sexta-feira, janeiro 07, 2011

ANDRÉ FELIPE DE LIMA

Seis anos depois, nada aconteceu
André Felipe de Lima
O Globo - 07/01/2011

Em maio de 2004, alertou-se aqui para um acinte. Algo verdadeiramente muito grave, que afeta diretamente democratização de acesso à Internet no Brasil e, obviamente, reflete-se na área da educação. Havia, naquela não tão longínqua data, cerca de R$3 bilhões parados no Tesouro, vultosa verba oriunda do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), que, lamentavelmente, atendia em sua magnitude à manutenção de um superávit primário que garantia ao governo uma imagem austera diante das exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Essa cifra cresceu (e muito!) e está hoje na casa dos R$9 bilhões. Ou seja, de lá para cá nada foi feito para que essa verba fosse destinada para o fomento da internet no país e, sobretudo, para que o tão propagandeado "espetáculo do crescimento" do governo do PT fosse muito mais que apenas um festival de retórica e sofismas.

Há, na Câmara Federal, um sem número de projetos de lei que contemplam a utilização do Fust na educação e até no subsídio às lan houses, com a meta de ampliar a conexão do brasileiro à web e, claro, em banda larga. A justificativa para esta aplicação do fundo é de que cerca de 45% do acesso à internet no Brasil provem destas mais de 100 mil casas comerciais espalhadas até nas regiões mais recônditas do país.

Criado em agosto de 2000, o Fust recolhe 1% da receita operacional bruta das operadoras de telecomunicações e 50% das receitas da Anatel. Já a Lei Geral de Telecomunicações, criada três anos antes da implantação do Fust, determina a execução de um amplo programa de informatização e internet nas escolas públicas, que seria estendido às bibliotecas e hospitais. Ou seja, o Fust deveria atender à Lei.

Uma tentativa para que isso acontecesse esbarrou numa grave crise política entre o governo de Fernando Henrique Cardoso, que desejava implantar o programa de acesso à internet nas escolas, e o PT, na época oposição, que argumentava ser ilícito o edital proposto pelo Planalto. Resultado do imbróglio: o Tribunal de Contas da União embargou a licitação e o PT herdou um extraordinário filé mignon político, um programa educacional sob o guarda-chuva do bilionário Fust.

Em abril de 2010, o então presidente Lula teria garantido que não haveria contingenciamento do Fust, que, por lei, deveria atender exclusivamente projetos na área de telecomunicações. De lá para cá, nada foi feito para que este abacaxi não caísse no colo da presidente Dilma Rousseff.

Como noticiou a imprensa, dos R$9 bi do bilionário Fust, gastou-se apenas R$10 mil em telefones públicos para deficientes auditivos. Um dinheiro em vão porque os órgãos indicados para receber a tecnologia alegaram já tê-la implantado antes mesmo da oferta do governo.

Ou o governo de Dilma assume essa "briga" para que o Fust seja, enfim, aplicado corretamente, sentando-se à mesa com o pessoal do setor de Telecom e tocando adiante o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), ou vamos amargar mais quatro anos de queda nos rankings mundiais de educação e de acessibilidade à internet. É importante frisar, contudo, que a palavra "capacitação" deve soar como mantra quando o tema for educação e internet no Brasil. Muito além do acesso, é fundamental prepararmos o cidadão para um uso responsável e qualitativo das novas mídias. Não há mais como dissociar a aprendizagem das transformadoras tecnologias de comunicação.

ROLF KUNTZ

Uma recessão diferente
Rolf Kuntz
O Estado de S. Paulo - 07/01/2011

Há um ano o Brasil atravessava o ponto mais fundo da recessão, a mais intensa desde o começo dos anos 80 e, ao mesmo tempo, a menos custosa socialmente. Durou apenas seis meses, mas em cada trimestre o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu em média 1,9%, bem mais que em qualquer das sete recessões anteriores, segundo o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da Fundação Getúlio Vargas. O produto industrial diminuiu 12,2% no período e houve desemprego, mas a reativação logo começou. O consumo se manteve razoável. Em cada mês o volume de vendas do varejo superou o de um ano antes, de acordo com o IBGE. O aperto de cinto foi suave e o empobrecimento foi limitado. Não foi a marolinha prevista pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem um tsunami devastador. Foi uma experiência nova para o País e é importante saber por que a crise de 2008-2009 foi diferente das anteriores.
A diferença mais notável foi a situação das contas externas. Pela primeira vez o Brasil entrou numa recessão com reservas maiores que a dívida total, isto é, como credor líquido. Sobrou munição para o Banco Central ajudar as empresas na fase de maior escassez de crédito externo. A relativa solidez do balanço de pagamentos limitou a especulação cambial. O dólar subiu no início da crise, mas o movimento logo se inverteu. O estoque de reservas, US$ 207,5 bilhões em setembro, caiu até US$ 199,4 bilhões em fevereiro de 2009, mas em junho chegou a US$ 208,8 bilhões.
A valorização do câmbio ajudou a conter os preços. Em recessões anteriores, a especulação com o dólar havia criado pressões inflacionárias e imposto restrições à política monetária. Desta vez a evolução cambial teve um efeito favorável aos consumidores.
As contas públicas, embora mais vulneráveis que no ano anterior, ainda permitiram ao governo a concessão de estímulos fiscais a alguns setores. Isso contribuiu para sustentar as vendas de automóveis e, depois, de eletrodomésticos e de material de construção. Houve desemprego no setor automobilístico, mas o efeito da crise teria sido presumivelmente mais severo sem os cortes de impostos. Em recessões anteriores, incluída a de 2003, a situação fiscal era mais apertada e as pressões inflacionárias derivadas do câmbio haviam forçado a alta de juros. Desta vez, a inflação moderada permitiu a preservação dos ganhos salariais acumulados até o início da crise.
Todas essas condições favoráveis foram produzidas por um longo trabalho de arrumação econômica. Já na crise de 1999, resultante de um forte desajuste cambial, as pressões inflacionárias foram contidas com rapidez. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou 8,94%, bem longe do resultado catastrófico previsto em janeiro por muitos economistas e empresários.
Naquele ano foi inaugurado o regime de metas de inflação, mas isso não teria funcionado se não se houvessem restabelecido as condições de execução da política monetária. A disciplina fiscal imposta aos Estados, a partir da renegociação de suas dívidas, foi parte essencial dessa transformação. Esses fatores possibilitaram em 2003 a rápida superação dos problemas surgidos durante a campanha eleitoral do ano anterior.
Em nenhuma recessão desde o começo dos anos 90 houve problemas sérios de alimentação. Muitas pessoas podem dar pouca importância a esse ponto, hoje, mas não quem se lembra da recessão de 1981 a 1983.
A fome foi a marca mais terrível daquele período, não só por causa do desemprego, mas também das condições precárias de abastecimento. As primeiras medidas para modernização da agropecuária brasileira haviam sido tomadas nos anos 70, mas os efeitos ainda não haviam aparecido.
Erros graves ainda seriam cometidos pelos governos, como o ridículo congelamento do preço da carne na entressafra de 1986, durante o Plano Cruzado. Mesmo besteiras desse calibre, no entanto, foram insuficientes para deter a transformação. Em 1981 a alimentação pesava 37,7% na formação do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe-USP. Em 1990 essa participação foi revista para 30,8%. Em 1998, para 22,7%. Essa mudança é explicável principalmente pelos enormes ganhos de produtividade da agropecuária brasileira. A comida no Brasil tornou-se uma das mais baratas. Desde o fim dos anos 80 esse fator tem atenuado o custo social das recessões. Isso teria sido impossível sem muita pesquisa, muito capital investido e muita preocupação com a competitividade.

