terça-feira, agosto 09, 2011

JANIO DE FREITAS - Bis

Bis
JANIO DE FREITAS 
FOLHA DE SP - 09/08/11

Sobre a recusa de Nelson Jobim em transmitir o cargo a Celso Amorim, não é preciso dizer mais nada



A RECUSA DE Nelson Jobim a fazer a transmissão de cargo a Celso Amorim reproduziu a recusa do general Figueiredo a transmitir o cargo ao sucessor.
Não é preciso dizer mais nada sobre a atitude ou seu protagonista. Ou protagonistas.

SEGUNDO LANCE
A operação de afastamento de um ministro da Defesa e apresentação de outro foi perfeita pela precisão e presteza, como uma cirurgia urgente e delicada.
O intervalo entre queda e indicação do substituto não deu tempo a mais do que a perplexidade.
Quando jornalistas quiseram começar a agitação, era tarde e sobretudo inútil. A substituição do indicado publicamente só poderia dar-se por meio de uma crise ins- titucional incabível nas circunstâncias atuais.
Apesar de tudo, não foi, como operação política, a mais brilhante do dia. Aquela é atribuída à própria Dilma Rousseff. Uma outra, paralela, não está claro quem a tenha idealizado, para o problema Dnit.
Órgão de vida fácil por tanto tempo, o Dnit esgotou sua liberdade de rodar bolsinha.
O inconformismo de congressistas, partidos e das pagadoras empreiteiras aprestou-se, porém, para forçar as mesmas fórmulas tapeadoras que, em escândalos anteriores, fizeram mudanças no DNER e no sucessor Dnit sem alterar o bordel.
Com isso, as demissões recentes, cumprida a sua função de limpeza, logo se tornaram problemas para o governo, cercado pelas voracidades políticas e conflitantes para abocanhar os cargos vagos.
O Dnit foi entregue, de surpresa, a Jorge Ernesto Pinto Fraxe. Nenhum político e nenhum partido pôde nem sequer dizer coisa alguma. Engenheiro, com larga experiência no comando de obras, o escolhido assim calava os que tinham "técnicos" para indicar.
A nenhum político ou partido deixava a possibilidade de criar problema dada a entrega do cargo a outro partido ou outro político, como PR e PMDB estavam prontos para fazer.
Fraxe não tem filiação partidária. Desconhecido, nome tirado de um bolso planaltino em desafio aos partidos? Bem, isso sim.
Mas em que Senado, em que Câmara, em que partido haveria protesto contra a perda de um cargo para um general, e, além de general, sem conexão política e com as habilitações adequadas?
Os cargos subsequentes, esvaziados dos representantes políticos, preenchem-se nestes dias com técnicos nas atividades do Dnit.
O inconveniente do retorno da entrega de cargo civil a militar, uma velha prática de governos que não trouxe benefício algum à funcionalidade administrativa, fica superado pela esperada devolução do Dnit e de seus muitos bilhões aos interesses do país. Até prova em contrário, se houver.

FRAUDULÊNCIA
Considerar que ganho mensal de R$ 1.000 situa na classe média é, no mínimo, uma fraude. Esses R$ 1.000 não chegam nem sequer a dois salários mínimos.
É mais do que tempo de constituir-se uma comissão séria, competente e de ideias livres, para compor uma tabulação honesta da relação entre escala de ganho/salário e escala social.

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