sábado, janeiro 08, 2011

MANOEL CARLOS


Aposentados

Manoel Carlos


REVISTA VEJA - RIO

Diante de uma taça de vinho, o assunto que prevaleceu foi o da aposentadoria. Afinal, eu e meus amigos mais próximos somos candidatos naturais a esse evento que só atinge os teimosos sobreviventes desta grande aventura de viver.

— Tudo bem, me aposento, penduro as chuteiras, mas jogar dominó... ah, isso nunca! 

Com essa veemência, brindamos com Francisco a chegada dos seus 70 anos no nosso cenário preferido: o Café Severino da Livraria Argumento.

Chicão, como é conhecido, não está caindo pelas tabelas, mas enxerga mal, vacila ao andar, sofre de artrite etc. etc. Esses et ceteras se traduzem por bronquite, excesso de peso e glicose acima da média. E, por conta disso, a família insiste para que ele pare de ir ao escritório de advocacia que mantém com os dois filhos também advogados. São eles que tocam o trabalho, mas Chicão vai lá diariamente, dá palpites e ocupa um espaço que os filhos estão querendo para acomodar mais dois colegas, novos sócios da empresa. Por isso, pedem tanto ao pai que se aposente, que vá pescar, caminhar no calçadão, jogar conversa fora com os amigos, visitar as irmãs no Recife ou simplesmente fique em casa, de papo pro ar.

— Querem me ver de chinelo e pijama, grudado à televisão, babando diante das bailarinas do Faustão, implicando com a empregada e resmungando pela casa, que assim morro logo de tédio. Sabe o que eu sinto? Desconfiança. O que será que estão tramando contra mim?

E acrescentou com um suspiro:

— É uma conspiração.

Meu amigo é injusto na sua indignação no que toca aos filhos, mas entendo sua resistência à aposentadoria, que para muitos homens significa uma meia morte, um lento desaparecer, um apagar progressivo. E, se considerarmos a sua viuvez — Madalena se foi há pouco mais de dois anos —, então fica ainda mais fácil compreender e aceitar sua rabugice, que se transforma quase sempre em lamento:

— Já perdi quase todos os meus amigos. Acordo no meio da noite e fico pensando: quando serei eu? Quem será entre nós, entre os poucos que restamos, o próximo a partir?

— Vira essa boca pra lá — cortou o Inácio, batendo três vezes na madeira.

— Só querem que você aproveite a vida — arriscou o Raul.

— Aproveitar com quem? Se a Madalena ainda estivesse aqui, ao meu lado, isso ainda seria possível, mas sozinho...?

— Quem sabe não encontra uma nova parceira e se casa? — sugeriu o Inácio, procurando desanuviar a conversa.

— E faz uma nova viagem de lua de mel? — completou o Marquito, tentando fazer graça.

— Agora quem bate na madeira sou eu!

E Chicão deu as batidinhas.

— Mas logo você vai ser avô outra vez — insisti, sabendo que a filha caçula do meu amigo, a Clarinha, ia lhe dar mais um neto.

— E daí?

— Daí que um neto, quando chega, sempre ilumina a vida da gente — enfatizei.

— Já me vejo mais uma vez na pracinha, empurrando o balanço e, mais uma vez, vagando, como uma alma penada pelas ruelas congestionadas da Disney, perseguindo o Mickey e a Minnie.

E nesse clima doce-amargo transcorreu o nosso primeiro encontro do novo ano.

***

Já pagávamos a conta e nos levantávamos para sair do café, quando Edu, um dos filhos do nosso amigo, apareceu à procura do pai.

— Eu sabia que ia encontrar você aqui.

— Estávamos brindando à minha aposentadoria — ironizou Chicão.

Edu atacou sem rodeios:

— Inaugure, numa boa, um novo estilo de vida, pai. Enjoy, como aconselham os americanos.

E já emendando:

— Estou indo para o escritório, mas vamos reunir a família logo mais para jantarmos todos juntos.

E estendendo um pequeno embrulho:

— Vá combinando um torneio aí com a sua turma.

E ficou olhando, esperando que o pai abrisse, diante dos nossos olhos, uma caixinha com as 28 peças brancas de um lindo dominó de marfim.

Todos nós estouramos numa boa e sonora risada. E nos sentimos, ao lado de Chicão, um grupo de aposentados, mas com a disposição de uma turma de formandos do curso ginasial.

O torneio de dominó não nos assusta. O que não admitimos é trocar a taça de vinho pela xícara de chá.

WALCYR CARRASCO

Batatas fritas
Walcyr Carrasco 

REVISTA VEJA - SÃO PAULO


Sempre prometo a mim mesmo fugir das batatas fritas. É uma constante intenção de Ano-Novo, quando, de olhos culpados diante do espelho, resolvo eliminar os alimentos gordurosos. Durante os dias, semanas e meses seguintes, fortaleço minha decisão: adeus, batatas fritas! Basta um minuto para a derrocada. No restaurante, abro o cardápio e pergunto, como se não soubesse:


— O que acompanha o filé?
— Fritas. Mas, se quiser, posso trocar por legumes cozidos — afirma o maître.
Quem nesta terra prefere uma porção de legumes às infernais fritas? Digo a mim mesmo: “Só desta vez”.
— Pode ser com fritas mesmo.
Tudo falsidade. Nem faço questão do filé. Quero as delícias crocantes. Quando chegam, me atiro sobre elas. Como com as mãos. Há coisa mais deliciosa do que pegar as batatinhas com os dedos, esquecendo o garfo e os manuais de boas maneiras?
Qual o segredo das batatas fritas? Como se tornaram um dos nossos prazeres mais culposos? Acredita-se que tenham sido criadas na França, pátria do colesterol. Há um livro de receitas, “Les Soupers de La Cour”, de 1758, que já menciona as safadas. Para corroborar a origem, em inglês fala-se de “french fries”. Mas um historiador, Jo Gerard, afirma que em 1681 já se fritavam batatas na região da atual Bélgica. A Espanha também reivindica a primazia. As primeiras batatas teriam sido fritas por ninguém menos que Santa Tereza d’Ávila. Humm... se a santa pode, por que eu não posso?
Durante séculos comeram-se as batatas inocentemente. Mas vivemos sob o jugo das descobertas médicas. Tornaram-se perigosíssimas, por causa do alto índice de gordura. Atualmente, diante de uma porção de fritas, penso horrorizado em colesterol, obesidade e nos cavaleiros do Apocalipse! Mas hambúrguer sem fritas, impossível! Filé, chope? Quando estive na Inglaterra, no ano passado, um amigo inglês me apresentou o prato típico: fish and chips. Ou seja, uma espécie de peixe à milanesa com batatas fritas. Encontra-se em qualquer restaurante, por mais simples que seja, a preços módicos. Durante a semana em que estive por lá, devorei dezenas de peixes e quilos de batata. Antes só botava mostarda e ketchup. Na Inglaterra, descobri que ficam deliciosas com vinagre. Ganhei uns 3 quilos de barriga e uma tonelada de culpa.
— Ó, por que me rendi às batatas fritas? — gemo, quando tento fechar o botão rebelde do umbigo do último paletó que talvez me sirva.
Mas no fundo sinto uma pontada de prazer. O que seria da vida sem batata frita?
Vários restaurantes franceses de São Paulo oferecem outra variável: mexilhões com fritas. Perguntei-me:

— Será que combinam?


