terça-feira, dezembro 20, 2011

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 20/12/11
Estudo avalia efeito de doação eleitoral em firmas

Os setores de eletroeletrônicos e têxteis são os que mais "acertam" os candidatos vencedores quando fazem doação a campanhas.

O índice de acerto de ambos é de 65%, segundo estudo dos professores Rodrigo Bandeira-de-Mello, da FGV, e Rosilene Marcon, da Univali/SC, que avaliou empresas de capital aberto listadas em Bolsa em períodos pós-eleitorais entre 1998 e 2006.

A capacidade de doar a campanhas vencedoras é pertinente pois está ligada ao grau de conexão política de cada companhia, que pode ter efeitos positivos sobre o desempenho empresarial.

"Cerca de 70% do financiamento dos candidatos, das fontes primárias, vem de pessoas jurídicas. Isso mostra que a relação é importante para empresas e políticos", diz Bandeira-de-Mello, professor da FGV.

O montante doado, entretanto, não tem impacto diretamente perceptível no valor das ações. "A doação é publicada pelo tribunal eleitoral, mas inferimos que não é uma informação que acaba sendo usada pelo mercado para avaliar valor de ação", diz.

A taxa de acerto, sim, tem efeitos positivos sobre outros indicadores. As mais conectadas têm maior acesso a financiamentos públicos.

O trabalho conclui também que as multinacionais brasileiras mais eficientes na escolha das doações registram maior grau de internacionalização.

"A troca não é direta. Pode ser por meio de apoio de BNDES ou BNDESPar em processos de aquisições no exterior, por exemplo."

Quando grandes grupos econômicos nacionais se conectam politicamente, conseguem maior redução em seu custo de dívida do que empresas isoladas.

Empresas endividadas diversificam as doações

A cada eleição, as companhias listadas na BM&FBovespa doam em média para 17 candidatos, segundo pesquisa sobre conexões empresariais e políticas.

Algumas podem superar os cem candidatos.

A média de acerto gira em torno de 58%, segundo o professor Rodrigo Bandeira-de-Mello, da FGV. "Se consideramos esse número, trata-se de um investimento de risco porque a empresa não tem controle do que vai acontecer. Eleição é sempre uma surpresa", afirma.

Para reduzir o risco, as companhias mais endividadas são as que mais diversificam os alvos de seus recursos. A tendência é doar para mais candidatos e partidos.

"Elas tendem a cercar as possibilidades, procurar um seguro", afirma.

O efeito das doações, segundo Bandeira-de-Mello, não costuma ser estudado como um fator estratégico para melhorar o desempenho empresarial. "É um processo legal. Por isso precisa ser estudado. O estudo não entra no mérito de conexões escusas."

LABORATÓRIO

A América Latina está entre as regiões em que as empresas menos investirão em pesquisa e desenvolvimento nos próximos três anos, segundo estudo da EIU (Economist Intelligence Unit).

Dos 214 executivos ouvidos, apenas 33% disseram que vão aumentar os aportes para pesquisa na região.

Na parte oriental da Ásia, esse número chega a 59%. No Oriente Médio e no Norte da África, a 57%.

O levantamento aponta que a disponibilidade de engenheiros e de cientistas e o tamanho do mercado local são os principais fatores que fazem as empresas decidirem onde farão suas pesquisas.

O interesse no Oriente Médio, segundo o estudo, aumentou por causa da localização privilegiada da região e da necessidade de diversificar as economias locais, focadas no setor de óleo e gás.

Todas as empresas ouvidas já haviam investido nessa região anteriormente.

FROTA

A montadora de ônibus Comil deve anunciar nas próximas semanas a construção de uma fábrica no interior do Estado de São Paulo.

A companhia estudava opções na região Sudeste.

O orçamento total do empreendimento, que deve ficar pronto até o final de 2012, é de cerca de R$ 90 milhões.

"Será uma fábrica especializada em ônibus urbanos, então precisávamos estar perto dos principais mercados", diz o diretor-geral da companhia, Silvio Calegaro.

O terreno da planta terá cerca de 400 mil metros quadrados e a fábrica contará com 25 mil metros quadrados de área construída.

PARA AS FÉRIAS

O Itaú acaba de lançar novos serviços para seus clientes que pretendem viajar nas férias de fim de ano.

Os usuários de cartão pré-pago internacional da bandeira American Express, comercializado pelo banco desde o começo de 2011, podem recarregá-lo pela internet, pelo celular ou por tablets.

O valor máximo para recarga na internet é de US$ 3 mil.

Em outros bancos, como o Bradesco, a recarga é feita em unidades de câmbio no Brasil ou em agências bancárias.

Os clientes do Itaú também poderão comprar seguro viagem pela internet. No Bradesco, o serviço é feito por telefone ou pessoalmente.

Sacola cheia As vendas do comércio atacadista de tecidos da região da rua 25 de Março, em São Paulo, registraram crescimento de 7% na primeira quinzena de dezembro, na comparação com novembro, de acordo com o Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de São Paulo.

Sociedade A partir de janeiro de 2012, o escritório Tauil & Chequer Advogados terá quatro novos sócios em seu quadro: Roberta Caneca, da área tributária, Leonardo Costa, com foco no setor de óleo e gás, Guilherme Vieira da Silva, da parte de fusões e aquisições, e Salim Saud, que cuidará de projetos.

MERCADO DE TRABALHO

O Brasil ficou atrás apenas da Índia entre os mais otimistas em relação à criação de empregos no primeiro trimestre de 2012, segundo levantamento da ManpowerGroup.

Em 31 dos 41 países analisados, foram registrados números positivos, que indicam otimismo. Apesar disso, o índice reduziu em 30 países ante mesmo período de 2011.

No Brasil, os executivos dos setores de serviços e transportes são os que preveem mais contratações. Os da indústria projetam estagnação em decorrência da queda das encomendas e da alta nas importações.

Foram ouvidos 65 mil empregadores.

com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ

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