secretário José Aníbal (Energia) reuniu-se ontem com colegas de 17 Estados. Recebeu a incumbência de criar um canal direto com a Aneel e o Ministério das Minas e Energia. Entre os pleitos dos governos estaduais está o aval da União para concessões de centrais hidrelétricas de alcance regional.

com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio

"O Brasil viu quem votou por um salário mínimo justo. E que a sigla PT significa tudo, menos Partido dos Trabalhadores."
DO SENADOR FLEXA RIBEIRO (PSDB-PA), sobre a derrota das emendas apresentadas pela oposição na tentativa de fixar um valor superior aos R$ 545 propostos pelo governo.

contraponto

Pai da matéria


Anteontem à noite, véspera da votação do salário mínimo no Senado, uma jornalista encontrou o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que se dirigia ao gabinete do senador Romero Jucá (PMDB-RR).
-E aí, vão discutir os cargos do PMDB?- perguntou a repórter, referindo-se ao segundo escalão.
Alves, que, como líder da bancada na Câmara, entregou cem por cento dos votos peemedebistas em favor dos R$ 545 desejados pelo governo, brincou:
- Não, vou ensinar ao Jucá como é que se faz para garantir a unanimidade!

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

Assalto "por dentro"

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O Globo - 24/02/2011

Você utiliza serviços de telecomunicações no Rio, no valor de R$100,00, sobre os quais incidem impostos (ICMS, estadual, PIS e Cofins, federais) de 33,65%. Logo, sua conta mensal será de R$133,65, certo?

Errado.

Aqui não valem nem a matemática tradicional nem o bom senso. Aquela conta, na verdade, será de R$150,71. O truque é o seguinte: calcula-se o imposto sobre o preço total do serviço incluindo previamente o imposto. Parece absurdo, e é. Você paga imposto sobre o imposto. Mas é assim que se faz há muito tempo, especialmente com o ICMS.

A questão era a de sempre. Como aumentar a arrecadação para cobrir os gastos crescentes? Detalhe: a alíquota do ICMS é fixada em lei e no Confaz, conselho que reúne os secretários estaduais de Fazenda. É difícil mudá-la. Foi aí que um talento das contas públicas inventou o "cálculo por dentro".

Isso mesmo, uma fórmula matemática que faz o milagre: acrescenta ao preço "líquido" do produto (ou serviço) o valor do imposto e recalcula o imposto sobre o preço total. O passo seguinte foi conseguir interpretações dos tribunais dizendo que esse cálculo é legal.

Não passa no teste da boa lógica ou do simples bom senso. O imposto incide sobre o valor da mercadoria - e ponto final. Está na cara que colocar o imposto no preço e recalcular é um truque para cobrar duas vezes. O resultado é que se cobra uma alíquota acima do estipulado na lei.

Eis um exemplo, apanhado numa conta de telefone celular de S.Paulo, onde o ICMS é de 25% - e já pedindo desculpas ao leitor pelo excesso de números. Na nota fiscal está escrito que o valor do ICMS é de R$98,22 - que são 25% sobre uma base de cálculo, ali referida, de R$392,88, valor total a ser pago pelo usuário.

Ora, retirando-se desse total o valor do imposto, dá o preço líquido do serviço, certo? Temos então: preço líquido do serviço, R$294,66; valor do imposto, R$98,22. Portanto, o imposto efetivamente cobrado representa 33,33% - uma alíquota ilegal.

Como é que isso passa nos parlamentos e nos tribunais? Porque estão todos - deputados, senadores, juízes e mais o Executivo - sempre em busca de dinheiro dos contribuintes para gastar mais.

E por que essas alíquotas turbinadas se aplicam preferencialmente sobre telecomunicações? Porque é dinheiro certo. É fácil arrecadar. O governo não faz nada.

A concessionária, uma operadora, calcula a conta, o imposto, cobra, recebe, separa a parte do governo e manda uma TED para a Receita. São meia dúzia de operadoras, de modo que é fácil fiscalizar.

A mesma situação ocorre na distribuição de energia elétrica. Imposto alto e turbinado.

Resultado: custo Brasil elevado em setores cruciais para a produtividade da atividade econômica, sem contar o peso no orçamento das famílias. Há uma reclamação constante - inclusive feita por gente do governo - que telefones, internet e banda larga no Brasil são muito caros. Verdade. Mas é preciso acrescentar: os impostos estão entre os mais altos do mundo. Não por acaso, telecomunicações representam nada menos que 12% da arrecadação de ICMS. Incluindo energia elétrica e combustíveis, vai a 50%. Ou seja, os governos estaduais vivem de impostos que encarecem a atividade econômica e o custo de vida.

O SindiTelebrasil, entidade que representa as operadoras privadas, observa que os impostos sobre telecomunicações são maiores do que aqueles cobrados sobre cigarros, bebidas e cosméticos. Considerando-se o ICMS e as contribuições federais, PIS e Cofins, a tributação efetiva ("por dentro") paga pelo usuário de telecomunicações varia de 40 a 50%. Em Rondônia chega a 63%, mas é caso único.