Pedi e me maravilhei. Nasceram um para o outro!
A batata frita já produziu descendência, tão engordativa quanto a original. Falo das “potato chips”. Aquelas que vêm em saquinhos, bem fininhas, fritinhas e crocantes. Quem nunca entrou num hotel, abriu o frigobar e devorou um saquinho inteiro antes do jantar? Salgadinhas, deliciosas e traiçoeiras, sempre prontas para dar o bote no regime! Soube que surgiram em um restaurante de Nova York, quando o cliente devolveu seu prato de batatas por estarem muito grossas. O chef, irritado, cortou-as em lâminas e as atirou novamente na frigideira. Fininhas e crocantes, fizeram história. Eu confesso: se abro um saquinho de chips, devoro até o final. E pronto.
Neste ano me poupei de promessas que não vou cumprir. Pretendo aproveitar os pequenos prazeres da vida. Que venham as fritas! Abaixo a culpa!

HÉLIO SCHWARTSMAN

 Armadilhas evolutivas

HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/01/11


SÃO PAULO - Todos os mamíferos investem nos cuidados com a prole. Lula é um mamífero. Logo, Lula investe nos cuidados com a prole.

Mais do que explicar a concessão de passaportes diplomáticos e férias no Guarujá a familiares, o silogismo escancara uma armadilha evolutiva: o desacerto entre nossa programação biológica e o ambiente moderno em que vivemos.
A natureza nos preparou para favorecer filhos, irmãos etc., mas isso não combina com as exigências democráticas de impessoalidade e mérito na administração pública. O resultado é a sucessão de pequenos e grandes escândalos de nepotismo, envolvendo favorecimentos suspeitos, contratações irregulares, funcionários-fantasmas etc.
Vale observar que o modelo tem alcance mais geral. O descompasso entre pendor biológico e mundo moderno ajuda a explicar outras mazelas contemporâneas, como a epidemia de obesidade (somos programados para gostar de doces e gorduras num ambiente em que gastamos cada vez menos calorias) e até o crime (o assassinato pode ser visto como uma forma extrema, e ilegal, de solucionar conflitos).
Voltando ao nepotismo, ele também está envolvido naquilo que o psicólogo Steven Pinker chama de paradoxo fundamental da política: o amor (e proteção) que pais dedicam a seus filhos torna impossível que uma sociedade seja, ao mesmo tempo, justa, livre e igualitária.
Se ela é justa, as pessoas que se esforçarem mais acumularão mais bens. Se é livre, elas os transmitirão a seus parentes. Mas, neste caso, a sociedade deixa de ser igualitária e justa, pois alguns herdarão riquezas pelas quais não trabalharam.
Sob essa chave interpretativa, uma ideologia política nada mais é do que a escolha de qual dessas características deve preponderar. Sistemas mais à esquerda enfatizam o igualitarismo, enquanto a direita enaltece a liberdade. Cada um deles define seu próprio "blend" como a materialização da justiça. O paradoxo, porém, subsiste
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WALTER CENEVIVA

Unidade das regras eleitorais

WALTER CENEVIVA
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/01/11
Dilma acertou ao cuidar do assunto em sua fala; o atual Código Eleitoral ainda é uma colcha de retalhos
A presidente Dilma Rousseff, ao tratar em seu discurso de posse de novos valores e ferramentas necessários para nossa democracia, deu atenção a um tema focalizado na última coluna de 2010: a legislação para o aprimoramento político eleitoral do Brasil.
Devemos enfrentar a necessidade do aperfeiçoamento das instituições, já que nosso Código Eleitoral foi editado pelo marechal Castello Branco, há 45 anos, com base em ato institucional do governo militar.
Dilma acertou ao cuidar do assunto nos primeiros minutos de sua fala. O atual Código Eleitoral, apesar das mudanças introduzidas desde 1985, ainda é uma remendada colcha de retalhos.
Ocorre que um código bem estruturado, apto a dar os limites gerais do processo político, é necessário. Há muitas regras isoladas, surgidas em tempos variados, oriundas de reformas parciais que já deram o que tinham para dar.
A reestruturação completa partirá das normas constitucionais quanto à base democrática. Classificará condições de elegibilidade que vinculem o eleitor a seus candidatos, mesmo nos pleitos proporcionais.
É boa a reserva exclusiva para brasileiros natos nos cargos de presidente e vice-presidente da República e de presidente de cada Casa do Congresso. As condições de elegibilidade, salvo na filiação partidária, regulamentada pela lei nº 9.096/95, devem ser revistas sem necessidade de alterar os limites da idade mínima.
Crimes dos eleitos têm esbarrado na exigência de trânsito em julgado da sentença condenatória. Um meio termo há de ser encontrado. Preservará, para outros fins, o trânsito em julgado, mas não ao definir condições de elegibilidade para permitir o afastamento do candidato antes do pleito, se houver condenação em segundo grau ou em primeiro grau, quando o Tribunal Superior Eleitoral considerar desonrosa a infração apontada.
O reexame da lei complementar nº 64/90 (com sua alteração) definirá melhor a inelegibilidade em casos de improbidade administrativa.
Os casos notórios de políticos permanentemente presentes em acusações diversas, cuja apuração se eternize, não devem subsistir.
O equilíbrio das balanças da Justiça entre a candidatura de pessoas condenadas, mas nunca punidas, será enfrentado, sob pena de se sacrificar a prática democrática em favor da delinquência. A crítica de que a severidade pode gerar formas antidemocráticas de exclusão deve ser ponderada.
As desfiliações partidárias continuam nos debates, acopladas ao princípio da fidelidade e à clareza da integração dos candidatos eleitos aos programas de seus partidos políticos.
A interferência da internet como agente eficaz de divulgação por certo estará inteiramente absorvida pelos candidatos e pré-candidatos, sem limite de tempo quanto a sua divulgação. Ainda não dispomos de elementos claros sobre seu exercício. Li que Obama ganhou sua eleição com a internet. Vale a pena pensar nesse exemplo. Será da responsabilidade do Judiciário corrigir os excessos.
Tudo terá de ser esmiuçado na discussão do novo Código Eleitoral. A presidente da República deve contribuir para estimular a reforma, sendo essa apenas a síntese superficial do muito que há por discutir no debate amplo e urgente que irá muito além dos limites traçados aqui.