LUIZ GARCIA

Varões de Plutarco? 
LUIZ GARCIA 

O GLOBO - 07/01/11

Senadores, deputados e ministros de Estado têm direito a foro privilegiado. Quando investigados e processados, não são julgados pelas instâncias iniciais da Justiça: os casos vão diretamente para a última instância: o Supremo Tribunal Federal. 
Até recentemente, o privilégio se limitava a isso. Em alguns casos, por motivos específicos, o processo poderia correr em segredo de Justiça. Nada demais. Mas o presidente do STF, ministro Cezar Peluso, achou que era pouco: agora, com ou sem segredo, o serviço de consulta pública do STF só informa as iniciais das autoridades sendo investigadas. 
É um curioso paradoxo. Cidadãos que optam pela vida pública, principalmente no caso de parlamentares, têm direito a que a sociedade conheça suas belas virtudes e notáveis realizações - mas têm também o dever de permitir que ela tome conhecimento de seus eventuais problemas na Justiça. O eleitor precisa e quer votar com conhecimento de causa. Pode não votar nos ministros, mas escolhe quem os nomeia. A democracia, da qual todos nós, eleitos e eleitores, gostamos muito, tem no sigilo uma rara exceção; a norma é a do jogo aberto. 
O presidente do STF, ministro Cezar Peluso, deu uma explicação curiosa para a novidade: como o ministro relator de um processo pode decretar que ele seja sigiloso, essa sua decisão seria prejudicada pela divulgação anterior do nome do acusado. Acontece, no entanto, que a decretação de sigilo é, ou deve ser, uma exceção obviamente rara. E deve depender, num regime democrático, da natureza do processo, nunca da identidade do processado. Não é por acaso que políticos são chamados de homens públicos: assim são definidos porque servem ao público. A relação entre eleitos e eleitores só funciona como deve quando o direito do voto é exercido com pleno conhecimento de causa. 
Na verdade, os argumentos a favor do sigilo podem ser invocados para todos os casos de cidadãos investigados pelo Estado. Mas, com exceção da Grã-Bretanha, isso não existe no resto do mundo. O que pode ser uma pena - mas não justifica o privilégio para parlamentares e ministros. 
Principalmente no caso de países - estou pensando em algumas repúblicas africanas - onde uma boa parte da classe política não é formada por varões de Plutarco. 

WASHINGTON NOVAES

O lixo, agora entre avanços e dúvidas
Washington Novaes 
O ESTADO DE SÃO PAULO - 07/01/11

Dois dias antes do último Natal, ao regulamentar por decreto-lei a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que já sancionara, o então presidente da República, acertadamente, incluiu a não geração do lixo, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento de resíduos sólidos como opções prioritárias, antes de se pensar em incineração. Restabeleceu, assim, a direção correta, ameaçada pelo Senado, que, ao aprovar o projeto da política, suprimiu dispositivo que só permitia a queima de resíduos sólidos quanto esgotadas as outras opções. O projeto deveria ter voltado à Câmara dos Deputados - já que fora modificado. Mas não se fez isso, como já acontecera com a Lei da Ficha Limpa. O projeto foi à Presidência e ali sancionado, sem nenhum reparo.
Agora, corrige-se a má direção, mas ainda com uma ameaça no ar: o decreto-lei deixa uma brecha ao estabelecer que "a recuperação energética" de resíduos sólidos "deverá ser disciplinada em ato conjunto dos Ministérios do Meio Ambiente, das Minas e Energia e das Cidades", no máximo, em 180 dias. Embora ovacionado pelos membros de cooperativas de catadores ao assinar o decreto durante congresso que reunia seus membros, o então chefe do governo federal deixou essa brecha, que pode até prejudicá-los. Porque cabe perguntar: que acontecerá no ato disciplinador, sabendo-se a força dos lobbies de empresas de incineração de lixo, quase todas ligadas a megaempreiteiras da área de construção, hoje com forte influência nas mais altas políticas brasileiras, principalmente nas áreas de energia, projetos habitacionais e até meio ambiente (vide licenciamento de controvertidas hidrelétricas na Amazônia)? Corretamente, porém, o decreto distingue da incineração de resíduos o aproveitamento em biodigestores ou a utilização de gases oriundos da decomposição de matéria orgânica em aterros sanitários.
De qualquer forma, além de estabelecer aquelas prioridades, o decreto-lei prevê penalidades se não cumprida a obrigação de coleta seletiva (44% dos municípios brasileiros não a fazem) e a logística reversa que torna obrigatório o retorno aos fabricantes de itens como pilhas, pneus e produtos eletrônicos, entre outros. Haverá multas pesadas, de até R$ 50 milhões, para quem lançar resíduos sólidos em locais como praias ou não der destinação adequada a resíduos perigosos. Será obrigatória a substituição de lixões (existentes em pelo menos 50% dos municípios) por aterros, assim como a elaboração de planos de gestão também nos municípios e Estados. A coleta em qualquer lugar precisará, no mínimo, separar lixo orgânico (úmido) do lixo seco, para facilitar a reciclagem. E as cooperativas de catadores - há cerca de 1 milhão deles no País - terão linhas preferenciais de financiamento.
É um terreno no qual precisamos avançar muito e com urgência. As usinas de reciclagem do poder público no País só reciclam entre 1% e 2% do lixo domiciliar e comercial (o total é de pelo menos 230 mil toneladas diárias, segundo o IBGE 2002). A situação - como tem sido dito tantas vezes neste espaço - só não é mais dramática graças à atuação desse milhão de catadores, que, sob sol e chuva, sete dias por semana, recolhem e encaminham a empresas que os reciclam mais de 30% do papel e papelão e parcelas consideráveis do plástico, do vidro, do pet, do alumínio e de outros materiais.
Mas os catadores precisam de projetos integrados em que, com financiamentos públicos, tenham equipamentos adequados de coleta seletiva (caminhões com contêineres separados para lixo úmido e seco), convênios remunerados pelas prefeituras, além de usinas de reciclagem onde possam transformar papel e papelão em telhas revestidas de betume (para substituir com vantagens as de amianto), reciclar o PVC e produzir mangueiras pretas, compostar o lixo orgânico e transformá-lo em fertilizante, moer o vidro e encaminhá-lo para recicladoras, assim como latas de alumínio. Onde isso é ou já foi feito (como em Goiânia), a redução de lixo encaminhado ao aterro chega a 80%, com enorme economia para o poder público, livrando-o da dependência de grandes empresas, que hoje recebem mais de R$ 15milhões por dia para coletar e levar os resíduos para aterros ou lixões.
Esse processo permite também evitar o desperdício de materiais. Já se mencionou aqui estudo da Unesp de Sorocaba concluindo que 91% dos resíduos contidos no lixo de Indaiatuba (mais de 100 toneladas/dia) seriam reaproveitáveis ou recicláveis. Permitiria ainda aliviar parcialmente o drama das grandes cidades brasileiras, quase todas com seus aterros esgotados ou próximos disso e, alegadamente, sem recursos para implantar novas unidades. A partir daí, surge a pressão das empresas de incineração. E por esse caminho o Recife já parte para uma usina de incineração de 1350 toneladas diárias (no momento, com licença ambiental embargada pelo município do Cabo). Unaí (MG) tomou o mesmo caminho. Barueri já está promovendo licitação para incinerar 750 toneladas diárias. São Sebastião ameaça seguir o mesmo rumo, assim como Brasília e a Baixada Fluminense (nesta, inclusive, com um projeto em Santa Cruz para incinerar resíduos perigosos).
Muitos estudiosos da área, como Cícero Bley Jr., já se cansaram de citar os problemas da incineração: custos muito altos, emissão de cancerígenos como furanos e dioxina (a não ser que a temperatura esteja acima de 900 graus - o que é difícil com a mistura de lixo úmido, que baixa a temperatura), produção de escória altamente perigosa (com metais pesados e outros tóxicos, que são carreados para os rios), geração de gases em proporção maior do que em usinas termoelétricas - entre outros problemas. Não é acaso que a resistência a esse processo cresça no mundo e já haja países que o proíbam. Sem falar em dependência tecnológica.
Vamos ver agora o que farão os três Ministérios encarregados de regulamentar a "recuperação energética" de resíduos.
Washington Novaes 