O governo Dilma, nisto seguindo o governo Lula, avança com os planos de implantar a banda larga estatal, para atingir as populações mais pobres. Estas seriam excluídas pelas operadoras privadas porque não poderiam pagar tarifas que dessem lucro.

Ora, não precisa de estatal. Basta reduzir os impostos. Aliás, não há como oferecer tarifas acessíveis sem essa redução. Se a estatal da banda larga não precisar recolher impostos, então será um subsídio e uma concorrência desleal.

De todo modo, é para todo o país que a carga tributária é um peso descomunal, por qualquer ângulo que se observe. E é difícil acreditar quando a presidente e membros do governo falam em reduzir impostos, ao mesmo tempo que se comprometem com gastos maiores.

O passo mais importante, inicial, seria estabelecer um programa de longo prazo de redução do tamanho do setor público. Estabelecer, por exemplo, a regra de que o gasto público crescerá sempre abaixo do ritmo de expansão da economia. Aí, sim, se poderia falar da necessária redução de impostos.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Uncle Sam
SONIA RACY
O ESTADO DE SÃO PAULO - 24/02/11

Harry Walker, uma das maiores agências de palestras do mundo, quer Lula no casting. Se a negociação vingar, o ex-presidente dividirá os holofotes com personagens globais: Bill Clinton, Bono Vox, Lance Armstrong e Kofi Annan.

Inflação
O braço brasileiro da agência Dentsu no Brasil está promovendo inflação de preços no mercado publicitário. Para que Wagner Moura estrele comercial da Toyota, ofereceu quase R$ 1 milhão ao ator. E só um pouco menos para Selton Mello, convidado a fazer dupla com Capitão Nascimento.

A Dentsu entrou no Brasil em 2004. E é, há 20 anos consecutivos, a maior agência de publicidade do mundo.

Triste fim

A Defensoria Pública entrou com ação indenizatória por danos materiais e morais contra a Prefeitura. Em 2007, barraco de moradora do Jardim Peri foi interditado. Como a mulher não recebeu auxílio-moradia ou local alternativo para viver, não desocupou a casa. Dois anos depois, uma árvore caiu sobre o barraco e a matou.

Caveiras light
Os uniformes pretos do Bope devem sair de cena nas operações diurnas do Rio. A ideia é usar cores claras e modelos parecidos aos que vestem as tropas da ONU no Iraque.

Faxina

De olho na Lei de Responsabilidade Fiscal, Kassab pretende fazer uma limpa nos cargos de confiança da Secretaria da Saúde. Só ficam os concursados. Consultada, a secretaria afirma desconhecer a intenção do prefeito.

Nuvens no céu
Está estranho, o mercado de ações. No mesmo dia em que o Itaú anunciou lucro histórico, suas ações caíram 2,2%.

Pênalti
Mesmo longe da briga do Clube dos 13 pelos direitos do Brasileirão, o Cade pode melar a negociação. O órgão entrará em ação caso a concorrência não dê direitos iguais aos participantes.

Cuidado

O Minc aprovou captação, via Lei Rouanet, de R$ 500 mil para restaurar o longa Copacabana Mon Amour, de Rogério Sganzerla. A obra é considerada patrimônio do cinema nacional.

Link Brasil
Os filhos de Muammar Kadafi têm amigos brasileiros. Saif Kadafi, por exemplo, foi centro de jantar na casa de Ana Paula Junqueira no ano passado. O filho porta-voz do ditador veio ao Brasil para abrir sua exposição no Museu Afro Brasileiro. É, ele pinta. Já Al-Saadi Kadafi, jogador de futebol, foi recebido nove anos atrás por Mario Garnero. Ontem, o empresário brasileiro se encontrava em Paris sem qualquer notícia da família. Ninguém pensa em oferecer asilo para as crianças?

Importado

Confusão instalada no Oriente Médio e A. J. Bawardi, xeque em Abu Dhabi, está no Brasil. Ganha jantar hoje de Cristiana Arcangeli e Álvaro Garnero.

Cartório
Pai egípcio batizou sua filha com o nome de... Facebook. Homenagem ao papel que a rede social teve na recente queda do ex-ditador Mubarak.

Ladrão mágico
Nem Cyndi Lauper escapou da malandragem. Depois de cantar de mãos dadas com os fãs no palco do Via Funchal, anteontem, percebeu que um de seus anéis havia sido... roubado. Não se abalou. E avisou, bem humorada, que só não poderia perder a aliança de casamento.

Yes, she can

A cantora americana fez um único pedido à produção: comer feijoada com todas as carnes gordurosas de direito.

E quando questionada sobre o que levaria do Brasil, foi rápida: "Lan Lan. Ela tocará comigo para sempre". A ex-percussionista de Cássia Eller fez um duo com Lauper na canção True Colors.

Na frente

Murilo Portugal toma posse dia 17 de março na Febraban. No Hotel Unique.