RUTH DE AQUINO

O “espírito público” dos parlamentares
RUTH DE AQUINO


REVISTA ÉPOCA
É emocionante. O espírito público do Congresso ressurgiu com a força das tempestades de verão. O PMDB, muy amigo de Dilma e do povo brasileiro, pressiona por um salário mínimo maior e se lixa para a ameaça de veto do ministro Mantega. O PMDB também se mostra especialmente sensível às necessidades da saúde pública – e só por isso disputa com o PT os cargos no Ministério da Saúde, que tem um orçamento de R$ 77,3 bilhões.
Além dessa preocupação legítima com o trabalhador, os parlamentares vão trabalhar no verão! Bem, na verdade os titulares gozarão de férias, porque deu muito trabalho votar pelo autossubsídio de R$ 26.500. Não é mole reunir em Brasília os congressistas para decidir alguma coisa em dezembro. Com o recesso em janeiro, a Câmara dos Deputados deverá dar posse a 45 suplentes para exercer mandato tampão. O nome é feio, mas a atitude é louvável.
O que seria do Brasil se não tivéssemos esses suplentes em janeiro na Capital ganhando, cada um, R$ 107 mil em subsídios e benefícios? Já que sobra dinheiro no caixa de Dilma e Mantega, e não há risco de inflação, você e eu pagaremos a esses suplentes R$ 4,8 milhões pelo sacrifício de labutar em janeiro. Tutti buona gente, à exceção, claro, de quatro políticos que são réus na Justiça, acusados de participar da máfia dos sanguessugas e do escândalo do mensalão. Coisas do passado, “fatos históricos” como os desaparecidos na ditadura. Quem perde o sono com Ficha Limpa, se nem o Supremo Tribunal Federal conseguiu bater o martelo até hoje?
Ah, temos ainda os senadores de verão, que custarão cerca de R$ 400 mil aos cofres públicos. São suplentes dos que se tornaram ministros e secretários nos Estados. E, como se viaja bastante a trabalho no mês de janeiro, cada senador suplente receberá passagens no valor de até R$ 23 mil, além do salário, auxílio-moradia e verba indenizatória. Você não se sente culpado de ir para a pousada na praia com a família enquanto esse pessoal dá duro no tampão?
Diante de tudo isso, é injusto que apenas uma parcela ínfima dos brasileiros aprove o empenho dos congressistas. Mas, quem sabe, Collor de Mello possa dar aos companheiros o endereço de seu médico especialista em laser que rejuvenesce e apaga todas as manchas – do rosto e, se possível, do currículo.
O que seria do Brasil se não tivéssemos esses suplentes em janeiro na Capital, cada um ganhando R$ 107 mil?
Leitura essencial é o artigo do expoente-mor do Congresso, José Sarney, em importante jornal nacional. Eis um trecho: “Pode parecer um paradoxo, mas a igualdade que a liberdade traz – com o fundamento de que todos somos iguais perante a lei, detentores dos mesmos direitos – (...) leva à solução dos conflitos e ao caminho do progresso e do desenvolvimento”. O sábio maranhense admite: “Nem tudo são flores”. Atribui-se a Sarney a autoria da ideia de pressionar pelo mínimo de R$ 560 ou R$ 580. Seria uma manobra para minimizar a repercussão do aumento de 62% dos congressistas. Dando certo, os louros irão todos para o PMDB.
Mas o eleitor lúcido é cético. Nem a bela loura, com sua delicada tatuagem – “Michel” – na nuca, revelada pela trança de Rapunzel, turvou a vista de quem lê as notícias. O marido de Marcela, hoje vice-presidente, pode mandar na jovem primeira-dama do PMDB, mãe de seu filho e discretíssima musa do Jaburu, mas enfrenta clara dificuldade em disciplinar seus correligionários.
“Não tem sentido o PT expulsar o PMDB da Saúde”, disse o líder peemedebista Henrique Eduardo Alves, como se estivesse sendo expulso do paraíso. Investido de mediador, Temer já afirmou que o PMDB não fará chantagem com o mínimo nem votará contra o governo. O silêncio de Dilma revela a saia justa, mas, se a presidenta já enquadrou um general, bem que poderia dar logo um basta a essa quartelada partidária.
Como um dia disse Lula, lidamos com homens não comuns. Homens cujos filhos marmanjos, de 25 e 39 anos, ganham passaporte diplomático irregularmente. Os passaportes para os Lulinhas foram concedidos pelo Itamaraty “em função de interesse do país” e “em caráter excepcional”. São miudezas irrelevantes.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Muita calma nessa hora
RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/01/11

Petistas já instalados no governo de Dilma Rousseff acompanham com atenção, mas sem indício de alarme, os protestos do PMDB contra o saldo da partilha de cadeiras na Esplanada dos Ministérios e, agora, dos cargos de segundo escalão. Decorrida uma semana de barulho, o núcleo do Planalto avalia que o problema é real, mas minimizado pelo fato de que os peemedebistas não estão todos falando a mesma língua e nem mesmo unidos no grau de insatisfação. Chama a atenção do palácio a relativa tranquilidade demonstrada pela ala do Senado, em contraste com as queixas do grupo mais próximo do vice Michel Temer.

Estilo Dilma mantém um laptop sobre a mesa de trabalho -Lula usava um desktop. Também os móveis do gabinete presidencial foram trocados por peças mais modernas. A sala principal e as vizinhas estão repletas de flores e presentes enviados desde a posse.

Varredura Na quarta, Dilma recebeu no Palácio do Planalto a visita da filha, Paula, e do neto, Gabriel.

Código de área Dilma comentou com auxiliares que pretende ligar para Lula neste final de semana. Os dois não se falam desde a transmissão do cargo.

I'll be back Em conversa na qual finalmente definiu que ficaria fora do ministério, Ciro Gomes (PSB-CE) disse a Dilma que poderia se tornar disponível "num segundo momento do governo".

Eu não Aloizio Mercadante nega ter interesse em deslocar a Embrapa da Agricultura para o guarda-chuva da Ciência e Tecnologia. Segundo o ministro, o MCT planeja apenas reforçar as parcerias com o órgão de pesquisa agropecuária.

Titular O físico Glaucius Oliva será o próximo presidente do CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

E aí? Correligionários cobram manifestação pública de Gilberto Kassab contra a ofensiva do PSDB para fazer valer o entendimento do Supremo segundo o qual a vaga aberta por um deputado que assume função no Executivo deve ser preenchida por suplente do mesmo partido, e não de outra sigla da coligação. Em São Paulo, a aplicação de tal regra limitaria o acesso de eleitos pelo DEM à Assembleia e à Câmara.

Contagem O esforço para obter uma reação de Kassab inclui a lembrança de que há oito secretários do PSDB na Prefeitura de São Paulo e apenas um do DEM no recém-formado governo de Geraldo Alckmin.

Faltou combinar A mesma norma que incomoda os "demos" paulistas pode ajudar os mineiros. O partido estuda reivindicar a vaga no Senado aberta com a morte de Eliseu Resende, embora o primeiro suplente seja Clésio Andrade (PR).

Atlas social O governo Alckmin referendou a contratação da Fundação Seade, por R$ 707 mil, para elaborar a primeira parte do estudo de indicadores do Estado que abastecerá um plano de metas de médio e longo prazo, já denominado "Painel SP".

Cubo mágico Se Humberto Costa (PE) for confirmado líder do PT no Senado e Wellington Dias (PT-PI), líder do governo no Congresso, diminuem as chances de José Pimentel (CE), também do Nordeste, assumir a primeira-secretaria da Casa. Hoje, existe uma disputa velada entre Pimentel, Marta Suplicy (SP) e Delcídio Amaral (MS) por esse posto.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

tiroteio

"A presidente demonstra fragilidade ao acolher um representante da ultradireita das Forças Armadas, contrariando de saída a retórica do governo democrático e popular."
DE HÉLIO BICUDO sobre o general José Elito, segundo quem não há motivo para ter vergonha do "fato histórico" que são os desaparecidos da ditadura.

contraponto

Jogo da memória

Indagado em entrevista coletiva sobre a composição de seu secretariado, o governador Geraldo Alckmin disse não olhar a filiação partidária como critério preponderante na montagem da equipe. Referiu-se, então, ao recém-indicado titular da Fazenda, Andrea Calabi, presente à mesa:
-O Calabi, por exemplo, eu nem sei se é filiado a algum partido...
O secretário prontamente respondeu:
-Se sou, me esqueci totalmente agora!