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Sem presos em delegacias
SONIA RACY
O ESTADO DE SÃO PAULO - 07/01/11

Até o fim do ano, Alckmin pretende zerar os 7,2 mil presos em delegacias. Como? Transferindo-os para um centro de detenção provisória. E começará pelas mulheres. 
A decisão foi tomada anteontem em reunião entre o governador, Antônio Ferreira Pinto, secretário de Segurança, e Lourival Gomes, da Administração Penitenciária. "Ao todo, São Paulo detém 172 mil presos, quase 40% da população carcerária do Brasil, quando responde por somente 23% dos crimes. Destes, 7% são mulheres", contabiliza Alckmin.
As mulheres têm menos compulsão ao crime? "Olha, acho que elas só vão presas por causa da má companhia dos homens", brinca.

Custo refeição
E mais. Decidiram adotar para todo o Estado o bem sucedido modelo de arrendar instalações dos presídios para serviço de refeições. "A experiência na Penitenciária do Estado, eliminando quentinhas e produção própria de comida, reduziu o custo de cada refeição de R$ 9 para R$ 4,50", observa. 
Segundo Alckmin, trata-se de um modelo da administração Serra a ser estendido.

De praxe
Alckmin determinou auditoria das contas de Serra? "Não. Costumamos fazer ajustes a cada eleição. Depois de ser vice e assumir o governo Covas, fiz até nas minhas próprias contas quando ganhei as eleições", explicou. "O Serra fez nas minhas e eu agora olho as dele. Isto é uma obrigação interminável de qualquer gestor".
Na segunda-feira, aliás, o governador recebe em São Paulo o consultor Vicente Falconi, do INDG, para ajudar no processo.

Cruz e espada
Magno Malta, senador reeleito da ala evangélica, comentou a presença de representante do Vaticano na posse de Dilma. "Isso para mim foi uma tremenda hipocrisia depois de tanto satanizarem a presidente por causa da questão do aborto", disse. "Eu fui o grande "dessatanizador" de Dilma perante os evangélicos".

Menu executivo
A cozinha do Planalto foi avisada: Dilma pretende usar o horário do almoço para reuniões de trabalho.

Dolce far niente
Fernanda Montenegro já decidiu o que fará assim que se livrar do sofrimento de Bete Gouveia em Passione: nada. A atriz viajará de férias com o filho, Cláudio Torres, e os netos. A família só não decidiu ainda para qual destino.

Controle remoto 
Netinho de Paula, que perdeu por pouco a eleição para o Senado, já traça planos para voltar à TV. SBT, Globo, Band? Não. Trata-se da TV Câmara. É que como primeiro secretário da Mesa Diretora da Casa terá sob seu comando a emissora que recebe cerca de R$ 16 milhões por ano.
Projetos não lhe faltam para revolucionar o canal dos vereadores, mas ele atuará apenas nos bastidores como... Gerente.

Um sonho de liberdade
André Sturm, dono do Belas Artes, diz que sairá pela cidade em busca de imóvel para abrigar o complexo de salas de cinema. Ele deixará a Consolação até fevereiro.
E defende: "O Belas Artes não é uma parede. É um tipo de programação e de espírito que São Paulo não pode perder".

Um sonho 2
Heitor Dhalia, cineasta pernambucano, está particularmente triste com o fechamento do cinema: "É uma pena. Foi o primeiro que entrei quando cheguei a São Paulo", lembra. "Se fechar mesmo as portas, está seguindo uma tendência internacional de circuito de cinemas. É um processo natural, mas não deixa de ser muito triste".

Carreira solo
Raquel Zimmermann foi confirmada na passarela da Animale.
E a moça vem para a São Paulo Fashion Week em nova condição civil: solteira.

Na frente
Maria Fernanda Cândido reestreia o espetáculo Ligações Perigosas, texto de Christopher Hampton e direção de Mauro Baptista Vedia. Hoje, no Teatro Faap.
Diego Kuffer, fotógrafo, abre amanhã a mostra Caderno de Anotações. Na Hebraica.
Miranda Kassin e André Frateschi são os convidados do Guitar Hero, festa roqueira do Clube Glória. Domingo.
Luiz Fernando Pina de Carvalho autografa Forma, Cor e Conteúdo. Segunda, na Livraria da Vila do Shopping Cidade Jardim.
Luis Salem volta a encenar a comédia O Clã das Divorciadas. Hoje, no Teatro Gazeta.
Mário Bortolotto dá continuidade a temporada de À Meia-Noite um Solo de Sax na Minha Cabeça. A partir de hoje, no Espaço Parlapatões.
Ainda hoje no Parlapatões, Marcelo Mansfield e Carlos Fariello sobem ao palco na comédia Má Companhia.
Piada infame que corre na internet: "Agora Dilma vai cancelar a compra dos caças franceses. Porque a mulher do Michel Temer é literalmente um...avião!".

ARTHUR VIRGILIO

A sociedade vai pagar a conta 
ARTHUR VIRGILIO

O GLOBO - 07/01/11

Lula recebeu de Fernando Henrique um país reformado, de economia estável, e ainda foi acariciado pela mais benigna conjuntura econômica internacional dos últimos 40 anos. Tudo tão fácil que desistiu das reformas e simplesmente tocou a bola para o lado, sem o traço do estadista, que é pensar nas futuras gerações. 
Sedimentou imensa popularidade em tais fatores, aí incluída a decisão de não investir em medidas essenciais, se impopulares, limitando-se a manter políticas macroeconômicas que condenava e a unificar os programas sociais que recebeu num só projeto, o Bolsa Família. Tocou oito anos de poder lançando projetos que não se concretizavam, mas viravam verdade na propaganda oficial farta, abusiva e, não raro, inconstitucional. 
Alguém disse: "Meu sonho é morar no país da propaganda do Lula. Tem tudo, nada falta. Pena que não seja verdade, porque a Saúde piorou, a Educação tem a cara do Enem desmoralizado, a Segurança Pública é calamidade." Agora é a vez de Dilma dizer a que veio, ela que terá de enfrentar graves problemas passados pelo antecessor e não poderá reclamar de "herança maldita", como levianamente alegava Lula diante do legado de Fernando Henrique. 
A começar pela crise fiscal, que produz juros elevados, fruto da desabrida gastança pública de custeio, que teve a marca da incompetência e também o viés de abrir caminho para a eleição da própria Dilma. E que não será resolvida com cortes cosméticos nos dispêndios de 37 absurdos ministérios e sim com a retomada do processo reformista interrompido pelo populismo magnetizado, diante do espelho, pela imagem do presidente popular como "nunca na História deste país". 
O crédito já sofre restrições: R$62 bilhões foram retirados do mercado e depositados pelos bancos, compulsoriamente, no Banco Central, encarecendo as operações a prazo. 
Em suma: a sociedade pagará pela irresponsabilidade fiscal do governo. O passo seguinte será a majoração dos juros básicos, como meio de segurar uma inflação que despertou e se mostra renitente. 
A infraestrutura é descalabro. Estradas, portos e aeroportos precários; ferrovias quase virtuais. Sem investimentos maciços, não cresceremos sustentavelmente: 
* Decréscimo de 0,6% em 2009 mais crescimento de 7,3% em 2010, igual a medíocres 3,35% na média dos dois anos. 
* Se crescermos 4,5% em 2011, teremos a média de sofríveis 3,7% no triênio. 
* E 2012 é interrogação. 
Outro desafio é administrar tantos partidos, viciados em cargos públicos, duelando ao vivo e a cores. Se o governo não tem projeto de reformas, por que juntou tanta gente na base de apoio? Medo de CPIs? Ora, Lula desmoralizou completamente esse instituto secular. Masoquismo? Não sou psicanalista para entrar nessa seara. 
Boa atitude da presidente seria tirar o Brasil do virtual e devolvê-lo ao preto e branco. Ganharia respeito dos que prezam a coisa pública. Pelo caminho do discurso fácil, sairá mal. Até porque não tem gordura política pessoal para queimar e porque, logo, teremos um Getulio vivo, itinerante, ambicioso, saudoso do poder, viajando pelo Brasil e opinando sobre todos os temas, do governo Dilma às oposições, passando pela mecânica quântica, matéria em que, dizem, é mestre dos mais conceituados no mundo científico. 

