quinta-feira, janeiro 06, 2011

JOSÉ SIMÃO

Ueba! Dilma vai pro Jaburu!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 06/01/11

E a mulher do Temer? Diz que ela falou: "Vocês podem não Credicard, mas foi amor à primeira Visa"


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
E a manchete do Sensacionalista: "Psicóloga do porta-malas fará ensaio sensual para a revista "Quatro Rodas'". Rarará! A mulher some, mobiliza o Rio de Janeiro inteiro e depois descobrem que ela se enfiou num porta-malas. Passou o fim de semana no porta-malas dum Fiat Palio WEEKEND! Rarará!
Tão dizendo que ela não queria passar o Ano-Novo com os malas da família. "Ai, que namorado mala, prefiro um porta-malas!".
E sabe por que o Lula negou a extradição do italiano Battisti? Porque o italiano era membro do grupo de ultraesquerda Proletários Armados pelo Comunismo: PAC! Com o PAC ninguém mexe! E o que o Lula vai fazer agora? Diz que o Lula fica brincando de reunião ministerial com os netos! Rarará!
E o chargista Pelicano conta que o Lula tava num boteco tomando umas quando toca o celular. "Deve ser a Dilma." Que nada. Era a voz da dona Marisa: "Quer fazer o favor de vir jantar?". Rarará! É a tal da vida normal!
E a mulher do Temer? A Paquita do Temer. Diz que ela falou pra imprensa: "Vocês podem não Credicard, mas foi amor à primeira Visa". O problema não é a idade do Temer. É a cara do Temer. Cara de mordomo de filme de terror! Eu acho que antes de ser vice ele fazia papel de mordomo em peça da Agatha Christie! Rarará!
E como é que aquela gata vai morar no Palácio do Jaburu? Não combina! Diz que ela ligou pra Dilma: "Vamos trocar de palácio?". Rarará. "Eu fico no Alvorada e você vem pro Jaburu!" E nunca se esqueça que PMDB quer dizer Pomos a Mão no Dinheiro do Brasil! Partido das Mutreta do Brasil! Rarará!
E um amigo meu foi passar o fim de ano em Fortaleza e disse que teve uma vida sexual superagitada: comeu três caranguejos. E eu que passei o Ano-Novo na Bahia perto de um rio chamado SONRISAL! Rarará. É verdade!
O Brasileiro é Cordial! Olha a placa que eu vi numa escola infantil: "Não vale jogar pedra nos colegas". Rarará. Brasileiro é cordial desde criancinha.
E um amigo me disse que a mulher dele é tão feia, mas tão feia, que quando ela descasca cebola quem chora é a cebola.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Vou passar o resto do ano num porta-malas!

ANCELMO GÓIS

Nos trilhos
Ancelmo Góis
O Globo - 06/01/2011



Sérgio Cabral desistiu de construir a chamada Linha 3 do metrô, que ligaria o Centro do Rio aos municípios de Niterói e São Gonçalo. Em seu lugar, fará um monotrilho, solução considerada mais rápida e barata.

Liga não, Temer

O fato de Michel Temer, 70 anos, casado com uma moça de 26, ter um filho de 2 lembra frase de Otto Lara Resende:
— Ter filhos na maturidade é como ser avô sem a antipática intermediação de um genro.

Sem memória

Do historiador Marco Antonio Villa sobre Lula ter levado Sarney a São Bernardo no dia em que deixou o governo:
— Lula, realmente, não gosta de história. Esqueceu que Sarney era presidente do PDS quando Figueiredo determinou sua prisão e destituiu a diretoria do sindicato.

Olho grande

Tem gente querendo a cadeira de vice-presidente do BNDES, hoje com Armando Mariante.

País das bombas

O Itamaraty, sob nova direção, decidiu que, em abril, voltará a ocupar fisicamente sua embaixada em Bagdá.

Viva la France!

A França festejou queda de uns 10% no número de carros queimados no réveillon. Ainda assim, foram de 900 a 1.000. Perto dessa frota incinerada, a confusão que antecedeu a operação na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão é pinto.

Cidade Negra

Vai ser no feriado de São Sebastião o show que marcará a volta de Toni Garrido como vocalista do Cidade Negra, o grupo de reggae que começou em Belford Roxo, Baixada Fluminense. A apresentação será em Vigário Geral.

Santa atrai pouco

Pelo visto, o público de cinema prefere Chico Xavier a Nossa Senhora. O filme católico “Aparecida — O milagre” atraiu 194,6 mil espectadores país afora desde a estreia, dia 17 de dezembro, bem menos que os recentes filmes espíritas.

Filme de Mel Gibson

O compositor Antônio Pinto entregou a trilha do próximo filme de Mel Gibson, “How I spent my summer vacations”, ainda sem título em português. O diretor Adrian Grunberg veio finalizar a trilha em São Paulo.

Perigo é lá

O carioca Rodrigo Paiva, coleguinha da CBF, teve sua carteira e seu passaporte furtados em... Miami. Deve ser terrível... você sabe.

Delegacia dos gays

A prefeitura do Rio vai construir em Madureira, para o governo do estado, uma nova Delegacia Legal. Será especializada no atendimento a gays.

Ana no Alemão

O primeiro evento público da ministra Ana de Hollanda será segunda, no Alemão. Em pauta, um ponto de cultura na comunidade carioca.

Pela cultura

O ator Sérgio Mamberti, que vai deixar a presidência da Funarte para dar lugar a Antônio Grassi, continuará na equipe do Ministério da Cultura. Assumirá a Secretaria de Políticas Culturais.

Museu dos Blocos

Eduardo Paes está para assinar a desapropriação de um imóvel da prefeitura, na Lapa, para abrigar o Centro de Memória dos Blocos do Rio. Será administrado pela Sebastiana, a associação dos blocos do Centro e da Zona Sul, autora da ideia.

Clínica da Família

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, vem ao Rio amanhã conhecer o projeto Clínicas da Família, da prefeitura.

Vaso rosa

Fernando Gabeira desistiu de cortar a fita do banheiro para gays que a Unidos da Tijuca inaugura sábado, em sua quadra. O padrinho, agora, será Milton Cunha, o carnavalesco. O nome da casinha GLS está entre “Dasbi” e “Madame Satã”. Não é fofo?

ALON FEUERWERKER

Íntimos e desconfortáveis
ALON FEUERWERKER
CORREIO BRAZILIENSE - 06/01/11


Talvez os ex-profissionais do PMDB tenham acreditado em algum momento que seriam tratados como iguais na coalizão. Pela aritmética, até deveriam ser
Se havia dúvida sobre aptidões político-midiáticas da nova presidente, as nuvens começam a dissipar-se. É um estilo algo diferente, mais silencioso. Nem por isso menos eficaz. A ocupação maciça de espaços pelo PT de Dilma Rousseff aparece ao público como sacrossanta missão destinada a impedir que a máquina estatal seja tomada pela "fisiologia". Dos outros, naturalmente.
E não só. O assunto agora vem acoplado a um também caríssimo à elite, essa pobrezinha tão maltratada nas campanhas eleitorais: a necessidade imperiosa de evitar o aumento "irresponsável" do salário mínimo. E tem também a privatização dos aeroportos. 
Quem é a vítima da vez? O PMDB, colhido na armadilha como um animal indefeso. 
Talvez os ex-profissionais do PMDB tenham acreditado em algum momento que seriam tratados como iguais na coalizão. Pela aritmética, até deveriam ser. Têm mais ou menos o mesmo tanto, tudo somado, de deputados, senadores, governadores. Têm o vice. 
Há porém outra variável. Diante de uma oposição em dificuldades no plano federal, sobrou para o PMDB o papel de principal ameaça potencial ao poder. Desde a campanha, passando pela transição e montagem do governo, nota-se o trabalho metódico para desossar o que seria aliado em situação de ameaça externa, mas que toma cores de rival na ausência de uma. 
Há algo de replay nisso. Na largada do governo anterior o PMDB foi escanteado pelo então recém-presidente, pessoalmente. 
A legenda estivera coligada com o PSDB em 2002, a cotovelada até fazia algum sentido na política, apesar da aritmética. Com o andar da carruagem e a eclosão de seguidos constrangimentos e necessidades aritméticas, o tempo acabaria recolocando a realpolitik no merecido lugar. 
Mais ou menos como ocorrera nos governos do PSDB na década anterior. 
A lógica da operação política de Dilma parece ser provocar a primeira batalha da guerra de movimentos agora, quando está num ápice de poder. "Nunca teremos outra chance como esta para enquadrar o PMDB", diz um articulador do governo no Congresso. 
Meio atordoado, o PMDB reage algo estabanadamente, sem saber se morde ou assopra. O mais sensato seria assoprar (talvez dando umas mordidinhas no bastidor), para evitar maiores perdas materiais. 
Recuar para não ser sangrado em excesso. Mas, como escrevi outro dia, o bom senso é muito útil em quase todas a situações. Só não ajuda muito nas mais importantes. Vai que o PMDB peita e se dá bem? Sei lá. Mas os sinais vão no sentido contrário. 
De triste, apenas a infelicidade de o salário mínimo ter sido colhido pelo fogo cruzado da luta interna na Esplanada. Talvez a coisa mude de figura quando as centrais sindicais voltarem das férias e receberem a informação sobre o aumento mixuruca, casadinho com o congelamento da tabela das deduções do imposto de renda. 
Vai saber...