Engarrafamento político na Tratoria da Rosário, terça-feira à noite. Estavam lá Eduardo Campos, Ana Arraes, Gilmar Mendes, Marta Suplicy, Márcio Toledo, José Múcio, Alfredo Cotait, dentre outros. Em mesas separadas.

A Casa 8 comanda leilão de arte e antiguidades. Hoje e sábado. Nos Jardins.

O Santander pilota, a partir de segunda, na Califórnia, o Ted Active, evento simultâneo ao TED 2011. Tema? Fortalecer a cadeia de negócios sustentáveis no Brasil.

André Abujamra, diretor musical do baile da Vogue, montou uma big band, batizou de Orquestra Vogue e chamou Thalma de Freitas e o bloco Acadêmicos do Baixa Augusta para animar a festa. Amanhã, no Unique.

Para entender as bases dos protestos que derrubaram ditaduras na Tunísia e no Egito, a Casa do Saber preparou aula, amanhã, com Jaime Spitzcovsky.

Nizan Guanaes apresentará a jovens lideranças políticas de São Paulo informações sobre missões da Unesco no Brasil. Durante jantar hoje na casa de Sérgio Waib.

EUGÊNIO BUCCI

Meu corpo, meu oponente
EUGÊNIO BUCCI
O Estado de S.Paulo - 24/02/11

Uma declaração aparentemente frugal do futebolista Ronaldo Luís Nazário de Lima, que anunciou sua aposentadoria este mês, diz mais sobre as crenças do nosso tempo do que uma biblioteca inteira de antropologia americana. Normalmente, os pronunciamentos dos praticantes profissionais de futebol não revelam coisa alguma; reduzem-se à fórmula "nossa equipe está bem, graças a Deus, tática, física, técnica e psicologicamente, vamos respeitar o adversário e, se Deus quiser, o empate já está bom". Com pequenas e raras exceções, aí dentro cabem todas as palavras de todos os craques brasileiros de todos os tempos. Mas, na entrevista coletiva que concedeu no dia 14 de fevereiro, Ronaldo nos trouxe uma exceção. "Perdi para o meu corpo", ele disse. Não vai mais jogar bola. A frase merece atenção.

A trajetória esportiva desse atleta de talento perturbador, chamado de "Fenômeno", é a história de superações físicas inacreditáveis. Ele sofreu fraturas e lesões gravíssimas e, contrariando previsões abalizadas, voltou a brilhar nos estádios, para alegria dos torcedores e até mesmo de espectadores exóticos, que não compreendem a aura dessa modalidade desportiva baseada em chutes e cabeçadas. Uma cena ficou na lembrança de todo mundo: a expressão de dor lancinante de Ronaldo, sentado à frente da grande área, com as mãos sobre o joelho, talvez tenha sido uma das imagens mais marcantes na memória recente dos apreciadores do futebol e também dos curiosos ocasionais. Foi um momento de silêncio sólido, espontâneo, de imensa apreensão. O craque, como que abatido em pleno voo, parecia condenado. Nos meses seguintes, no entanto, ele deu a volta por cima, como se diz - ou, para lembrarmos sua frase mais recente, venceu seus ossos e seus músculos lesionados.

Antes, nos duelos entre Ronaldo e o corpo de Ronaldo, o primeiro alcançava a vitória. Claro que respeitava o adversário - a saber, seu próprio corpo -, mas dava conta de derrotá-lo. Agora, no entanto, quem sofre a derrota é ele, Ronaldo. O que isso quer dizer, exatamente?

Podemos começar pelos chavões: querer é poder, por exemplo. Eis um bom chavão. "Yes, we can", dizia a campanha de Obama. "Keep walking", reza o rótulo do uísque. A ideia de "vencer" os limites corporais é uma crença endêmica da nossa era. Os melodramas de superação fazem sucesso na televisão e no cinema, assim como na publicidade. Há poucos anos, uma marca de cigarro tinha um slogan bem sugestivo: "No limits." Ou seja: fume, não aceite restrições, entregue-se ao que você entende como desejo, aspire seu prazer, derrube os obstáculos morais e físicos.

Neste plano, notoriamente superficial e acachapante, o discurso publicitário se assemelha às falas dos zagueiros no intervalo do jogo: a gente vai vencer e ser feliz pra chuchu com a taça na mão. Para ser feliz, portanto, é preciso competir, vencer e pôr a mão na coisa. Competir para ser feliz é bater-se contra o adversário e contra os limites do próprio corpo. Ser feliz, enfim, segundo esse sistema de crenças, é fazer com que o desejo triunfe sobre a matéria corporal e sobre todos os outros humanos que são contra o que desejamos. Tanto é assim que esses lugares comuns, que dão base para as novelas de TV e para campanhas de publicidade, orientam a biografia de seres humanos de carne e osso, em luta permanente contra sua carne e seus ossos.

