quinta-feira, outubro 21, 2010

REINALDO AZEVEDO


Em sua defesa, Diocese de Guarulhos prova que documento apreendido pela PF é verdadeiro e que texto defende princípios da Igreja, de acordo com a Constituição

REINALDO AZEVEDO
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Caras e caros, o post ficou um pouco longo. Mas peço que vocês leiam com atenção. Trata-se de um momento sério, grave, da democracia. Trata-se de sabermos se as garantias previstas no Artigo 5º da Constituição, cláusulas pétreas, valem ou não. Leiam e  repassem.
*
A Mitra Diocesana de Guarulhos encaminhou ao Tribunal Superior Eleitoral o pedido de revogação da liminar que determinou a apreensão dos impressos que traziam um “apelo” aos brasileiros para que não votassem em candidatos simpáticos à descriminação do aborto. Por ordem do TSE, a Policia Federal apreendeu os folhetos que estavam na gráfica Pana, em São Paulo. Tive acesso ao documento enviado ao tribunal e, confesso, cheguei a sentir vergonha da penúria em que se encontra o estado de direito no Brasil.
O que fez o ministro Henrique Neves da Silva, do TSE, determinar a apreensão?
a) a suposição de que o documento seria falso, já que não contaria com o endosso da CNBB;

b) o  suposto crime eleitoral.
É justamente a cristalina contestação dessas duas hipóteses, com fartura de dados, que provocou em mim aquela sensação de vergonha.
Sobre a suposta falsidade do documento, argumenta a Mitra Diocesana de Guarulhos (peço que vocês leiam; é fundamental):
O documento é verdadeiro e foi aprovado pelo CONSER -CONSELHO REGIONAL EPISCOPAL SUL-1, que compreende todo Estado de São Paulo, designado por CNBB-Regional Sul-1, distribuído em 41 Dioceses, na Assembléia Geral, registrada como “II ENCONTRO REGIONAL SUL-1 DAS CDDVs” (Comissões Diocesanas de Defesa da Vida).
A Assembléia aconteceu no dia 03.07.2010 e aprovou o “APELO A TODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS”, conforme a ATA E A LISTA DE PRESENÇA de todos os Bispos Participantes (does. 22/25).
A convocação da Assembléia foi dirigida para todas as Dioceses. Cada diocese poderia comparecer por seu Bispo ou indicar um representante. Compareceram à Assembléia 57 pessoas. Foram expositores o Padre Berardo Graz (n.7), o Bispo Dom Nelson Westrupp, de Santo André-SP (n.14) e o Bispo Dom José Benedito Simão, de Assis-SP (n.15).
Os Bispos do Regional Sul-1, representados por sua diretoria executiva, composta por 11 Bispos, ratificaram o documento e emitiram a “NOTA DA COMISSÃO EPISCOPAL REPRESENTATIVA DO CONSELHO EPISCOPAL REGIONAL SUL l - CNBB, assinada pelo Presidente do CONSER-SUL-1, Dom Nelson Weistrupp, pelo Více-Presidente. do CONSER-SUL-1, Dom Benedito Beni dos Santos e pelo Secretário Geral do CONSER-SUL-1, Dom Aírton José dos Santos, que “acolhem e recomendam a ampla difusão do ‘APELO A TODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS” elaborado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul l”, em 26.08.2010 (does. 26/27).
Depois de todas as etapas deliberativas e administrativas, documento “APELO A TODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS” foi aprovado e determinada a publicação, por emails, no site do Regional Sul-1, em 31.07.2010 (does. 28/29).
Ao contrário do que afirma a representante Dilma e a Coligação Para o Brasil seguir Mudando, não se trata de um “panfleto”, mas de um documento da Igreja Católica. E o documento é verdadeiro.
Tanto é verdadeiro que a própria CNBB-Regionai Sul-1, contratou a impressão dos primeiros 100 milheiros, no formato A-4, frente e verso, na empresa Artes Gráficas Prática Ltda-ME, através da nota fiscal n. 2955 (does. 30/31).
Depois disso, a CNBB-Regional Sul-1 franqueou o documento, para ampla divulgação, como escrito na NOTA, para todas as outras Dioceses e Movimentos de Defesa da Vida que quisessem distribuir para seus fiéis, interessados e defensores da vida, evidentemente no formato e na quantidade que achassem melhor e mediante o custeio das despesas pelas mesmas interessadas.
Dessa forma, foi elaborado o formato que foi apreendido por ordem dessa E. Corte.
O serviço de impressão, inclusive, foi solicitado na MESMA GRÁFICA UTILIZADA PELO PARTIDO DOS TRABALHADORES, PORQUE TINHA O MELHOR PREÇO E CAPACIDADE PARA EXECUÇÃO DO SERVIÇO (Does. 32/33 ).
Destarte, É UM DOCUMENTO OFICIAL DA IGREJA CATÓLICA E DA CNBB-REGIONAL SUL-1, que compreende todo o Estado de São Paulo e tem autoridade para deliberar e expedir documentos em seu nome, orientando os fiéis.
Portanto, a CNBB-REGIONAL SUL-1, ELABOROU E APROVOU O “APELO” E EXPEDIU A “NOTA” recomendando sua ampla e irrestrita divulgação, que a requerente estava seguindo fielmente.
(…)
Sobre a suposto crime eleitoral, argumenta a Diocese de Guarulhos:
A Mitra Diocesana e o Bispo Dom Luiz Gonzaga Bergonzini não apoiaram nenhum candidato a deputado estadual ou federal, senador, governador ou presidente. Estão defendendo o Evangelho e a Doutrina Cristã e acompanhando a pregação e orientação do Papa Bento XVI, que desde o início de seu Papado, está alertando os católicos sobre o relativismo.