Político-partidáriaO governador reeleito de Sergipe, Marcelo Déda (PT), sugere que a reforma política mude de nome, para reforma político-partidária. 
Um motivo é a necessidade de a lei prever mecanismos de democracia interna nas legendas. Elas recebem dinheiro estatal e todos são obrigados a entrar num partido se quiserem disputar eleição. Então será natural que uma eventual reforma cuide de garantir vida mais democrática dentro das siglas. 
O governador defende que o debate não fuja de assuntos delicados. Um deles: exigir que para concorrer à eleição o partido esteja definitivamente organizado no nível específico, com convenção feita. 
Hoje em dia o cacique nomeia uma comissão provisória e sai com a pastinha embaixo do braço negociando o tempo de televisão. 
Boas ideias há. O novo líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), defende o fim das coligações nas proporcionais (deputado, vereador) e a perda do tempo de televisão (e rádio) se o partido não lançar candidato próprio. 
O partido poderia coligar-se, mas não carregaria com ele os minutos (ou segundos) na telinha. 
Se o governo quiser um debate para avançar, e não para piorar, tem por onde seguir. 

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

O governo como banquete
EDITORIAL
O ESTADO DE SÃO PAULO - 06/01/11


A primeira crise política do novo governo é assunto exclusivo do próprio governo. A oposição fica a distância, enquanto o partido da presidente Dilma Rousseff, o PT, se engalfinha com seu maior aliado, o PMDB, na disputa de cargos do segundo escalão. Fisiologismo? Sem dúvida, mas a história é mais complicada e envolve o próprio sentido da palavra "governo". Para o espectador superficial, essa briga é apenas mais um aspecto singular da cena política brasileira, tão peculiar e tão própria do País quanto a jabuticaba. Não se governa o Brasil sem alianças, por causa do sistema partidário, e alianças pressupõem um arranjo parecido com um condomínio. Até aí, nenhum mistério, mesmo para o observador estrangeiro. Mas a singularidade da política nacional vai muito além desse ponto. Uma de suas manifestações foi a entrevista do ministro Guido Mantega, na terça-feira.


O governo, disse o ministro, vetará qualquer aumento do salário mínimo superior àquele proposto pelo Executivo. Por essa proposta, o salário básico nacional passa de R$ 510 para R$ 540. Esse valor está embutido, por exemplo, na projeção dos gastos da Previdência Social. Cada real a mais ocasiona um acréscimo de R$ 286,4 milhões na despesa orçamentária. Se o Congresso mexer na medida provisória relativa ao salário mínimo e aprovar um valor acima dos R$ 540, agravará o desequilíbrio das contas públicas e tornará mais difícil o controle da inflação, uma das dores de cabeça do novo governo.

A quem se dirigia Mantega? Não só à oposição, mas principalmente ao PMDB e aos demais partidos da chamada base aliada. Parlamentares do PMDB já haviam manifestado a disposição de propor um salário superior aos R$ 540. Se o fizerem, terão com certeza o apoio de outros "governistas", especialmente daqueles vinculados ao sindicalismo. Mas a disposição dos peemedebistas é interpretada principalmente como chantagem de quem se sentiu esbulhado pelo partido da presidente Dilma e exige uma reparação.

Algum fisiologismo pode parecer normal na relação entre partidos aliados. O mesmo se pode dizer sobre a disputa de poder num condomínio político. Mas o caso é muito mais grave na relação entre PT e PMDB. Não se trata, nesse episódio, de uma disputa secundária entre grupos unidos, essencialmente, por uma proposta comum de governo. Essa proposta compartilhada não existe. Ou existe, na melhor hipótese, apenas como um compromisso nominal, necessário para a confecção de uma bandeira de campanha. O fisiologismo e o desejo de controlar instrumentos de poder - e, portanto, de conquista de vantagens de todo tipo - são os únicos cimentos dessa aliança. Não há nada além disso.

A presidente Dilma Rousseff e seus principais assessores anunciaram como uma de suas prioridades uma arrumação fiscal em 2011. Anunciaram também a disposição de conter as pressões inflacionárias, muito fortes desde o ano passado. Em países com tradição política diferente, esses objetivos seriam partilhados por todos os participantes da aliança de poder - e até por uma oposição à altura do seu papel institucional.

Ao ameaçar o governo com a apresentação de medidas incompatíveis com a política fiscal, peemedebistas deixaram claro seu absoluto desinteresse em relação aos objetivos do governo. De tão escandalosa, essa realidade acabou provocando uma reação do vice-presidente Michel Temer. O PMDB, segundo ele, só apoiará uma proposta de salário mínimo "compatível com as possibilidades do erário". O ministro da Previdência, Garibaldi Alves, peemedebista como Temer, declarou-se disposto a assumir o papel de moderador no debate entre Executivo e Legislativo.

Segundo Garibaldi, o PMDB, "como qualquer outro partido", vai lutar pela melhoria do salário mínimo. Mas tem sentido considerar o PMDB um partido como qualquer outro? Sim, tem sentido, no singularíssimo sistema brasileiro. Em outros países, participar do governo significa assumir responsabilidades comuns em relação a um projeto comum. No Brasil, significa participar das vantagens do poder, em troca de um apoio ocasional e sujeito a nova negociação, com novo preço, em cada circunstância. O fisiologismo, nesse caso, não é acidente, mas a essência.

ILIMAR FRANCO

Pagando para ver 
Ilimar Franco 

O Globo - 06/01/2011

O líder do PDT na Câmara, Paulo Pereira da Silva (SP), aposta na briga por cargos entre PT e PMDB para aprovar a emenda que eleva o salário mínimo para R$ 580. Ontem ele pediu apoio ao líder do PMDB, deputado Henrique Alves (RN). “Nós só temos chance quando eles brigam”, comentou. Os que apoiam um mínimo maior do que os R$ 540 do governo não acreditam em veto. Dizem que a presidente Dilma Rousseff não tomaria uma atitude impopular no início do governo.

O livro

Nos próximos meses, o cientista político João Francisco Meira, do Instituto Vox Populi, consultor da campanha petista, vai escrever um livro sobre “a construção da candidatura e da imagem da presidente eleita Dilma Rousseff”.

Go home!

A turma do PMDB foi mandada toda embora do Ministério da Integração. O ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB) fez uma lipoescultura. O futuro secretário do Centro- Oeste, Marcelo Dourado, pediu a sala do ainda secretário Carlos Henrique, dizendo: “Nada contra vocês. Mas é determinação superior. É do Geddel (Vieira Lima), é do PMDB, tenho que passar o rodo”. Já estão exercendo suas novas funções o secretárioexecutivo, Alexandre Navarro, os secretários da Defesa Civil, Humberto Vianna; Hídrico, Augusto Wagner; Desenvolvimento Regional, Sergio Duarte; e Programas Regionais, Gener Guimarães do Rego.

Pinga-pinga

Na viagem que fará à Argentina, a presidente Dilma Rousseff aproveitará para visitar também Uruguai e Paraguai. A América do Sul foi uma das prioridades da política externa do ex-presidente Lula e continuará tendo o mesmo tratamento.