CLÓVIS ROSSI

Populismo não é só coisa nossa

CLOVIS ROSSI
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/01/11
Ataque de republicanos à reforma de saúde deixa população ao Deus dará ou à mercê de planos privados 

QUE A OPOSIÇÃO ataque um governo por seus erros ou por sua inação é parte inalienável de sua função primária, essencial mesmo.
Mas que o faça pelos méritos do governo, encobrindo o ataque com um retórica populista barata, é escandaloso.
É esse escândalo que está em marcha nos Estados Unidos agora que a maioria republicana na Câmara dos Representantes (deputados) lançou uma ofensiva frontal contra o governo Barack Obama.
O alvo inicialmente escolhido é o plano de saúde, penosamente negociado e finalmente aprovado no ano passado, depois de desanabolizado. A reforma tapava uma antiga vergonha norte-americana: tratava-se do país rico que mais gastava em saúde mas protegia, proporcionalmente, o menor número de cidadãos.
A frase de efeito que John Boehner, novo "speaker" (presidente da Câmara), cunhou para a ofensiva é "devolver o governo ao povo americano".
No caso da revogação do plano de saúde -a meta central dos republicanos-, a frase é de uma falsidade absoluta.
Na verdade, significaria devolver uma fatia substancial dos americanos ao Deus dará ou aos planos privados de saúde, que não são exatamente "o povo".
Relatório de quinta-feira do Escritório de Orçamento do Congresso, não-partidário, demonstra a demagogia republicana: a revogação do pacote de saúde deixaria 32 milhões de pessoas sem seguro-saúde. Para comparação: equivale pouco mais ou menos a toda a população do Estado de São Paulo.
Tem mais: a ideia de enxugar o Estado, também forte na ofensiva republicana, não se daria pela via do corte do programa de saúde. Ao contrário, acrescentaria US$ 230 bilhões ao deficit até 2021.
Editorial do "New York Times" de quinta-feira põe as coisas no devido lugar: "[A ofensiva republicana] não tem a ver com o lacrimoso populismo de Mr. Boehner [ele chorou ao tomar posse] e tudo a ver com as dezenas de milhões de dólares das corporações que catapultaram os republicanos ao poder na Câmara. Os homens de negócio reclamavam da expansão da [necessária] vigilância da administração Obama sobre as finanças, a saúde e a produção de alimentos, entre outras áreas. Ajudaram a eleger uma liderança da Câmara ansiosa para atender suas demandas".
Entre parêntesis: Obama também atendeu indiretamente ao "povo" dos mercados, ao indicar William Daley para chefe do equivalente à Casa Civil. Último emprego de Daley: na firma financeira JP Morgan. Antes, defendia o protecionismo norte-americano como secretário de Comércio.
Fecha parêntesis e voltemos à saúde. A percepção popular é fragmentada a respeito: a mais recente pesquisa mostra 40% favoráveis ou à manutenção da legislação de saúde ou à sua ampliação, ao passo que 25% querem emendas e outros 25% querem a pura e simples revogação do pacote.
A batalha de Obama, portanto, não se dará apenas no Capitólio mas também nas ruas. O resultado é incerto. Seja qual for, terá decisivo impacto na eleição do ano que vem.

RUY CASTRO

Grande Huck

RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/01/11
RIO DE JANEIRO - Certa vez, ao saber que seus livros "As Aventuras de Tom Sawyer" e "As Aventuras de Huckleberry Finn" tinham sido proibidos numa escola americana do 2º grau, Mark Twain (1835-1910) exclamou: "Fizeram bem. Estes livros não são para crianças". Podia ser só uma frase de efeito, e podia ser que de fato ele pensasse aquilo.
Mas o que Twain diria de Alan Gribben, o professor de inglês que, em 2010, propôs a uma editora do sul dos EUA sanear "Huck Finn" da palavra "nigger" (crioulo), onde ela aparece 219 vezes, e substituí-la por "slave" (escravo)? A nova versão sai em fevereiro. Para Gribben, "nigger" é tão ofensiva que está afastando os jovens da obra de Twain. Daí, resolveu "corrigi-lo".
Bem, se quisesse, Gribben teria muito mais que "corrigir". Em "Tom Sawyer", um homem é assassinado ao violar um túmulo; outro é emparedado numa caverna e morre de fome depois de comer os últimos morcegos e tocos de vela. Em "Huck", a brutalidade ainda é maior: contém 13 cadáveres, além de cenas de escravidão, guerra, miséria e corrupção. E o herói, o menino Huck, detesta ir à igreja e à escola e tomar banho, e adora andar descalço, dizer palavrões e mentir. Grande Huck.
O próprio Twain tinha ojeriza à religião organizada, abraçava qualquer causa política minoritária e era contra quase tudo o que se referisse à "maldita raça humana". Quando saiu, em 1884, "Huck" era um vasto painel da vida no Mississippi, com seu racismo, atraso, costumes, superstições, jeito de falar etc. Daí "nigger" a três por dois. Mas basta saber ler para entender por que Twain usava essa palavra.
Cem anos depois de morto, Twain é o maior autor, até agora, a ser vítima do "politicamente correto" -nos EUA. Como sempre macaqueamos o que eles têm de pior, já demos o primeiro passo por aqui: vamos sanear a Tia Nastácia de Monteiro Lobato.

MÔNICA BERGAMO

FORA DE COMPASSO
MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SÃO PAULO - 08/01/11 

O Ministério Público entrou com ação para obrigar a Prefeitura de SP a enquadrar as escolas de samba que têm quadras e barracões em áreas públicas. Pede que a administração cumpra um decreto que a obriga a cobrar das agremiações 3% do valor dos terrenos, que deveria ir para o Funcad, o fundo municipal para a infância. Também mira os barracões instalados embaixo de pontes e viadutos: quer que os materiais inflamáveis sejam retirados imediatamente. E, a longo prazo, exige que os espaços sejam desocupados de vez. 

UM SAMBA POR VEZ 
A prefeitura diz que não foi intimada e que está analisando caso a caso a situação das escolas. Promete adotar as "medidas administrativas adequadas" quando o processo estiver concluído. O projeto Fábrica de Sonhos, que prevê alojar todos os barracões do grupo especial em um espaço de 77 mil m2, só deve ficar pronto para o Carnaval de 2013. 

PERSPECTIVAS 
Recuperado da maratona eleitoral, o ex-governador José Serra (PSDB) dá sinais de que vai ficar mesmo no Brasil. Ao contrário de 2002, quando foi derrotado por Lula na eleição presidencial, ele não pretende viajar para uma temporada de estudos no exterior. Está inclinado a entrar no concorrido e bem remunerado circuito de palestras. 

VERDE E CINZA 
Cerca de 50 árvores secas serão substituídas no canteiro central da Rebouças amanhã. A Subprefeitura de Pinheiros começou a revitalização da avenida nos últimos dias, quando 40 novas mudas já foram plantadas. 

"ESTOU ÓRFÃO DE PATRÃO", DIZ O MORDOMO DE LILY MARINHO 

Mordomo de Roberto Marinho desde 1985, Edgard Peixoto, 52, conviveu com Lily Marinho a partir de 1990, quando ela foi morar com o fundador da TV Globo na mansão do Cosme Velho, no Rio. Ele falou à coluna, anteontem, após o enterro da patroa, morta na quarta. 