Relativismo é, por exemplo, votar em algum político que “rouba mas faz”. Se ele rouba, não poderia ser candidato. É mandamento cristão: “NÃO ROUBAR”. Em obediência ao mandamento, os católicos não devem votar em quem rouba.
Relativismo é, por exemplo, aceitar e votar num partido ou político que está empenhado na liberação do aborto. Cristo defende a vida. A Igreja Católica defende a vida. Os católicos defendem a vida. Os cristãos defendem a vida. A vida é o bem maior de todos os seres humanos. “NÃO MATAR” é um mandamento.
O aborto, para os cristãos, consiste na retirada de um ser humano em formação - que será depois uma criança, um jovem, um adulto, um idoso, até chegar à morte -, do útero de uma mulher e jogá-lo na privada, no lixo ou no esgoto.
A Igreja Católica Apostólica Romana segue o Evangelho de Jesus Cristo. Ela e seus sacerdotes - padres e bispos - fazem profissão de fé e estão obrigados a defender esses princípios, em todos os momentos de suas vidas.
Além da questão do aborto, o Código de Direito Canônico obriga o bispo a propor e explicar aos fiéis as verdades.
A CNBB-REGIONAL SUL-1, Mitra Diocesana de Guarulhos e Dom Luiz Gonzaga deram cumprimento aos cânones 386, §1 e §2, assim escritos:
“§1. O Bispo diocesano é obrigado a propor e explicar aos fiéis as verdades que se devem crer e aplicar aos costumes…” §2. Defenda com firmeza a integridade e unidade da fé, empregando os meios que parecerem mais adequados…”.
Temos, então, que o Direito Canônico obriga os Bispos a explicar as verdades e defender a integridade e unidade da fé. Inclusive a verdade sobre o aborto. Dom Luiz cumpriu sua obrigação canônica.
Dom Luiz poderia, inclusive, indicar candidatos, se quisesse. Isso não é proibido. Mas não o fez. Está apenas defendendo princípios. Se os princípios conflitam com os princípios de outras pessoas, partidos ou candidatos, as conseqüências cada um deve assumir para si. Se alguém tem posições contrárias aos princípios cristãos, deve expor e defender essas teses, assumindo a responsabilidade decorrente.
No caso presente, os bispos das 41 dioceses do Estado de São Paulo resolveram emitir um documento que explicasse em quem não votar, tendo como base principal o aborto, ponto que Sua Santidade o Papa Bento XVI vem, exaustivamente, chamando a atenção de todo o povo do mundo.
A vida é dom de Deus, bem indisponível, em qualquer tempo, tanto que auxiliar alguém a suicidar-se é crime capitulado no art 122, do Código Penal. Ninguém pode atentar contra nenhuma vida.
A apreensão dos documentos pertencentes à Mitra Diocesana de Guarulhos, autorizado pela CNBB-REGIONAL-SUl-1, é uma ação discriminatória da candidata Dilma Rousseff e da Coligação para o Brasil Seguir Mudando, que está perseguindo e tentando impedir a Igreja Católica e seus membros de expressar suas convicções religiosas.
Assim, requer se digne V. Exa de revogar a liminar e determinar a devolução de todo o material apreendido, por respeito à Constituição Federal e aos direitos constitucionais pétreos da requerente e de seus membros.
VolteiA brilhante exposição dos advogados da Mitra Diocesana, João Carlos Biagini e Roberto Victalino de Brito Filho, lembra ainda o que deveria ser corriqueiro na vida pública brasileira: este é um país em que a Constituição garante a liberdade religiosa e a liberdade de expressão, sendo vedada a censura
O documento da Diocese lembra ainda que todos os dados relacionados no “APELO A TODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS”, que relacionam o PT e sua candidata à defesa da descriminalização do aborto, são verdadeiros e públicos.
Olhem aqui, meus caros: o que está em debate é o direito de uma igreja orientar os seus fiéis, direito este que foi suspenso por causa do processo eleitoral. E nada, na Constituição, autoriza tal suspensão. Mais: o argumento de que o documento da Regional Sul I é falso é um escândalo em si mesmo.
Pela primeira vez na história, desde a redemocratização do Brasil, usam-se as eleições para suspender garantias previstas no Artigo 5º da Constituição, cláusulas pétrea, que não podem ser revogadas nem por emenda constitucional.
Por Reinaldo Azevedo

Na TV, ex-secretário que sucedeu a Dilma chama petista de incompetente

Na TV, ex-secretário que sucedeu a Dilma chama petista de incompetente
Isabel Braga 


O Globo - 21/10/2010

Depoimento é usado no programa de Serra; PT mostra artistas


Isabel Braga 

BRASÍLIA. Dentro da estratégia de críticas à biografia da adversária do PT, Dilma Rousseff, o programa do candidato tucano à Presidência, José Serra, apresentou ontem na TV depoimento de Políbio Braga, ex-secretário da Fazenda de Porto Alegre que substituiu Dilma no cargo. Usando os minutos finais do programa tucano vespertino na TV, Polibio acusa Dilma de ter deixado a secretaria em "completa desordem" e diz que a petista é "despreparada". O programa termina com uma frase dita e escrita na tela: "Ela não vai dar conta".