Está circulando o primeiro dossiê

Indicado para presidir a Funasa pelo grupo político do ex-ministro Patrus Ananias (PT), o empresário Gilson Carvalho Queiroz Filho é alvo de um dossiê. Ele está sendo distribuído por funcionários da fundação e dele consta que a empresa de Gilson, a Carvalho Queiroz Engenharia Ltda, está sendo investigada pelo TCU por irregularidades cometidas em obras de saneamento nos municípios mineiros de Pescador e Carbonita.

Joia da coroa

Para o PMDB, a presidência da Funasa é mais importante que a secretaria que eles perderam no Ministério da Saúde. A Funasa executa por ano um orçamento em obras de saneamento de R$ 1 bi. O partido controla 1.175 prefeituras.

Pop

Uma das metas do ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) é popularizar a ciência, sobretudo entre os jovens. O ministro e equipe estão empenhados em bolar atividades e eventos que deem visibilidade a esse setor.

● O JORNALISTA - Thomas Traumann, com passagem pela “Folha de S. Paulo” e pela revista “Época”, entre outros, vai cuidar da relação do ministro Antonio Palocci (Casa Civil) com a imprensa. Ele assume em fevereiro.

● MAL-ESTAR - A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) demitiu por telefone a subsecretária de Promoção de Direitos da Pessoa com Deficiência.

● QUARENTENA - Após deixar a Casa Civil acusada de tráfico de influência, a ex-ministra Erenice Guerra pretende advogar, depois de cumprir uma quarentena.

DEMÉTRIO MAGNOLI

Dilma, interrompida
Demétrio Magnoli 

O Estado de S.Paulo - 06/01/11
Ah, o exagero - a sombra monstruosa do exagero. "Lula estará conosco." "Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade": "o maior líder que este país já teve." "Seu nome já está cravado no coração do povo." Não é o elogio incisivo, mesmo mais que protocolar, ao presidente que saiu, companheiro de partido, responsável por seu triunfo. É a louvação desmedida, o adjetivo incontido, o culto despropositado, a metáfora de ressonâncias religiosas. "Sob sua liderança, o povo brasileiro fez a travessia para uma outra margem da história." É Moisés, na travessia das águas e na jornada pelo deserto. Nos seus dois discursos de posse, Dilma Rousseff apalpou a linguagem das tiranias personificadas.


Condutor? Comandante? Eterno Presidente? Líder Genial dos Povos? Grande Timoneiro? A linguagem faz diferença, pois a política, em tempos de paz, é feita de palavras. Democracia é o regime das instituições, não dos líderes. Nas Repúblicas democráticas, nenhum líder sintetiza o povo - e exatamente por isso existem oposições legais. Delinquindo nos interstícios da lei, a Petrobrás batizou com o nome de Lula o campo petrolífero de Tupi. O culto a Lula é uma ferida na alma da democracia. Dilma subiu a rampa fazendo as orações desse culto bizarro.

Os discursos de posse de Dilma devem ser lidos como harmonias interrompidas. A presidente tenta desabrochar, insinua-se e esboça um aceno; ansiosa, tropeça e cai. Aqui e ali, por todos os lados, encontram-se os indícios da sua vontade de governar "para todos os brasileiros e brasileiras". Mas o propósito se estiola no caminho, sempre que colide com um dogma do lulismo.

Há o desejo discernível e, contudo, frustrado de construir uma narrativa realista do período pós-ditadura militar. "Um governo se alicerça no acúmulo de conquistas realizadas ao longo da história. Por isso, ao saudar os avanços extraordinários recentes, é justo lembrar que muitos, a seu tempo e seu modo, deram grandes contribuições às conquistas do Brasil de hoje." Ela poderia ter dito: José Sarney consolidou as liberdades políticas, Fernando Collor iniciou a abertura comercial, Itamar Franco fez o Plano Real, FHC ergueu o edifício da estabilidade econômica. Mas não disse, pois pronunciar o nome de um predecessor seria incorrer no pecado da apostasia: a negação da primazia de Lula.

Lula falou quase sempre como chefe de uma facção - e, no dia de passar a faixa, referiu-se ainda aos opositores como "inimigos". Dilma, ao contrário, almeja falar como a "presidente de todos". Ela estendeu a mão aos partidos de oposição, sem pedir a ninguém "que abdique de suas convicções". Com o olho posto nas lições da campanha eleitoral, enfatizou o imperativo do combate à corrupção e declarou um compromisso "inegociável" com as liberdades individuais, de religião, de imprensa e de opinião. "Prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras", assegurou, reproduzindo a fórmula empregada no discurso de vitória. A declaração será posta à prova logo mais, quando a presidente abrir a gaveta onde repousa o projeto de controle estatal de conteúdos dos meios de comunicação, um presente de grego deixado por Franklin Martins, em nome de Lula.

Dilma prometeu uma política externa "baseada nos valores clássicos da diplomacia brasileira", oferecendo uma justificativa cifrada para o afastamento de Celso Amorim. Recitou, um a um, os princípios inscritos na Constituição: promoção da paz, não intervenção, defesa dos direitos humanos. "Direitos humanos", ela disse! É uma censura indireta a Lula, que elogiava ditaduras e traçava paralelos abomináveis entre presos políticos e criminosos comuns.

Entretanto, os interditos pontilham a estrada como campos minados. Logo depois dos direitos humanos, apartando-se do texto constitucional, Dilma mencionou o "multilateralismo". Em tese, o termo significa, apenas, o fortalecimento das instituições multilaterais, como a ONU, o FMI e o G-20. Na linguagem codificada do lulismo, condensa o impulso antiamericano que moldou a desastrada aproximação com o Irã. O "multilateralismo", nessa acepção pervertida, combina com a permanência de Marco Aurélio Garcia no posto de chanceler fantasma. "Lula estará conosco", lembrou a presidente que se sabe tutelada.

"Eu troquei meu nome e coloquei Dilma lá na cédula", avisou Lula na campanha eleitoral. O ex-presidente interpreta o novo governo como seu terceiro mandato e para exercer a tutela nomeou dois primeiros-ministros informais: Antônio Palocci, tutor externo, e Gilberto Carvalho, tutor interno. Ambos cometeram atos falhos antes do encerramento do primeiro dia de governo. Palocci dirigiu um pedido aos ministros: "Tenham-me como um de vocês, um da equipe, um do time." Ninguém que é "um de vocês" fala assim. Carvalho declarou em entrevista: "Lula não precisa de mim. Seria muita pretensão querer ser o espião do Lula no Planalto." O sarcasmo involuntário continua a ser sarcasmo.

Marta Suplicy nunca aprendeu a arte política da sublimação do desejo: a senadora proclama, gritando, o que deve ser sussurrado. Certa vez, nos bastidores de uma reunião da Direção Nacional do PT, incorporou a persona da rainha de Alice para exigir, aos berros, a expulsão imediata de uma corrente minoritária. Agora, na posse da presidente, alertou para a presença perene de Lula - "ele estará sempre disposto a ajudar Dilma no que ela precisar" - e enviou uma mensagem a interlocutores genéricos: "Há uma parceria entre Dilma e Lula que ninguém quebra."

Ninguém quebra? Se Marta tiver razão, Dilma não será, jamais, a "presidente de todos" - e não será nem mesmo a chefe de uma facção. Mas ela pode estar errada, pois a infalibilidade é um atributo exclusivo de Lula. Nessa hipótese, para o bem da democracia, o Brasil terá uma presidente, não um governo subterrâneo.

SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP.

MERVAL PEREIRA

Politicagem
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 06/01/11


Tanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, quanto o líder do PMDB, Henrique Alves, estão certos quando afirmam, de maneira direta ou indireta, que é irresponsável querer dar um aumento maior para o salário mínimo, ou então vincular a discussão do aumento à distribuição dos cargos no governo.

Mas tanto um quanto o outro esbarram em atitudes políticas de seus respectivos partidos, o petista de quando ainda era oposição, longo tempo atrás, e o peemedebista no presente, embora seu partido esteja no governo.

O salário mínimo foi fixado em R$540 de acordo com uma política acertada com os sindicatos em 2007, com validade até 2023, baseada em critério que combina a reposição da inflação com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos dois anos anteriores.