ARTHUR VIRGILIO é líder do PSDB no Senado. 

JOSÉ SIMÃO

Lá vem Ronaldinho Dentucho!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/01/11

E os italianos são insaciáveis. Já demos o Buscetta duas vezes e eles ainda querem mais!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
E mais um predestinado. Em Campinas tem um proctologista chamado doutor Dédalo. Deve ser o DÉDALO DE OURO! Rarará!
E janeiro tem tanto tributo que eu já tô ficando triputo. TRIPUTO DA VIDA! E hipertenso é o cara que paga imposto: IPI, IPVA, IPTU e IPERTENSO! Rarará!
E a manchete do Sensacionalista: "Berlusconi não libera Ronaldinho Gaúcho e Cesare Battisti vai pro Grêmio". Aí a torcida do Grêmio ia ficar gritando: "Ô Ô Ô! O Battisti é um terror!" Rarará!
Olha, o Ronaldinho Gaúcho faz tanto floreio, tanta firula em campo que ele devia ir mesmo pra Portela! Sambista da Portela! Ou então malabarista de farol! O Ronaldinho Gaúcho é uma mistura de Michael Jackson com a Mulata Globeleza!
E o Battisti? Eu já falei que o Lula não extradita o Battisti porque ele era membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo: PAC!
E o único italiano que o Lula ama é o Baggio que errou o pênalti e a gente virou tetra. E o único italiano que eu amo é qualquer atendente da Prada! Eu troco o Battisti por dois sapatênis da Prada! Rarará!
E uma amiga disse que o único italiano que ela ama é qualquer italiano. "Extradita ele pra casa que eu boto em prisão domiciliar!"
E diz que o Berlusconi quer vir negociar o Battisti diretamente com a mulher do Temer. Rarará! O Berlusconi não pode ver mulher. Ele devia se chamar Berluscomi. BERLUSCOME TODAS! Rarará!
E os italianos são insaciáveis. Já entregamos aquele mafioso Buscetta duas vezes. Já demos o Buscetta duas vezes e eles ainda querem mais! Rarará!
Socuerro! Começou o ano fiscal. Acabei de receber o IPVA! Devia se chamar Imposto Para Vários Amigos. Tem que fazer vaquinha pra pagar o IPVA, IPVAQUINHA!
Eu acho tão caro que devia se chamar HIPER VA! E com tanta enchente, devia chamar Imposto Para Veículos Anfíbios!
E sabe por que tributo se chama tributo? Porque vem de três em três: IPVA, IPTU e IMF: "IH ME FERREI!".
E com tanta enchente, IPTU devia ser Imposto Para Tetos Úmidos. E IPI devia ser Imposto de Paredes Irrigadas! Rarará!
A situação tá ficando psicodélica! Nóis sofre, mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

FERNANDO GABEIRA

Esperança em movimento
FERNANDO GABEIRA
O ESTADO DE SÃO PAULO - 07/01/11

Ao avaliar as perspectivas de 2011, The Economist afirma que a esperança está em movimento, ventos favoráveis sopram dos países emergentes: China, Índia e Brasil. Um dado que inspirou a afirmação foi uma pesquisa do Pew Research Center segundo a qual 87% dos chineses, 50% dos brasileiros e 45% dos indianos acham que seus países marcham na direção correta.
Esperança em movimento, ressalta o artigo, significa mais confiança dos consumidores e dos empresários que investem. Não há dúvida quanto a isso, e as pesquisas brasileiras apontavam, no fim do ano, um índice de aprovação do governo bem próximo do contentamento chinês: 83%.
No entanto, olhando de perto, há algo de perturbador nesses dados sobre China e Brasil. Cai por terra a ilusão de que o avanço econômico produz automaticamente democracia, ou, no mínimo, melhora a qualidade dela. O extraordinário crescimento material vai tornar o Partido Comunista Chinês dramaticamente anacrônico - eram as previsões. Mas, no momento, a cúpula chinesa não apenas está forte, mas estrutura uma espécie de frente antidemocrática em torno dela. Assim foram interpretadas as 17 cadeiras vazias na cerimônia de entrega do Nobel da Paz ao dissidente Liu Xiaobo, em Oslo. Os ausentes, influenciados pela China, eram quase todos países autoritários, uma espécie de clube de ditadores, como o classificou um jornalista alemão.
A satisfação no Brasil é medida pelo aumento do consumo, pelos ganhos salariais, pelo entusiasmo de grandes empresas e investidores estrangeiros. No entanto, isso ocorre num contexto político desolador. Uma das marcas da desolação é o estado do Parlamento, dominado pelo governo e distante da opinião pública.
Não temos aqui a Lei Habilitante, de Chávez, que o autoriza a tomar decisões sem consultar o Congresso. Mas estamos tão perigosamente próximos que em Minas surgiu algo parecido na forma de Lei Delegada. Apesar das diferenças essenciais entre Chávez e Anastasia, ambas suprimem uma fração do poder parlamentar, ambas mutilam a democracia.
A neutralização do Congresso não se faz apenas pela troca de favores, o decantado fisiologismo. Ela se faz também pelas medidas provisórias. É quase impossível rejeitá-las; chegam ao Congresso e são acrescidas de inúmeros penduricalhos pelos próprios deputados. De um modo geral, são propostas escusas, conhecidas na gíria parlamentar como jabutis, nome que é uma alusão à frase "jabuti não sobe em árvore, se está lá, alguém o colocou". É tão árdua a tarefa de derrubar jabutis que a simples aprovação do texto do governo acaba sendo sentida como uma vitória.
Já o distanciamento, que era grande, tornou-se gigantesco com o passo dado neste fim de ano por deputados e senadores ao aumentarem os próprios salários, numa sessão relâmpago. Eles sabiam que há otimismo com o crescimento, e sabiam também que isso se intensifica nas vésperas de Natal.
Tudo se passa como se os entusiastas do governo, embalados pelo consumo, considerassem a política apenas um preço a pagar pelo avanço econômico. Talvez contabilizem mais nesse preço os milhões destinados aos parlamentares, e os milhões desviados nos periódicos escândalos de corrupção. Nem todos se dão conta de que a submissão do Congresso mutila a democracia.
O próprio governo parece não compreender que paga um preço alto. Em certos momentos, paga com a perda da racionalidade. Como explicar que em tempos de preparação da Copa e da Olimpíada o escolhido para o Ministério do Turismo seja um deputado de 80 anos que jamais teve ligação com o setor? Um simples movimento para satisfazer o senador Sarney desarma o País diante de um teste internacional.
A escolha de um dissidente chinês para o Nobel é a afirmação de que o crescimento econômico não é um valor absoluto. O prêmio revela também que há um preço pagar. Um preço de outra natureza - a cadeira vazia e a prisão de Liu Xiaobo simbolizam isso.
No Brasil democrático, há um preço mais suave: nadar contra a imensa corrente que concilia crescimento econômico com decadência política.
Não se trata de negar a esperança em movimento. No caso brasileiro, é preciso apenas dotá-la de um mínimo de audácia para que abarque poder aquisitivo e democracia, juntos e misturados, como se diz na gíria.
Quando o Congresso decidiu aumentar os próprios salários, acima do padrão dos países mais ricos, Tiririca, eleito deputado, apareceu de sapato na mão, dizendo que era um dia de sorte. Muitos brasileiros, nesse dia, não acreditariam que os ventos planetários da esperança estavam soprando do Brasil.
Não há saída para esse impasse fora da política. Será preciso escolher o preço certo a pagar. Se a oposição considerasse esta hipótese e declarasse absurdo o preço que se paga hoje, talvez pudesse, gradativamente, convencer a maioria e, quem sabe, atrair uma área do governo que, por experiência própria, perceba o fardo negativo dos arranjos atuais.
O que hoje me parece claro é que a democracia não decorre do crescimento, como se fosse um fenômeno natural, estações se sucedendo ao longo do ano. A decadência do Congresso torna mais fascinante a ideia de democracia plebiscitária e nos aproxima, ainda que isso seja negado, da experiência bolivariana. É sempre bom lembrar que se o crescimento, por si próprio, não traz a democracia, não é também um apêndice do autoritarismo. Na cerimônia de entrega do Nobel, duas cadeiras vazias correspondiam a Venezuela e Cuba. A primeira registra crescimento negativo; a segunda, a julgar pelos óbvios vazamentos do WikiLeaks, não suporta mais três anos de pobreza.
Se para a Europa e os EUA foi um ano de desencanto, restou apenas o lugar-comum como traço de união planetário: a esperança é a última que morre.
Fernando Gabeira 