Folha- Como você está? Edgard Peixoto - Estou me sentindo órfão de patrão. A metade foi há sete anos, quando o doutor Roberto faleceu. Agora, perco a segunda parte. Na falta dele, a gente acabou sendo amigo. Hoje me sinto só. Estou só. Cheguei agora [quinta-feira], olho a casa vazia e não tenho, de imediato, reação. 

Já sabe o que vai fazer?É cedo para falar. Eles são uma família muito acolhedora. O doutor João Roberto [um dos filhos de Roberto Marinho], anteontem, ligou me tranquilizando. O estado dela era gravíssimo. A gente sabia que era questão de horas. Ele disse que faço parte da história dessa casa. Talvez vire centro cultural. 

O que aprendeu com Lily?
Ela me deu vários conselhos. Um tão bom que não esqueci. Ela me chamou de lado quando eu me separei da minha primeira mulher: "Feche os olhos. Você não pode ficar de mal dos seus filhos. Não vá destruir a sua família por causa de uma mulher". Ao botar a roupa de que ela mais gostava [para o enterro], passou um filme na minha cabeça. 

Você a visitava todos os dias no hospital?
Sim. Sofri muito mais do que ela. Uma vez, a gente falou de uma amiga dela que ficou meses no CTI. E ela me disse: "Quando você me vir daquele jeito, veja se pode desligar [os aparelhos]". A médica falou que não podia, e eu disse: "Eu sei. Também não vou fazer". Quando a vi naquela agonia, eu fiz uma oração e pedi a Deus para tirá-la desse sofrimento. Cheguei em casa, o telefone tocou. Senti um alívio. 

O que ela pedia no hospital?
Não falava em ausência nem em morte, mas me pediu que não deixasse faltar nada pros netos. No dia de Natal, ela teve vontade de comer uma fruta, mas estava em dieta líquida. Escolheu: "Quero cereja, pêssego e ameixa. Você me entrega amanhã?". No dia seguinte, já estava entubada. Foram as últimas palavras que troquei com ela. 

Como foi o almoço para Dilma Rousseff na campanha?
Eu disse: "Dona Lily, a senhora se prepare. É pessoa pública e não posso impedir jornalistas. Ela tá em campanha, precisa disso. Como vou barrar a imprensa? Vão achar a gente antipático". 

E os flamingos da mansão?
Todo mundo quer conhecer. Uns chamam de garça, outros de ganso. Todas as fotos de dona Lily são com os flamingos. Sabia que tiveram filhotes? Depois de 15 anos, nasceram cinco, em 2008. Morreu um, ficaram quatro. Já estão grandes. 

Eles sentirão falta da dona?
Ela mandava eles virem para perto, depois mandava espantar, para vê-los sair correndo, fazendo barulho. Eles devem sentir falta. Vou cuidando deles, enquanto vejo o que acontece. 

ROMEU POP 
João Gabriel Vasconcellos será Romeu em "Juventude Interrompida", adaptação de "Romeu e Julieta", de Shakespeare, que estreia na quinta, no Sesc Copacabana, no Rio. O ator causou frisson em 2010 ao fazer um gay no longa "Do Começo ao Fim".

BRILHO OFUSCADO 
A joalheria italiana Bvlgari na rua Haddock Lobo, nos Jardins, fechou as portas após cinco anos. A marca, segundo a assessoria, não sabe se fará uma reforma no local ou se procurará outro ponto. 

CORRA, LEA 
A transexual Lea T., filha de Toninho Cerezo, desembarca no dia 28, em SP, para a prova de roupa do desfile feminino de Alexandre Herchcovitch na SPFW. No dia seguinte, sobe à passarela, e no dia 30, volta à Europa.

DIÁRIO OFICIAL 
A peça "Pterodátilos", de Marco Nanini, ficará em São Paulo por 20 semanas-e não por 20 encenações. A produtora do ator diz que foi autorizada pelo MinC a captar cerca de R$ 929 mil, mas "até o presente momento não captou nenhum recurso". 

REIS E RAINHAS 
Chico Millan comandou a festa do Dia de Reis em seu Bar Balcão, anteontem, nos Jardins. A cineasta Tata Amaral e a advogada Maria Stella Gregori passaram por lá.

CURTO-CIRCUITO

O cantor Mateus Sartori faz show de lançamento, na sexta, de seu CD "Franciscos", com músicas de compositores como Chico Buarque e Chico Anysio. Às 21h, no Sesc Pompeia. Classificação: 12 anos. 

Joel Velasco é o novo vice-presidente sênior da empresa americana Amyris. 

O Astronete promove hoje, às 23h, a primeira festa Discotexxx do ano, com os DJs convidados 2Fattydjs, Whaterverson e Juliano Lopes. Classificação etária: 18 anos. 

O DJ uruguaio Southmen se apresenta hoje no Parador Maresias. Amanhã à tarde, Fadi Alameddine toca no local. Classificação: 18 anos. 

com ELIANE TRINDADE (interina), DIÓGENES CAMPANHALÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

CELSO MING

A inflação mostra força
CELSO MING 
O Estado de S.Paulo - 08/01/11


Por duas vezes, no seu discurso de posse, a presidente Dilma Rousseff reafirmou seu compromisso com a derrubada da inflação. Os números de dezembro mostram que o governo precisa agir com vigor para evitar que os preços disparem em 2011.

Ao longo do ano passado, o ministro Guido Mantega tudo fez para tirar importância da alta de preços. Seu objetivo foi evitar que o Banco Central engatilhasse o trabuco da elevação dos juros. Mantega insistiu no diagnóstico de que a disparada de preços teve como causa choques de oferta de alimentos. Foi, dizia ele, excesso de chuva que prejudicou a produção de tomate e a surpreendente quebra de safra que produziu "a inflação do feijãozinho". O que Mantega pretendia dizer é que não seria nova subida dos juros que garantiria mais tomates ou mais feijão na mesa do consumidor. Tudo o que teria de ser feito era esperar para que a oferta se restaurasse e os preços voltassem ao normal.

Ao ministro não se pode negar certa dose de razão. Toda a esticada de preços dos alimentos teve um componente de choque de oferta. Além dos casos mencionados, a alta internacional do trigo, acompanhada pela da soja e do milho, teve a ver com estiagens nos países produtores, como Rússia e Argentina. E a alta dos preços da carne foi também causada pela excessiva liquidação de matrizes há dois anos.

No entanto, em nenhum país importante do mundo houve esticão tão forte como o que houve por aqui. Os dados do IBGE mostram que 3,18 pontos porcentuais da inflação, que em 2010 foi de 5,91%, deveu-se ao salto dos preços dos alimentos. O feijão subiu 51,5% e a carne, 29,6%. Essa disparada foi também responsável pelo reajuste de 10,6% nos preços das refeições fora de casa.

É que o sujeito não tropeçou apenas porque havia uma pedra no seu caminho; tropeçou, principalmente, porque estava bêbado. Ou seja, os preços dos alimentos subiram tudo o que subiram em 2010 também e especialmente porque as despesas públicas aumentaram demais, criaram renda demais e puxaram o consumo demais. Um forte componente dessa inflação tem a ver com a frouxidão da política fiscal adotada pelo governo com objetivo de lubrificar a máquina eleitoral.

