quinta-feira, julho 29, 2010

ALBERTO TAMER

Agricultura, um modelo

Alberto Tamer
O Estado de S. Paulo - 29/07/2010
 
A agricultura brasileira pode ser chamada de "essa desconhecida". As atenções estão voltadas para a indústria, que fraqueja, e para outros setores, mas é a agricultura que tem evitado explosões inflacionarias e sustentado o crescimento econômico, principalmente nos anos de crise. 
Um fato importante, diria mesmo, importantíssimo ao qual se dá pouco destaque: é também um modelo em que o setor privado responde por "toda" produção e comercialização no País. Tem o apoio técnico do governo, sim, pelo excelente trabalho realizado pela Embrapa, tem financiamento, mas não conta com a proteção dos escandalosos subsídios oferecidos pelos Estados Unidos e a União Europeia aos seus agricultores. Mesmo assim, os americanos estão perdendo terreno para o agronegócio brasileiro no mercado mundial. E repito, todos eles privados, multinacionais ou não. 
Eis um modelo a seguir O Estado participa também por meio de um Ministério da Agricultura eficiente, que completa 150 anos, observa e age nas emergência, socorre os que precisam, estimula a agricultura familiar, mas fica distante. Não se mete nas decisões do que plantar, produzir e exportar. O mercado é que decide. A agricultura brasileira não precisa de estatais. Não quer intromissão do Estado.
Esse é um modelo de convivência entre Estado e setor privado que deveria ser estudado pelos dois candidatos a presidência, para que não inventem mais empresas estatais como se está fazendo hoje. 
Mas a agricultura é isso mesmo? Sei que é essa a pergunta que o leitor deve estar fazendo. A resposta é sim. E baseada não só em dados do IBGE, mas também do governo americano. Mesmo sem subsídios, o Brasil é hoje o terceiro maior exportador de alimentos do mundo. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil é líder na produção e exportação de açúcar, café em grãos e suco de laranja. Além disso, é o primeiro exportador mundial de carne bovina, tabaco, álcool etílico e carne de frango. 
Ocupa a vice-liderança na produção e exportação de soja em grãos (atrás apenas dos EUA. É o terceiro maior exportador mundial de milho e o quarto de carne suína. O Brasil depende hoje da importação de trigo, que somou apenas US$ 1,2 bilhão em 2009, e alguns outros derivados, além de cevada e arroz. As exportações do agronegócio, em 2009, totalizaram US$ 64,75 bilhões, representando nada menos que 42,5% das vendas externas. As importações foram de apenas US$ 9,8 bilhões, o que significa um superávit de US$ 54, 9 bilhões. Sustentou a balança comercial.
O que exportamos e para quem O complexo soja lidera (farelo, óleo e grãos); representou 26% das vendas. Seguem as carnes (bovina, aves e suína), que foram responsáveis por 18% das vendas externas do agronegócio. O complexo sucroalcooleiro (açúcar e etanol) respondeu por 15% das exportações agropecuárias. 
A China vem se consolidando, há dois anos, como o principal país comprador de produtos do agronegócio brasileiro. Absorveu no ano passado 13,77% das vendas externas. Os chineses compraram quase US$ 9 bilhões. Vale destacar que o Brasil exporta para cerca de 200 países. 
Com 7,67% na participação das vendas externas do agronegócio, os Países Baixos estão em segundo lugar, representando nada menos que US$ 5 bilhões. Mas é importante registrar que representa a importação da Europa, pois é na pequena Holanda que está localizado o importante Porto de Roterdã.
E os americanos? São grandes produtores e exportadores e importam do Brasil apenas US$ 4,5 bilhões. Nada mais de 7% das nossas vendas do setor. Os Estados Unidos lutam com o Brasil na OMC, nas falidas negociações de Doha, porque querem exportar mais produtos agrícolas a preços subsidiados. Mesmo assim, sozinhos, ainda compram quase o mesmo que os 27 países da União Europeia juntos. Mas será que vai dar para sustentar esse ritmo de exportações e ainda atender, neste ano, ao aumento da demanda interna por alimentos? Vai dar sim. É um assunto tão importante e vital para a economia brasileira, que vamos destinar uma segunda coluna para ele.
Uma sugestão Por que os professores de escolas e faculdades não pedem aos estudantes, neste início de semestre, trabalhos sobre a importância da agricultura brasileira no País e no mundo mostrando os pontos altos e baixos de uma realidade nacional quase esquecida e que só se lembra mesmo quando o Ministério completa 150 anos?

JOSEF BARAT

Apagão aéreo na Copa?

Josef Barat
O Estado de S. Paulo - 29/07/2010
 
 Neste mês foram instalados, por iniciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Juizados Especiais Cíveis nos aeroportos mais movimentados do País. Diante da percepção do crescente descontentamento dos usuários do transporte aéreo e, provavelmente, vislumbrando o risco de um novo "apagão aéreo", o CNJ decidiu repetir a experiência de 2007/2008. Naquela ocasião, diante do caos que se abateu sobre o setor aéreo, o Judiciário instalou unidades de conciliação nesses aeroportos, o que ajudou a aliviar muitos dos efeitos da crise. O CNJ mostra-se ciente de que os problemas do transporte aéreo não dizem respeito só às companhias aéreas, uma vez que determinou também a instalação de Juizados Especiais Federais, competentes para intermediar conflitos relacionados à Infraero, à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), à Polícia Federal e à Receita Federal.
Dada a fragilidade da memória nacional, cabe lembrar que o "apagão aéreo", ocorrido no decorrer de 2006/2007, teve origem numa conjunção de fatores. Inédito na história da aviação civil brasileira, o caos evidenciou: a ausência de políticas públicas consistentes; a falta de planejamento para o sistema aéreo; os graves problemas de gestão aeroportuária; a fragilidade institucional; e as notórias deficiências físicas e operacionais que existiam nas infraestruturas aeroportuária e aeronáutica do País. O crescimento persistente da demanda por voos domésticos e internacionais em porcentuais acima de dois dígitos esbarrou nos fatores apontados. Tratando-se de um sistema complexo e altamente integrado, a limitação de capacidade em cada um dos segmentos interferiu no desempenho dos demais, tornando as responsabilidades difusas.

O conflito entre demanda crescente, de um lado, e aeroportos com notórias deficiências de pistas, pátios, terminais e equipamentos, de outro, já era perceptível. De início, a crise da Varig agravou o desequilíbrio entre demanda e oferta, já que as soluções encaminhadas por meio do processo de recuperação judicial só geraram mais problemas ao criar uma reserva de mercado intocável. Por determinação judicial, não foi possível redistribuir horários e slots autorizados para a Varig (e por ela não utilizados).
Em seguida, o acidente com a aeronave da Gol trouxe à luz o problema das carências da infraestrutura aeronáutica. As operações aéreas foram agravadas sobremaneira por uma reação descomedida dos controladores de voo e falhas do controle do espaço aéreo (operação-padrão, sequenciamentos desnecessários, falhas de equipamentos de comunicação, radar e falta de pessoal). Por fim, o acidente com a aeronave da TAM gerou compreensivelmente grave comoção nacional, que, todavia, foi explorada pelo governo no sentido de desviar as atenções dos verdadeiros problemas infraestruturais e de planejamento e gestão existentes no setor aéreo.