ALON FEUERWERKER

Tara reformista
ALON FEUERWERKER
CORREIO BRAZILIENSE - 07/01/11

Há alguma polêmica sobre a autoria da famosa frase atribuída a Otto von Bismarck, a das leis e salsichas (se as pessoas soubessem como são feitas, não confiariam nem numas nem noutras). Mas um ponto é consensual: dificilmente haverá no planeta algo parecido com a salsicharia canarinho. 
Aqui os vereadores, deputados e senadores são julgados pelo número de projetos de lei que apresentaram, ou aprovaram. E governar, ao menos no plano federal, é editar medidas provisórias, o nome bonito que os constituintes inventaram para perenizar o instituto ditatorial dos decretos-leis. 
O presidente da República legisla ad referendum do Congresso, e (quase) todo mundo acha normal. 
Isso quando não tentam transformar a Constituição numa colcha de retalhos, num depósito de penduricalhos, mais do que já é. 
E na salsicharia não tem crise ou recessão. Ultimamente, todo começo de governo é a mesma coisa. O sujeito ganha um mandato nas urnas e sai apregoando a premência das reformas política e tributária. Antes eram quatro, com a da previdência e a trabalhista.
As duas últimas saíram de moda. 
A trabalhista foi desmoralizada pelas estatísticas que o governo anterior produziu sobre a criação de postos de trabalho. 
Os números trazem alguns mistérios para a ciência econômica, como a suposta criação líquida de um milhão de empregos formais em 2009, ano em que a economia amargou uma recessão de 0,6%. Mas não há dúvida de que no governo anterior se produziram empregos aceleradamente. 
E sem tirar um mísero direito trabalhista. Nenhunzinho. 
Outra reforma que anda em baixa é a da Previdência Social. O governo anterior manteve o Congresso Nacional e a opinião pública entretidos com ela no primeiro ano, 2003, para em seguida desencanar completamente da dita cuja. 
Talvez seja a única premente, dado o rápido envelhecimento da população brasileira, resultado das taxas declinantes de natalidade e mortalidade. Mas quem vai ser louco de abrir o debate sobre o fim da aposentadoria por idade? A pressão é no sentido oposto, é para acabar com o fator previdenciário. 
Sobram então as reformas tributária e política. Todos (ou quase) estão de acordo, até entrar no debate do conteúdo. 
A tributária enfrenta uma dificuldade. Como organizar o Estado (União, estados e municípios) de modo a 1) cobrar cada vez menos impostos, 2) prestar cada vez mais e melhores serviços e 3) reduzir consistentemente a dívida pública? Quem resolver a equação será candidato a algum Nobel. 
Uma tentação é fazer a reforma manu militari, descendo a dolorosa pela goela de alguns, para alegria de outros. O debate sobre os royalties do pré-sal evidenciou a dificuldade desse caminho. 
Já a "necessidade" da reforma política nasce de uma esperteza. Há problemas na política brasileira. Em vez de discuti-los objetivamente, projeta-se o desejo de uma mudança abstrata. Que poderá ser para melhor, mas também para pior. Aliás, não parece haver no planeta país satisfeito com suas atuais regras político-eleitorais. 
Nem deve haver país com uma tara reformista comparável à nossa. 

LongoAinda falta a batida final do martelo pela presidente da República, mas o debate sobre o novo marco regulatório das comunicações vai ser objeto de ampla e prolongada consulta pública antes de ser enviado ao Legislativo. 
Esse "antes" é a chave da coisa. É um caminho intermediário entre 1) simplesmente ignorar o trabalho produzido no governo anterior e 2) injetar a polêmica agora diretamente no Congresso Nacional. 
O governo espera que um longo debate público pré-legislativo, a ser eventualmente coordenado pelo Ministério das Comunicações, cuide de resolver as maiores polêmicas antes de o texto desembarcar nas mãos de deputados e senadores. 
Ou seja, o que o Planalto menos deseja nesta altura do campeonato é uma polarização política prematura, que arraste o governo nascente para uma agenda negativa no Legislativo e na imprensa. 

MÍRIAM LEITÃO

BC prudente
Miriam Leitão 
O Globo - 07/01/2011



De um ano para o outro, foram US$ 20 bilhões de diferença nas posições dos bancos. No fim de 2009, eles estavam comprados em US$ 3 bilhões. No fim de 2010, vendidos em US$ 17 bi. Isso significa que eles pegam recursos no exterior, onde há fartura de dólar, e trazem para cá. Imagine se o câmbio sobe de repente, os bancos teriam que correr atrás da moeda americana e ela poderia disparar.