Isso significa que é preciso, sim, combater a inflação de demanda que está minando o poder aquisitivo do trabalhador, como admitiu a presidente Dilma. O governo não pode contar mais com a queda da cotação do dólar, que barateia o produto importado. Nem com a persistência de uma baixa inflação nos países ricos. Ao contrário, a retomada da atividade econômica nos Estados Unidos e o forte consumo nos países asiáticos indicam que 2011 será um ano de mais pressões sobre os preços dos alimentos e matérias-primas.

O combate à alta de preços terá de se concentrar no uso de dois instrumentos de política econômica: austeridade na administração dos gastos públicos e aperto monetário (elevação dos juros).

As notícias de que o governo já admite reajuste do salário mínimo acima do nível anteriormente definido mostra que a disposição de apertar os cintos não é tão firme como pareciam indicar as declarações oficiais. Quanto aos juros, saberemos qual será a determinação do Banco Central na próxima reunião do Copom, dia 19.

Ontem, as bolsas tiveram um dia ruim, como mostra o gráfico. O comportamento do mercado de trabalho nos Estados Unidos (payroll) continua insatisfatório. "A esse ritmo serão necessários cinco anos para normalização do mercado de trabalho", disse Ben Bernanke, presidente do Fed (o banco central americano).

Cada vez pior

Mas não foram apenas os problemas com o desemprego nos Estados Unidos que puxaram os mercados para baixo. Foi, também, a percepção de que a situação fiscal da área do euro continua em deterioração.

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Amo a Amy WineVodca! 
 José Simão
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/01/11

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Notícias da praia. No Rio lançaram a Mulher Miojo: é só jogar na água e comer! E esse surto de diarreia na praia? É o ACAGÃO!
E um leitor me mandou um recado direto de Ubatuba: "Não comi, mas também não dei. Empate fora de casa é vitória!". Rarará!
E eu já tô com o meu ingresso pro show da Amy WineWhiskyVodca House! A Amy virou freira! Três dias sem escândalos e bebedeiras! Já sei, eu acho que ela tá algemada.
Vida de barraqueira é dura: se dá escândalo, o povo critica. Se não dá escândalo, o povo fica decepcionado! E um amigo meu disse que só vai pro show da Amy se tiver open bar!
E o meu lugar no show: gargarejo com uma garrafa de Dreher na mão! Eu quero foto de balada com a Amy e o Ronaldinho Gaúcho juntos!
E tá resolvido o destino do Gaúcho. Tá lá no site sensacionalista: "Flamengo, Grêmio e Palmeiras se juntam em site de compras coletivas e levam Ronaldinho Gaúcho com 60% de desconto".
Ronaldinho vai jogar em rodízio. Gaúcho não gosta de rodízio? Então, pronto! Rodízio de Ronaldinho Gaúcho! E se ele for pro Grêmio o clube vai virar Grêmio Recreativo Pagodão do Gaúcho! Rarará!
E um antipredestinado: tem um cardiologista chamado doutor Serra Pinto. Já imaginou? Você já tá com problemas no coração, aí chega no consultório e pergunta: "Como o senhor se chama, doutor?". "Serra Pinto." Uaaaaa! BUM! Infarto fulminante!
E o camarim da Amy? Ela exigiu: vinho, cerveja, vodca, champanhe, batatas chips, iogurte orgânico e tortillas mexicanas.
Eu acho que ela vai entrar no palco mais enjoada do que bêbada! E o PMDB é mais exigente que a Amy. O PMDB quer 850 cargos, caixa de champanhe Moët & Chandon, cesta de frutas exóticas e 250 toalhas brancas e a tua casa e o quintal da tua casa!
O Brasileiro é Cordial! Olha o cartaz no muro de uma casa de praia na Bahia, lugar calmo e paradisíaco: "Aqui reside o Último dos Machões. Quem entrar sem ordem leva chumbo". Aí pensei: gente, será que é a casa de praia do capitão Nascimento? Veraneio do Bope! Rarará!
E um leitor me mandou avisar que residência do Torto é a cueca dele. Rarará! A situação tá ficando psicodélica.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!!

GABRIEL WEDY

Por uma Justiça sem escalas 
GABRIEL WEDY
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/01/11

A Justiça brasileira tem adotado, nos últimos cinco anos, após a aprovação da reforma do Judiciário, várias medidas para sanear o sistema jurídico, com o intuito de lhe conferir maior celeridade e de aperfeiçoar a prestação jurisdicional ao cidadão.
Exemplos dessa iniciativa são a adoção da súmula vinculante e dos recursos repetitivos, o instituto da repercussão geral e o estabelecimento de metas de nivelamento, pelo Conselho Nacional de Justiça, a serem cumpridas pelos tribunais do país, ainda que estes, apesar de empreenderem esforços hercúleos, não possuam a estrutura necessária para atender a todas elas.
No entanto, o Judiciário se ressente de uma medida de impacto, que realmente dê fim à proliferação indiscriminada de recursos aos tribunais superiores, o que, dia após dia, somente contribui para o prolongamento de disputas judiciais que, por vezes, passam de geração em geração sem chegar ao seu fim. Por isso, a declaração do presidente doSupremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso, valendo-se da sua experiência de magistrado de carreira, no sentido de trabalhar por uma mudança na Constituição Federal que encurte a duração dos processos.
Notícia que vem em boa hora, sobretudo para que o Brasil se livre da pecha de "país da impunidade", muitas vezes atribuída injustamente ao Poder Judiciário, que só aplica a legislação processual vigente.
Essa mudança radical no sistema de recursos judiciais viria -como dito pelo próprio ministro Peluso- a prestigiar a magistratura de primeira e segunda instâncias, tanto da esfera federal como da estadual, pois todos os processos terminariam depois de julgados pelos Tribunais de Justiçaou pelos Tribunais Regionais Federais (TRFs), com cumprimento imediato das decisões por eles proferidas, cabendo apenas recursos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao STF para tentar anular a decisão, após o trânsito em julgado da sentença.
Evidentemente, isso não solucionaria todas as dificuldades doJudiciário, que, diga-se, são inúmeras -como a falta de mais TRFs, a necessidade de ampliação dos cinco TRFs existentes e a estruturação das turmas recursais dos Juizados Especiais Federais por meio da criação de cargos efetivos de juiz-, mas contribuiria para a solução mais rápida dos conflitos, uma vez que "justiça tardia não é justiça", como dizia Rui Barbosa.
Conferir caráter rescisório aos recursos especiais (recursos ao STJ) e extraordinários (recursos ao STF) eliminaria medidas protelatórias, que só atrasam o processo.
Pela proposta do ministro, a decisão tomada em segunda instância transitaria em julgado, e a parte que se sentisse prejudicada entraria com recurso, que seria examinado como ação rescisória, com o objetivo de anular a decisão. Assim, não suspenderia os efeitos da sentença, como acontece hoje, em que toda a matéria discutida é levada aos tribunais superiores para que estes decidam.
Certamente essa alteração inibiria o festival de manobras usadas para adiar decisões, que beneficia, em sua maior parte, alguns poderosos ou abastados que podem custear "ad infinitum" suas causas para escapar da punibilidade, contratando bons advogados.
Os magistrados federais aplaudem, portanto, a iniciativa do presidente do Supremo, que não fere a garantia constitucional da coisa julgada e permite um efetivo combate à impunidade, sem descurar de um processo civil mais ágil em benefício do cidadão brasileiro que busca os seus direitos no Poder Judiciário, que é a casa da justiça.