De lá para cá o mundo girou, a Lusitana rodou e o fato é que perdura uma contradição. Qual seja a de um sistema em que, de um lado, empresas aéreas passaram a operar com níveis elevados de produtividade (em aeroportos aglutinadores), buscando atender a uma demanda em crescimento acelerado, e, de outro, infraestruturas com graves limitações físicas, operacionais e de gestão. Continua-se sem políticas e diretrizes claras e consistentes para o setor aéreo, sem planejamento sistêmico, com papéis institucionais frágeis e investimentos dispersos e sem foco de prioridades. Para agravar, Guarulhos, Congonhas, Brasília e Manaus estão operando próximo do limite das suas capacidades.
Portanto, pode-se dizer que o risco de um "apagão" continua latente e deverá aumentar com o crescimento da demanda em decorrência da boa fase da economia. A iniciativa do CNJ mostra que há algo de muito errado na gestão dos aeroportos brasileiros. Basta fazer um voo regular para constatar o sofrimento com o tempo gasto com atrasos de voos, troca de locais de embarque, desembaraço de bagagem, informações desencontradas, etc. É esse o ambiente que queremos para a Copa?

PRESIDENTE DO CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO DAS CIDADES DA FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DE SÃO PAULO, FOI DIRETOR DA ANACN

MÍRIAM LEITÃO

O esquecido 
Miriam Leitão 

O Globo - 29/07/2010

Há um grande esquecido em todas as operações na telefonia brasileira: o usuário. Hoje, a Oi investe menos do que as empresas Telemar e Brasil Telecom investiam quando eram separadas.

O Brasil tem uma telefonia cujo serviço está se deteriorando, não tem cobertura de banda larga decente, e as telefônicas são campeãs de reclamação.

Os negócios anunciados ontem terão que ser submetidos à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Hoje, as empresas entram com um pedido de anuência prévia na Agência.

A informação no órgão regulador é que a decisão será tomada olhando-se três critérios: qualidade do serviço, impacto na competição e interesse do usuário.

Mas tudo se passa no governo, e nas empresas privadas, como se o assunto não tivesse que passar pela Anatel. E tem. A Agência, se não quiser ser reduzida a um carimbador, terá que avaliar todos os negócios anunciados ontem dentro dessa perspectiva. Porque do governo já não se espera, a essa altura, que olhe o interesse público.

O governo só interfere em favor dos grupos empresariais.

Mudou o Plano Geral de Outorgas para permitir a compra da Brasil Telecom pela Telemar. Na época, o pretexto foi o de criar uma supertele de capital exclusivamente nacional, que agora será luso-brasileira.

Nada contra a empresa portuguesa, tudo contra esse delírio nacionalistóide de mudar regras de forma casuística, colocar dinheiro público, e financiar uma compra sem qualquer benefício palpável para o consumidor dos serviços.

A advogada especialista em telecomunicações Cláudia Domingues lembra que a compra da BrT pela Oi, em 2008, foi feita de forma tão apressada que a Oi não avaliou corretamente o passivo da BrT. Em janeiro deste ano, a empresa comunicou que o passivo, por conta de ações judiciais contra a BrT, não era de R$ 1,2 bilhão, mas R$ 2,5 bi. Um erro de análise de mais de um bilhão de reais. E um dos sócios é o BNDES.

— O mercado de telecomunicação no Brasil piorou muito desde essa operação.

Foi como se a Oi tivesse comprado uma fazenda sem contar quantos bois havia no pasto. Tudo foi feito apressadamente e por motivações políticas.

Ninguém pensa no bem do mercado. As empresas, por exemplo, não foram à Justiça contra a recriação da Telebras, que é claramente inconstitucional. Com a operação de hoje envolvendo Telefónica, Portugal Telecom, Vivo e Oi, percebe-se o porquê. Havia outros interesses em jogo — disse.

Antes da compra da Brasil Telecom pela Telemar, a soma do que as duas investiam nos serviços de telefonia fixa e celular era muito maior do que investe agora. Ela ficou sem capacidade de investir e o consumidor pagou a conta. Na opinião dos especialistas, isso é claramente incompatível com a necessidade de expansão e da melhoria da qualidade dos serviços em sua área de atuação. No final do ano, a Oi apresentou prejuízo e uma dívida de R$ 21,8 bilhões. Analistas de mercado acham que a entrada da Portugal Telecom ajudará a reduzir essa dívida e aumentar a capacidade de investimento.

Mesmo assim, a ação da empresa despencou 16% ontem. No caso da Vivo, a operação melhora a governança porque a Telefónica aumentará seu controle sobre a empresa, mas a empresa terá que investir muito dinheiro na compra da participação.

A venda da parte da Portugal Telecom na Vivo e o uso dos recursos na compra de uma participação de 22% na Oi têm o lado bom de mostrar que o mercado brasileiro é atraente. As empresas brigaram durante meses para garantir o direito de crescer por aqui.

Hoje, 15% da receita da Telefónica vem do Brasil. Após este negócio, será 20%, tornando o país o segundo maior mercado da empresa, depois da própria Espanha.

O problema é que o governo tem adiado questões regulatórias, como, por exemplo, a licitação da Banda H. No mercado, se diz com todas as letras que as questões que antes eram resolvidas pela agência agora nem mesmo são da alçada do Ministério das Comunicações.

As empresas vão direto à Casa Civil.

O caso da Oi foi espantoso em todas as etapas. Foi assinado um memorando de entendimento para a compra da Brasil Telecom antes mesmo de o governo mudar o Plano de Outorgas. Criou-se um fato consumado antes de a Anatel decidir. Tudo foi financiado pelo BNDES e Banco do Brasil, que deram empréstimos à empresa para que ela pudesse pagar aos acionistas controladores da Brasil Telecom.

Mesmo endividada e sem capacidade de ampliar seus investimentos, a empresa usou o fato de que era a tal “supertele nacional” para se oferecer como a operadora do Plano Nacional de Banda Larga. A proposta foi defendida pelo próprio Luiz Eduardo Falco, presidente da Oi, numa reunião na Casa Civil, em abril. O argumento usado por Falco é que a Oi teria direito a isso por ser quase empresa estatal, tem 49% do capital do BNDES e dos fundos de pensão de estatais.

Nas mudanças nas telecomunicações têm ocorrido favorecimento, preferência por uma empresa por motivos pouco transparentes, interferência direta do governo em negócios de uma empresa privada e com capital em bolsa.

O Brasil está em pleno retrocesso. Na reta final do governo Lula está havendo uma fúria estatizante, concessões descabidas a empresas privadas, distribuição de benesses a escolhidos, interferência indevida em assuntos de empresas de capital aberto. Com Brasília, a Oi tem linha direta; com seus minoritários, ela não consegue se entender. Eles já recusaram três vezes propostas da empresa e o processo, do ponto de vista societário, está incompleto.

DORA KRAMER

De pai para filho 
Dora Kramer 

O Estado de S.Paulo - 29/07/2010 

Obrigada a pedir demissão há dois anos da chefia da Secretaria da Igualdade Racial por causa dos gastos indevidos com o cartão corporativo a que tinha direito, Matilde Ribeiro muito provavelmente teria dificuldades para se eleger síndica de condomínio.


Mas, como segunda suplente do candidato a senador pelo PC do B de São Paulo, Netinho de Paula, com alguma sorte poderá vir ser senadora da República.

A suplência ao Senado é hoje um dos melhores negócios no mercado da política: quem tem dinheiro (muito), bom parentesco ou é bem relacionado no meio não precisa de voto para chegar ao que outrora já foi tido como a representação do Paraíso na terra.

Atualmente um tanto desmoralizado, mas ainda promete. Afora o renome, espaço na tribuna, microfones da Voz do Brasil, o salário, a verba indenizatória, passagens aéreas, carro, casa, assessoria e estrutura à disposição, há toda uma gama de benefícios tais como plano de saúde para o resto da vida caso o suplente assuma por um período de seis meses. Em mandato de oito anos, convenhamos, não é difícil.

Na atual legislatura mais ou menos 20% do Senado é ocupado por substitutos.

O suplente sempre foi, e continua sendo, um familiar, um financiador de campanha, um amigo, um funcionário, um correligionário ou um "sem tempo" como o presidente do PT, José Eduardo Dutra.

Ele é suplente do senador candidato à reeleição Antonio Carlos Valadares, do PSB de Sergipe. Dutra tem votos ? ou pelo menos teve quando foi senador em legislatura anterior ?, mas está sem tempo de fazer campanha porque é um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff.

Antonio Palocci também é. Como Dutra desistiu da candidatura parlamentar para cuidar da presidencial, como o colega também teve oferta de ser suplente de senador. Não aceitou ou o PT não achou conveniente.

Mas, de todo modo, não trilhou esse atalho. José Eduardo Dutra encontrou uma maneira de conciliar mandato com ausência de delegação popular.

O único pré-requisito necessário é a unção do titular. Assim Edison Lobão repetirá a indicação do filho ? "senador" enquanto o pai ocupou a pasta de Minas e Energia ?, o ex-governador do Amazonas Eduardo Braga pôs na suplência a mulher, Sandra.

Mão Santa trocou a mulher Adalgisa pela filha Cassandra, o ex-governador da Paraíba Cássio Cunha Lima indicou o tio, o ex-governador do Tocantins Marcelo Miranda escolheu o pai e o ex-governador de Rondônia Ivo Cassol também nomeou o pai.

Os dois primeiros foram cassados pela Justiça Eleitoral e o terceiro renunciou em vias de.

Em abril de 2008 a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou emenda constitucional do senador Demóstenes Torres proibindo a indicação de parentes para a suplência. A ideia inicial era acabar com os suplentes ou fazer com que tivessem a legitimidade do voto.

O colegiado da CCJ não aceitou, manteve a figura do suplente que em caso de vacância assume até a eleição de um novo titular na eleição mais próxima. Mesmo desfigurado o projeto está na Mesa sem chance de ser votado.

Ao calejado leitor nem é preciso explicar a razão.
Prato típico. Até o fim da tarde de ontem eram oito os candidatos impedidos de concorrer às eleições pelos Tribunais Regionais Eleitorais de seus Estados, com base na Lei da Ficha Limpa.

Três são do Espírito Santo, três de Minas Gerais, um de Santa Catarina e um do Ceará.

Contrastando, o TRE do Maranhão autorizou quatro candidatos ? entre eles, José Sarney Filho ? a concorrer, argumentando que a lei não vale para condenações anteriores à sua aprovação, exatamente o oposto do que decidiu o Tribunal Superior Eleitoral.

O Ministério Público vai recorrer e, mantida a posição anterior, o TSE deve derrubar.

É de se perguntar: então para que o vexame, só para parecer que o Judiciário maranhense está submetido aos interesses do clã Sarney?
Linha justa. A política anda precisando de um Zico que chame o esquadrão aos costumes.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Brasil é o 42º em economia digital, diz estudo
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 29/07/2010

A economia digital no Brasil ainda patina. O país ocupou a 42ª posição em ranking produzido anualmente pela IBM e pela unidade de inteligência da "The Economist".
A pesquisa, que avalia a capacidade de 70 países de absorver novas tecnologias de informação e comunicação e aplicá-las no desenvolvimento econômico e social, colocou a Suécia na primeira posição, seguida por Dinamarca, EUA e Finlândia.
O Brasil perde para países como Chile, Estônia, Cingapura e Grécia. Na América Latina, o país ocupa o segundo lugar no ranking.
"Na Suécia, a atenção do governo em tecnologia da informação, educação e cultura ajuda no aumento do número de usuários de serviços digitais", diz Felipe Botto, executivo da IBM Brasil.
Com nota de 5,27 de um total de 10 pontos, o Brasil lidera entre os países do BRIC, com o melhor ambiente geral para o crescimento do comércio eletrônico.
A economia brasileira avançou na categoria "ambiente de negócios", com melhores desempenhos em oportunidade de mercado e em política de investimento estrangeiro.
No entanto, teve pior desempenho em "visão e política do governo" e "ambiente social e cultural", com queda na nota de nível educacional.
A categoria "infraestrutura de tecnologia e conectividade" aponta que a internet alcançou percentual de crescimento menor que no ano passado no Brasil.
País lidera investimento imobiliário no mundo

Os investimentos diretos em imóveis comerciais registraram aumento de 54% no segundo trimestre deste ano nas Américas, atingindo US$ 21,4 bilhões.
O Brasil liderou o crescimento de investimento no mundo, segundo a consultoria Jones Lang LaSalle, que elaborou o levantamento.
Do primeiro trimestre deste ano para o segundo, o volume aplicado em imóveis comerciais no mercado brasileiro quase triplicou, saltando de US$ 577 milhões para cerca de US$ 1,6 bilhão.
"Está havendo um movimento de desmobilização para reinvestimentos. O que acaba gerando uma maior oferta de imóveis para aquisição", diz Lilian Feng, responsável pela área de pesquisa da consultoria no Brasil.
A tendência é o aumento da aquisição de empreendimentos ainda em desenvolvimento, segundo Feng. "Como o mercado de imóveis corporativos está aquecido, o risco acaba sendo menor."
Mercado... A oferta de imóveis usados, residenciais e comerciais para venda na cidade de São Paulo subiu 34% de janeiro a junho deste ano, ante o mesmo período de 2009, segundo levantamento da empresa de administração imobiliária Lello. No primeiro semestre, a quantidade de imóveis prontos comercializados na capital também registrou alta, de 24%, sobre o primeiro semestre de 2009, de acordo com a pesquisa.
...imobiliário Entre os imóveis residenciais disponíveis, 54% das unidades ofertadas para venda foram apartamentos. Grande parte são de três e quatro dormitórios com vaga de garagem. Outros 46% são casas, segundo o estudo da administradora Lello. Das unidades com finalidade comercial oferecidas para venda, 43% são casas ou sobrados, 15% são terrenos, 14% são prédios comerciais e 11% são lojas e sobrelojas.
DE VOLTA PARA CASA

Depois de 12 anos de Microsoft nos EUA, o advogado Luiz Azevedo Sette retorna ao escritório Azevedo Sette, como sócio sênior.
Chegou a vice-presidente juridíco na gigante americana, responsável por toda operação de vendas da empresa, à frente de uma equipe de 170 advogados internos em todo mundo.
Foi, aos 31 anos, o executivo mais jovem em cargo de direção na Microsoft. Antes de voltar, o advogado fez seminários sobre oportunidades no Brasil em Dallas, Houston e Miami, nos EUA.
Na bagagem, vieram mandatos para investir em empresas de alimentos, de ração para animais e em mineração", diz. No setor de alimentos, enquanto americanos querem comprar marcas que agreguem valor, chineses visam criar polo de exportação e estão de olho em armazenagem e "tradings" de alimentos, segundo Sette.
"Há dinheiro disponível, mas investidores após a crise querem investir em projetos já pesquisados com capacidade comprovada", diz o advogado. "Nada de caixas pretas, comuns no setor de mineração."
NEGÓCIO DE BRINQUEDO

O próximo passo da Ri Happy, rede de lojas de brinquedos, é rumo ao Norte. A empresa inaugura, no mês que vem, a primeira loja no Tocantins, o 18º Estado do país com a marca, e negocia unidades em Belém e Manaus para 2011.
"Há carência de oferta nessa região. No Brasil ainda há oportunidade de crescer", diz Ricardo Sayon, diretor da empresa. Paralelo à expansão nortista, a empresa cresce nas outras regiões. Mais filiais estão previstas neste ano em São Vicente (SP), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Maringá (PR) e São Gonçalo (RJ).
Além dos lançamentos, a ampliação de lojas instaladas está na pauta, como a do Shopping Iguatemi, em SP. Sayon prevê faturamento 15% maior neste ano.
Trabalho O apagão de mão de obra qualificada elevou a movimentação de funcionários nas empresas, segundo pesquisa da Abraman (Associação Brasileira de Manutenção). O índice que mede o giro de pessoal na indústria subiu de 2,39% no levantamento anterior para 3,7%, porque as empresas têm disputado profissionais qualificados.
Mão de obra A sondagem da Abraman, que apura dados com companhias dos setores de mineração, siderurgia, petróleo, papel e celulose, entre outras, também aponta maior investimento, de R$ 120 bilhões por ano das indústrias na área de manutenção.
Moda... O grupo londrino Farfetch.com, um shopping de moda on-line de marcas famosas, acaba de receber capital de US$ 4,5 milhões do fundo de investimento Advent Venture Partners. Cerca de 40% desse investimento virá para a expansão do mercado brasileiro, na contratação de pessoal e em marketing.
...on-line A meta da empresa no Brasil é fechar o ano com 20 marcas brasileiras de roupas e acessórios de luxo, segundo Daniela Cecílio, presidente da Farfetch no Brasil. Hoje, o site trabalha com oito marcas brasileiras e mais de mil importadas. "No Brasil, a compra de roupas pela internet ainda é uma cultura nova, mas está mudando", diz ela.
Mordida O Sudeste apresentou concentração de 65,3% dos beneficiários do mercado de planos odontológicos em 2009, segundo o Sinog (Sindicato Nacional das Empresas de Odontologia de Grupo).

EUGÊNIO BUCCI

Essa gente transparente

Eugênio Bucci 
O Estado de S.Paulo - 29/07/10

Com a abertura da temporada de caça ao voto, o substantivo "transparência" vai virando objeto de culto e de comício. É reverenciado em toda parte, a todo o volume, por todos os candidatos; estamos diante de uma divindade suprapartidária e de seus devotos barulhentos. Mas há um detalhe intrigante: ninguém parece saber muito bem o que quer dizer essa palavra. O culto da transparência, entre nós, é deveras opaco. Ou capcioso.


Ninguém mais se lembra, mas o vocábulo ganhou notoriedade nos anos 1980, quando, na então União Soviética, Mikhail Gorbachev adotou seu programa de reformas em torno de dois eixos: a perestroika (reestruturação) e a glasnost (transparência). O projeto de abrir janelas de vidro límpido nas paredes de chumbo do Estado stalinista causou um cataclismo. O Estado não aguentou. Gorbachev levou seu propósito tão longe que acabou derretendo as paredes, os burocratas e a própria URSS. Naquele tempo, transparência era isto: uma bandeira mortal para um organismo que não resistisse à luz solar.
E o que foi feito hoje desse substantivo? Ouvindo a gritaria dos caçadores de votos, a gente fica com a impressão de que ele se reduziu a um sinônimo empolado de honestidade. Nada mais que isso. Um sinônimo mais "chique" - ou mais "sofisticado", como preferem dizer. Como se honestidade, esse termo hoje visto como "simplório", fosse coisa "de pobre": gente fina não é honesta, é transparente.
Poucos exigem transparência do Estado, muitos usam o substantivo como purpurina cívica para se maquiar na TV. A palavra acabou se diluindo num enfeite inofensivo. Virou categoria de melodrama, repertório de cena de novela, como quando a mocinha olha candidamente nos olhos do galã e diz: "Sabe, meu bem, eu sou uma pessoa muito transparente. Não posso evitar, Deus me fez assim."
Os candidatos e candidatas olham-nos mais ou menos do mesmo jeito para recitar mais ou menos a mesma jura. Ao se declararem "transparentes", assumem o ar indefeso de quem confessa uma debilidade, mas uma debilidade especialíssima, muito vantajosa. Eles se confessam inábeis para ocultar as próprias emoções, como se estivessem condenados a dizer a verdade, sempre a verdade. Desprovidos de malícia pela própria natureza, esperam maliciosamente merecer a confiança pública. A confiança que pleiteiam é uma forma de piedade.
Eis aí um embuste, ou melhor, eis aí o grande embuste da temporada. Quem se diz assim tão transparente, das duas, uma: ou não parou para pensar na insustentabilidade lógica do que postula ou está querendo pregar-nos uma peça.
Seres humanos não são como o vácuo do espaço sideral. A luz não os atravessa como a uma lâmina cristalina. Humanos são sólidos e opacos, tropeçam no fio do abajur, derrubam o copo na mesa, fazem sombra uns aos outros, cobrem-se de roupas e de linguagem - ou não existiram. Pedir a um sujeito que seja transparente a esse ponto equivale a pedir que ele desapareça. Os segredos íntimos, conscientes ou não, são indispensáveis para que a pessoa se estruture e possa almejar a liberdade. Uma sociedade em que ninguém tivesse segredos seria insuportável, além de impossível.
Por isso, o mito da pessoa (ou do candidato) transparente, mais que sentimentaloide, é perverso. Procura transferir para gente de carne e osso um atributo que deve ser do Estado - a transparência, como atributo do Estado, evita que a opacidade humana, quando instalada dentro dele, possa converter-se num monstro. Numa pessoa a mesma transparência não faz sentido. A não ser como imposição autoritária ou como fraude que quem promete imprimir à máquina pública suas alegadas virtudes de caráter (como se ela, a máquina pública, fosse regida pelos humores do governante, e não por leis impessoais).
Aqui chegamos ao núcleo da incompreensão que cerca esse tema. Na esfera individual, a presunção da transparência absoluta pode mascarar a má intenção dos embusteiros ou massacrar a boa-fé dos inocentes. Se não houver um espaço indevassável para resguardar a personalidade de cada um, não haverá liberdade. Não por acaso, o voto, nada menos que o voto, é secreto e inviolável. Esconder o próprio voto é direito fundamental do cidadão. Não por acaso, também, os Estados totalitários têm obsessão por vigiar atos, declarações, desejos e até o pensamento dos súditos. São Estados opacos que impõem a transparência compulsória ao cidadão.
Na democracia o princípio é outro. O administrador público tem o dever de assegurar a todos o acesso às informações sob guarda do Estado. Cabe a ele zelar para que essas informações sejam claras, simples, diretas e confiáveis. Esse dever do Estado - e do governo - deveria repelir qualquer tentativa de proselitismo com verba pública. A chamada propaganda oficial, ou a tentativa de convencer a sociedade das teses governistas, agride o dever de transparência do Estado. A informação de interesse público precisa estar acessível, desinteressadamente acessível, para que cada um forme a sua opinião sobre o que quer que seja. Isso porque o regime democrático respeita a esfera íntima do indivíduo, que inclui a liberdade de crença e de pensamento.
No nosso tempo, contudo, muitos dos que se proclamam transparentes morrem de ciúmes do Estado. Querem que o povo fique longe dele. Querem se beneficiar das opacidades na máquina pública. A esses valeria solicitar mais sinceridade em relação a assuntos públicos. Por exemplo: por que declaram armazenar dinheiro vivo dentro de casa? Apenas para terem um álibi caso um assessor seja pego com maços de cédulas numa valise ou numa cueca? Talvez eles nos pudessem brindar com mais sinceridade. Poderiam cultuar também a honestidade, essa palavra fora de moda. Mas, por ora, estão muito ocupados em ser transparentes até não poder mais.
JORNALISTA, É PROFESSOR DA ECA-USP 

PAINEL DA FOLHA

Apoio seletivo 
FOLHA DE SÃO PAULO - 29/07/10


O presidente Lula comentou com aliados que pretende assumir um papel mais de “observador” das campanhas aos governos dos Estados e ao Senado nesta primeira fase. Pela sinalização lulista, sua participação nos Estados só deve ocorrer quando o quadro estiver mais definido, e nos locais onde avaliar que sua imagem terá peso no desfecho da disputa. 

O “stand by” do presidente também atende a outro objetivo: ele deixou claro que só entrará em campo em favor de candidatos que se empenharem na campanha de Dilma Rousseff. O recado é: quem fizer corpo mole na corrida presidencial pode ficar de fora da lista dos que receberão apoio explícito do petista. 
Mesa - Ministros farão um corpo a corpo com parlamentares na próxima semana, de “esforço concentrado” no Congresso. Na terça, o primeiro escalão de Lula participará de almoço com senadores aliados. Na quarta, será a vez dos deputados. 
Pesos... - O detalhamento da pesquisa Datafolha sugere as razões que levam Marta Suplicy (PT-SP), líder na corrida ao Senado, a evitar bater em Geraldo Alckmin (PSDB). Os 30% que optam pelo tucano para o governo e por ela ao Senado representam 4,5 milhões de votos. 
...e medidas - O montante fica bem acima dos 2,6 milhões de eleitores de Aloizio Mercadante (PT) que a escolhem - 53% das intenções de voto do petista. A diferença se dá porque ele está 33 pontos atrás de Alckmin. 
Ao meio - Candidato ao Senado na chapa do DEM, mas aliado do PT no plano nacional, Garibaldi Alves (PMDB-RN) participou ontem de caminhada com Dilma em Natal. No mesmo horário, sua chapa marchava em outro ponto da capital. 
Foco - Não é de hoje que o comando do PSDB se queixa dos “demos” no RN. Mas causou irritação recentes entrevistas de Rosalba Ciarlini (DEM) em que ela fala do seu “candidato” sem dizer o nome de José Serra. 
Bombeiro - Coordenador da campanha de Serra, Sérgio Guerra (PSDB-PE) tentará levar o candidato a Pernambuco ainda nesta semana. A intenção é tentar aplacar a fuga de prefeitos e deputados tucanos que trocaram Jarbas Vasconcelos (PMDB) por Eduardo Campos (PSB), palanque de Dilma. 
Cenário - Pesquisa Ibope ao governo do Espírito Santo, encomendada pela federação das indústrias capixaba, aponta Renato Casagrande (PSB) com 51%, contra 18% do tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas. O governo Paulo Hartung (PMDB), que apoia Casagrande, alcança aprovação de 81%. 
Na área - Candidata ao governo de Santa Catarina, Ideli Salvatti (PT) tenta pegar carona na torcida dos times do Estado, Avaí e Figueirense. A petista divulgou ter intermediado parceria entre os clubes e a Eletrosul, ontem, para reforma de estádios e centros de treinamentos que dariam suporte à Copa-2014. A Eletrosul é chefiada pelo ex-marido da petista, Eurides Mescolotto. As diretorias da estatal são cota dela. 
Tiroteio
O Serra quer levar o Brasil para a Europa e fazer dos brasileiros vizinhos dos nórdicos. 
DO PRESIDENTE DO PT, JOSÉ EDUARDO DUTRA, sobre as críticas feitas recentemente por José Serra (PSDB) à relação do governo brasileiro com países vizinhos como Bolívia, Venezuela e Paraguai. 
Contraponto
Só pensa naquilo 
Candidato do PT ao governo paulista, Aloizio Mercadante foi questionado ontem na sabatina da Folha se pretende implementar, caso eleito, a Renda Básica de Cidadania, bandeira de todas as horas do senador Eduardo Suplicy (PT). Da plateia, Suplicy gesticulou que não partira dele a pergunta, enviada aos entrevistadores sem identificação. Mercadante não resistiu: 
- É a primeira vez que vou a um debate e a pergunta sobre a renda básica não é do Suplicy...

CELSO MING

As apostas no câmbio 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 29/07/2010

Mais do que torcida, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai fazendo o que pode para empurrar o Banco Central a colocar em marcha operações cujo objetivo é aumentar a cotação do dólar no câmbio interno (desvalorização do real).
Trata-se da volta de leilões de contratos de swap reverso de câmbio. Essa expressão é bem mais fácil de entender do que parece para os leigos em finanças. Nesse caso, o Banco Central venderia contratos de dólares para entrega futura. Quem ficar com os títulos não tem de correr o risco cambial, que é o risco de queda ainda maior do preço da moeda estrangeira. Teria como rendimento os juros de mercado.
Antes de tudo, é preciso dizer qual é o problema da hora e, então, apontar o jogo de cada parte e as consequências.
Desde 2004, o Banco Central compra e vende moeda estrangeira no mercado interno (mais compra do que vende) com o duplo objetivo de formar reservas e de impedir bruscas flutuações das cotações. Em geral, o Banco Central não deixa nem sobrar nem faltar dólares. Neste ano, no entanto, acontece uma anomalia. De janeiro até agora, comprou nada menos que US$ 14 bilhões acima do fluxo líquido de moeda estrangeira. Apesar dessa operação firme de compra, as cotações do dólar não param de cair. Na outra ponta dessa corda estão os bancos com posições vendidas líquidas de US$ 13 bilhões no mercado à vista e de quase US$ 9 bilhões no mercado futuro.
Ou seja, os bancos estão apostando pesado na queda das cotações do dólar, provavelmente porque esperam que, em setembro, entrem cerca de US$ 20 bilhões correspondentes à subscrição já programada de ações novas da Petrobrás.
Essa posição vendida dos bancos preocupa o Banco Central porque distorce o jogo do câmbio e o comércio exterior. Os bancos praticamente não detêm mais estoques de moeda estrangeira para financiar exportações. O ministro Guido Mantega, por sua vez, está preocupado com o crescimento do rombo das contas externas. Ele gostaria muito de que o real se desvalorizasse, não apenas para estimular exportações e inibir importações, mas também para convencer os exportadores a trazer de volta ao Brasil alguma coisa entre US$ 15 bilhões e US$ 30 bilhões que eles mantêm depositados no exterior.
A retomada dos leilões de swaps reversos de câmbio viria com o objetivo de desmontar a posição excessivamente vendida dos bancos. Por enquanto, o Banco Central não passou das ameaças da retomada dessas operações destinadas a virar o jogo. Aparentemente, reluta em mergulhar de cabeça nessas águas porque poderia provocar em alguns bancos excessivamente expostos a posições vendidas no câmbio o mesmo efeito que em 2008 apanhou os grupos Sadia e Votorantim, que estavam pesadamente na aposta errada quando a crise puxou para cima as cotações do dólar.

Há uma conclusão (e lição) a tirar dessa situação. De repente, a economia brasileira ficou tão grande que operações de US$ 20 bilhões ou mais (como a que fará parte da esperada capitalização da Petrobrás) se tornaram comuns. A expectativa da entrada desses recursos já é suficientemente forte para provocar distorções no mercado interno de câmbio. Apenas um expressivo aumento da corrente de comércio exterior (exportações mais importações), que possa tornar relativamente menor o peso das operações financeiras com moeda estrangeira, parece capaz de reduzir esse impacto.
Brasileira até janeiro
O presidente Lula garantiu ontem que a Oi continuaria sendo brasileira. "Enquanto eu for presidente, a Oi continuará sendo uma empresa nacional", disse. Para quem está desinformado ou distraído: Lula deixará de ser presidente em cinco meses.
Portuguesa com certeza
A portuguesa da gema Portugal Telecom não comprou apenas 22,4% da Oi. Comprou também 35% das controladoras da Oi, a LF Tel (grupo Jereissati) e AG Telecom Participações (grupo Andrade Gutierrez).
Poder de veto
Mais ainda, arrancou direitos especiais nas decisões dessas duas acionistas da Oi. Entre os direitos estão o poder de veto e o poder de deliberação sobre questões importantes.

Veta quem pode

Ora, quem tem poder de veto e poder de deliberação sobre questões importantes nas empresas que controlam a Oi, controla a Oi. Ou essa lógica não vale para as empresas de Portugal?

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Direto de Minas 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 29/07/2010

No almoço de ontem, que reuniu em BH Aécio Neves, Anastasia, Ricardo Teixeira e Ricardo Trade, do comitê organizador da Copa, a conversa girou entre dois temas: o Mineirão como candidato a sediar a abertura do Mundial e os impasses em São Paulo.
Aécio insistiu em saber se a resolução do imbróglio sobre a capital paulista sediar ou não a estreia da Copa ficaria para depois das eleições.

Direto de Minas 2
O presidente da CBF negou de forma contundente: "As eleições não fazem parte do calendário da Fifa". E reiterou que o comitê riscará ou não São Paulo da lista antes de outubro. Teixeira disse ainda estar cansado de discutir o assunto pela imprensa. E afirmou: "Trata-se de uma questão técnica. Não política".
Chaminé oficial
A Lei Antifumo não está sendo respeitada nas dependências do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa da capital paulista. Policiais fumam, sem cerimônia, diante de seus computadores. Nos 3º e 6º andares.
A direção do órgão nega e diz que os funcionários estão cientes das implicações legais.
Corrente invisível
Está sendo finalizado relatório sobre formas contemporâneas de escravidão no Brasil que promete dar o que falar. Elaborado pela advogada armênia Gulnara Shahinian, relatora especial da ONU. Recentemente, ela visitou por aqui plantações de cana e oficina de tecelagem.
O documento será divulgado em setembro, no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Em Genebra.
Último gole
O Conar, agência reguladora de propaganda, julgou mais três peças publicitárias da cerveja Devassa, estreladas por Paris Hilton. A determinação é de que todas sofram alterações, sendo suprimidos os trechos mais sexies.
A empresa diz não pretender mais usar o material. Tem na mira nova campanha de verão.
Riquelme, poliglota
Larissa Riquelme, a musa paraguaia da Copa, estava soltinha no almoço da assinatura de contrato com a Playboy. Ela gabava-se por ter aprendido duas palavras em português: "periguete" e... Bem, a outra é impublicável.
Assim na terra como no céu
Para tentar desafogar o lotado estacionamento do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, a Infraero baixou norma prevendo que os funcionários estacionem nos arredores do terminal. Só que no primeiro dia da nova regra, o caos foi total. Uma cancela chegou a ser quebrada.
Outros carros pararam em área de segurança. Um veículo de cargas que precisava passar por ali, arranhou automóveis.
Lulalá
Já corre na internet a campanha Liga Lula. Liga lá - Morte a Pedrada Não Dá. O vídeo, com a atriz Mika Lins, pede que o presidente reforce sua posição na campanha para libertar a iraniana Sakineh, condenada à morte por apedrejamento pelo governo de Ahmadinejad, por adultério.
O Planalto afirma que encaminhará as informações da campanha ao presidente.
Teleprompter
João Sayad contratou Maria Cristina Poli para ser a nova âncora do Jornal da Cultura. Alexandre Machado fica na chefia da equipe do telejornal. Incluindo debates na bancada.
Fora curva
Ivana Arruda Leite, finalista do Prêmio SP de Literatura, saiu na contramão das "buarquianas" e fez um pedido ao poeta: "Chico, por favor, não venha!".
A escritora suplica para que o compositor não apareça na cerimônia, dia 2, para que os demais candidatos possam brilhar.
Na frente
José Serra e Marina Silva se reúnem com gerentes e analistas de RH no Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas. Já Dilma foi convidada mas não confirmou presença. No dia 18.

Acontece hoje o lançamento do livro Receitas da Vida na Saraiva do Higienópolis.

Será exibido hoje no Espaço Unibanco Karl Max Way - A Ilegalidade é uma ficção, de Flávia Guerra e Maurício Osaki.
Nick e Anjo fazem performance para o Ray-Ban Art Festival. Hoje, na Rua Augusta.

Christophe Lidy abre hoje a filial do Garcia & Rodrigues. No Shopping Vila Olímpia.

MÁRLON JACINTO REIS

Além da Ficha Limpa
Márlon Jacinto Reis 
O Estado de S.Paulo - 29/07/10

A Lei Complementar n.º 135/2010, conhecida como a Lei da Ficha Limpa, já impacta as eleições brasileiras com uma série de postulados inovadores, cujas premissas são facilmente percebidas por todos os níveis da sociedade, menos por uma minoria que ainda não compreendeu o momento.
Interpretar o Direito Eleitoral segundo princípios do Direito Penal constitui erro primário. Logo oSupremo Tribunal Federal (STF) confirmará os seus precedentes e reafirmará que inelegibilidade simplesmente não é pena (MS n.º 22.087-2). Trata-se de critério jurídico-político instituído para orientar o responsável pelo registro da candidatura segundo presunções explicitamente autorizadas pelo parágrafo 9.º do artigo 14 da Constituição da República.
Nenhuma inelegibilidade se baseia na existência de culpa. Ao cônjuge de mandatário, ao analfabeto e ao que não se desincompatibilizou tempestivamente não se atribui o cometimento de nenhum ilícito. Mas são inelegíveis porque as normas consideram tais candidaturas inconvenientes. O mesmo ocorre agora com os condenados por tribunais: é irrelevante indagar se são ou não culpados, sendo suficiente para a incidência do critério a presença desse dado objetivo que é o acórdão condenatório.
Critério não retroage, aplica-se a partir de certo momento. Nas eleições de 2010 vigorarão os novos critérios desenhados pela Lei da Ficha Limpa. Serão, sim, alcançados fatos pretéritos, não para a aplicação de uma pena, mas para a verificação da incidência de um critério. Nada disso é surpreendente para os conhecedores do Direito Eleitoral.
Trata-se, na verdade, de uma noção jurídica elementar. Todas as democracias consolidadas conhecem limitações a candidaturas. Em algumas as restrições são duríssimas, como ocorre com os felons nos Estados Unidos. O cientista político David Fleischer, comentando o que ocorre nos Estados Unidos, disse certa vez que, "se um candidato for condenado em primeira instância, os partidos vão tratar como se fosse uma lepra, uma praga". Na Espanha, pessoas que praticaram crimes de terrorismo ficam inelegíveis já após a sentença de primeiro grau. Muitos outros exemplos poderiam ser citados.
O certo é que nenhuma democracia sobrevive à intrusão do crime organizado na seara política. Nas eleições majoritárias isso ocorre de forma mais rara. Mas em nosso sistema eleitoral personalista - em que os partidos políticos exercem papel de meros coadjuvantes - as eleições proporcionais se converteram em porta fácil para a conquista do poder político, com todas as suas salvaguardas, dentre as quais o injustificável foro privilegiado.
Embora os realmente envolvidos em práticas delituosas - tais como desvio sistêmico de verbas públicas, narcotráfico, lavagem de dinheiro - sejam minoria, exercem grande influência nas Casas Legislativas, onde atuam como fiéis da balança na disputa hegemônica entre maioria e minoria.
Vendendo cara a sua adesão, seu número basta para influir sobre o Orçamento e sobre sua execução de modo a comprometer a higidez das contas públicas e do planejamento, contribuindo para a inviabilização do trâmite de projetos de lei estratégicos, como os relativos às reformas eleitoral e tributária. É o que se chama de "captura de governo", fenômeno que seguirá comprometendo a gestão pública enquanto não for contornado de modo satisfatório. Essa captura, sim, é profundamente antidemocrática e inconstitucional. Não é a esse desajuste que dá suporte a nossa Constituição, inspirada, inversamente, por noções como publicidade, impessoalidade, economicidade, moralidade e probidade administrativas.
Foi essa a leitura que embalou a Campanha Ficha Limpa. Ela está viva entre as dezenas de organizações que integram o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. Além disso, representa o ideário de uma teia social complexa e inovadora que permeia novos movimentos sociais comprometidos com um modelo de País, sem dívidas com nenhuma ala ou partido.
Mas não tenho dúvida de que muitos outros segmentos, dentre os quais trabalhadores, profissionais liberais e empresários dos setores que embalam a nova economia brasileira, têm interesse na consolidação desse entendimento. Isso se aplica indistintamente a todos os interessados na aplicação de modelos de governança baseados na representação efetiva dos diversos estratos sociais, no planejamento estratégico das políticas públicas, no desenvolvimento pautado pela sustentabilidade e na estrita observância a parâmetros de responsabilidade e transparência.

A Ficha Limpa é um passo importante nessa direção, convidando à sedimentação de uma representatividade política mais compatível com as aspirações internas e externas de um país que evolui tão acertadamente em outros campos. Apenas um Parlamento formado por uma representação adequada poderá constituir a grande mesa de diálogo em torno da qual se consolidarão as ideias de democracia e República de que depende o nosso futuro.

Essa conquista é, portanto, daquelas que reclamam continuidade. Ela demanda a permanência da mobilização até o completo desfazimento do ciclo que atravanca nossa institucionalidade política, o qual só será mais diretamente enfrentado quando o Congresso Nacional, finalmente, se convencer do caráter inadiável da reforma do vigente sistema eleitoral.

Que venha, então, a nova iniciativa popular de projeto de lei. Desde que a sociedade civil possa alcançar consensos rumo à construção de um projeto sólido, poderá defrontar-se com as principais mazelas que reduzem a qualidade da nossa representação: a debilidade dos partidos, o clientelismo e a mercantilização das campanhas eleitorais.

JUIZ DE DIREITO NO MARANHÃO, É PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS MAGISTRADOS, PROCURADORES E PROMOTORES ELEITORAIS

ANCELMO GÓIS

Volta da Copa Roca 
Ancelmo Góis 

O Globo - 29/07/2010

Ricardo Teixeira se reúne amanhã em Buenos Aires com Júlio Grondona, da Associação de Futebol Argentino.

Na pauta, um torneio anual entre os dois países, um jogo lá e outro cá, reunindo duas seleções só com jogadores que atuam nos campeonatos locais.

Ou seja, sem Kaká ou Messi.

Segue.

A nova Copa Roca ainda não tem nome. Que tal Taça João Havelange?

Big Brother 14...

O Comitê Organizador Local (COL) vai pôr quatro câmeras em cada um dos 12 canteiros de obras dos estádios da Copa.

As imagens serão acompanhadas em tempo real numa “sala de controle” do COL, no Rio.

Brahmeiros...

A Fifa já avisou que, na Copa de 14, vai pedir a suspensão do Estatuto do Torcedor, sancionado com pompa, terça, por Lula.

A entidade aplaude as boas intenções do Brasil, mas há no estatuto itens que ferem compromissos da Fifa.

É que...

O novo estatuto reforça, por exemplo, a lei que proíbe bebidas alcoólicas em estádios.

Já a Fifa tem um contrato com a Budweiser (dos mesmos donos da Brahma) que obriga a venda de cerveja nos jogos.

Maicon não quis...

A Rádio Corredor da CBF diz que o jogador que disputou a Copa da África e recusou agora a convocação de Mano Menezes foi o lateral Maicon.

O BELO PAINEL DO artista plástico Aloísio Carvão que enfeitava este muro do 23oBatalhão da PM, no Leblon, vai mudar de lugar. A prefeitura já procura outro muro para repor o desenho de azulejos. Mas veja como, às vezes, as burocracias do estado e do município não se comunicam. O governo estadual, como se sabe, vai tirar o quartel dali e construir, no lugar, o Parque Bossa Nova. A obra inclui a... demolição do muro. Sem saber, a prefeitura iniciou, em abril, a restauração do painel (veja na foto menor). Por sorte, as duas licitações atrasaram e houve tempo para uma solução boa para todos: a recuperação do painel vai continuar, mas os azulejos, retirados, ganharão outro endereço no bairro. Que bom

Turismo forçado

Terça da semana passada, um jatinho decolou discretamente do Rio para Lisboa. A bordo, os empresários Otávio Azevedo (Andrade Gutierrez) e Pedro Jereissati (La Fonte).

Os dois grupos, que controlam a Oi, foram negociar o acordo de associação com a Portugal Telecom

Mas...

No meio do Atlântico, o jatinho teve problemas mecânicos e pousou na Ilha do Sal, paraíso turístico de Cabo Verde.

Os empresários ficaram num resort e só chegaram a Portugal com 24 horas de atraso.

Dupla do barulho

Do ex-chanceler e pensador mexicano Jorge Castañeda, quarta, no Espaço Tom Jobim, sobre o incidente diplomático entre Venezuela e Colômbia: — Chávez e Uribe têm, em comum, o troféu de presidentes mais sensacionalistas das Américas.

Os leprosos

O Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase vai entrar com ação contra o advogado Ércio Quaresma, do goleiro Bruno, acusado de matar Eliza Samúdio.

O causídico comparou Bruno aos “leprosos de antigamente”, porque ninguém quer chegar perto dele

Viva o samba

Vão se chamar Ismael Silva e Zé Keti os dois condomínios que Sérgio Cabral vai construir onde existiu o presídio Frei Caneca, próximo do Estácio, terra do samba.

Retratos da vida

Antonio Freire Pimenta, 63 anos, padrasto de Luciano Vidigal, um dos diretores de “5XFavela” e ator de “Tropa de elite 2”, deixou a Santa Casa do Rio, onde se tratava de hanseníase e neurosífilis, e desapareceu.

Ninguém sabe, ninguém viu.

A família está aflita. Seu Antônio é grisalho, não tem alguns dentes e vestia jeans, blusa polo listrada e casaco marrom.

Eu apoio

De Zuenir Ventura sobre a jornalista Dorrit Harazim, que recebe hoje, em São Paulo, homenagem da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo: — Não conheço melhor combinação entre estilo de vida e de escrita: a mesma elegância, a mesma discrição, o mesmo recato.

O sumiço das malas

A atriz Lucélia Santos é mais uma vítima do tráfego aéreo.

Há duas semanas, suas malas sumiram num voo Nova York-Rio da American Airlines.

MARIANA SANTOS, formosura do humorístico “Zorra total”, da TV Globo, aos sábados, faz pose de toda linda num intervalo da gravação do programa, no Projac

BALANÇARAM O pé de gente boa na préestreia do documentário “Uma noite em 67”. Veja o trio: Sérgio Cabral, Sérgio Ricardo e Cacá Diegues

PONTO FINAL

Outro dia, no Aeroporto Santos Dumont, uma madame com uma bolsa Louis Vuitton num braço e uma Gucci no outro chamou a atenção no raio-X. É que a bolsa Gucci estava cheia de sacos de... Biscoito Globo. “Minhas amigas paulistas não conhecem o biscoito. Vou levar para elas”, explicou madame. Há testemunhas.

LUIS FERNANDO VERISSIMO

Camone
VERISSIMO
O GLOBO - 29/07/10


Não deixa de ser irônico que o analista econômico mais à esquerda – se é que cabe o termo – da grande imprensa brasileira seja um americano. Paul Krugman é publicado no Brasil porque ganhou um Nobel e escreve bem, mas está na contramão do pensamento econômico dominante do seu país, que é a opinião dominante por aqui também. Critica o monetarismo clássico, os preceitos da escola de Chicago e os mitos do mercado autorregulador e ultimamente tem batido muito na opção da União Europeia de vencer sua crise atual com medidas de austeridade e cortes em gastos públicos – segundo ele um exemplo da velha prática perversa de fazer os pobres pagarem pelas lambanças dos ricos. Krugman defende a ação dos governos para estimular economias e desobediência a todas as receitas de autoflagelação vendidas aos pobres como “responsabilidade fiscal” e sacrifício depurador. Quer dizer, é um estranho em dois mundos, o dos economistas ortodoxos americanos que ainda ditam a política do país, mesmo no governo do Baraca, e o dos economistas locais que seguem a linha americana. Sem falar na estranheza de vê-lo publicado nos nossos principais jornais conservadores, no que também pode ser visto como uma admirável demonstração de pluralismo de enfoques.
Mas me lembrei de quando eu era guri e brincava de “mocinho”, ou caubói, com outros garotos da vizinhança, todos com reluzentes revólveres de espoleta metidos em seus coldres, até os sacarmos para matar bandidos ou índios. Eu tinha morado nos Estados Unidos e sabia inglês mas o máximo que os outros sabiam era enrolar a língua e fingir que falavam como nos filmes. Seu vocabulário era “Camone” e pouco mais, mas não importava. Nos comunicávamos naquele inglês imaginário, e vivíamos juntos a glória de ser americanos. Ninguém tinha a pontaria de um americano. Ninguém brigava a socos e saía da briga sem 
uma marca no rosto como um americano.
Um americano era perfeito. Um americano podia tudo. Depois, claro, crescemos e descobrimos que nem todo americano era “mocinho”. Mas daquele tempo ficou a ideia inconsciente de que ser americano é credencial suficiente, de que basta dizer “camone” para dispensar qualquer outro tipo de aferição.
O que tudo isto tem a ver com o Paul Krugman? Talvez o fato de ser americano tenha facilitado sua entrada nas páginas econômicas sem que checassem suas convicções. Tudo teria a ver com a infância de todos nós. 

CLÁUDIO HUMBERTO

“Estrada ruim é estrada da morte”
JOSÉ SERRA, CANDIDATO DO PSDB, DENUNCIANDO QUE AS RODOVIAS ESTÃO DESTRUÍDAS

LULA DEMITE DIRETORES PARA TENTAR SALVAR A ECT 
Lula não perdeu tempo e antecipou em três dias a demissão, prevista para sexta (30), do presidente da Empresa de Correios e Telégrafos, Carlos Henrique Custódio, e do diretor de Recursos Humanos, Pedro Magalhães, para tentar pôr fim à crise de eficiência e credibilidade da estatal, que vive o pior momento de sua história. Ele antecipou a decisão ao identificar um substituto para presidir a ECT: David José de Mattos, engenheiro, gestor e
advogado há 30 anos no serviço público.

A MADRINHA
O novo presidente da ECT trabalhou com a ministra Erenice Guerra (Casa Civil) na estatal Eletrobras. Foi ela quem o indicou a Lula.

CURRÍCULO
David de Mattos era diretor da Agência de Águas do DF e nem podia ser demitido, mas renunciou após a posse de Arruda no governo. 

JÁ VAI TARDE 
Acusado de priorizar mais os resultados contábeis que a eficiência dos Correios, Carlos Henrique Custódio não deixará saudades na ECT.

TUTTI BUONA GENTE 
Pedro Magalhães, também demitido da ECT, é irmão do deputado João Magalhães (PMDB-MG), fisgado pela PF na Operação João de Barro.

SERVIDORES DENUNCIAM COAÇÃO ELEITORAL NO DF
Após a demissão de nove dos 14 diretores regionais de ensino suspeitos de simpatizarem com os candidatos a governador e a vice do DF Agnelo Queiroz (PT) e Tadeu Filippelli (PMDB), funcionários da Secretaria da Agricultura denunciaram ao Ministério Público suposta coação para “ajudar” os candidatos a deputado Izalci Lucas (PR) e Liliane Roriz (PRTB), filha do ex-governador Joaquim Roriz (PSC).

ROSSO FOI ÀS COMPRAS
O governador do DF, Rogério Rosso, viajou a Paris, onde pretende fechar a compra de dois aviões de combate a incêndios.

RATOLÂNDIA 
Depois do Ministério da Justiça, é a vez da presidência da República dedetizar prédio e palácios. Por R$16,4 mil, diz o site Contas Abertas. 

PORTAS FECHADAS
Advogados e repórteres se queixam do bloqueio no acesso ao gabinete do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Cezar Peluso.

FORA DO JOGO
O Ex-líder do PP na Câmara Mario Negromonte (BA) diz a aliados que ainda não sabe se quer ser ministro, num eventual governo Dilma, ou se volta à liderança, já que seu parceiro João Pizzolatti (SC) parece fora do jogo: na terça, sua candidatura foi impugnada pelo TRE.

E A COPA, Ó 
O Ministério Público Federal no Rio vai investigar supostas irregularidades do Ministério do Esporte com o Consórcio Gabison Eletromídia e construtora Camargo Correa, em obras do Pan 2007. 

PIADISTA
Brincadeira ontem do secretário nacional do PT, André Vargas, no Twitter: “Não temos ligação. Se tivéssemos ligação com as Farc, o Índio e sua tribo estariam sequestrados ou mortos. Rsss”. 

ETERNO RETORNO... 
Presidente garanhão e ex-bispo do Paraguai, Fernando Lugo apareceu em foto, no jornal ABC Color, com suposto guerrilheiro do “Exército do Povo Paraguaio”, treinado pelas Farc em Barinas, Venezuela. 

...DAS FARC NO CONTINENTE
O tal guerrilheiro é ex-aluno do Instituto Agroecológico Paulo Freire, que Hugo Chávez banca lá e aqui com o MST e o governo brasileiro, para a “produção sustentável”. Barinas é “point” das Farc.

MUSO INSPIRADOR 
O assessor para assuntos aleatórios de Lula, Marco Aurélio Garcia, escreveu sobre a escritora francesa Simone de Beauvoir quando dava aulas na Unicamp. Deve se achar o Sartre da campanha de Dilma. 

VIDA QUE SEGUE 
Cientistas espanhóis alertaram ontem que um grande asteróide pode atingir a Terra em 24 de setembro de 2182. Só não explicaram se será durante a Voz do Brasil no rádio, ou no horário eleitoral gratuito na TV.

SEM CANJICA 
Em decisão histórica, a Justiça Federal do Paraná revogou a comercialização no País do milho transgênico Liberty Link, da Bayer, aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, sem plano de monitoramento. Proibiu colheitas no Norte e Nordeste. 

PENSANDO BEM... 
como os sentenciados de tornozeleiras, candidatos que têm carros de som deveriam ser condenados a ouvir suas musiquinhas de má qualidade a toda altura, em fones de ouvido, por toda a campanha. 

PODER SEM PUDOR
FALANDO SOZINHO
Às vésperas de assumir a presidência do Superior Tribunal de Justiça, o ministro Edson Vidigal trabalhava dia e noite, num ritmo alucinante. Certa vez, ao despertar às 6h, d. Eurídice, sua mulher, ouviu vozes no banheiro.
– Ficou maluco? Está falando sozinho? – perguntou, intrigada.
Era o ministro Vidigal iniciando mais um dia de sucessivas entrevistas, falando ao telefone com um madrugador programa de rádio gaúcho.