Então é isso? Não, não é só isso. Há uma problema nessa lógica, um problema nada corriqueiro. Se sairmos do plano superficial e acachapante, veremos que o desejo - já que falamos dele - não é bem um sinônimo de força de vontade. É, aliás, o seu oposto. O desejo não brota da alma para disciplinar o corpo. Ao contrário, ele se enraíza nas pulsões do organismo, cujas secreções são todas físicas, materiais. O desejo nasce do corpo, compete contra o corpo e, se por acaso entra em rota de desgoverno, mata o corpo. Não fosse assim, ninguém morreria de vício. Daí, quando alguém diz que perdeu o combate para o próprio corpo, é difícil saber se perdeu por não ter sabido impor ao corpo a sua vontade - ou se perdeu por ter cedido em demasia aos desejos que brotaram do corpo (e aqui, nesse plano, é possível diferenciar vontade de desejo).

Podemos perder para o corpo quando ele não nos obedece mais - ou seja, não obedece à nossa vontade, àquela deliberação racional que adotamos e que queremos fazer valer com persistência e determinação. Mas também podemos perder para o corpo quando cedemos a todos os caprichos que ele nos impõe, quando a nossa razão, se é que ela existe, perde autonomia para a nossa carne (que não é fraca, de modo nenhum; é fortíssima).

Isso posto, onde é mesmo que está a derrota anunciada por Ronaldo? Estará ela no esmorecimento da disciplina ou no esmorecimento do corpo? Se estiver no esmorecimento da disciplina, sua derrota não terá sido para o joelho ou para a tireoide, mas para os prazeres que o corpo lhe cobrou, prazeres que minaram sua força de vontade. Se estiver no esmorecimento do corpo, sua derrota terá sido a fadiga do material: não dá mais e ponto. O mais provável - e o mais fascinante, neste caso - é que as duas vias de explicação estão certas.

Por uma via ou por outra, a civilização em que existimos tem este traço particular, o de fazer com que o sujeito olhe para o seu próprio corpo como se ele fosse um objeto externo, administrável. O executivo, olhando para o gráfico de colesterol de seus exames de sangue periódicos, crê que pode gerenciar seu corpo como administra o caixa de sua empresa. A mulher contrata o cirurgião para esculpir seu colo a golpes de bisturi. Viver é combater o corpo, inutilmente. No final, é ele quem vencerá, mesmo morto. Quando tudo acabar, o que carregarão de nós não será outra coisa senão o corpo vencedor.

JORNALISTA, É PROFESSOR DA ECA-USP E DA ESPM

ALBERTO TAMER

Petróleo: dá para absorver alta

ALBERTO TAMER

O Estado de S. Paulo - 24/02/2011

As tensões no mercado mundial de petróleo aumentaram ontem com a crise na Líbia e o anúncio das empresas de reduzirem a produção no pais. A cotação do Brent, usado como base de avaliação do mercado, chegou a US$ 111 no meio da tarde, recuando depois para US$ 105, num movimento puramente especulativo.

A questão não é bem saber quanto mas até "quando" os preços podem aumentar. Se forem meses de alta, haverá pressão sobre os preços dos combustíveis, o que vai reduzir o poder de compra de consumidores e pressionar a inflação. Isso pode ser mais grave nos EUA e na Europa, que não podem subsidiar os consumidores; menos na China, que tem reservas.

No Brasil, a Petrobrás não precisa repassar a alta dos preços em curto prazo. Tem flexibilidade para compensar com produção interna e vendas de petróleo e derivados produzidos no exterior, formando um mix que atenua os efeitos da alta dos preços internacionais.

O presidente da empresa, Sérgio Gabrielli afirmou na terça-feira que o aumento atual é especulativo, "sem fundamentos que justifiquem uma tendência permanente de alta". Haverá ainda intensa volatilidade nos próximos meses, mas ele não acredita que as crises na África e do Oriente Médio possam ter "impacto duradouro e significativo na produção mundial".

Até quanto e até quando. Mesmo assim, a pergunta persiste: até quanto e até quando os preços continuarão ultrapassando US$ 100? Podem chegar de novo aos US$ 145 de 2008? Mais ainda, quais as consequências sobre a recuperação econômica mundial?

O primeiro fato a considerar é que a alta não está sendo provocada pela falta de petróleo. A produção atual, basicamente concentrada nos países da Opep, é de 87 milhões de barris por dia, e a demanda, de 85 milhões. Há ainda as reservas nos países consumidores, de 1,6 bilhão de barris, ao contrário do que ocorreu em 2008. Além disso, os países da Opep, principalmente a Arábia Saudita, têm capacidade ociosa de 4 a 5 milhões de barris/dia, que podem colocar no mercado rapidamente. E o ministro do petróleo saudita já afirmou que seu país fará isso, se necessário.

Antes, a Opep admitiu que o preço sustentável para produtores e consumidores é de US$ 95. Isso não iria conter o crescimento do PIB mundial, estimado pelo FMI em 4,5% este ano, com base em um barril também de US$ 95.