GABRIEL WEDY, 37, é juiz federal e presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).

MERVAL PEREIRA

Mudança de qualidade
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 08/01/11


Tudo indica que com o programa de combate à pobreza extrema, que incluirá o Bolsa Família, estamos entrando em uma segunda fase dos programas assistenciais do governo petista, na qual o objetivo maior é mudar a capacidade produtiva das famílias abrangidas, dando um tratamento diferenciado para cada ambiente em que elas estejam, talvez com microcrédito nas áreas rurais ou qualificação profissional nas áreas urbanas.

A definição do que seja a "pobreza extrema" e a localização dessas famílias para serem integradas aos programas assistenciais já existentes são passos complexos, mas é interessante notar que a ideia central de ter metas e objetivos quantificáveis, e uma gestão multidisciplinar, é uma mudança de paradigma na gestão desse tipo de programa.

O importante é fazer com que as famosas "portas de saída" dos programas sejam acionadas, superando um dos defeitos mais graves do Bolsa Família. Elas foram menosprezadas pela administração do ministro Patrus Ananias, que considerava mais importante a ampliação do programa do que o cumprimento das chamadas condicionalidades - comparecimento à escola e exames de saúde da família.

Como resultado, ninguém planejou a saída dessas famílias para o mundo produtivo, e na verdade estava havendo uma distorção: o governo comemorava quanto mais ampliasse o Bolsa Família, quando, ao contrário, teria que comemorar a redução do programa assistencialista, sinal de que as famílias estavam entrando no mundo produtivo.

Se o governo Dilma conseguir encaminhar o novo programa-guarda-chuva nesse sentido, estaremos no caminho certo. Já há vários estudos entre os pesquisadores, tanto do Ipea quanto da Fundação Getulio Vargas, sobre o que deveria ser o que o economista Marcelo Neri chama de Bolsa Família 2.0, que teria como uma parte importante a melhora da oferta da qualidade das políticas estruturais tradicionais, com saúde e educação ocupando lugar de destaque.

Quando apresentou a proposta, o novo governo pegou como exemplo de modelo de gestão o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, que continua sendo a menina dos olhos da presidente Dilma.

Seria uma maneira multidisciplinar de encarar as reformas estruturais na infraestrutrura, como saneamento básico, como parte da política de saúde.

Também teria que ser buscada, na visão de Neri, uma focalização cada vez mais eficaz do programa, de maneira a combater alternativas como os reajustes do salário mínimo e a universalização incondicional da renda mínima.

Outro pesquisador envolvido com o Bolsa Família como um de seus idealizadores, o economista Ricardo Paes e Barros, do Ipea, considera fundamental, além da melhoria da educação e da saúde, ter programas de inserção no mercado de trabalho.

Quanto à focalização do programa, Paes e Barros é realista quando fala dos desvios de alvo encontrados nos cadastros do Bolsa Família: "É natural que só 80% ou 90% dos benefícios cheguem ao objetivo final", disse-me ele tempos atrás.

Mas a grande vantagem do Bolsa Família, segundo ele, é que o programa conseguiu fazer com que 70% dos pobres brasileiros fossem incluídos. Comparado com todos os outros programas que se tentaram fazer no país para atender a população pobre - seguro-desemprego, tíquete-restaurante, vale-transporte - o Bolsa Família é de longe o mais bem focalizado.

Um ponto crucial é o da melhora na qualidade da educação, e uma das propostas de Marcelo Neri é usar "incentivos pecuniários" para que as crianças fiquem mais tempo nas escolas e se motivem a melhorar o aprendizado.

Os incentivos deveriam ser para que as crianças "melhorarem de nota", e não estabelecer "o nível das notas", esclarece Neri.

Como Ricardo Paes e Barros ressaltou em entrevistas, o governo deveria proporcionar condições para que os componentes da classe de extrema pobreza tivessem financiamento ou qualificação profissional, dependendo das necessidades específicas.

Marcelo Neri fala em melhorar o acesso a mercados de bens e financeiros, ampliando a fronteira creditícia aos pobres e informais.

O economista e banqueiro de Bangladesh Muhammod Iunus, o chamado "banqueiro dos pobres", que em 2006 ganhou o Prêmio Nobel da Paz, é um modelo citado para dar uma espécie de choque de capitalismo nos pobres.

A associação do acesso a crédito ao Bolsa Família seria uma operação viável e muito mais barata, pois instituições como a Caixa Econômica Federal têm o cadastro dos beneficiários do Bolsa Família, e todos os custos fixos para executar boa parte deles já foram incorporados na própria instituição do programa.

A nova visão dos programas assistenciais serviria para estimular as famílias a usar os serviços públicos, e os investimentos do governo deverão ser também direcionados para a melhoria física das escolas, dos postos de saúde, no pressuposto de que muitas vezes é melhor usar o dinheiro para melhorar a qualidade dos serviços daquela comunidade do que diretamente nos programas assistenciais.

É, como se vê, uma mudança de visão dos programas assistenciais do governo, no caminho da emancipação dos que hoje dependem deles. Uma visão menos politizada e mais consequente.

MÍRIAM LEITÃO

Depois da festa
MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 08/01/11


O comércio continua otimista, mas teme dois inimigos em 2011: a inflação e os juros. O aumento dos preços pode tirar renda das famílias, e a alta dos juros encarece o crédito e afeta o humor dos empresários. As vendas na semana do Natal de 2010 foram 15% maiores que em 2009. O movimento nos shoppings continua forte, com queimas de estoque. A economia continuará crescendo, mas há mais cautela no ar.

Quem paga aluguel pode perder um bom pedaço de sua renda por causa da alta do IGP-M. Nem todos os contratos têm esse índice de atualização, mas os que tiverem terão que amargar um reajuste forte no preço. Ele fechou o ano em 11,32%. Quer dizer que uma pessoa que paga R$1.000 de aluguel passará a pagar R$1.113. Em um ano, o gasto extra no orçamento dessa família chegará a R$1.358, que seria suficiente para a compra de uma TV de LCD - uma das recordistas de venda - em prestações fixas em 12 meses. O melhor caminho neste caso para o inquilino, o proprietário, e a economia será a negociação por um reajuste menor.

Grande parte da alta dos IGPs é resultado da elevação dos preços de matérias-primas, que subiram por pressão da demanda chinesa, ou por especulação no mercado futuro de commodities. O inquilino acabará pagando essa conta. Outros pagadores serão os governadores, porque o IGP corrige as dívidas dos estados com a União. Nos índices de preços ao consumidor, o que mais pesou foi a inflação de alimentos, preços sobre os quais a ação do Banco Central tem menos impacto. Eles sobem por problemas climáticos em grandes países produtores de grãos, como a Austrália. O economista Luiz Roberto Cunha acha que em 2011 os alimentos continuarão sendo uma fonte de pressão inflacionária. Mas, independentemente das causas, a inflação corrói a renda das famílias.

- Em 2011, quem vive de aluguel gastará um percentual maior de sua renda com isso. Vale lembrar que em 2010 isso não aconteceu, porque os IGPs fecharam com deflação - disse o assessor econômico da Serasa Experien, Carlos Henrique de Almeida.