Nada parece que vai inverter a tendência fraca do dólar, que é meio universal, mas a boa prudência manda que o mercado não fique assim tão exposto a esse risco. Em 2007, até setembro de 2008, o Brasil estava na mesma situação: nadando em dólar e a moeda americana só enfraquecendo. Os bancos aumentaram esse movimento de trazer dinheiro de fora, emprestar para empresas aqui. No mercado futuro, derivativos em moeda estrangeira, apostando que o dólar permaneceria baixo, viraram grandes fontes de lucro fácil. Até que, de repente, tudo mudou. O Lehman Brothers quebrou, o dólar disparou, o mercado secou e algumas empresas brasileiras entraram em dificuldade.
Não há sinal de uma reversão assim, mas por que não ser prudente? É nesta linha que o Banco Central trabalhou. Claro, que como efeito indireto ele pode colher uma redução da valorização excessiva da moeda brasileira. Ontem, o economista Ilan Goldfajn, do Itaú Unibanco, me disse que acha que o real já está caro demais e que não há muito espaço para continuar se apreciando. Mas o que o real já subiu foi o suficiente para alguns setores das empresas, principalmente manufaturas, estarem em dificuldades.
O dilema do Banco Central é que ele sabe que não tem poderes para determinar o preço da moeda. Nem quer. Ontem, em sua primeira entrevista coletiva, o novo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, repetiu a crença de que o câmbio flutuante é o melhor dos sistemas, e que ele flutua em qualquer direção. Se o BC dissesse que a medida era para tentar segurar uma cotação, ela seria menos efetiva. Por isso, ele mira na redução dos riscos aos quais o mercado está exposto e cria uma punição na língua que os bancos entendem: dinheiro. Qualquer banco pode ter mais do que US$ 3 bilhões ou o valor estabelecido pela norma do Patrimônio de Referência, o que for menor, de posição em moeda americana. Poder, pode, mas custa caro. A decisão anunciada ontem é que a instituição terá que recolher o equivalente a 60% dessa posição ao Banco Central e sem remuneração nem correção monetária. Ou seja, dinheiro sem remuneração banco só gosta quando a grana é dos outros, como sabemos todos nós, os clientes.
Assim o BC, com um tiro, atinge dois alvos: reduz o risco da economia e pode afetar a tendência contínua de valorização do real. Nesse segundo ponto, a regulação não tem tanto poder de fogo assim. Mas é como disse Ilan: ele está passando um recado de que fez uma medida, outra, e poderá fazer outra. O BC, primeiro, tomou medidas para enxugar o excesso de dinheiro em circulação no fim do ano passado e disse que era
uma ação prudencial também. Agora, está evitando o excesso de posição vendida de dólar também por razões de prudência. Nada impede que ele estabeleça uma nova norma no futuro. Isso se chama impactar as expectativas. Fontes do BC me informam que sim, no futuro, outros anúncios podem ser feitos. Mas o recado que a autoridade monetária está passando é que prefere agir dentro de regras clássicas de proteção contra risco e de política monetária. Um Banco Central ativo, mas não intervencionista. Que tenta direcionar tendência, mas não fixar preços.
Nathan Blanche, da Tendências consultoria, acha que a medida pode encarecer o crédito ao exportador, mas admite que o Banco Central agiu dentro das regras do jogo de mercado. Ele acha que é positivo principalmente diante das alternativas, como quarentena ou outras regras mais intervencionistas. Segundo Blanche, o mercado estava tenso diante das declarações do ministro Guido Mantega, que avisou que algo seria feito, mas não disse o quê. O BC, como se sabe, convocou uma coletiva para as oito da manhã, antes de o mercado abrir, e aí deu tempo para todos entenderem. Inclusive deu tempo também para que os bancos se adaptem: eles terão três meses. É por isso que a alta de ontem do dólar foi bem pequena. O BC quer dar a direção, mas não quer movimentos bruscos.
Mas a medida adianta? Um jornalista quis saber ontem de Tombini se ele não estava enxugando gelo. Há tantas razões para os dólares virem para o Brasil e uma delas é, sem dúvida, o nível dos juros muito acima dos de outros países. Tombini lembrou que mesmo em países emergentes que estão com juros baixos as moedas locais estão subindo em relação ao dólar.
No Brasil, os outros motivos que atraem dólares também estão presentes: o país está crescendo, há boas perspectivas de crescimento futuro, as empresas parecem lucrativas, o comércio é superavitário. Por isso, é difícil imaginar que — a não ser num contexto de crise externa — o dólar suba muito.
E há fatores que ninguém controla: a fragilidade da economia americana, que emite o dólar, ou o fato de que o grande exportador do mundo, a China, segue outra política cambial em vez do flutuante. Esse é um problema mundial, e recentemente Cingapura, Tailândia e Coreia do Sul adotaram medidas para conter o excesso de entrada de dólar. O Chile aumentou o volume das compras da moeda. Todo mundo tenta conter a queda. No Brasil, o BC do novo governo fez um movimento e mostrou seu estilo: prudência e dentro das regras do câmbio flutuante.

ILIMAR FRANCO

Recuo estratégico 
Ilimar Franco 

O Globo - 07/01/2011

Depois de espalhar brasa para todo lado, os líderes do PMDB resolveram submergir. A estratégia é não esticar demais a corda. Eles conseguiram emplacar pelo menos uma nomeação no segundo escalão: o novo presidente do INSS será Mauro Luciano Hauschild, ex-chefe de gabinete do ministro do STF José Antonio Dias Toffoli. Substituirá Valdir Moysés Simão, apadrinhado pelo PT.


O jeitinho socialista de fazer as coisas

O futuro secretário do Centro- Oeste do Ministério da Integração, Marcelo Dourado, está inovando. Todos os dias de manhã, ele vai à Câmara dos Deputados, onde é funcionário, com cargo de confiança (CNE), para assinar o livro de ponto. Depois vai para o ministério exercer suas novas funções, embora ainda não tenha sido nomeado. Ontem, Dourado ligou para dizer que não tinha dito o que foi publicado aqui. Disse que o ex-secretário Carlos Henrique ligaria. Dois Carlos Henriques ligaram. Um negando o diálogo. Outro confirmando que Dourado lhe dissera que assumia com a tarefa de demitir todos os ligados ao PMDB.

Abuso

Irritação no governo Dilma Rousseff com a postura do presidente do STF, ministro Cezar Peluso, no caso Cesare Battisti. O que se diz é que Peluso foi derrotado e que não há mais razão jurídica para que o italiano seja mantido preso.

Terra de índio

O governo Dilma vai manter a política de demarcação de terras indígenas adotada pelo governo Lula. Mas o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) decidiu, por precaução, contratar um antropólogo para lhe dar assessoria direta.

Não há espaço vazio na política

Parlamentares experientes da base do governo estão preocupados com a falta de iniciativa dos ministros e da presidente Dilma Rousseff. Avaliam que já estava mais do que na hora de a presidente e seus ministros tentarem criar fatos novos para deixar em segundo plano a disputa por cargos entre o PT e o PMDB. Eles também invocam o exemplo do presidente Lula, que “criava um fato político novo por dia”.

Duelo

A primeira briga do novo secretário de Transportes do Distrito Federal, José Walter Vazquez Filho, será com as empresas de ônibus, que controlam a bilhetagem. O GDF não sabe o número de passageiros, dado que influencia a tarifa.

Campo de batalha

Além da proposta de alteração do Código Florestal, o Ministério do Meio Ambiente tem outra batalha no Congresso: projeto que tira poderes de fiscalização do Ibama e dispensa o licenciamento ambiental para alguns empreendimentos.

● UM TUCANO próximo ao ex-governador José Serra conta que o candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais está revendo sua posição e considerando assumir a presidência do Instituto Teotônio Vilela.

● SWEDENBERGER BARBOSA, o Berge, vai continuar no Palácio do Planalto. Ele estava no gabinete pessoal do presidente e vai para a coordenação da assessoria do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

● TERRITÓRIO. A convenção do DEM, marcada para março, acontecerá em território aliado do presidente do partido, Rodrigo Maia, como Rio, Bahia ou Goiás.

MÔNICA BERGAMO

MODELO PARTICULAR
MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/01/11
A modelo Ana Gequelin, 27, aceitou o convite do namorado, Carlos Miele, para posar com as roupas que o estilista apresenta neste domingo em um desfile no Copacabana Palace, no Rio. "Ana é minha musa", diz Miele. Os dois acabam de reatar o namoro. Ficaram separados três meses após um ano de relacionamento. Na passarela, Miele apresentará menos vestidos e mais looks com inspiração masculina. Ana não desfilará. "Ficarei acompanhando no backstage e na primeira fila", diz.