Não vai dar. Os operadores que alimentam a especulação corriam ontem a afirmar que o petróleo saudita não será suficiente. É do tipo pesado e o da Líbia é leve. Pode faltar no mercado. É meia verdade. Há outras fontes e reservas de leve também. E mais: a Líbia é um produtor marginal, de apenas 1,6 milhão de barris por dia, como bem lembrou o presidente da Petrobrás. Ela não é decisiva na formação dos preços em curto prazo.

Diante do agravamento da crise, a produção caiu em torno de 350 mil barris/dia. Para as companhias, isso já está refletindo nos preços.

AIE decisiva. Os analistas mais independentes afirmavam ontem que, neste cenário a Agência Internacional de Energia pode ter papel decisivo. Ela foi criada para acompanhar a evolução do mercado, sob a ótica dos países consumidores para agir nessas situações. Esta semana, porém, o diretor-executivo da AIE, Nobuo Tanaka, se limitou a afirmar que o petróleo acima de US$ 100 ameaça a recuperação da economia mundial.

Os ministros da Opep, reunidos terça-feira reagiram bem. O representante da Arábia Saudita, Ali a-Naimi, afirmou em entrevista coletiva que "a Opep está pronta para suprir qualquer escassez de petróleo quando isso acontecer". "Há preocupação e medo, mas não há escassez."

Brasil.Essa firme declaração - ele falava em nome de todos os ministros - não foi suficiente para impedir a onda de especulação que dominou o mercado. Quanto ao Brasil, pode esperar até que a onda acabe, porque, como afirmou Gabrielli, pode segurar os preços da gasolina e do diesel. Mas, de novo, permanece a questão? Até quanto e até onde?

MERVAL PEREIRA

Roteiro amplo
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 24/02/11

A pauta de discussão da Comissão do Senado vai além da reforma do sistema eleitoral, tem a aspiração de ser um roteiro mais amplo para uma reforma política que tratará de temas tão complexos quanto importantes, como o voto facultativo, candidaturas avulsas ou reeleição e duração dos mandatos.

O problema maior, como de vezes anteriores, é que os deputados não consideram lógico que a maneira de eles serem eleitos seja decidida pelos senadores, e a Câmara vai fazer também sua comissão.

Se cada uma das duas comissões conseguir aprovar um projeto, será preciso compatibilizar as propostas para que se chegue a um documento comum.

De acordo com o roteiro oficial da Comissão do Senado, existem 11 pontos em que serão centradas as discussões, a começar pelo sistema eleitoral, que está dominando o debate até o momento.

Um dos pontos de maior apelo popular é a definição de suplente de Senador, devido ao verdadeiro escândalo que foi, na última legislatura, quase 1/3 do Senado ter sido ocupado por suplentes sem votos.

O suplente substitui o titular em caso de afastamento temporário para ocupar outro cargo ou de licença superior a 120 dias, e lhe sucede nos casos em que se afasta definitivamente.

Há propostas que estabelecem que o suplente substitui o titular, mas não lhe sucede, ou seja, só assumiria o cargo em caso de afastamento temporário do titular, não assumindo na ocorrência de afastamento definitivo. Nesse caso, haveria novas eleições, exceto faltando menos de 60 dias para a eleição regular, quando o suplente assumiria a cadeira até o fim do mandato.

Há também proposta que estabelece que o suplente de senador será o deputado federal mais votado do mesmo partido, e outra ainda que determina que o candidato a senador derrotado com maior votação será o suplente.

As cláusulas de desempenho, ou de barreira, para limitar a representação de partidos no Congresso, estavam previstas em lei e foram derrubadas pelo Supremo por questões técnicas, mas podem retornar.

Haveria uma exigência mínima de votos para que um partido pudesse atuar no Congresso. Os parlamentares eleitos por partidos que não conseguissem o mínimo exigido pela lei poderiam atuar de maneira independente ou aderir a outro partido.

Há também a proposta de criação da figura do candidato independente.

O acesso ao fundo partidário e à propaganda partidária gratuita no rádio e na televisão seria vedado aos partidos que não atingissem esse mínimo de votação.

Quanto à reeleição, há proposta que proíbe a reeleição dos chefes do Poder Executivo e modifica a duração dos mandatos, provavelmente para 5 anos.

Também há proposta que unifica todas as eleições para o Legislativo e para o Executivo, em todos os âmbitos da Federação, e outra que intercala eleições majoritárias com as proporcionais, em todos os níveis.

A proposta de voto facultativo dificilmente será aprovada pela comissão.

Uma das alterações mais significativas é a do financiamento exclusivamente público das campanhas eleitorais, que poderia ser restrito apenas para as eleições para o Executivo, mantendo-se o sistema atual, onde o financiamento privado é permitido, nas eleições para o Legislativo.

Com relação ao sistema eleitoral, o proporcional que adotamos, de lista aberta, no qual a ordem dos candidatos é definida pelo número de votos obtidos por cada um deles, está em vigor desde 1945, e o Brasil foi pioneiro nessa regra.

