sexta-feira, maio 20, 2011

BARBARA GANCIA - Estrepation 2.0


Estrepation 2.0
BARBARA GANCIA
FOLHA DE SÃO PAULO - 20/05/11

Arnold, Dominique e todos os brilhantes, poderosos e sedutores acabam caindo na mesma cilada


TERMINATOR, FORNICATOR, abusator da paciência dos Kennedys -e olha que se tem uma família em que a mulherada está acostumada com esse negócio de pulation de cercation são eles, hein?
O que está acontecendo com os homens, alguém sabe me dizer? Será que foi o Viagra que deixou todo mundo enlouquecido, poder, podendo? Mas o que explica essa fome por bruaca? Vale tudo? Diz que antes de cometer adultério o Schwarzenegger ligou para o príncipe Charles e perguntou: "Posso? Você acha que ela é feia o suficiente?" Realmente. O sujeito precisa ser Conan, o bárbaro, para traçar aquela senhora que eu vi na foto, por dez anos sem poder se dar ao luxo a preliminares. Sendo que, no caso de uma preliminar com ela, o indicado seria recorrer de cara a dois litros de Pirassununga e uma cartela de dormonid para não ter de estar presente durante o acontecimento. Cruz e bala de prata são opcionais.
É claro que eu posso ter sido exposta a uma foto que não fazia jus à senhora Baena, a empregada de Arnold Terminator Schwarzenegger e Maria Shriver que serviu como pivô de separação do casal. Só pode ser isso.
Quem, como eu, já se esbaldou de pizza fria, de pé na frente da porta aberta da geladeira, sabe como é difícil resistir à tentação. Qualquer gordo se flagra nessa situação vez ou outra, compulsão é dureza de lidar. Só que o feijão dentro do tupperware e o sorvete de chocolate na vasilha da Kibon não gritam e não esperneiam implorando para a gente largar deles, não é mesmo?
Dominique-nique-nique Strauss Kahn é do tipo que acha que pode pegar qualquer ser do sexo feminino que tenha boca e faça sombra que passe pela frente e friccioná-la contra seu Sherman McCoy.
Uso o nome do personagem do livro de Tom Wolfe para batizar o pingolim do chefe do FMI como uma homenagem. Em "Fogueira das Vaidades", Sherman McCoy se intitula "mestre do universo", pode tudo e acaba dando com os burros n" água. Com Gordon Gekko, de "Wall Street", Sherman foi o mais emblemático dos yuppies, aquela turma cujo dinheiro, parafraseando Nelson Rodrigues, era capaz até de comprar amor.
Passados 20 anos, os yuppies agora são vistos como comedidos. A coisa piorou tanto que ao pacote de onipotência deles acabamos juntando um punhado de zeros na conta bancária, técnicas de rejuvenescimento que eram desconhecidas na época, a pirotecnia para lidar com a disfunção erétil e um arsenal de novas técnicas de reprodução.
Minhas amigas entre 45 e 55 anos que tiveram maridos bem-sucedidos estão todas separadas. E eu concordo que casamento não combine com tanta coisa interessante que a gente tem para fazer nesta vida, inclusive entre quatro paredes e sobretudo em termos de frescor e romance, mas o ardil 22 é que Schwarzenegger, Strauss Kahn e todos os poderosos sedutores com inteligência acima da média e mulheres maravilhosas e abandonadas acabam caindo na mesma cilada.
Quando o sujeito que engana a mulher começa a acreditar que seu dinheiro compra inclusive a sua não decrepitude e que ele não precisa pagar pelos serviços de uma profissional, é aí que ele se estrepa.
E toma um tombo, como aprendeu Sherman McCoy no romance, que sai bem mais caro.

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