SALADA CULTURAL

O anúncio oficial dos novos secretários do Ministério da Cultura só deve ser feito na segunda-feira. A composição mais difícil do futuro time de Ana de Hollanda é a escolha dos nomes que vão ocupar a Secretaria do Audiovisual (SAV) e a presidência do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O desejo da ministra de colocar mulheres em postos-chave fez surgir um nome técnico para a SAV: Ana Paula Dourado Santana, funcionária do MinC há 12 anos. A disputa é grande. No páreo, Glauber Piva, diretor da Ancine ligado ao grupo que articulou o nome de Hollanda.

SALADA CULTURAL 2
A nova ministra traz de volta o poeta Antonio Risério para a Assessoria Especial, que o baiano ocupou na época de Gilberto Gil.

SALADA CULTURAL 3
Henilton Menezes permanece na Secretaria de Fomento. "É um trabalho importante, que precisa de continuidade", diz Antonio Grassi, que reassume a Funarte.

VIDA NOVA
O número de transplantes no Estado de SP cresceu 18% e bateu recorde em 2010: foram 2.328 cirurgias, 353 a mais do que no ano anterior. A maior parte -1.439- foi de rim. Em seguida vêm fígado (656), pâncreas (99), coração (77) e pulmão (57). Em uma década, o número de transplantados quase triplicou.

VIGIADO
A segurança da Vice-Presidência -nove batedores (motos), seis caros e duas ambulâncias- tem constrangido Michel Temer. Em passagem por São Paulo, anteontem, o aparato chamava a atenção no Itaim, onde fica o escritório Temer Advogados Associados. O Gabinete de Segurança Institucional não confirma os números do comboio. Nem explica o uso de duas unidades do Samu.

LAVANDO A TOGA
A próxima sessão do Conselho Nacional de Justiça, no dia 24, marcará o reencontro da corregedora Eliana Calmon e Cezar Peluso, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal). Os dois se desentenderam na última reunião de 2010. Segundo um conselheiro, ela disse que tirou Peluso do foco de críticas da imprensa ao procurar se relacionar bem com a mídia para ajudá-lo. Ele rebateu que ela era mal informada.

ESTICA E PUXA
Mais farpas no CNJ. Eliana disse não saber o seu papel, ao que Peluso respondeu que suas competências estão descritas no regimento interno. "Foi uma disputa clara de poder", diz o conselheiro.

PÚBLICO FIEL
Confirmando a expectativa, o número de assinaturas para a temporada 2011 da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) chegou a 11.353. Um crescimento de 4,5% em relação a 2010. A taxa de renovação foi de 87%, também recorde.

REESTREIA
O cine Belas Artes procura um novo espaço no centro, após fechar suas portas na rua da Consolação nos próximos dias. O dono, André Sturm, diz que a empresa com a qual havia negociado patrocínio para o antigo prédio sinalizou que deseja manter o apoio. A ideia é encontrar um local que abrigue ao menos três salas.

É CARNAVAL
Preta Gil cantará pela primeira vez no bloco Galo da Madrugada, em Recife. A cantora negocia fazer novamente show no camarote Brahma da Sapucaí, no Rio.

BAIANIDADE
Baixa no agito durante o Fashion Rio. Como não desfila na edição de inverno, a estilista carioca Lenny Niemeyer transferiu sua festa de aniversário para Trancoso (BA), no fim de semana.

PEDINDO A BÊNÇÃO
O padre Rosalvino Moràn Viñayo pediu para todos os presentes estenderem as mãos na direção de Paulo Alexandre Barbosa, novo secretário de Desenvolvimento Social de SP, para abençoá-lo em sua cerimônia de posse. O gesto foi seguido pelo ex-secretário José Carlos Tonin. O reitor da USP, João Grandino Rodas, acompanhou a transmissão de cargo.

SOM NA PISTA
A cantora Anna Gelinskas se apresentou na festa Super Sonique, anteontem, no primeiro evento da casa no ano. Os DJs residentes Bispo, Click e Guilherme Guerreiro animaram a pista.

CURTO-CIRCUITO

Fafá de Belém se apresenta amanhã, às 21h, e no domingo, às 18h, no teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros. No repertório, músicas do disco "Tanto Mar", de canções de Chico Buarque. Classificação etária: dez anos.

A peça "Por que os Homens Mentem?" reestreia hoje, às 21h30, no Teatro Ruth Escobar. Classificação: 12 anos.

O clube Glória abriga hoje a festa "Flash!", de Johnny Luxo e Laís Pattak, a partir das 23h59. Classificação: 18 anos.

A peça "Toc Toc" inicia nova temporada hoje, às 23h, no teatro Gazeta. 12 anos.

O clube Sirena, de Maresias, faz amanhã festa de lançamento de seu novo CD, às 23h. Classificação: 18 anos.

A cantora Izzy Gordon fará curta temporada no Madeleine Bar, com shows nos dias 12, 19 e 26. Classificação: 18 anos.

O Buena Vista Social Club fará apresentação para convidados no Lounge Sesc Rio, na terça, na Marina da Glória.

com ELIANE TRINDADE (interina), DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

MERVAL PEREIRA

Sem desencarnar
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 07/01/11
Está sendo tão difícil para Lula desencarnar do papel de presidente da República quanto para Dilma assumir integralmente a função para a qual foi eleita, e uma coisa tem a ver com a outra. Tudo indica que ela está querendo marcar uma conduta discreta e eficiente, na impossibilidade de competir com a capacidade midiática, quase histriônica, do seu antecessor e padrinho político.

Mas há também o desejo mal escondido de Lula de se perpetuar no primeiro plano político. Desde o comício improvisado em frente ao seu apartamento em São Bernardo, até as aparições de camiseta na varanos turistas, Lula val desenhando para si uma quarentena nada recatada.

Dois fatos revelados pela imprensa mostram como é difícil para o ex-presidente se desligar das mordomias do poder que usufruiu nos últimos oito anos.

Suas primeiras férias fora do poder estão sendo passadas, com toda a família, no Forte dos Andradas, no Guarujá, onde, se sabe agora, foi construída uma suíte presidencial para recepcioná-lo quando lá estivesse.

É claro que tal suíte não pertence à pessoa física de Lula, embora tenha sido feita por sua causa, mas está lá para abrigar o presidente da República do momento.

É um exagero que acontece com mais frequência do que deveria nas melhores democracias do mundo. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, por exemplo, mandou fazer uma preparação especial no avião presidencial para que pudesse fumar charutos sem incomodar os demais passageiros, o que custou ao erário público francês alguns milhares de euros a mais.

Mas a suíte presidencial do Forte dos Andradas não está à disposição de ex-presidentes da República, que é o caso de Lula no momento, pelo menos nos próximos quatro anos.

Descoberta a irregularidade, inclusive pela exultante mensagem que um de seus filhos escreveu no twitter: "Aeeeee saiu um solzinho aqui no Guarujá... com direito a banho de mar... são os Lulas voltando a seu habitat normal rs rs RS"; o Ministério da Defesa providenciou uma solução: também pelo twitter, divulgou uma nota em que diz que "o ex-presidente Lula honra as Forças Armadas ao escolher o Forte dos Andradas p/ descansar com a família, a convite da Defesa".

Não é a primeira vez que se sabe de atividades nada regulares de Luís Cláudio Lula da Silva através de seu gosto pelas tecnologias de relacionamento social.

Em 2004, organizou uma excursão de amigos ao Palácio do Alvorada, com direito a uso de um avião da FAB para transportá-los a Brasília e passeio de lancha oficial pelo Lago do Paranoá.

Várias mensagens foram postadas nos blogs com fotos posadas ao lado do avião e na lancha. Depois de quatro anos, o Ministério Público considerou normal o uso de bens do patrimônio público pelos amigos do filho do presidente, e o processo, pedido pela oposição, foi arquivado.

O caso das férias do ex-presidente em um forte do Exército, com direito a proteção absoluta por parte de uma equipe de segurança bem treinada, esta sim dentro do que a legislação determina, parece ser um sintoma da dificuldade que Lula demonstra já há algum tempo de sair "do governo para viver a vida das ruas", como disse em seu discurso de despedida, numa canhestra tentativa de mimetizar a carta testamento de Getúlio Vargas.

Lula continua querendo viver sua vida "na História" que criou para si. Os onze caminhões da transportadora que levam os pertences da família Lula da Silva de volta para São Bernardo, inclusive o climatizado para as bebidas, não significam em si nenhum exagero, já que em oito anos de Presidência forçosamente se acumulam muitos presentes, além dos documentos oficiais que servirão para formar o acervo do Instituto Lula.

Mas o fato de o Itamaraty ter prorrogado o passaporte diplomático de dois dos filhos de Lula no dia 29 de dezembro, através de uma prerrogativa especial exercida pelo ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, tipifica claramente uni abuso de poder.

Pelas normas em vigor no Itamaraty, dependentes de autoridades só podem receber passaporte diplomático em duas situações:quando o dependente tem até 21 anos, ou quando é portador de deficiência física.

Não é o caso de Luís Cláudio Lula da Silva, que hoje tem 25 anos, e Marcos Cláudio Lula da Silva, com 39 anos.

Para tentar reduzir os danos da notícia divulgada pela "Folha de S. Paulo", o Itamaraty explicou que os passaportes foram apenas renovados, o que complica mais ainda a situação.

O de Luís Cláudio pode ter tido validade até quatro anos atrás, quando ele tinha 21 anos, e não poderia, pela lei, ter sido renovado já naquela ocasião.

O de Marcos Cláudio em nenhum momento do governo Lula poderia ter sido expedido, pois ele tinha mais de 21 anos (31 para ser exato) quando Lula assumiu o governo em 2003.

Os passaportes especiais foram emitidos "em caráter excepcional", tendo o chanceler Celso Amorim se utilizado de um decreto que lhe dá prerrogativas de conceder passaporte diplomático a alguém que não esteja enquadrado na lel "em função do interesse do país".

A lei prevê apenas passaportes diplomáticos para presidentes e vice-presidentes da República, ministros de Estado, juízes de tribunais superiores, diplomatas e congressistas.

Quando estava no governo, Lula .tinha o hábito de se referir a bens públicos como seus, como no caso da TV Brasil, que chamava de "a minha televisão". Agora, parece não ter se convencido de que não continua no governo, e nem que o governo não seja seu.

Não há nada que justifique esses privilégios, nem explicação para serem mantidos.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Internet móvel atinge 21 mi de celulares no país
MARIA CRISTINA FRIAS

O ESTADO DE SÃO PAULO - 07/01/11

O uso de internet móvel alcançou aproximadamente 11% dos celulares no Brasil.
A tecnologia 3G, que permite o acesso à internet por meio do telefone, atingiu 21 milhões de aparelhos no ano passado, segundo estimativas da 4G Americas, associação de provedores de serviços e fabricantes do setor.
No Brasil há cerca de 200 milhões de telefones celulares atualmente, de acordo com a Anatel.
"Isso se deve à introdução dos smartphones no mercado e ao uso crescente de ferramentas que necessitam da conexão de internet", diz o diretor da entidade para a América Latina e Caribe, Erasmo Rojas.
Na América Latina, 2010 fechou com cerca de 36 milhões de assinaturas de banda larga móvel.
O número deve subir para 62 milhões neste ano, de acordo com Rojas.
No mercado brasileiro, o volume total deve chegar a 32 milhões neste ano.
O aumento deve ser impulsionado pela entrada de um novo concorrente de abrangência nacional no mercado de telefonia móvel, a Nextel, que em dezembro arrematou 11 dos 13 lotes do leilão das últimas faixas de frequência destinadas à tecnologia 3G, a chamada Banda H.
O mercado também deve ser aquecido pelo cumprimento da regulação pelas empresas telefônicas que adquiriram faixas de frequência no leilão.
Exigiu-se das operadoras que levem internet móvel a municípios que ainda não têm cobertura.
Além do Brasil, com alta esperada de 52%, México, Peru e Colômbia devem ter crescimento expressivo de acessos móveis neste ano.

Fidelidade... Mais de 40% dos motoristas brasileiros que usam carros híbridos não levam em conta o preço de combustíveis para optar entre gasolina e álcool, de acordo com Cristian Huse e Alberto Salvo, da Stockholm School (Suécia) e da Northwestern University (EUA).

...ao volante Após 2.000 entrevistas, os pesquisadores concluíram que motoristas mais velhos preferem gasolina e os que se dizem preocupados com o ambiente optam pelo álcool. A informação será dada hoje, em reunião anual da American Economic Association, em Denver (EUA).

O QUE ESTOU LENDO

Fabio Guinalz/Folhapress


Bia Aydar, sócia da agência Semparar

A executiva Bia Aydar dedica-se à leitura de "O Mundo Pós-Aniversário" (ed. Intrínseca), de Lionel Shriver.
"Adoro essa escritora americana que é colaboradora também do jornal "The Wall Street Journal" e da revista "The Economist'", diz a sócia da agência de comunicação SemParar sobre a autora, que veio à última Festa Literária Internacional de Paraty.

Cresce o número de marcas próprias de higiene e saúde

Os produtos de higiene e saúde despertaram a atenção das empresas brasileiras no ano passado.
O setor foi o que registrou maior aumento de marcas próprias, que são produtos pertencentes à rede de lojas que realiza a venda, segundo a consultoria Nielsen.
Seis companhias lançaram "cesta de produtos de higiene e beleza" em 2010.
O segundo setor que mais cresceu foi o de bebidas, com quatro novas empresas no ramo das marcas próprias.
Hoje, todas as farmácias do Brasil comercializam ao menos um produto com a sua marca, de acordo com a pesquisa da consultoria.
No ramo de alimentos, líder em marcas próprias no país, 97% dos supermercados adotam essa estratégia.
Nos últimos três anos, 20 empresas retiraram esse tipo de produto das prateleiras.
No Brasil, as marcas próprias representam apenas 5% do mercado.
Os países que mais se utilizam desse expediente são Suíça, Reino Unido e Alemanha, com 46%, 43% e 32%, respectivamente.

Presidência... A procura por presidentes de empresa no ano passado foi o dobro da registrada em 2009. Os dados são da consultoria Fesa, que registrou aumento de 53% no recrutamento de executivos para altas posições.

...vaga Os setores que registraram maior demanda são o financeiro, o de bens de consumo, o energético e o de tecnologia. As funções mais procuradas foram para as áreas de marketing, finanças e recursos humanos.

"FROZEN" AQUECIDO
Redes de "frozen" iogurte se expandem pelo país.
A curitibana Yoguland planeja para este ano aumentar a sua atuação nas regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste.
Hoje, a empresa possui 21 lojas em operação, sendo 17 delas no Sul, e, até março, mais 19 serão inauguradas pelo país. Na rota, Campo Grande, Cuiabá e Belém.
"O nosso objetivo é chegar a cem lojas até o final deste ano", diz Rafael Soares, sócio da Yoguland.
A internacionalização também está nos planos. "No segundo semestre, já devemos começar em um país da América do Sul. Os mais cotados são Argentina, Chile e Uruguai."
A rede Yoggi, do Rio de Janeiro, pretende fechar 70 novos contratos de franquia neste ano. O foco será o mercado paulista, onde metade das unidades serão abertas.
A empresa possui hoje 40 lojas em funcionamento.
Com investimento de R$ 3 milhões, a Yoggi vai inaugurar neste semestre uma fábrica em Três Rios (RJ), com capacidade para produzir 300 toneladas por mês.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e VITOR SION