Um dos problemas desse sistema está nas coligações nas eleições proporcionais, que permitem que um eleitor vote em um candidato e ajude a eleger candidato de outro partido, muitas vezes de ideologia distinta, já que as coligações partidárias não obedecem a programas, e sim a interesses eleitorais imediatos.

Há proposta de proibi-las, e também a de permitir a "federação de partidos", onde dois ou mais partidos atuam como se fossem um só.

Há outras duas opções: o sistema de listas fechadas e bloqueadas, no qual a lista é definida em convenção partidária, e o eleitor pode apenas sufragá-la ou recusá-la; e o de listas flexíveis, no qual os partidos apresentam suas listas e aos eleitores é permitido, na hora de votar, alterar essa ordem.

No sistema majoritário, os candidatos mais votados são eleitos. Ele é mais popularmente conhecido como voto distrital e tem diversos tipos, sendo os mais utilizados: a) Voto majoritário uninominal, no qual o território é dividido em distritos, e os eleitores de cada um deles elegem um representante na Câmara dos Deputados; b) Voto majoritário plurinominal, onde as circunscrições são divididas em distritos que elegem, pelo voto majoritário, seus representantes.

É o caso do "distritão", que prevê a transformação dos estados em distritos, e a eleição de todos os seus representantes pelo voto majoritário.

O senador Francisco Dornelles, presidente da Comissão, é um defensor dessa modalidade, até mesmo como um primeiro passo para a adoção do voto distrital puro mais adiante, quando os políticos conseguirem chegar a um consenso sobre a maneira de definir os distritos.

Comparando o que existe hoje e o que existiria com o "distritão", ele diz que, assim como no sistema atual, proporcional aberto, o eleitor vota diretamente no candidato e indiretamente no partido, o mesmo acontecerá no "distritão", não existindo, portanto, o enfraquecimento do partido em relação ao que vigora hoje.

Com uma vantagem: no sistema atual, o político endinheirado pode se eleger, e os seus votos podem eleger candidatos "sem voto". Já no "distritão", o endinheirado pode também se eleger, mas os seus votos não são transferidos para os candidatos "sem voto".

No voto em lista fechada, ressalta Dornelles, o endinheirado também pode se eleger, conseguindo até mesmo um bom lugar na lista.

Há também políticos bons de voto que "carregam", com sua votação, candidatos menos votados de sua legenda, como Garotinho, no PR do Rio, e Enéas, no antigo Prona.

No "distritão", esses políticos continuarão se elegendo, mas sua votação não influenciará na composição da bancada.

O sistema distrital misto elege parte dos deputados pelo voto proporcional e parte pelo voto majoritário. Há a sugestão, tanto no Senado quanto na Câmara, de fazer um "distritão" misto.

CELSO MING

Cresce o rombo externo
CELSO MING
O ESTADO DE SÃO PAULO - 24/02/11
O déficit nas contas externas (déficit em Conta Corrente) vai se alargando e poucos analistas apostam em que vá parar nos US$ 64 bilhões, ou 35% acima do registrado ao final do ano passado, como está nas projeções do Banco Central. Por enquanto, esse rombo está sendo coberto com certa facilidade. Mas ele reflete distorções que precisam de correção para não criarem problema depois.

Saldo em Conta Corrente é o resumo de todas as operações com o exterior (com exceção dos fluxos de capital). É o total de receitas e pagamentos no comércio (exportações e importações), serviços (juros, transportes, turismo, etc.) e as transferências unilaterais (o dinheiro recebido ou mandado pelas famílias a parentes do/no exterior). Se o saldo é negativo (déficit) tem de ser coberto ou com entradas de capitais ou com reservas.

Os levantamentos da Pesquisa Focus feitos semanalmente apontam para um déficit em Conta Corrente em 2011 de US$ 67,5 bilhões, ou 5,5% maior do que as projeções do Banco Central. Mas esta é uma avaliação que sobe todas as semanas.

O déficit crescente em Conta Corrente reflete dois problemas. O primeiro deles, mais citado, é o câmbio baixo, ou seja, a forte valorização da moeda brasileira ante o dólar, que barateia em reais os produtos importados e encarece em dólares a mercadoria nacional.

O enorme salto do déficit na conta de turismo, de US$ 1,1 bilhão apenas em janeiro (ou 76% mais alto do que o de janeiro de 2010), é uma boa ilustração desse fato. Hotéis, passagens aéreas, tarifas, refeições estão mais baratos no exterior do que por aqui. Fica mais em conta passar uma semana em Buenos Aires ou em Santiago do que no Rio ou em Salvador.

Mas a valorização do real não explica tudo e aí chegamos ao segundo problema. Como ensina a macroeconomia, expansão do déficit reflete aumento do consumo. Assim, boa parte desse saldo negativo se deve à disparada das importações em 2010, que foram 42% mais altas do que em 2009 e continuam crescendo em torno dos 30%. E essa aceleração tem a ver com o consumo interno turbinado pelo crescimento das despesas públicas em 2010.