- Encontrei a Secretaria municipal da Fazenda em completa desordem - diz Políbio. - Atribuo à incompetência mesmo.

O programa de Dilma reduziu substancialmente o tom de críticas, focando em promessas de campanha e depoimentos de apoio à candidata, repetindo o do seu candidato a vice, Michel Temer (PMDB-SP), e de outros aliados. Também mostrou o ato de apoio de artistas à sua candidatura e usou depoimentos de Chico Buarque e Gilberto Gil.

No programa, Dilma também rebate as acusações que vêm sendo repetidas no programa de Serra de que ela não é capaz e não tem experiência:

- A maior garantia de que vou manter os meus compromissos é minha própria história de vida.

Os dois programas também usaram a tática de comparar governos. O do PT manteve as comparações entre os governos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, tanto em relação a ações sociais que retiraram pessoas da pobreza, quanto à questão das privatizações.

Já o programa tucano comparou as gestões da petista Marta Suplicy e de Serra à frente da prefeitura de São Paulo. Segundo o programa, Serra recebeu das mãos do PT uma cidade com muitos problemas, como hospitais inacabados.

Serra exibiu apoios do jurista Hélio Bicudo, que diz que a eleição do tucano "é a maneira de salvar a democracia no Brasil"; do ator Juca de Oliveira; de Maria Estela Kubitschek, filha do presidente JK; e de governadores e senadores aliados. Também usou o depoimento de Fernando Gabeira (PV), candidato derrotado ao governo do Rio.

O programa noturno de Serra não exibiu o depoimento de Políbio Braga. Foi mais centrado em propostas do candidato e depoimentos a favor de Serra gravados por aliados políticos como Aécio Neves e apoiadores da sociedade civil, como o pastor Silas Malafaia. O programa tucano terminou com o locutor falando da denúncia da "Época" sobre o suposto tráfico de influência do diretor da Eletrobras Valter Cardeal, ligado a Dilma. 

ELIANE CANTANHÊDE

As "vítimas"
ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SÃO PAULO - 21/10/10



BRASÍLIA - As duas campanhas já disputaram Lula versus Fernando Henrique; passaram a Erenice versus Paulo Preto; e estão na fase da vítima Dilma Rousseff versus a vítima José Serra. E tem até eleitor estudado e tarimbado caindo nessa.
Quanto mais Lula bate na tecla de que há uma "campanha difamatória" contra Dilma, mais ele atiça o lado briguento da velha militância do PT. Daí a atacarem uma passeata tucana no Rio e golpearem o adversário Serra na cabeça foi um pulo. Lula deveria pensar melhor, senão por prudência e responsabilidade, pelo menos por pragmatismo: uma agressão assim não ajuda sua candidata.
Há todo empenho para repetir com Dilma a estratégia da vitimização sempre presente nas campanhas e na publicidade pró-Lula. Mas uma coisa é Lula falar em "campanha difamatória" contra Dilma, outra, bem mais concreta, é Serra levar uma bandeirada ou algo que o valha na testa em pleno exercício democrático de fazer campanha numa rua do Rio.
"Se dependesse do Palocci, era porrada pura. Com essa cara de bonzinho, ele faz e a gente leva a fama", brincou o marqueteiro de Dilma, João Santana, sobre a estratégia para debates e TV. Como toda brincadeira tem um fundo de verdade, muito militante pode levar ao pé da letra e partir para a "porrada", reavivando a lembrança do velho jeito petista de ser, antes do jeito petista de governar. Um prato cheio para a propaganda tucana.
O que Lula, Santana e Palocci fazem, basta um punhado de militantes enlouquecidos para desfazer. O risco é a bandeirada em Serra anular o intenso trabalho para carimbar Dilma como vítima de uma imprensa perversa, de uma oposição sanguinária, de uma internet dominada por tucanos descontrolados.
Vítima por vítima, o PT pode der dado de bandeja -ou de bandeira- a chance de Serra dizer que mais vítima é quem, literalmente, apanha na rua.