Como o crescimento do PIB em 2009 foi negativo por causa da crise econômica mundial, o reajuste do mínimo será menor este ano. Mas com a economia tendo se recuperado em 2010, com crescimento próximo a 7%, em 2012 o mínimo terá um reajuste maior.

Não há, portanto, razão para mudanças de critérios, e o PMDB não deveria estar testando a capacidade do governo de aumentar sua proposta.

Esse papel deveria ser da oposição, que, aliás, tem uma bandeira para apresentar nesse sentido. Afinal, seu candidato à Presidência, José Serra, a certa altura da campanha, tentou sensibilizar o eleitorado lulista garantindo que levaria o salário mínimo para R$600 se fosse eleito.

Essa proposta, por sinal, fez com que Serra apresentasse um crescimento no Nordeste, por exemplo, onde o governo domina eleitoralmente.

Tanto o aumento do salário mínimo para R$600 quanto o 13º para a Bolsa Família foram promessas demagógicas buscando efeitos eleitorais nas camadas mais pobres da população.

Não foram suficientes, no entanto, para mudar a tendência do eleitorado, e nem mesmo para alterar o teor da oposição ao governo federal.

Uma famosa foto de maio de 2000 mostrando várias figuras importantes do PT rindo debochadamente, fazendo gestos com os dedos mostrando que o aumento do salário mínimo dado naquele ano pelo governo Fernando Henrique fora pequenino, é emblemática.

Estão nela três futuros ministros de Estado, então deputados federais: José Dirceu, Antonio Palocci, e Ricardo Berzoini.

Era o PT oposicionista, que não dava bola para o bom senso e pressionava o governo tucano para dar um aumento maior ao salário mínimo.

Já no governo Lula, os que queriam ampliar a generosidade do aumento do salário mínimo foram chamados por Lula de "irresponsáveis".

Da mesma maneira, hoje, o PMDB, que quer um salário mínimo maior que R$540 não por defesa do trabalhador, mas por interesses próprios, vai sendo apontado à execração pública quando ameaça misturar a distribuição de cargos com a votação no Congresso.

A ponto de ser obrigado a dar uma nota oficial dizendo que seria uma atitude irresponsável misturar os assuntos.

De certo é, mas o interessante dessa disputa é que o PT sempre fez isso enquanto era oposição, e agora o PSDB não consegue fazer o mesmo com o governo do PT, e o PMDB tentava pegar essa brecha para pressionar o governo.

Culpado, no entanto, com sua fama de fisiológico, o PMDB não consegue manter uma posição de consenso para pressionar o governo, ao mesmo tempo em que o PSDB não consegue se unir em torno de uma proposta mais ousada com relação ao mínimo, sabendo que um aumento maior seria realmente irresponsável.

O candidato tucano Serra, que tem fama de fiscalista e rigoroso nas contas públicas, tinha argumentos técnicos para justificar o aumento proposto, e acusava o governo de desperdiçar dinheiro público.

Mas essa não é uma bandeira que agrade ao PSDB de maneira geral, assim como foi difícil para os tucanos serem a favor do fim da CPMF, batalha ganha, sobretudo, pelo DEM no Congresso.

O novo governo petista, aliás, viu-se tentado a ir além logo depois da vitória, aceitando dar uma espécie de antecipação do aumento do mínimo de 2012, mas teve que recuar diante da precariedade das contas públicas.

Como alguns países, o Brasil repassa para os aposentados o chamado "ganho de produtividade" para o salário mínimo, mas antecipar esse ganho seria uma exceção que acabaria virando a regra, numa distorção do espírito da legislação em vigor.

Num sinal de que será mesmo preciso mexer na legislação previdenciária para conter o déficit crescente, o governo vem adotando a prática de aumentar a remuneração de dois de cada três aposentados (os que ganham o salário mínimo) em algo em torno de 5% ao ano todos os anos, o que aumenta o tamanho do débito.

Ao mesmo tempo, essa prática, iniciada no governo de Fernando Henrique, mas em ritmo menos intenso, é um dos pilares da melhoria do poder de compra da nova classe média brasileira, o que dificulta uma mudança de política isoladamente.

A desvinculação da Previdência do salário mínimo poderia permitir que a política de aumentos reais não colaborasse com o aumento do déficit, mas o governo petista nunca teve coragem de assumir essa tese, que é aceita internamente, mas não se transforma em proposta de governo por questões políticas.

Todas essas distorções e incongruências, fruto da baixa politicagem, têm que ser superadas se a presidente Dilma Rousseff quiser mesmo retomar a discussão das reformas estruturantes, entre as quais a da Previdência é das mais urgentes e precisa ser feita com objetivo de longo prazo.

DORA KRAMER

Aliança contra o crime 
Dora Kramer 
O Estado de S.Paulo - 06/01/2011

Na semana que vem o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, começa a percorrer o País em busca do apoio de todos os governadores para a construção de uma política conjunta de segurança pública.

O ministro inicia o périplo com um gesto simbólico, procurando primeiro os governadores de São Paulo e de Minas Gerais, não apenas porque governam os maiores Estados do Brasil, mas principalmente porque Geraldo Alckmin e Antonio Anastasia são filiados ao PSDB, principal partido de oposição ao governo federal.

Convencido de que as divergências político-eleitorais têm sido o principal obstáculo ao entendimento e que sem ele o Estado não tem chance de vencer a luta contra o crime organizado, José Eduardo Cardozo irá desarmado aos governadores: sem planos prontos, disposto a ouvir, a construir projetos integrados e a compartilhar dividendos políticos.

"Não haverá heróis nem autores privilegiados porque a crise é séria, requer união de todos e a compreensão de que quando o crime entra no Estado é o Estado de Direito que fica comprometido", diz ele, anunciando que o pressuposto dessa aliança não é a adesão política.

"Se houver esse tipo de exigência ou qualquer forma de imposição, será uma tentativa fracassada." Como tantas outras. A despeito de reivindicar para o governo Luiz Inácio da Silva algumas realizações no setor, como a instituição do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania) concentrado na área da prevenção, Cardozo reconhece que o Estado fez pouco ou quase nada nos últimos anos.

Tende a concordar com a tese de que presidentes oriundos da esquerda, Fernando Henrique Cardoso e Lula, de alguma maneira têm constrangimento em tratar de políticas de repressão por receio de se identificar com políticos ditos conservadores. "É uma hipótese real, mas chegamos a um ponto em que não temos saída: ou enfrentamos o problema ou somos derrotados por ele."

O ministro não vê chance de êxito fora da unidade de ação. E, para isso, acha essencial que a iniciativa de despolitizar a questão seja federal.

Não obstante a evidência de que a recente ação das Forças Armadas no Complexo do Alemão, no Rio, tenha sido possível por causa da aliança política entre Lula e o governador Sérgio Cabral, Cardozo considera que o pressuposto não pode ser esse.

Daí a ideia de iniciar essas conversas agora, bem longe na próxima eleição, em 2012. "Quando a eleição municipal se aproximar já deveremos ter avançado tanto nas ações e estabelecido uma integração administrativa tal que a disputa partidária ficará em segundo plano. Pelo menos é o que eu espero que aconteça."

As visitas aos governadores serão individuais, seguidas de encontros com os respectivos secretários de segurança.

Al mare. O ministro da Justiça pretende manter a estrutura do Arquivo Nacional no Rio. E despachar algumas vezes por mês na cidade.

Arrumação. A presidente Dilma Rousseff vai retomar com a imprensa um hábito comum no governo Fernando Henrique e que foi abandonado na gestão Lula: os contatos periódicos com jornalistas para conversas informais e encontros com diretores de veículos de comunicação.

Dilma começa na semana que vem com um café da manhã cuja lista de convidados está sendo elaborada.

Querubins. PT e PMDB não têm razão para reclamações recíprocas. Nessa aliança ninguém pode dizer que a cigana enganou alguém.

Vão ser quatro anos de embate entre dois partidos que sabem o que é poder e não têm constrangimento na luta.

Diferente do pensionato para moças de fino trato e nenhum tato chamado PSDB, onde tampouco há serafins. A diferença essencial é que, enquanto defendem suas respectivas fileiras, os tucanos concentram energias no exercício da autofagia.

No momento, com especial destaque ao governador Geraldo Alckmin.

MÔNICA BERGAMO

SONHO DOURADO
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 06/01/11

O jogador do Milan Alexandre Pato, 21, revela à revista "ESPN", hoje nas bancas, seu sonho de ir à Olimpíada de Londres. "Cada treinador tem suas escolhas. Eu sou jogador e só tenho de respeitar. Hoje estou trabalhando com o professor Mano. Sonho com a medalha de ouro."
Sobre a separação conturbada da atriz Sthefany Brito, poucas palavras. "Aconteceu e eu prefiro não falar sobre ela. Digo apenas que estou feliz e pensando somente em meu trabalho."

TELA SANTA

O conselho da TV Brasil deve retomar em fevereiro uma discussão espinhosa: a presença de programação religiosa na emissora. Parte dos conselheiros defende a retirada do ar da "Santa Missa", transmitida aos domingos, sob o argumento de que "o Estado é laico". Tereza Cruvinel, presidente da TV Brasil, sugere que, em vez de excluir a celebração católica, a rede abra espaço a outras religiões. "A TV não é estatal, é pública. Por isso, tem que retratar a diversidade religiosa", diz.

TELA SANTA 2
A ideia de Cruvinel é criar faixas de 15 minutos na grade, com programas específicos de cada religião. Dados do IBGE podem servir de base para selecionar os grupos contemplados. Dá um exemplo: "Se os budistas, um grupo importante, são menos de 1% da população, eles ficariam de fora. Mas se conseguirmos representar os outros 99% será um avanço".

MALDITOS
Reinaldo Moraes e Marçal Aquino são os primeiros autores da Má Companhia. O novo selo da Companhia das Letras, a ser aberto neste semestre, relançará obras de escritores "malditos" na literatura brasileira. "Tanto Faz" e "Abacaxi", títulos esgotados de Moraes, ganharão edição conjunta. De Aquino, será relançado "O Invasor".

OFENSIVA ALEMÃ
A exposição "Se Não Neste Tempo", de pintura alemã, bateu o recorde de Vik Muniz como a mostra de arte contemporânea mais visitada do Masp. Atraiu 200 mil pessoas em três meses -contra 192 mil de Vik em 2009. A exposição, que terminaria neste domingo, será prorrogada até o dia 30, assim como a de Win Wenders (140 mil visitas).

As mostras terão entrada gratuita no dia 25, aniversário de SP. A de Wenders vai em fevereiro para Londres.

TIO SAM
Com dólar a favor, a Stella Barros, que faz Orlando-Miami, prevê o aluguel de vans extras para transportar sacolas nas férias de janeiro. Com aumento de 95% nas vendas de pacotes em 2010, a operadora providenciou três vans grandes só para compras, por excursão, em julho.

PELE DE PÊSSEGO
A aparência remoçada do ex-presidente Fernando Collor deve-se a um tratamento de laser no rosto para amenizar manchas e rugas leves. Aos 61 anos, o atual senador foi levado pela mulher Caroline ao consultório do dermatologista Francisco Leite. O médico não fala sobre o cliente famoso. Em seu centro estético em Brasília, uma aplicação de laser custa a partir de R$ 715, cada uma.

Collor é adepto também de luzes "ao contrário", em que os fios brancos são puxados e tingidos de preto. Discreto, quando vai ao salão do brasiliense Ricardo Maia, é atendido numa sala especial.

DOUTOR BARACK
A Universidade Zumbi dos Palmares quer entregar um título de doutor honoris causa ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O reitor, José Vicente, diz que aguarda a vinda dele ao Brasil, "no segundo semestre", para a cerimônia. "Batemos um papo com a Hillary [durante a posse de Dilma] e ela vai fazer o meio-campo com a gente." Ela deu palestra na universidade em sua visita anterior ao Brasil, em março do ano passado.

ARTESÃ
A cantora norte-americana Janelle Monáe, que se apresenta no festival Summer Soul - o mesmo de Amy Winehouse- em Florianópolis, no sábado, e em SP, no dia 15, pediu tecidos e tintas em seu camarim. Amy, por sinal, antecipou em dois dias a chegada ao Brasil. Desembarcou com seu jato particular no Rio na manhã de ontem. A cantora fez sua base em um hotel em Santa Teresa. Deve fazer bate e volta sempre que se deslocar para os shows em outras capitais.

POSSE CORUJA
Na posse de Bruno Covas (PSDB) na Secretaria do Meio Ambiente de SP, sua mulher, Karen Ichiba, e sua avó, Lila, viúva do ex-governador Mário Covas, foram homenageadas. Receberam flores de Maria Neuza Camargo Ortiz de Oliveira, mulher do ex-secretário Pedro Ubiratan Escorel de Azevedo, que transmitiu o cargo.

CLIQUES DA VIRADA
O ator Kadu Moliterno curtiu o Réveillon Boutique, em Florianópolis, com a filha, Lanai. A balada é organizada por Jeffrey Jah e Ricardo Kurtz, que teve a namorada, Marina Langowisky, ao seu lado durante a noite. A modelo Drielle Valeretto também virou o ano em Jurerê Internacional.

CURTO-CIRCUITOS

Adriane Galisteu e Daniel Del Sarto substituem Danielle Valente e André Bankoff na nova temporada da peça "Mulheres Alteradas", que estreia amanhã no teatro Procópio Ferreira. 12 anos.

Os sócios do bar Balcão, nos Jardins, promovem hoje, a partir das 18h, brinde de Dia de Reis com champanhe, uvas e patuás. 18 anos.

A Nestlé inaugura hoje, às 15h, a Vila Nestlé, estação de verão na praia das Pitangueiras, no Guarujá.

Renata e Tasso Jereissati casam a filha Natalia com Igor Macêdo Cunha no sábado. A cerimônia será à tarde, na Praia da Tabuba (CE).

O pintor paulista Rafael Murió encerra hoje exposição na Ward-Nasse Gallery, de NY.

com ELIANE TRINDADE (interina), DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Nos mínimos detalhes
 Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 06/01/2011

Geraldo Alckmin encomendou a assessores um mapeamento das defasagens de São Paulo nos principais indicadores de qualidade de vida, empregabilidade e segurança. O estudo abastecerá um plano de metas de médio prazo no qual os parâmetros do Estado serão equiparados aos adotados internacionalmente.
Alckmin quer chegar ao final da gestão munido de um portfólio de resultados mensuráveis para apresentar ao eleitor. O tucano espera reunir elementos que justifiquem uma possível extensão do ciclo do PSDB à frente do Bandeirantes, combatendo o discurso oposicionista da fadiga de material após 16 anos.

Alicerce Envolvido na polêmica sobre a participação de Paulo Preto na coleta de recursos para campanhas, o tesoureiro-adjunto do PSDB-SP, Evandro Losacco, deverá assumir a diretoria de Obras da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação). O diretor-executivo será José Bernardo Ortiz, antigo aliado de Alckmin.

Pai da criança Foi José Sarney quem sugeriu ao PMDB abraçar a bandeira do aumento do mínimo como forma de retirar do foco a disputa por cargos no governo de Dilma Rousseff, real interesse do partido. "É só falar do salário que vai virar manchete", instruiu o presidente do Senado em reunião com correligionários no apartamento de Michel Temer.

Assim não dá Presidente do PSC, que elegeu 17 deputados, Pastor Everaldo disse ontem a Marco Maia (PT-RS) que não conte com o apoio da sigla, até agora esnobada no loteamento de cargos, para chegar ao comando da Câmara.

Vai... Mais um galho a ser retirado da árvore da Casa Civil: o núcleo de TV digital deverá migrar para o Ministério das Comunicações.

...e vem Já a estrutura responsável pelos discursos de Dilma será transferida da Secretaria Geral para a pasta de Antonio Palocci.

Coletivo Do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), sobre visitas que fará a governadores para tratar do combate ao crime organizado: "Não quero o caminho da derrota ou da vitória. Ou ganharemos todos juntos, ou perderemos todos juntos".

Software livre Na véspera do Ano Novo, Dilma fez caminhada pela Granja do Torto vestindo camiseta do Mozilla Firefox, navegador de internet que se tornou o mais utilizado na Europa.

#fail As caixas de e-mails da Previdência estão lotadas de reclamações à referência feita por Garibaldi Alves (PMDB-RN), em seu discurso de posse, ao "abacaxi" que seria o ministério. Quem trabalha lá tenta há anos desconstruir essa ideia.

Arbitragem Ex-deputada, a delegada Rosmary Corrêa (PSDB) vai pilotar a Subsecretaria de Assuntos Parlamentares de Geraldo Alckmin, braço da Casa Civil incumbido de mediar os conflitos com a Assembleia.

Por bem... A direção do PSDB-SP decidiu oficiar a Assembleia e a Câmara para que cumpram entendimento do Supremo segundo o qual os suplentes do partido, e não da coligação como um todo, devem ocupar as cadeiras de quem se licenciou para assumir secretarias.

...ou por mal Caso a iniciativa não prospere, os tucanos irão à Justiça para tirar do DEM, com o qual se coligaram também na eleição proporcional, uma vaga de deputado estadual e duas de federal na nova legislatura.

tiroteio

"A autocrítica de Alckmin mostra que o ciclo que precisa mesmo de revisão é o de quase 20 anos de PSDB no governo de São Paulo."
DO DEPUTADO ESTADUAL ROBERTO FELÍCIO (PT), sobre o anúncio, feito pelo tucano, de ajustes no sistema de progressão continuada e nos contratos dos pedágios, temas martelados pela oposição na campanha eleitoral.

tiroteio

Imagine só


No sábado passado, quando Lula, depois de entregar a faixa presidencial a Dilma Rousseff, começou a descer a rampa do Palácio do Planalto acompanhado por sua sucessora, o deputado federal André Vargas (PR), secretário de Comunicação do PT, cutucou o colega de bancada Devanir Ribeiro (SP), um dos principais divulgadores da tese do terceiro mandato:
-É, Devanir... Se a sua ideia tivesse prosperado, nós não veríamos isso aqui hoje....

MÍRIAM LEITÃO

O bom do abacaxi
MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 06/01/11


Como sabem apreciadores dessa fruta da América do Sul, o abacaxi é difícil de descascar. Vencida essa etapa, pode ser um grande prazer. O ministro Garibaldi Alves admitiu não ter currículo para cuidar da Previdência e ter sido avisado que lá tem problemas, um "abacaxi". Louve-se sua sinceridade. Outros, sem currículo, fingem de sabidos. Saber que não sabe é um bom primeiro passo.

Jornalistas perguntam a quem sabe. O ministro poderia seguir essa receita inicial simples. Lá no Bom Dia Brasil convidamos ontem um dos especialistas em previdência, Paulo Tafner. Ele vem estudando o tema há anos, e escreveu recentemente, com Fábio Giambiagi, um livro sobre esse dilema que o Brasil se recusa a encarar. Deu alguns dados interessantes.

A Previdência custa ao Brasil R$ 300 bilhões por ano. Tudo com nossos impostos. Isso é 12% do PIB. E aí, a primeira contradição. Como o Brasil é um país ainda jovem, não faz sentido gastar o mesmo percentual do PIB, ou até mais, que países que têm uma população mais velha. Outra constatação: vamos envelhecer. Isso é bom, já que estamos aumentando a expectativa de vida. Mas temos sido imprevidentes - desculpe o trocadilho óbvio - ao não fazer as reformas incontornáveis que temos pela frente. São todas espinhentas e por isso os políticos vão deixando para depois, sabotando as propostas que o governo envia, ouvindo mais os lobbies.

O ministro deveria olhar o longo prazo. Ministros da Previdência que não descascaram esse abacaxi há muitos na História. O que conseguir levar o país a provar o melhor do abacaxi pode enfeitar seu currículo: a fruta é meio flor, da família das bromélias.

Previdência não é apenas custo. Pode ser poupança, renda, garantia de um futuro de maior estabilidade, gás para investimento. Isso se ficar bem equacionada a questão fiscal e houver incentivo para que as pessoas se preparem para a maturidade.

Hoje, o Brasil é um dos poucos países do mundo sem idade mínima de aposentadoria. Uma insensatez. Países ricos estão elevando a idade mínima, e nós nos damos ao luxo de sequer estabelecer esse limite. Resultado: os brasileiros ainda se aposentam cedo demais. O pior é que o pobre demora mais a se aposentar porque não consegue provar tempo de contribuição. É um direito inversamente proporcional à renda.

O partido do ministro, PMDB, está rebelado e ameaça elevar o salário mínimo. Esse amor súbito aos aposentados eclodiu na briga por cargos em várias áreas. Cada ponto percentual a mais do salário mínimo significa meio ponto a mais no custo da Previdência. É por isso que o assunto não deveria ser forma de barganhar cargos. E por falar nisso: os cargos da Previdência não deveriam ser moeda de troca. Técnicos sem ambições políticas podem ter mais destreza - e objetividade - na tarefa de descascar o abacaxi.

Alguns supostos entendidos de previdência dirão que não existe déficit no sistema brasileiro. Isso é tão verdadeiro quanto dizer que a casca do abacaxi não espeta. Para chegar nesse resultado sem déficit, a proposta que fazem é que se retire da conta os que recebem aposentadoria rural, porque eles não recolheram. Ora, a aposentadoria dos trabalhadores do setor rural é obviamente parte sistema do previdenciário, tenham eles no passado contribuído ou não. Não há mágica: a Previdência tem déficit em torno de R$ 45 bilhões só no INSS.

O ministro também deveria conversar com o IBGE, nosso excelente instituto de estatística, para conferir os dados do novo censo. Eles surpreenderam porque a queda do número de filhos por mulher foi mais rápida do que o previsto. Menos de dois filhos, em média, o que nem repõe a população. Nisso, a nossa presidente é uma mulher à frente do seu tempo. Teve apenas a Paula. Pois bem, essa é uma tendência irreversível. Em breve, a população brasileira vai parar de crescer. Haverá menos jovens entrando no mercado de trabalho dentro de vinte anos. Junte-se a isso o fato de que os brasileiros viverão mais e está feita a confusão: menos gente pagando, mais gente recebendo por mais tempo. A conta não fecha, ministro. Pode conversar também com demógrafos da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, Ence, do IBGE. Vá também ao Ipea, mas cuidado para falar com as pessoas certas. O instituto já não é o que foi.

Tafner, que é do Ipea, apesar de estar agora trabalhando na secretaria de Fazenda do Rio, tem dados sempre impressionantes. Seu novo estudo com Giambiagi - outro brasileiro devotado à espinhosa causa de descascar esse abacaxi - mostra que para que a conta da previdência fique estável, como proporção do PIB, o país terá de crescer em média 4,7% ao ano por 30 anos. Difícil, ministro. Nos últimos 20, mesmo contando o PIBão do ano passado, foi metade disso.

Uma lasca da casca pode ser tirada com facilidade. O governo Lula aprovou a reforma da previdência do setor público. E não regulamentou. Com isso, o país perdeu oito anos. Quando a reforma for regulamentada, pode ajudar a construir mecanismos de poupança de longo prazo.

Os casamentos intergeracionais - ou seja, pessoa mais velha casando com outra bem mais nova - têm se tornado mais frequentes. Não, não falo de certo casal conhecido. Falo em geral. Esses casos estão elevando custos previdenciários porque as pensões são pagas por mais tempo. Outros países já desenvolveram soluções para que a conta não acabe nos cofres públicos.

Como integrante de uma família longeva na política, o ministro da Previdência há de saber que só há uma forma de saborear o abacaxi: descascando-o. É isso, ou fingir que não há déficit, distribuir cargos e benefícios para amigos e aliados. Pode dar ganhos de curto prazo ao ministro. Para o país, será mais um passo na marcha da insensatez.

CELSO MING

Austeridade e juros 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 06/01/2011 

A entrevista do ministro da Fazenda, Guido Mantega, concedida terça-feira, não foi apenas a tentativa de segurar a cotação do dólar no grito. Deu novas indicações de como a administração Dilma pretende reorganizar a economia. O problema será colocar em prática projetos às vezes confusos e nem sempre conciliáveis.

A primeira questão é, naturalmente, a do câmbio, que teima em provocar valorização ainda maior do real, movimento que tira competitividade da indústria. Mantega interpreta a derrubada do dólar das últimas duas semanas como consequência da retomada dos negócios lá nos Estados Unidos. Ou seja, para ele são os investidores internacionais que se sentem mais confiantes, tiram a cabeça da toca e enfrentam mais o risco e, com isso, mais dólares rumam para o Brasil.

Se for isso e se for confirmada a recuperação da economia americana, é preciso estar preparado para mais duas consequências. A primeira delas é o inevitável aumento do consumo por lá e, com ele, mais pressão inflacionária, especialmente sobre alimentos e combustíveis. Se, de um lado, a inevitável alta dos juros nos Estados Unidos, que se seguirá à recuperação, produzirá valorização do dólar no câmbio interno (o que Mantega festejará), de outro, puxará a inflação aqui no Brasil.

De todo modo, uma boa reação do mercado americano não colocará ponto final na crise global. O risco de uma nova rodada de naufrágios na área do euro ainda não foi eliminado. E, se algo de grave acontecer, a economia dos Estados Unidos, mesmo em fase de recuperação, não será poupada.

Afora isso, o aumento das posições de risco continuará a despachar mais recursos para o Brasil e, dessa forma, pressionará para ainda maior valorização do real. Mantega avisa que combaterá a entrada de capitais especulativos. Esse não é um bom caminho. Se o capital é especulativo e, portanto, de curto prazo, o tanto de valorização do real que causará na entrada no País provocará de desvalorização na saída que virá, como se entende, logo em seguida. Para que, então, combater com providências complicadas e de efeito duvidoso o que não vai durar?

Mantega disse mais: "Vamos cortar os gastos para abrir espaço para a redução dos juros." É a primeira vez que o ministro põe a política fiscal como aliada da política monetária. É, também, o reconhecimento de que o excesso de despesas públicas produziu elevação do consumo e, portanto, inflação. Na medida em que a austeridade for colocando o consumo no seu tamanho certo, o Banco Central não terá o mesmo tanto de inflação a combater e poderá derrubar os juros. Juros mais baixos, por sua vez, contribuirão para impedir valorização excessiva do real porque desestimularão a entrada de capitais com o objetivo de tirar proveito dos juros mais altos aqui dentro.

O problema é que a inflação vai escapando da meta (de 4,5% neste ano) e o primeiro movimento do Banco Central neste início de administração não será reduzir os juros. Será aumentá-los. Ou o governo federal derrubará para valer as despesas públicas e os juros poderão cair algum tempo depois ou não levará tão a sério essa orientação e eles continuarão lá em cima. Nesse caso, a política cambial perderá um forte aliado contra novas valorizações do real (baixa do dólar). Mas vá saber até que ponto o governo fará o que diz.

Passaram longe
A tabela acima, publicada pela Coluna dia 31 de dezembro de 2009, mostra como os analistas de mercado dos principais bancos e corretoras projetavam o comportamento da Bolsa em 2010. Eles erraram demais. O Índice Bovespa fechou o ano passado com 69.304,81 pontos, 16,6% abaixo dos 83.133,33 pontos, que foi a média das previsões. Vá saber por que erraram tanto.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Laboratórios avançam em acordo de R$ 1,9 bi
Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 06/01/2011

Em assembleia realizada ontem, o médico e empresário Edson de Godoy Bueno, acionista majoritário do grupo MD1 (Sergio Franco Diagnóstico, CDPI, Multi Imagem e ProEcho Diagnósticos), passou a ser o maior acionista individual indireto da Dasa (Diagnósticos da América) com 26% das ações.
O montante envolvido no fechamento da operação foi de R$ 1,9 bilhão.
A empresa agora terá uma das maiores bases de diagnósticos do mundo.
A companhia pretende melhorar as condições em unidades de atendimentos, tecnologia de imagens, pesquisas científicas, desenvolvimento e implantação dos sistemas de produção e atendimento para os clientes.
Além disso, a empresa pretende expandir sua atuação para outras fronteiras.

MAIS HAMBÚRGUERES

A rede de lanchonetes General Prime Burger abrirá três lojas neste ano.
Além das já anunciadas inaugurações em Campinas, em fevereiro, e em Alphaville, em abril, o grupo fechou contrato com o shopping Iguatemi JK, que ficará pronto em setembro, em São Paulo.
"Há grande margem para crescimento. Na Europa e nos EUA, 70% das pessoas comem fora. Em São Paulo, esse número é de 30%, mas está aumentando", diz um dos proprietários do Prime, Paulo Kress.
Para a construção das três unidades, o grupo investirá até R$ 15 milhões.
Com o aumento da classe C, há uma nova cultura de alimentação no país, segundo o sócio de Kress na rede de lanchonetes, Paulo Barros.
"O nosso público não quer só comer, mas usufruir de um ambiente mais cômodo", diz Barros.

PARA ONDE OLHAR EM 2011

Ricardo Flores, presidente da Previ

"O Brasil é um dos países que mais oferecem boas oportunidades de investimento de longo prazo. Conhecemos o país, as empresas brasileiras e temos condições de buscar as melhores opções de investimento. Por outro lado, a expectativa da redução da taxa básica de juros da economia exigirá maiores esforços e diversificação dos investidores. A Previ está preparada para esse desafio", diz Ricardo Flores, presidente da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), sobre o que atrairá a atenção neste ano.
"Queremos fazer parte mais intensamente desse novo capitalismo brasileiro, com instituições consolidadas, uma economia forte, com estabilidade de preços", afirma.
"Seja pelo bom desempenho já apresentado ou pela perspectiva de retorno, merecem especial atenção as áreas voltadas para o mercado interno e o comércio varejista. Investimentos em infraestrutura é um leque no qual enxergamos boas oportunidades. Há ainda possibilidades de contribuir para a consolidação de setores econômicos, como energia, alimento, varejo."
"Investimentos imobiliários e em fundos de "private equity" estão entre as prioridades de crescimento da carteira, com ênfase em shopping centers e prédios comerciais, além da cadeia de fornecedores do pré-sal."

Orçamento... Quase 45% dos moradores da região metropolitana do Rio tiveram sobra no orçamento depois de pagar todas as contas, de acordo com pesquisa da Fecomércio-RJ, realizada em dezembro. No mesmo período de 2009, foram apenas 36,1%.

...com sobra Cerca de 40% estão com o orçamento equilibrado, enquanto para 16% a receita foi insuficiente. Entre os que tiveram sobra, 32% pretendem guardar para consumir no futuro e 30% vão guardar para eventualidades, segundo a pesquisa.

Na presidência A Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) tem novo presidente para este ano. O executivo João Carlos Castilho Garcia vai suceder Andrew Frank Storfer.

Onda A Libra Terminais, operadora portuária, tem novo diretor-presidente, Wagner Mendes Biasoli, que atuava no escritório da Shell, em Londres. A Libra Terminais tem faturamento de cerca de R$ 600 milhões ao ano e é responsável por mais de 70% da receita líquida do Grupo Libra.

América Latina crescerá menos em 2011, diz consultoria

O crescimento econômico da América Latina será mais contido em 2011. Neste ano, a região deverá registrar aumento de 3,8% em seu PIB, ante 5,6% em 2010, segundo estimativas da EIU (Economist Intelligence Unit).
Ainda assim, o ritmo de crescimento latino-americano seguirá acima da média mundial, também de acordo com a consultoria.
O Brasil consolidará a sua liderança no continente e no resto no mundo, diz o estudo.
A região caribenha será a mais afetada, pois depende muito dos EUA para a exportação de seus produtos.
Os únicos países com expectativas superiores às do ano passado são Chile, que foi atingido por grave terremoto em 2010, e Venezuela, cuja recessão está próxima de ser amenizada.
Para continuar com aceleração econômica alta, os países terão que superar alguns desafios, como o combate ao tráfico de drogas e as insatisfações sociais decorrentes do crescimento mais lento.
Entre as possíveis soluções apontadas pela EIU está a realização de reformas estruturais -tributária, política e trabalhista.

ROBERTO MACEDO

Lula, nem ótimo nem bom
Roberto Macedo 
O Estado de S.Paulo - 06/01/11

Se ouvido na última pesquisa sobre o desempenho do ex-presidente Lula, eu estaria entre os 17% que o viram de regular para baixo. Ao estudar, fui ensinado a não me iludir com aparências, e o que predomina é uma versão de ótimo e bom que não corresponde aos fatos. É evidente que a economia esteve melhor sob Lula. Mas dizer que foi por causa dele é outra história. Surfou em duas ondas muito favoráveis. A externa, um crescimento ímpar da economia mundial, trouxe não só um melhor desempenho do produto interno bruto (PIB), mas também a superação de grave problema com que o Brasil se deparava havia muitas décadas, a tal escassez de divisas, responsável por muitas crises econômicas. Hoje sobram reservas e a última crise, que veio em 2008, não foi por falta delas, mas por contenção do crédito e de nossas exportações. O Brasil então escapou ao tradicional choque externo, com forte desvalorização cambial, aumento da inflação, dos juros, da dívida publica e pedido de socorro ao FMI.

A outra boa onda foi no plano interno, vinda dos governos Collor, Itamar e FHC, com renegociação da dívida externa, ajustes nas finanças públicas, inclusive privatizações, e abertura da economia, dando-lhe maior estabilidade e eficiência. Lula nunca reconheceu bem essas boas ondas. Sofismando, toma o que veio de bom depois dele como resultado de sua ação. Como corolário, o ruim não é com ele.

Vejo-o como um peão em rodeios. Neles, quem monta não recebe pontos se o animal não pula. Ora, Lula quase que só montou bichos mansos. Quando a crise pegou, o corcoveio da economia trouxe-o ao chão, mas aí veio com a conversa fiada da marolinha. Fez que não viu o vagalhão, que custou ao País perto de R$ 200 bilhões em crescimento perdido.

Também pode ser comparado ao comandante de um barco encalhado por uma estiagem, no leito seco de um rio. Vieram as chuvas, o barco desencalhou e o comandante diz que foi obra dele.

O número final do crescimento do PIB em 2010 deve ficar perto de 7%, e certamente se vangloriará disso, mas esquecendo o buraco de 2009, o que levará a uma taxa média próxima de 3,5% nos dois anos, ridícula se comparada à de países realmente empenhados em crescer, como a China e a Índia, a primeira, aliás, com suas importações ajudando muito o Brasil. Ao administrar, foi um desastre na área de pessoal, contratando mais sem maiores critérios, expandindo cargos providos sem concurso - em cuja elite hoje predominam companheiros sindicalistas -, e pagando salários bem maiores que os do mercado de trabalho, agravados pela aposentadoria privilegiada, que não conseguiu resolver. Também tornou obscuras e mais frágeis as contas governamentais, até mudando critérios de avaliação do superávit primário e expandindo fortemente a dívida bruta, além de usar boa parte do primeiro dinheiro do pré-sal para tapar buracos nessas contas.

Demonizou as privatizações, mas pouco fez para ampliar com vigor a capacidade de investimento da administração pública. Por essa e outras razões, são indispensáveis investimentos privados para a provisão de serviços públicos, mas relutou em fazer isso. Um caso emblemático está de novo nas manchetes, o crônico estrangulamento dos principais aeroportos, que não conseguiu resolver em dois mandatos. O nome disso não é competência. Ao sair, disse que foi fácil governar, mas a facilidade veio das duas ondas citadas, e também porque não enfrentou seriamente gravíssimos problemas. Como na infraestrutura, na saúde, na segurança e na previdência, entre outros. Também disse que pode ensinar a governar, mas quem precisa de ajuda é porque está difícil. Colocar gente no Bolsa-Família é fácil, com a economia gerando mais impostos, mas promover bolsistas via educação e trabalho é difícil, e não teve a mesma atenção.

Aliou-se ao que de pior existe na política brasileira. Emblemático disso foi que seu outrora inimigo político José Sarney fez questão de acompanhá-lo na viagem de saída. Na política externa, aliou-se a quem se marca pelo desrespeito à democracia, aos direitos humanos e até pelo cultivo de coca, optando por um terceiro-mundismo com ranço de antiamericanismo da esquerda de 50 anos atrás. Disse ser "gostoso (...) terminar (...) vendo os EUA, (...) a Europa (...) o Japão em crise", ignorando que com isso o Brasil perde exportações. No plano ético, procurou justificar o injustificável, como o mensalão e outros deslizes de companheiros.

Foi competente mesmo na arte da comunicação. Aí rivalizou com Chacrinha, tido como o maior comunicador da TV brasileira, que fez escola ao dizer que "quem não se comunica se trumbica". Lula tornou-se mestre ao praticar o corolário: quem se comunica se edifica. Só faltou jogar bacalhaus para as plateias.

Nessa comunicação foi auxiliado pela complacência de parte da mídia, também por conveniências, pois, conforme matéria recente da Folha de S.Paulo, ampliou de 499 para 8.094 o número de veículos de comunicação que recebem verbas de publicidade do governo federal. Outro aspecto da complacência é que Lula foi mais objeto de notícias do que de análises, nas notícias predominando sua "experteza" como comunicador. Terminou o mandato com mais um descaso pelo comportamento republicano, com a cumplicidade da companheira substituta. Como cidadão incomum, deixou Brasília no avião presidencial, posando antes como Romário na janela do piloto, quando nosso time retornou do tetra de 1994. Só faltou a Bandeira.

Vangloria-se de suas raízes humildes, de seu passado de operário, mas hoje se vê como um iluminado, bem acima dos que o elegeram e o endeusaram. Fiel mesmo às suas origens, Harry Truman, ao deixar o governo nos EUA, em 1953, saiu dirigindo seu carro, acompanhado apenas pela esposa.

ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP, É VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Quem avisa amigo é 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 06/01/2011

Ronaldinho Gaúcho, segundo fonte que não chuta fora da área, deixou claro nas suas conversas com seu irmão e empresário Assis: não gostaria de morar em São Paulo, nem em Porto Alegre. Conforme antecipado ontem no blog da coluna, pretendia mesmo era desfrutar de toda beleza do Rio.

Terá tempo para desfrutar a Cidade Maravilhosa?

Bola preta

Já o outro Ronaldo convive com o fato de não ter sido aceito como sócio do Paulistano. Comenta-se pelo clube que o real motivo foi sua segurança. O novamente Ronalducho pretendia que seus seguranças circulassem armados nas dependências do clube- conduta não permitida pelos estatutos.

Questionados, os dirigentes não se posicionaram até o fechamento desta edição.

Atacante

Alckmin pode lustrar as chuteiras. Caso cumpra a promessa de assistir dia 15, em Lins, o primeiro jogo do Paulistão entre Linense e Santos, o governador será escalado para o pontapé inicial da partida.

Nova temporada

Entre amigos, Mauro Vieira, embaixador em Washington, dava como certo seu retorno ao Brasil. O discurso mudou: fala em ficar mais um ano por lá.

Chegado no além

Nelson Xavier não renega o sobrenome. O ator participa de outro longa espírita depois de ter interpretado Chico Xavier em dois filmes. Desta vez, o roteiro é baseado em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

Quem não se comunica...

Quem vem?

Gael García Bernal desembarcará em terras brasileiras. Vem para participar do longa El Ardor, coprodução da Bananeira Filmes com a argentina Magma Filmes.

Sem data ainda para começar, o filme terá takes em florestas.

Bye, Bye Esso

O Grupo Ometto, que já havia assumido a rede Esso no Brasil, concluiu a absorção dos postos Shell.

A ideia que prevalece neste momento no board dos Ometto é a de unificar todos os postos com a bandeira da Shell. Tudo para otimizar os investimentos em marketing, com direito inclusive de ressuscitar a bem sucedida campanha do "Shell Responde".

Casa torna

Candidato derrotado nas eleições do estado do Espírito Santo, Luiz Paulo Velloso deixa a presidência do Instituto Teotônio Vilella. Para voltar ao BNDES.

No ar

Não têm chance os "espertos" que querem entrar agora na escolha dos caças avançados da FAB. Novo protagonista, pelo que se apurou, só pode ser admitido com o cancelamento da licitação. O que acarretaria desgaste diplomático para o País em uma área sensível, a do mercado de equipamentos militares.

O procedimento foi encerrado com a apresentação das propostas definitivas dos três finalistas - Boeing, Dassault, Saab - no segundo semestre de 2010.

Amor versus Trabalho

João Doria desafiou e Toquinho aceitou. Ambos vão disputar partida de futebol society com os respectivos times, dia 29.

O time de Toquinho tem o nome de "Namorados da Noite". O de Doria, não poderia ser outro: "Workaholics".