O governo federal bem que gostaria de conter as importações. O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, já fez inúmeras promessas de que tomaria providências enérgicas para barrar a entrada predatória de produtos estrangeiros. Mas vai engolindo de volta seu discurso porque as importações de produtos mais baratos têm de continuar fortes para controlar a inflação.

Por enquanto, o crescimento do rombo vai sendo facilmente compensado com capitais que entram em duas portas: Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), que foram de US$ 45 bilhões em 2010 e podem passar dos US$ 50 bilhões em 2011; e tomada de empréstimos externos, que somaram US$ 34,6 bilhões em 2010 e podem chegar aos US$ 35 bilhões em 2011.

Por enquanto, há uma enorme disponibilidade de recursos no mercado internacional porque os bancos centrais dos países ricos estão emitindo moeda como nunca, alegadamente para financiar a retomada. Mas a volta da inflação pode mudar rapidamente essas condições e o que hoje abunda pode escassear.

CONFIRA

Anos e anos, a cotação do petróleo do Mar do Norte, tipo Brent, negociado em Londres, foi inferior à do WTI (West Texas Intermediate), negociado em Nova York. Mas em novembro a situação se inverteu e o Brent ficou mais caro (veja o gráfico). Por quê, pergunta Fernando Jantchc.

São os estoques

A explicação é que os estoques do WTI em Cushing (Oklahoma) estão altos e a demanda cresce menos do que a do Brent. E, pela sua localização geográfica, o petróleo londrino está mais vulnerável à nova onda de conflitos do mundo islâmico.

ELIANE CANTANHÊDE

Piruetas

ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SÃO PAULO - 24/02/11

Na Câmara, Vicentinho, do PT-SP, foi vaiado semana passada por velhos companheiros sindicalistas ao defender com fervor em seu parecer o salário mínimo, mínimo mesmo, de R$ 545.

No Senado, Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, deu igualmente uma estonteante guinada ao defender ontem o mesmo mínimo mínimo depois de um encontro com Dilma e o encantador de serpentes, sindicalista, religioso e sem-terra Gilberto Carvalho.

Romero Jucá ser vaiado, tudo bem. Afinal, ele é líder de todo governo, qualquer governo. Mas Vicentinho, que fez toda a carreira política nos sindicatos, na pressão por salário mínimos máximos? E Paulo Paim, que só tem assento no Senado por ser um político de uma nota só, o salário mínimo?

O melhor, ou pior, foi a justificativa de Paim ao sair do palácio: "Se votasse contra, marcaria posição, talvez receberia uma palma ou outra, mas o trabalhador perderia muito, os aposentados também".

O que ele quis dizer? Que há uns 15 anos ele marcava posição, recebia uma palma ou outra e dava de ombros para o que trabalhadores e aposentados perderiam com mínimos máximos? De duas, uma: a explicação de ontem foi mea-culpa ou puro oportunismo para ficar bem com a companheira no poder.

Dilma, aliás, não precisava se esfalfar tanto para ter um voto a mais, nem mesmo dois ou três do PMDB dissidente. Desde sempre, estava prevista uma vitória expressiva no Senado, como fora na Câmara. Então, a investida em Paim e nos peemedebistas não foi pela vitória e sim pela vitória massacrante. Ou pela "simbologia de certos votos", diziam os governistas ontem. Isso costuma ter preço. E alto.

PS - Patriota e Hillary acertaram ajuda mútua para retirar brasileiros e americanos da Líbia e concordaram plenamente na avaliação do que ocorre hoje e dos cenários possíveis para o país. A relação Brasil-EUA evolui a olhos vistos.

MÔNICA BERGAMO

QUADRO BORRADO
MÔNICA BERGAMO
O GLOBO - 24/02/11

A Curadoria de Fundações de São Paulo ajuizou ação na Justiça pedindo o afastamento dos dirigentes da Fundação Nemirovsky, detentora de um dos mais preciosos acervos do modernismo brasileiro, a coleção Nemirovsky. O curador Airton Grazzioli argumenta que o arquiteto Jorge Wilheim, presidente da entidade, e outros quatro conselheiros estão em seus cargos há mais tempo do que o permitido pelo estatuto, em flagrante irregularidade.

QUADRO 2

Grazzioli afirma também que, como já foi condenado em processos por improbidade, por ter sido contratado sem licitação, nos anos 90, para a reconstrução de um conjunto arquitetônico da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), Wilheim não tem a "conduta ilibada" que o estatuto da fundação exige para seus dirigentes. O arquiteto diz que não tem "a menor ideia do que se trata", sobre as acusações e a ação, e que não foi notificado.

QUADRO 3

A coleção Nemirovsky está há anos no centro de uma disputa entre os dirigentes da Fundação Nemirovsky e os herdeiros de José e Paulina Nemirovsky, que recorreram à Curadoria para afastar os atuais conselheiros. Entre suas preciosidades estão o quadro "Antropofagia", de Tarsila do Amaral, e obras de Di Cavalcanti, Portinari, Volpi, Lasar Segall e Lygia Clark.

