quinta-feira, outubro 07, 2010

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Pré-requisito
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/10/10

Ao exaltar os legados de Tancredo Neves e de Itamar Franco em discurso para aliados ontem, José Serra deixou claro o quanto o destino de sua candidatura está condicionado ao esforço de Aécio Neves para tentar reverter a folgada vitória de Dilma Rousseff (PT) em Minas Gerais no primeiro turno.
Quem acompanha a política mineira acredita que o grau de engajamento do senador eleito dependerá diretamente de um acordo que delimite os horizontes para 2014 ou 2015. Ou Serra se compromete a, caso vitorioso, não disputar a reeleição, ou elimina o mecanismo e abre espaço para mandatos de cinco anos. ‘O primeiro tijolinho é esse’, afirma um aecista.
Para repetir - Na TV e nos discursos, Serra insistirá nas teclas da defesa da democracia, do papel do Estado e dos ‘valores da família’.
Pra toda obra - Indagado sobre seu papel na campanha tucana, Heráclito Fortes (DEM-PI), derrotado na tentativa de se reeleger senador, brincou: ‘De repente, posso colar uns cartazes...’.
Já, já - Tucanos ligados a Serra rejeitam a crítica de que ele, como Geraldo Alckmin em 2006, estaria demorando para colocar na rua a campanha do segundo turno. Lembram que na sexta o tucano visitará a Bahia. E, no sábado, Santa Catarina.
De um jeito - Alckmin mandou congelar a transição em SP. Os trabalhos serão iniciados só depois do segundo turno. Até lá, o único pedido feito ao governador Alberto Goldman é a cessão de um gabinete no edifício Cidade 1, no centro da capital. Outubro será consumido na maratona pró-Serra, que começa hoje com Campinas, Mogi das Cruzes e Santos.
De outro - Em 2006, Serra assumiu a ponte com Cláudio Lembo (DEM) três dias depois de eleito governador e bloqueou a venda de ações da Nossa Caixa na semana em que Alckmin iniciava o segundo turno da campanha pela Presidência.
No papel - O primeiro item do programa de governo de Dilma Rousseff, a ser divulgado na próxima semana, trata da defesa da liberdade de imprensa e de expressão. O tema trouxe desgaste à campanha petista às vésperas do primeiro turno em razão das críticas de Lula aos órgãos de comunicação.
Não é comigo - O PMDB não criticará a escolha de Ciro Gomes (PSB-CE), conhecido detrator do partido, para a coordenação da campanha. Na avaliação dos peemedebistas, as declarações do deputado, segundo as quais o voto em Marina Silva veio de eleitores ‘zangados com frouxidões morais’, só podem ser endereçadas ao PT.
#prontofalei - De Lula, em reunião com governadores e senadores anteontem, sobre o tema da hora na campanha: ‘Estou vendo um bando aí falando de aborto. Aposto que vários deles fizeram ou acompanharam no mínimo dois ou três...’
Torcida - PMDB, PT e PDT investem pesado na derrubada da liminar que permitiu a eleição de Anthony Garotinho (PR-RJ) à Câmara dos Deputados. Se o recordista de votos no Rio de Janeiro não tomar posse em fevereiro de 2011, o TRE recalculará o quociente eleitoral, beneficiando aliados do governador Sérgio Cabral (PMDB) derrotados nas urnas.
Faixa etária - Manuela D”Avila (PC do B-RS), deputada reeleita, e Lindberg Farias (PT-RJ), senador eleito, vão liderar mobilização pró-Dilma com o eleitorado jovem. A ideia é buscar apoio de entidades estudantis e preparar eventos segmentados. 

Tiroteio
No primeiro turno, vestiram a Dilma de estadista e não deu certo. No segundo, querem que ela coloque havaianas. Como não são as legítimas, logo vão soltar as tiras.
DO DEPUTADO LUIZ PAULO VELLOZO LUCAS (PSDB-ES), sobre o discurso petista de que no segundo turno é preciso calçar as ‘sandálias da humildade’.
Contraponto
Agência de recolocação
José Genoino (PT-SP) e Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), dois deputados que não conseguiram se reeleger, e José Carlos Aleluia (DEM-BA), que perdeu a disputa pelo Senado, encontraram-se ontem na entrada da Câmara. Cada um explicava as razões do próprio insucesso, até que o tucano sugeriu ao petista:
- Você pode ser ministro...
Rápido no gatilho, Aleluia tratou de consertar o escorregão de Pannunzio:
- Genoino, ministro do Serra? Impossível...

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