segunda-feira, dezembro 12, 2011

Os ricos agora choram com os brasileiros - DANIELE CAMBA


Valor Econômico - 12/12/11


Como na novela exibida na década de 80, as bolsas dos países europeus parecem agora viver mais intensamente o drama mexicano "Os ricos também choram". Durante boa parte do ano, a Bovespa esteve praticamente sozinha na lanterninha entre as principais bolsas do mundo, com um desempenho bem ruim. No entanto, agora, o mercado brasileiro já não está mais sozinho. Existe um emaranhado de bolsas com quedas relevantes no ano, várias delas, inclusive, caem bem mais do que a brasileira.

Em dólar, para facilitar a comparação entre os países, o Índice Bovespa acumula uma queda no ano de 22,19%. Existem bolsas piores tanto em outros mercados emergentes quanto nos desenvolvidos. Entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o índice Shenzen, da bolsa da China, cai 22,45%, o indicador da Rússia tem queda de 20,44%, o da Índia, 31,87% e o da África do Sul outros 17,54%.

Os números dos mercados europeus são bastante ruins também, especialmente nos países que estão no epicentro desta crise. O índice da Bolsa de Milão, por exemplo, registra no ano, em dólar, uma queda de 22,63%. Já o da Bolsa de Atenas cai nada menos que 52,19% e o indicador da de Lisboa, 20,46%.

Nem mesmo os países considerados os alicerces da Europa passam ilesos pela piora dos mercados. Em dólar, o índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, acumula uma queda anual de 12,72%, enquanto o Cac, da Bolsa de Paris, se desvaloriza 16,60%.

O tom negativo contagiou tanto o mundo que, dos 48 principais mercados, apenas três conseguem estar no azul - EUA, Venezuela e Filipinas, sendo que apenas o primeiro é relevante. Aliás, é surpreendente que o mercado americano ainda se segure no campo positivo, apesar de todas as mazelas na vizinha Europa e até na própria economia dos EUA.

"Muito mais do que uma melhora significativa do mercado brasileiro, as outras bolsas pioraram bastante nos últimos tempos, diminuindo a distância entre o número negativo da Bovespa e os dos demais mercados", explica o diretor de investimentos da Fundação Cesp, Jorge Simino.

Além da piora de outras bolsas, houve sim uma recente recuperação do Brasil, o que reduziu a distância entre os mercados. Na visão de Simino, essa valorização tem dois motivos. As ações ficaram baratas frente aos fundamentos da economia local. E, como os investidores estrangeiros estão com uma quantidade recorde de caixa, compraram ações ao menor sinal de recuperação da Bovespa, o que incentivou novas altas. Simino lembra também que as quedas de Petrobras, Vale e dos bancos, que juntos representam cerca de 40% do Ibovespa, perderam força, até porque já tinham caído muito.

Daniele Camba é repórter de Investimentos

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