PEQUENA AJUDA
Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, combinou que ajudará Gilberto Kassab (DEM-SP) a "turbinar" o novo partido que o prefeito pretende criar em março. Convencerá deputados ligados a ele, espalhados por diversas pequenas legendas, a migrarem para a agremiação de Kassab. A meta é levar pelo menos 20 parlamentares para o partido.

PRANCHETA

Os planos foram detalhados num jantar que os dois tiveram na segunda, em SP, ao saírem da festa dos 90 anos da Folha. Estavam com eles o deputado federal Arnaldo Jardim e o ex-ministro Roberto Amaral, do PSB. Kassab disse que lançará o manifesto do novo partido no dia 16.

VAZIO
Kassab disse no jantar que não tem um nome ideal para lançar à sua sucessão pela agremiação. Foram ventilados Soninha, Eduardo Jorge (PV) e "alguém do perfil da Luiza Erundina", que pudesse atrair eleitores de esquerda. PV, PPS e PC do B foram tratados como aliados.

NO INFERNO

E Eduardo Campos reiterou o convite para que a presidente Dilma Rousseff passasse o Carnaval no Galo da Madrugada, no Recife. Ela declinou. Deve descansar na Barreira do Inferno, base militar em Natal (RN). "Depois de dois meses no céu, ela decidiu ficar uns dias no inferno", diz um correligionário de Campos, referindo-se ao fato de Dilma ter sido, até agora, poupada de críticas mais duras pela oposição.

DEBORAH SURFISTINHA
Deborah Secco e Raquel Pacheco, a verdadeira Bruna Surfistinha, foram à pré-estreia do filme de mesmo nome, anteontem. As atrizes Cristina Lago, Fabiula Nascimento e Guta Ruiz, o diretor Marcus Baldini e o jogador Dentinho se encontraram no shopping Iguatemi.

REZA DE MÃE

Sentada na penúltima fila da sala 1 do Cinemark Iguatemi na pré-estreia de "Bruna Surfistinha", em SP, anteontem, Deborah Secco ligou para sua mãe segundos antes do início do filme. "Oi, vai começar. Reze por mim."

BRUNA BRINCALHONA

E horas antes da pré-estreia do filme que conta sua história, Raquel Pacheco, a ex-garota de programa Bruna Surfistinha, escreveu em seu Twitter: "Pela primeira vez na vida, vou engolir o orgulho e chorar na frente de outras pessoas. Mas, né? Já engoli coisas piores. rs".

ANTIPIRATARIA
Para evitar a pirataria do longa que estreia amanhã, os produtores do filme enviaram cópias com nomes falsos para mais de 300 salas de cinema onde ele será exibido.

NOVAS VIDAS

O Conjunto Hospitalar do Mandaqui, na zona norte, foi o que mais viabilizou doadores de órgãos no Estado, no ano passado. Foram 43 pessoas, duas a mais do que o Hospital das Clínicas.

Em 2010, houve recorde de transplantes (2.328 cirurgias) e de doadores (871) no Estado de São Paulo.

ANTES DE CREPÚSCULO

A novela de vampiros "Vamp" (1991), estrelada por Claudia Ohana, será reprisada no canal pago Viva a partir de 11 de abril.

DIVERSIDADE
A top transexual Lea T., filha de Toninho Cerezo, participará do Camarote Brahma na Sapucaí, na segunda-feira de Carnaval.

O estilista Riccardo Tisci, da Givenchy, deverá acompanhá-la na folia.

Karime Xavier/Folhapress

FLAMENCO POP
O músico Leo Cavalcanti lança seu disco solo, "Religar", no Sesc Pompeia, hoje. Pela primeira vez, ele receberá como convidado o pai, Péricles Cavalcanti. "Comecei a tocar com ele aos 14 e dividi o palco com Adriana Calcanhotto e Arnaldo Antunes", conta. No CD, de estilo "pop transcendental, com toques de Michael Jackson e Jackson do Pandeiro", Leo convidou um egípcio para tocar alaúde turco e já está gravando o clipe de "Ouvidos ao Mistério", em que dança flamenco.

CURTO-CIRCUITO


A nova diretoria da Academia Paulista de Letras será empossada hoje, às 19h, no largo do Arouche.

A chef Ana Luiza Trajano comemora cinco anos de seu restaurante, Brasil a Gosto, nos Jardins.

O empresário e apresentador Sergio Waib recebe hoje 60 jovens lideranças para jantar em torno do publicitário Nizan Guanaes.

O colégio Santo Américo completa 60 anos no próximo domingo.

A Confederação Brasileira de Hipismo comemora seus 70 anos e realiza jantar de premiação no Jockey Club de SP, amanhã.

Acontece hoje a festa Red Carpet, no Café de La Musique. 18 anos.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY