sábado, abril 16, 2011

CORA RÓNAI - Atrix, o super smartphone


Atrix, o super smartphone 
CORA RÓNAI

O GLOBO - 16/04/11

MOTOROLA ATRIX: convergência de tecnologias levada ao extremo e praticidade 


SANJAY JHA: "Não soubemos fazer a transição do 2G para o 3G. Temos que ficar alertas"
Processador dual-core de 1GHz; 1GB de RAM; display qHD de alta resolução, Gorilla Glass, com cores 24 bits; porta HDMI; leitor biométrico de impressões digitais para segurança do aparelho. Configuração de netbook? Não, configuração do Atrix, o novo smartphone da Motorola - que, além de tudo isso, é lindo e bom de pegada, e tem uma série de acessórios inédita no mercado. O Atrix é um Android 2.2 com promessa de upgrade para 2.3 e 16GB de capacidade interna, expansíveis via cartão.
Confesso que, pela primeira vez, acho que estou diante de um substituto à altura do meu já folclórico Nokia N95. Digo isso porque os únicos defeitos que consigo apontar na máquina depois de três dias de uso são a falta de um disparador para a câmera, e a posição do liga/desliga, que fica justamente por trás do leitor biométrico. Este segundo defeito não chega a me incomodar muito, porque não sou animal com ilusões de privacidade, e já tive bastante convívio com leitores biométricos para saber que me dou melhor com senhas.
Outros Androids que vêm por aí têm características similares, mas os acessórios do Atrix o tornam um ser realmente à parte. O pacote básico já anunciado pela Vivo traz uma base multimídia que pode conectar o celular às TVs HDMI e que, ainda por cima, tem três portas USB. Bom: basta dizer que, no outro dia mesmo, comprei um player de Blu-Ray - não porque pretenda trocar todos os meus dois mil DVDs por Blu-Rays, mas porque o player tem uma porta USB fundamental para que eu possa ver o conteúdo dos meus pen drives na tela grande...
O Atrix tem também uma inteligentíssima casca chamada Lapdock, que consiste no seguinte: um netbook perfeito, do qual ele é a CPU. Entenderam? Todas as peças que vêm dentro de um netbook e o fazem funcionar como tal estão, agora, no celular. Basta acoplá-lo à traseira da Lapdock, e voilà! As vantagens de um sistema desses são inúmeras, sendo a mais óbvia a, digamos, concentração da mobilidade. Está tudo junto, num pacote só. Nada de carregar notebook para cá e para lá, pendrives e outras extensões da nossa já tão sobrecarregada memória. Deixa-se a Lapdock no escritório, por exemplo, e anda-se por aí com o Atrix - que, em casa, pode ser conectado ao notebook ou ao desktop para eventuais atualizações. É a convergência de tecnologias levada a um grau de materialização radical.
Se isso vai funcionar como esperado, não posso garantir, porque não tive tempo suficiente para destrinchar tudo. Mas vi o conjunto funcionando lindamente em São Paulo, por ocasião do seu lançamento, e pretendo que ele repita a performance aqui em casa. De qualquer forma, vocês ainda vão me ouvir falar um bocado desse aparelhinho, cujas possibilidades estou longe de esgotar - assim como do seu primo parrudo, o Xoom (pronuncia-se Zoom), tablet apresentado na mesma ocasião.
É óbvio que a Motorola de hoje não tem nada a ver com a Motorola de uns anos atrás. A empresa, aliás, tem a curiosa capacidade de reinventar-se periodicamente, e de renascer das próprias cinzas, como uma Fênix tecnológica. Quando os primeiros celulares de fato portáteis chegaram ao mercado, o primeiro a cair nas graças do público foi o Startac. Durante um bom tempo a Motorola surfou sozinha na onda, até que a Nokia tomou conta do mercado, e a Motorola submergiu com modelos pouco atraentes, devoradores de bateria. Algum tempo depois, relançou-se como Moto, e apresentou ao mundo o V3, o famoso Razr, um dos celulares mais vendidos da História - e copiado por todas as empresas, mais ou menos como, anos depois, aconteceria com o iPhone. Passada a onda do Razr, a Motorola novamente desapareceu do mapa dos produtos espertos, até renascer com o Android. O Droid (ou Milestone) é o ícone do início desses novos tempos. A empresa agora tem um ramo especialmente dedicado à mobilidade, a Motorola Mobility, e seu CEO, o indiano Sanjay Jha, esteve no Brasil para fazer as honras da casa.
Perguntei-lhe o que causou esses ups e downs da Motorola, e como ele pode garantir um up de longo prazo. Jha foi muito sincero:
- Nós não soubemos fazer a transição do 2G para o 3G, e chegamos muito atrasados ao mercado de câmeras. Não podemos ser arrogantes e achar que o sucesso está garantido. Temos também que ficar alertas, para não perder o momento certo da transição.
Sob este aspecto, a lição foi aprendida. O Atrix é um 4G, prontinho para o futuro. 

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