Almeida ainda não vê indícios de desaceleração no consumo e acredita que o índice de inadimplência medido pela Serasa - de volume de atrasos nos pagamentos - continuará em alta nos próximos meses:

- O comércio teve crescimento na semana do Natal de 15,5% em relação a 2009. O consumidor se endividou mais. No início do ano, ele terá gastos extras com impostos, seguro de automóveis, gastos com educação. A situação este ano também é diferente de 2010, com crescimento menor tanto do PIB, quanto da renda e do crédito. O nosso indicador já mostra um aumento da inadimplência nos últimos seis meses, a tendência é que isso continue.

O maior receio do comércio, segundo o superintendente de Economia e Pesquisa da Fecomércio-RJ, João Carlos Gomes, está no aumento de juros. Com a alta da inflação, a taxa Selic pode subir já na reunião do Copom dos próximos dias 18 e 19. Gomes explica que o impacto sobre o comércio não será imediato, ou seja, via encarecimento das parcelas nas compras a prazo, mas pelo efeito que a alta dos juros pode ter na confiança dos empresários.

- Subir muito os juros significa piorar a expectativa dos empresários, num primeiro momento. Depois, afeta os investimentos, e, por fim, o emprego. O tranco não pode ser grande. Se isso acontecer, o emprego será afetado lá na frente e o comércio também - explicou.

Gomes compara a situação atual do Brasil com a dos Estados Unidos. Lá, a economia cresce, mas cria pouco emprego. O empresário está descrente e prefere aumentar a produção via horas trabalhadas e contratação de temporários. Aqui, ao contrário, o momento é de forte otimismo, com a criação de empregos formais. Ele teme a alteração nesse quadro.

- O que está sustentando o comércio continua sendo o mercado de trabalho, o aumento da renda e também a permanência das pessoas em um mesmo emprego. Mexer nessa dinâmica pode trazer problemas. Por isso, a política fiscal é muito importante porque se os gastos do governo não forem contidos, o BC ficará enxugando gelo. Todo mundo tem que fazer a sua parte - explicou.

O presidente da Abecs (Associação Brasileira das empresas de cartão de crédito e serviço), Paulo Rogério Caffarelli, diz que está aumentando muito o uso de cartões e caindo o uso de cheques, o que, na visão dele, reduz os riscos para os lojistas. Em 2010, o setor emitiu 628 milhões de novos cartões, incluindo crédito, débito e de redes e lojas, o que representa um crescimento de 11% em relação a 2009. As transações subiram 16%, enquanto o faturamento disparou 21%, chegando a R$538 bilhões.

- Temos crescido a uma taxa de 20% ao ano, nos últimos dez anos. Há um trabalho enorme de educação financeira sendo feito para as classes C e D, e isso tem se refletido nos índices de inadimplência, que se mantêm baixos, pelos dados do Banco Central - disse.

Adriana Colloca, gerente de pesquisa e assuntos econômicos da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), acredita que as vendas nos shoppings devem crescer mais de 10% em 2011, mesmo após uma alta superior a 15% em 2010. Cerca de 26 shoppings novos serão inaugurados. E o fluxo de pessoas permanece alto neste começo de ano.

A economia continua crescendo, o crédito vai continuar se expandindo, ainda que em ritmo menos acelerado. No entanto, os empresários temem os efeitos da inflação e do uso do remédio para combater a alta dos preços: a taxa de juros.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Fome zero
SONIA RACY
O ESTADO DE SÃO PAULO - 08/01/11
A Justiça de São Paulo acaba de conceder liminar que representa importante procedência para todo o Estado. A pedido da Defensoria Pública, ordenou que o Fórum de Suzano forneça lanche ou marmita aos presos.
Até a decisão do juiz, os detentos ficavam o dia inteiro no local sem beber ou comer nada, violando o princípio da dignidade humana e da proteção à saúde. A cena se repete em outros fóruns de São Paulo.
Ausente
O GOE investigava ontem amigos e parentes de Roger Abdelmassih e de sua mulher, Larissa Maria Sacco, em todo o País para descobrir o paradeiro do médico.
A Justiça decretou sua prisão preventiva anteontem porque o Gaeco desconfiou que ele planejasse fuga ao pedir renovação de passaporte. Até o fechamento desta edição ele ainda não havia sido encontrado.
Dar guarita a procurado da polícia é crime brando e pode levar a até um ano de prisão.
Ausente 2
A casa de Abdelmassih esteve vazia desde anteontem. Apenas os empregados ocupavam o imóvel onde o GOE fazia vigília.
Incógnita
O ex-petista Chico Alencar, deputado do PSOL carioca, recorreu ao futebol para avaliar a primeira semana de governo da presidente. "O Ministério de Dilma é formado por pratas da casa que ainda não entraram em campo. A técnica responsável, afinal, faz o gênero discrição total", situou. "É mistério ou ministério?".
Incógnita 2
José Guimarães, deputado do PT paulista e irmão de José Genoino, claro, não concorda. Ele defende que Dilma é apenas distinta de Lula no comando. "Ele é um líder popular e, entre um ato e outro, fazia 13 acenos", pondera. "Ela, não. É a discrição em si. Mas como é focada pode se tornar grande gestora".
Big Ben
Dilma deu uma de britânica nesta semana. Além de começar todas as reuniões rigorosamente no horário, mandou instalar um relógio de parede no gabinete. O mimo é grande, tem fundo branco e números pretos... bem visíveis.
Redoma
Maíra, filha de 19 anos de José Eduardo Cardozo, ficará longe dos holofotes. Parte para longa temporada na Califórnia.
Amicci
Parece que o caso Battisti não afetou o Movimento Itália Brasil, previsto para outubro e novembro. O conjunto de ações, porém, será diferente do programa que celebrou a França, há dois anos. "A iniciativa é basicamente italiana", afirma o Itamaraty.
Amicci 2
A grande expectativa é saber se haverá ou não, como se ventila, exposição de Leonardo da Vinci.
Ainda Belas Artes
Fernando Meirelles, da O2 Filmes - dona de parte do Belas Artes - está conformado com o fechamento das salas. "O proprietário do imóvel recebeu proposta de aluguel três vezes maior que a nossa. É a lógica dos nossos tempos", situou o cineasta, que se autodenomina "shoppofóbico". "Tempos estranhos estes", conclui.
Première
Pela primeira vez uma marca americana desfila no Rio-À-Porter. A Ed Hardy estreará no salão de negócios do Fashion Rio no dia 11.
Saudade
De Hebe Camargo, amiga de longa data de Lily Marinho. "Sua perda é irreparável. Ela era adorável."
Na frente
A Record avisa: lança ainda neste semestre o livro Nada Prova Nada!, de Gerald Thomas.
Fafá de Belém canta hoje e amanhã. No Sesc Pinheiros.
Eduardo Santangelo faz recital, amanhã, no MuBE.
Danilo Blanco e Fernando Zelman promovem a 3ª edição da Mostra de Cinema de Moda. A partir do dia 18, no CCBB.
Lena Whitaker comanda o curso infantil Histórias Fantásticas. Dia 17, no Iguatemi.
Otto apresenta repertório de seu último CD Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos. Dia 15, no Sesc Vila Mariana.
Dizem por aí que a pulseira do equilíbrio, o título de eleitor e o top de Amy Winehouse servem para a mesma coisa: nada.