sábado, julho 16, 2011

JORGE BASTOS MORENO - NHENHENHÉM - Surrealismo

Surrealismo
JORGE BASTOS MORENO - NHENHENHÉM
O GLOBO - 16/07/11

 Nem a minha amiga Denise Bandeira — que está escrevendo um seriado de ficção política a oito mãos, com Euclydes Marinho, Nelson Motta e Guilherme Fiúza — imaginaria tal situação. Um dos protagonistas da mais recente crise introduziu um novo personagem no cenário dos escândalos: trata- se de uma ministra de Estado, absolutamente louca. Ela simplesmente odeia a presidente. Queres fazer mal a alguém? Basta dizer à ministra que Dilma adora essa pessoa. Ela destrói essa pessoa. É doença! Que as duas nunca se bicaram, até as carpas do Planalto já sabiam. Mas não com essa intensidade toda. 

Solidão do poder 
 O que se diz hoje da Dilma é a mesma coisa que sempre disseram de Ulysses Guimarães: 
— A presidente Dilma é uma mulher solitária, na sua intimidade política.

Cabra macho
 Luiz Antonio Pagot, um dos protagonistas da mais recente crise, informa que não se importa mais com a sua demissão do cargo de diretor do Dnit. E avisa: 
— Quero apenas preservar as minhas honra e dignidade pessoal. Não sairei deste episódio com o nome sujo.

Prosas pantaneiras  Como conterrâneo e não como juiz, o ministro Gilmar Mendes e eu rompemos a madrugada dessa sexta recordando os tempos em que eu mandava nele e a colonização de Mato Grosso pelos paranaenses que hoje dominam o estado e o agronegócio do país no mercado mundial. 
— Blairo não botou o Pagot no Dnit para roubar, mas para construir estradas de escoamento agrícola. Mas o Dnit foi usado por outros, não por eles, como centro arrecadador de campanhas — disse. Realmente, com um faturamento anual de US$ 4 bi, Blairo não precisa roubar. 

A realidade, como sempre, supera a ficção
 Euclydes Marinho, sem favor, um dos maiores autores da dramaturgia brasileira, me mostrou a sinopse de uma das cenas do seriado a que me referi lá atrás, passada dentro do fictício “Palácio Copacabana”.
— É tão real — comentei, depois de lê-la. Euclydes, chegou minha vez de te mostrar uma história real com cara de ficção. Inventaram que Dilma tinha de fazer uma festa de seis meses de governo para esconder a baita crise que estamos vivendo. Contrariada, mas, para demonstrar que é flexível, a presidente topou, com uma condição:
— Mas não me tragam um bolo horroroso de casamento como aquele da festa do PT com o PMDB. Nunca vi coisa mais ridícula! Lembra, Euclydes? O bolo de casamento tinha um boneco dela com um do Temer). 
Marcado para as sete e meia da noite, no Alvorada, Dilma só chegou uma hora depois. Era outra Dilma, mais simpática impossível. Parecia a Hebe, beijinhos em todo mundo. 
Aí, meu caro Euclydes Marinho, vem a coisa mais sensacional. Dilma chamou todo mundo para fora do Palácio: “Vamos tirar fotos deste encontro maravilhooooooso!”. Como um seriado, segue no próximo bloco.

Bota-fora
 Os convidados todos correram para a rampa. Cada um queria o melhor lugar. A sessão de fotografias foi muito rápida. E, quando todos se preparavam para retornar com ela de novo para dentro do Palácio, Dilma se despediu dos convidados ali mesmo. Euclydes do céu! A maioria das mulheres tinha deixado as bolsas lá dentro. De vergonha, foram para casa sem elas. Dia seguinte, tinha uma fila de devolução de bolsas, casacos e celulares tão grande que foi preciso senha. O melhor, ninguém se zangou. Todos querem copiar agora o modelo de expulsão. 

Concurso de beleza
 Depois de ver o apoio de Lula à candidatura de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, me diz: “Também apoio porque ele, além de tudo, é bonito, só que menos que eu.”

Preso pela boca
 No Congresso da UNE, Lula era só elogios a Haddad. 
Mas agora o ministro não quer mais deixar o MEC. 
Depois de 20 anos com a fama de pior cozinha do poder, uma ousada estagiária de gastronomia do Iesb, universidade particular, acaba
de revolucionar o menu e prepara um manjar dos deuses para ele.

Meia mentira
 A coluna divulgou, com local e data, uma reunião entre possíveis candidatos de oposição à prefeitura.
Meia verdade. 
Realmente, informalmente, inclusive na Assembleia, na Câmara dos Vereadores e até em casamentos, essas pessoas estão conversando sobre eleições de 2012. 
Mas aquela reunião, naquele local, não aconteceu. E Marcelo Freixo informa que não conhece pessoalmente Cesar Maia. Não sabe
o que está perdendo! 
Não é, Eduardo Paes?!

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