JOSÉ SIMÃO

Uau! Tem pré-rereca no pré-sal!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 21/10/10

Primeiro vem o oceano, depois a camada de sal, depois o pré-sal. E aí vem o Corinthians


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Atenção, público do Paul McCartney: favor desligar o celular e o marca-passo! O que vai ter de careca cabeludo. Careca com rabo de cavalo.
O Paul McCartney é o mauricinho dos Beatles. Ele é a cara do João Doria Jr. Rarará. E esse Mc quer dizer que ele canta funk?! McLeozinho, Mc52 e McCartney! Rarará!
E mais uma da minha ídala dona Weslian: "Vou levar metrô pra cidades que não existem". Rarará! Só no Brasil pra ter uma mulher candidata e a foto na urna é do marido. Ô esculhambação! Rarará!
E em Belém do Pará tem uma loja de lingeries chamada O Baratão das Calcinhas! E olha a faixa que eles botaram no Círio de Nazaré: "BARATÃO DAS CALCINHAS SAÚDA A VIRGEM DE NAZARÉ!". Vou arder no mármore do Inferno. O Bispo Serra vai me tacar na fogueira! Rarará!
E a onda agora é esse pré-sal. Dilma diz que Serra vai privatizar o pré-sal. Mas um amigo meu quer que ele privatize a pré-rereca da mulher dele. Privatiza a pré-rereca! Tem pré-rereca no pré-sal! E, se o Serra privatizar o pré-sal, ele leva um pré-no-salco. Da Dilma. Dilma dá um pré-no-salco do Serra! Rarará.
E a definição de pré-sal: primeiro vem o oceano, depois a camada de sal, depois o pré-sal. E aí vem o Corinthians. E mais embaixo o Atlético! Entenderam ou querem que eu desenhe? Rarará!
E o Lula criou mais três prés além do pré-sal. O pré-primário: alfabetização para todos. Coordenado pessoalmente por ele. A pré-varicação: vaca para todos. E o pré-claro: celular para todos. E depois um pré-sal de frutas! E, se o Serra privatizar o pré-sal, a Dilma estatiza a Miriam Leitão. Se a Dilma ganhar, a Miriam Leitão vira torresmo! Rarará!
Noite do terror no "Jornal Nacional"! Anteontem foi a vez do Serra Vampiro de Cristo! A Fátima Bernardes é uma heroína. Ficar cara a cara com o Serra e não chorar. E permanecer na bancada sem sair correndo. Isso é que é profissionalismo!
E sabe o que uma amiga minha falou depois da entrevista dele? "O Serra pensa que a gente tá em 1950? Ele precisa chupar sangue mais evoluído." Rarará!
E a Erenice é mais católica que o Serra, sempre levava um terço na Casa Civil! Essa é a católica do ano! A situação está ficando psicodélica. Ainda bem que nóis sofre, mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

DORA KRAMER

O mestre deu a partida 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 21/10/2010

Em entrevista ao jornal espanhol El País no início deste ano, o presidente Luiz Inácio da Silva manifestou convicção na vitória. "Dificilmente perco essa eleição", disse, a despeito de o adversário à época apresentar vantagem nas pesquisas.
Lula sabia do que estava falando: da disposição de usar e abusar de todos os métodos - quase infinitos - à disposição de um presidente da República para cavar o êxito que o levaria a bater recordes históricos de transferência de votos e a lograr espaço de honra no panteão dos presidentes eleitoralmente mais bem-sucedidos do Brasil.
Para isso decretou que sua prioridade absoluta no último ano de mandato seria eleger Dilma Rousseff. Paralisou o governo, mobilizou toda a administração na perseguição dessa meta, rasgou a Constituição, violou todas as regras da boa conduta, atacou violentamente a todos que enxergou como adversários.
Tão violentamente que governadores aliados ao governo e eleitos no primeiro turno criticaram direta e abertamente o presidente, atribuindo à sua conduta agressiva a perda dos votos suficientes para eleger Dilma no dia 3 de outubro passado.

Não é de estranhar, portanto, a atitude dos manifestantes petistas que ontem agrediram o candidato José Serra durante um ato de campanha na zona oeste do Rio de Janeiro.

Em 2002 o presidente recém-eleito Luiz Inácio da Silva agradeceu ao presidente que deixava o posto, Fernando Henrique Cardoso, a correção da atitude neutra à qual atribuiu, junto com a eficiência da Justiça Eleitoral, a sua eleição.

Oito anos depois, o presidente Lula faz o oposto do que considerava o melhor para o Brasil. Desqualifica a Justiça, afronta a legislação e usa de maneira escabrosa a máquina pública; sem freios nem disfarces.

Não há outra conclusão possível: Lula só leva em conta o que é melhor para si, já que passados esses anos certamente fez a conta de que a "correção" de FH fez o antecessor não eleger o sucessor.

Como não quer correr o risco, Lula apropria-se indevidamente do patrimônio público, comete todas as infrações à sua disposição, leva o governo para a ilegalidade e ainda se vangloria como quem dissesse que vergonha é roubar e não poder carregar.

O pior para ele é que com tudo isso ainda pode perder. O melhor para o País já foi feito quando o eleitorado criou esse espaço de confrontação final. Do qual o presidente da República abusa sem nenhum escrúpulo, aparentemente com a concordância do Ministério Público.

A tropa que entrou em choque com a campanha tucana no Rio fez o que o mestre ensinou: vale tudo e mais um pouco para tentar ganhar a eleição.

Mal contada. O inquérito da Polícia Federal sobre a quebra do sigilo fiscal de várias pessoas ligadas ao tucano José Serra ainda não esclareceu de todo o caso, mas já permite uma constatação: é falsa a versão de que aquelas violações resultaram de um esquema maior de compra e venda de sigilo dentro da Receita, conclusão que o governo acha menos grave que a motivação eleitoral.

Pois bem: pelo que diz Amaury Ribeiro (o jornalista que contratou a quebra de sigilo), a razão foi política. Segundo ele, em 2009 foi a São Paulo a custa do jornal Estado de Minas, onde trabalhava à época, para recolher dados para "proteger" o então governador de Minas, Aécio Neves.

Meses depois, alguém do PT roubou dele as informações e montou um dossiê para tentar prejudicar os tucanos.

Por enquanto a história não fecha direito e, pelo já visto, pode reservar emocionantes revelações.

Por exemplo: por que o jornal Estado de Minas mandou um repórter a São Paulo coletar dados com objetivo de "proteger" o então governador? E proteger do quê, de uma ofensiva de José Serra? Quem pagou pela quebra do sigilo: o jornal, o governo do Estado ou Amaury? Se Amaury foi roubado, o que fazia na reunião com o setor de "inteligência" da pré-campanha do PT onde se negociavam as informações que viriam a fazer parte do dossiê entregue em junho de 2010 ao jornal Folha de S. Paulo?

MERVAL PEREIRA

Baixos instintos 
Merval Pereira 

O Globo - 21/10/2010

A agressão sofrida pelo candidato tucano à Presidência da República, José Serra, ontem no Rio, atingido por um artefato atirado por manifestantes petistas que tentavam impedir que os simpatizantes da oposição fizessem uma passeata em Campo Grande, Zona Oeste do Rio, é apenas o sinal mais visível da agressividade que tomou conta da campanha eleitoral.

Lembra episódio semelhante ocorrido na campanha presidencial de 1989, quando o candidato Collor foi agredido por manifestantes brizolistas também no Rio.

São também daquela campanha, radicalizada pelas disputas dentro da esquerda entre Brizola e Lula e pelo estilo belicoso do então candidato do PRN, que acabou sendo eleito por uma pequena margem de diferença para Lula num segundo turno tão acirrado quanto o deste ano, as lembranças do uso de depoimentos de uma antiga namorada de Lula. Ela afirmou que ele teria querido forçá-la a fazer um aborto.

O depoimento foi tão chocante que até hoje está marcado na história das campanhas eleitorais mais sujas já havidas no país.

Tão revoltante que, 20 anos depois, quando o hoje presidente Lula se reconciliou com o antigo agressor, senador por Alagoas e membro ativo da base aliada do governo no Congresso, sua filha Lurian, objeto daquela disputa abjeta, teve uma reação de espanto que não fez questão de esconder.

Pois hoje os papéis se inverteram, e são os ativistas ligados à campanha petista que espalham pela internet calúnias contra a mulher do candidato José Serra a respeito de aborto, um tema que dominou boa parte da campanha, com ênfase neste segundo turno.

O tema entrou no debate político ainda no fim do ano passado, quando o governo divulgou a versão do III Plano Nacional de Direitos Humanos, que endossava a aprovação de projeto de lei que descriminaliza o aborto, alegadamente em respeito à autonomia das mulheres.

Houve uma reação imediata de diversos setores religiosos, ainda mais porque a descriminação do aborto é um tema recorrente nos programas de governo petistas.

Aliás, foi relembrando todas as medidas assumidas pelo governo nesse campo que a presidência e a Comissão Representativa dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB divulgaram folhetos com um apelo “a todas as brasileiras e brasileiros” para seguir a orientação da Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 sobre como “votar bem”, escolhendo candidatos que sejam “a favor da vida”.

O documento lista as diversas medidas e compromissos assumidos pelo governo Lula desde 2005 no sentido de legalizar o aborto, até fevereiro deste ano, quando o Congresso do PT que indicou Dilma Rousseff aprovou o III Plano Nacional de Direitos Humanos, “no qual se reafirmou a descriminalização do aborto, dando assim continuidade e levando às últimas consequências esta política antinatalista de controle populacional, desumana, antissocial e contrária ao verdadeiro progresso do nosso país”.

Esse documento foi apreendido pela Polícia Federal em uma gráfica em São Paulo, a pedido do PT ao Tribunal Superior Eleitoral, numa atitude claramente antidemocrática.

Sem entrar no mérito da questão do aborto, qualquer cidadão ou entidade tem o direito de defender suas posições religiosas ou políticas, desde que não receba financiamento do governo, como o imposto sindical.

A gráfica Pana, que imprimiu o panfleto encomendado pela Mitra Diocesana de Guarulhos, foi acusada pelo PT de ser propriedade de uma família ligada ao PSDB, o que é verdade.

Só que esse fato nada tem a ver com os panfletos da Igreja, pois a mesma gráfica já prestou serviços ao próprio PT, como a impressão de 75 mil cópias do “jornal” da CTB, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, com quatro páginas coloridas, aliás ilegal, com reportagens favoráveis à eleição de Dilma à Presidência.

Militantes petistas tentaram invadir a gráfica para impedir a distribuição dos panfletos da Igreja, em mais uma demonstração de como são capazes de pressionar agressivamente os adversários.

O hábito de tentar confundir a opinião pública faz com que os petistas igualem o panfleto da Igreja às propagandas ilegais dos sindicatos.

E leva a que tentem transformar em “fogo amigo” a quebra de sigilos fiscais da família do candidato José Serra, atribuindo ao jornal “O Estado de Minas” uma suposta “defesa de Aécio Neves”.

A estranha versão do jornalista Amaury Ribeiro Jr., de que sua reportagem, jamais publicada pelo jornal mineiro, serviu para que fizesse os relatórios que interessaram à campanha da candidata oficial, Dilma Rousseff, serviu para que o PT tentasse se eximir de culpa na quebra dos sigilos fiscais do PSDB — embora de concreto mesmo exista apenas o fato de que o jornalista que encomendou a quebra ilegal dos sigilos acabou trabalhando na campanha petista, num núcleo de investigação que se destinava a produzir dossiês contra seus adversários políticos.

O jornal que supostamente encomendou as investigações nega que soubesse da ilegalidade ou que o assunto em questão tenha sido objeto de reportagens de Amaury Ribeiro Jr.

E o ex-governador Aécio Neves refutou as insinuações petistas de que o dossiê que apareceu na campanha de Dilma no início do ano tenha sido originado de uma disputa interna entre ele e o hoje candidato José Serra.

Mesmo que, no limite, a quebra do sigilo fiscal dos parentes de Serra tenha sido providenciada por Amaury Ribeiro Jr. com o conhecimento do jornal “O Estado de Minas”, com o intuito de ajudar o então governador Aécio Neves na sua disputa particular com Serra dentro do PSDB, esse “fogo amigo” não isentaria o PT da culpa de ter contratado para sua campanha o jornalista e seus dados obtidos ilegalmente, com o intuito de produzir dossiês contra o candidato do PSDB.

Seja qual for o resultado da eleição do dia 31, esta campanha já está marcada como a mais nefasta à democracia brasileira, com movimentos do baixo mundo se tornando mais importantes do que os compromissos dos candidatos com o futuro do país.

Com o ambiente político convulsionado do jeito que está, não será fácil ao presidente eleito estabelecer um clima propício ao diálogo.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Setor têxtil terá deficit comercial recorde  
Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 21/10/2010

Com a invasão de produtos asiáticos e o dólar desfavorável para a exportação, o deficit da balança comercial do setor têxtil e de confecção deve atingir US$ 3,5 bilhões no final deste ano.
"Será o maior deficit do setor na história", diz Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Abit (associação da indústria têxtil e de confecção).
O deficit da balança comercial do setor já acumula alta de 60% neste ano até setembro na comparação com o mesmo período de 2009. O saldo negativo está em US$ 2,55 bilhões.
A desindustrialização traz preocupação sobre o emprego no setor. "Um deficit de US$ 3,5 bilhões representaria a demissão de 135 mil trabalhadores na indústria."
As importações brasileiras de têxteis cresceram 46%, para US$ 3,6 bilhões.
Os principais motivos para o aumento são o dólar baixo e a desaceleração do consumo nos EUA e na Europa, os maiores importadores de têxteis do mundo, o que leva a China a ter de colocar os produtos em outros mercados.
"A diferença cambial entre as moedas chinesa e a brasileira em relação ao dólar já está em mais de 40%. O Brasil está incentivando as importações", diz Diniz Filho.
Para o presidente da Abit, uma das saídas que poderiam ser adotadas pelo governo para ajudar o setor seria o aumento do número de acordos bilaterais com outros países. "Essa medida nos ajudaria, já que temos uma indústria competitiva."

SALTO NOS NEGÓCIOS
Luís Ermírio de Moraes, diretor-presidente de novos negócios e herdeiro do grupo Votorantim, e Tonico Pereira, diretor da mesma área da agência de publicidade DPZ, viram no cavalo lusitano outra frente de trabalho.
Os empresários, criadores da raça equina, realizam no sábado um leilão daquele que consideram o melhor cavalo para esporte.
Serão 35 animais que devem ser vendidos entre R$ 30 mil e R$ 100 mil, "dependendo do mercado", afirma Luís Ermírio de Moraes, proprietário da Fazenda Alegria dos Pinhais.
Ainda que não seja o ideal para saltos superiores a 1,10 metro, "é um cavalo elegante, forte e que gosta de ser montado", segundo Moraes.
O leilão pretende ser diferente de outros do gênero. Haverá provas, com prêmios de R$ 15 mil, e vários mimos para participantes, segundo os organizadores.
"Queremos promover a raça, que deverá se valorizar nos próximos anos e se comparar à de cavalos de US$ 1 milhão", afirma Moraes.
O leilão de cavalos das fazendas Alegria dos Pinhais e Top, de Pereira, será no Haras Larissa, que fica perto de Campinas (SP).

Muita... O preço do pacote de macarrão no Brasil subiu entre 5% e 7% nos últimos meses, impulsionado pela alta do trigo. Apesar disso, o consumo de massas deve registrar crescimento de até 7% neste ano, ante 1,2 milhão de toneladas do ano passado, segundo a Abima (associação do setor).

...massa O Brasil é o terceiro maior produtor de massas alimentícias do mundo, atrás de Itália e Estados Unidos. Atualmente, são fabricados no país 30 tipos de macarrão distribuídos entre: massas secas, que respondem por 84% do consumo, instantâneas (13%), e frescas (3%).

EM DOMICÍLIO

Os investidores estão usando cada vez mais o "home broker" para realizar as suas aplicações na Bolsa.
Segundo levantamento da BanifInvest, 39,71% deles aplicam de 75% a 100% dos recursos via "home broker".
Essa ferramenta possibilita o investidor a realizar operações de compra e venda de ações sozinho via internet.
"O resultado confirma a evolução do investidor individual e a segurança que ele possui para o uso da ferramenta on-line", diz Bruno Di Giorgio, do BanifInvest, que ouviu 4.000 investidores.

Gestão de risco em brasileiras é menor, diz consultoria

O processo de gestão de riscos dentro de empresas do setor elétrico brasileiro está abaixo dos níveis encontrados na Europa, no Oriente Médio e na África.
A conclusão é de estudo da Deloitte sobre o tratamento de riscos no setor, como segurança da informação, riscos da energia nuclear e aumento no valor e no número de processos judiciais.
Análise realizada pela consultoria com empresas nessas regiões indica que quase todas (95%) realizam atividades relacionadas à gestão de risco.
Por outro lado, apenas 65% das brasileiras, consideram o processo implantado em suas organizações.
No exterior, a gestão de riscos está incorporada principalmente à comercialização (58%) e aos seguros (48%).
A pesquisa também indica que 59% dos executivos já estabeleceram comitês de risco em suas empresas, sendo a maioria formada por membros do conselho, comitê de auditoria e gestores da alta administração.

Novo... A diretora-executiva da Abipla (associação brasileira das indústrias de produtos de limpeza), Maria Eugenia Saldanha, assumiu a vice-presidência da Aliada (associação latino-americana).

...posto A entidade, com sede na capital uruguaia, busca pleitear melhorias nas áreas regulatória e tributária de produtos dos países da região.

Entrega Os Correios de Campinas (SP) assinam hoje um convênio com a CPFL Energia para usar o veículo elétrico Aris, desenvolvido pela Edra, a partir deste mês.

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

As marcas da máfia
EDITORIAL
O Estado de S.Paulo - 21/10/10


Quatro anos depois das primeiras evidências levantadas pelo Ministério Público do Estado sobre graves irregularidades na Cooperativa Habitacional do Sindicato dos Bancários de São Paulo (Bancoop), o promotor José Carlos Blat denunciou à Justiça, na terça-feira, o atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e cinco outros possíveis envolvidos. Vaccari presidiu a entidade entre 2005 e fevereiro último, depois de participar de sua diretoria desde a sua fundação - por Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT -, em 1996. O promotor pediu abertura de processo criminal contra o petista por formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

Dos principais escândalos que enlaçam companheiros do presidente Lula, é o segundo a chegar ao Judiciário. O primeiro foi o do mensalão, que tramita a passos lentos no STF. Outros mais recentes ou descobertos há pouco - a quebra do sigilo fiscal de aliados e familiares do tucano José Serra e as traficâncias da família da então ministra Erenice Guerra, a sucessora de Dilma Rousseff na Casa Civil - estão em fase de investigação ou sindicância. Pelo que parece ter sido apurado há suficiente material para levar os casos aos tribunais. O conjunto da obra retrata os padrões de atuação da máfia que se guia pela mentalidade do "é tudo nosso" - ou seja, do PT.

Desses múltiplos delitos, o da Bancoop foi o que fez mais vítimas diretamente - os 3 mil cooperados que caíram no conto da casa própria a preços 40% inferiores aos do mercado e mais 5 mil que não conseguem quitação ou escritura. Eles compraram na planta e foram pagando a prestações imóveis que jamais lhes seriam entregues, ou foram entregues sem condições de serem ocupados ou revendidos. Dos 55 empreendimentos oferecidos pela cooperativa, apenas 14 foram concluídos. Dezoito nem saíram do papel. Mas o dinheiro entrou. Os dirigentes da Bancoop, a começar de Vaccari, são acusados de deixar um rombo de R$ 168 milhões nas contas da entidade. "Uma parte foi para o PT", sustenta Blat.

Assim como o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, chamou a turma do mensalão de "sofisticada organização criminosa", o seu colega paulista concluiu que "a quadrilha que se estabeleceu na direção da Bancoop contava com sofisticada manipulação de dados dos balanços contábeis". Empresas fantasmas, por exemplo, teriam sido criadas para transferir dinheiro da cooperativa - sugado dos incautos mutuários - para bolsos pessoais e campanhas eleitorais petistas. No que deve ser a ponta de um iceberg, Blat identificou um repasse de R$ 200 mil para o PT. Provavelmente não se chegará a saber o total, parte dele provindo de saques em dinheiro na boca do caixa, somando R$ 31 milhões.

