quinta-feira, outubro 20, 2011

JUCA KFOURI - Ministro sem porte


 Ministro sem porte 
JUCA KFOURI 
FOLHA DE SP - 20/10/11

Sua conduta nada republicana é suficiente para demiti-lo e denunciá-lo à Justiça

CONTINUA INVEROSSÍMIL que Orlando Silva Jr. tenha recebido dinheiro na garagem de seu ministério. E é indiscutível que ele, além de ter aparelhado o órgão que dirige com seus camaradas do PC do B, tratou de fazer o mesmo com as ONGs parceiras no programa Segundo Tempo.

Silva Jr. não era para ser ministro, como se sabe, e nem sua pretendida nomeação para o cargo de APO foi aceita pela presidente.

De aliado incondicional do presidente da CBF, Silva Jr. entendeu o humor da presidente em relação a Ricardo Teixeira e dele se afastou. Mas manteve os métodos de seu antecessor, então também do PC do B, o não menos encalacrado Agnelo Queiroz.

Mas se o cauteloso afastamento do cartola trouxe alguma simpatia da chefe, seus convênios nada republicanos com as ONGs, que além de verossímeis estão mais que comprovados, são motivos suficientes não só para afastá-lo do governo como para denunciá-lo à Justiça.

E o pior é que nem se trata do nosso velho "rouba mas faz" porque os resultados, quando não são pífios, são simplesmente inexistentes.

E que não se fale que as denúncias contra Silva Jr. interessam à CBF ou à Fifa. Podem interessar até ao diabo porque, por verdadeiras, devem ter consequências radicais. CBF, por sinal, cujo presidente também está sendo objeto de novo inquérito na Polícia Federal, e Fifa, suficientemente desmoralizada nos últimos tempos para não poder ir além do roto falando do esfarrapado.

E que não se veja qualquer motivação ideológica ou partidária nas denúncias, simplificações rasteiras de quem tudo justifica pelos amigos, entre outras razões porque, por exemplo, foi aqui neste espaço que Rafael Greca, ex-ministro do Esporte e Turismo do governo FHC, começou a ir para o espaço ao ser denunciado por sua escandalosa promiscuidade com os bingueiros.

Ao Ministério do Esporte cabe conceber e promover programas como o Segundo Tempo para que, por meio de convênios com os Estados e destes com as prefeituras -em última instância as responsáveis pela execução desse tipo de ação-, venham à luz.

E venham sob a fiscalização dos instrumentos que existem no governo federal, nos estaduais e municipais. É assim que se faz republicanamente e quem não faz sabe por que não faz.
E o ministro sabe, por mais que sua claque seja barulhenta e imagine que possa ganhar no grito.

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