O escândalo da Bancoop voltou à tona enquanto surgiam novas informações sobre a tentativa de montagem de um dossiê contra o candidato José Serra - para o que se destinariam, afinal, as cópias das declarações de renda extraídas do Fisco - e o alcance das movimentações do grupo de Erenice Guerra no âmbito do governo. Segundo a Folha de S.Paulo, a Polícia Federal apurou que um jornalista ligado à pré-campanha de Dilma Rousseff, Amaury Ribeiro Júnior, encomendou a um despachante, por R$ 12 mil, a compra de dados sigilosos de parentes de Serra e membros do PSDB. O PT custeava a hospedagem do jornalista em Brasília. Fim da fábula de que ele servia a rivais tucanos de Serra.

Já a sindicância do governo sobre o grupo de Israel Guerra, filho da ex-ministra, parece ter feito algum progresso, embora não fique pronta antes do segundo turno. Verificou-se que a patota de Israel usou também funcionários e equipamentos da Secretaria de Assuntos Estratégicos e do Gabinete de Segurança Institucional, ambos da Presidência da República, em suas operações de lobby. Um novo nome suspeito de envolvimento com o esquema é o do assessor da Casa Civil, Gabriel Laender. Procurador de Justiça no Espírito Santo, advogara para a empresa da qual o marido de Erenice era diretor. No ano passado, passou a trabalhar no governo. Quem o nomeou foi Dilma Rousseff. 

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Redução de danos 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 21/10/2010

Antes animados com o potencial de estrago do "dossiegate" na campanha de Dilma Rousseff (PT), tucanos passaram a se preocupar com o risco de cizânia interna diante do noticiário sobre o suposto envolvimento do grupo de Aécio Neves na violação de sigilo fiscal de pessoas ligadas a José Serra. "Roupa suja só se lava depois da eleição", diz um dirigente.
Para coordenadores da campanha do PSDB, qualquer sinal de estremecimento entre os dois expoentes nacionais do partido implodiria o plano de Serra de engajar o senador eleito no esforço derradeiro para atrair o eleitorado mineiro no segundo turno.

Garimpo 1 Os dilmistas acreditam ter largado à frente de Serra na caça aos votos de Marina Silva (PV) em Belo Horizonte, onde a senadora venceu no primeiro turno. O diagnóstico é baseado no legado de administrações petistas na capital mineira.
Garimpo 2 O PV mineiro optou pela neutralidade no segundo turno, mas o candidato "verde" a governador, José Fernando Aparecido, deve anunciar apoio a Dilma amanhã. Ele entregou ao ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) a pauta que embasaria o acordo, com cinco itens associados ao setor de mineração.

Queimada Em discurso no ato promovido ontem por ambientalistas pró-Dilma, o vice Michel Temer (PMDB) se descreveu como uma "alma incendiada". Um colega de partido comentou, na plateia: "incendiada não, presidente... aqui o público é totalmente verde."

Caminho da roça Marcado para as 23h de segunda, o debate da Record submeterá os candidatos a um teste de audiência. O horário na grade de programação é reservado ao reality-show "A Fazenda", que atinge 20 pontos no Ibope. A emissora estuda se exibe o programa na madrugada ou uma versão compacta às 22h30.

Casting Agora que Michel Temer finalmente estreou na propaganda de Dilma, só falta mesmo Indio da Costa (DEM-RJ) aparecer no programa de Serra.

Pugilato Apesar de relativizar a gravidade da agressão a Serra ontem no Rio, petistas se mostravam preocupados com o recrudescimento do embate entre militantes, particularmente insuflado pela guerra dos panfletos. "Controlar general não é problema, o difícil é conter soldado", diz um dirigente.

Pelos ares Em voo SP-Brasília anteontem, o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT), e o presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, tratavam da consolidação da legislação eleitoral. "Se eu for presidente da Câmara, vou fazer", garantiu o petista. Questionado pelo ministro sobre as chances de se eleger, o petista arriscou: "Se a Dilma ganhar..."

Stand by O Palácio dos Bandeirantes deve manter em férias, até o final do mês, a jornalista Tatiana Arana Cremonini, filha de Paulo Preto nomeada por Serra para o cerimonial do governo.

Engajados Os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM) e José Agripino (DEM-RN), que mantiveram silêncio estratégico sobre Lula enquanto cuidavam de suas respectivas campanhas, reaparecem com vigor na defesa de Serra. O primeiro, derrotado. O segundo, reeleito.

Quem? Convocação do tesoureiro João Vaccari enviada pela CPI da Bancoop à direção do PT retornou à Assembleia com rubrica de destinatário "desconhecido".

tiroteio

"Os ataques de Lula representam um atentado contra o cidadão comum e a democracia. O presidente não está acima da lei. Não pode, portanto, acusar sem provas."
DO SENADOR MARCONI PERILLO, candidato do PSDB ao governo de Goiás sobre o presidente ter dito que ele "faz campanha bilionária" e "não tem caráter".

contraponto

Pai da noiva


O presidente do PT, José Eduardo Dutra, deixou apressado a reunião da Executiva do partido, na tarde terça-feira, e mal conversou com os repórteres que o esperavam. Explicou que precisava voar para o Rio, onde sua filha se casaria no início da noite.
Os jornalistas acharam estranho, dada a proximidade da eleição, e ele justificou:
-Eu não podia interferir na data do casamento...
Um repórter então arrematou:
-Está aí a prova definitiva de que vocês tinham certeza da vitória no primeiro turno...