domingo, agosto 08, 2010

ANCELMO GÓIS

Óleo no mar
ANCELMO GÓIS

O GLOBO - 08/08/10 

Essa empresa Transocean, americana que operava para a BP o local do acidente do derramamento de óleo no Golfo do México, tem mais plataformas no Brasil, acredite, do que lá. 

No Golfo do México, são 14. 

No Brasil, 15. 

Aliás... 

O Departamento de Justiça dos EUA investiga a Transocean nas questões de segurança e treinamento. 

A empresa, que opera mais de 100 plataformas no mundo, é acusada de não capacitar seu pessoal direito. 

Cobra do Stepan 

Stepan Nercessian, o vereador carioca e ator boa-praça, ganhou R$ 8 mil no jogo do bicho, quinta-feira. 

Apostou no cavalo e na cobra. 

Recebeu o prêmio na esquina das ruas Álvaro Alvim e Alcindo Guanabara, no Centro do Rio. 

Paulo para sempre 

Paulo Moura, o grande clarinetista que o Brasil perdeu, será homenageado no 21° Prêmio da Música Brasileira, quarta, no Municipal do Rio. 

Um texto será lido e imagens do saudoso músico serão exibidas num telão. Ele merece. 

Cena eleitoral 

Dias atrás, no Largo da Carioca, Centro do Rio, uma mocinha do PSOL ofereceu um panfleto a um eleitor e disse, cheia de educação: “Bom dia. Por favor, examine nosso material.” No que o sujeito, saliente, respondeu: — Claro. Mas posso examinar primeiro o... seu material?! Parece grosseria. E é. 

Tios de programa 

Garotos de programa de todo o país participarão de um encontro, em Brasília, de 25 a 27 deste mês, promovido pelo Ministério da Saúde. 

Na pauta, Aids. Os inscritos têm entre 18 e... 50 anos — ou seja, tios de programa. 

Sem protetor 

Estudo inédito do Ministério da Saúde mostra que só 37% dos homens brasileiros usam protetor solar. 

O câncer de pele-não melanoma é, diz o ministério, aquele que mais mata homens no país. 

O governo gasta, por ano, R$ 613 milhões no combate à doença. 

Desfaz, madame! 

Deu no “Le Monde”. A Hertz, multinacional do aluguel de carros, vai promover na Bélgica, em setembro, um concurso de estacionamento de ré só para... 

mulheres. A vencedora ganhará um ano de locação grátis. 

Que maldade... 

Vieira, a saideira! 

A boemia do Rio vai perder um pouco de sua graça mês que vem. O garçom Vieira (foto), do Café Lamas, no Flamengo, patrimônio carioca, decidiu pendurar a bandeja. 

Perto de completar 71 anos, vai voltar para o seu Ceará. 

Morar bem 

Maitê Proença comprou o apartamento onde moravam, até há pouco, os festeiros Bruno Chateaubriand e André Ramos, no badalado Edifício Chopin, em Copacabana. 

A atriz, que já mora num apartamento de fundos no prédio, deve se mudar para o novo, de frente, com vista para o mar. 

Palacete da Babilônia 

O Ministério das Cidades vai dar R$ 510 mil para a restauração do Palacete da Babilônia, erguido em 1889 no terreno do Colégio Militar, na Tijuca, no Rio. 

O imóvel sofreu danos com a chuvarada de abril. O dinheiro bancará o início da restauração, diz o ministro Márcio Fortes, que estudou no colégio em 1959. 

Au, au, au, au 

Um novo pedinte tem chamado a atenção na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. É, acredite, um... cãozinho. 

O totó fica amarrado num poste, ao lado de uma placa, onde seu dono escreveu: “Tenho 25 cachorros de rua abandonados. 

Preciso de ração.” Perto do peludo, um álbum exibe fotos dos totós. 

ZONA FRANCA 

A Vulcan promove hoje na Praia de Copacabana, em frente à Praça do Lido, o Reciclando na Praia. 

Terça José Antonio Nonato faz palestra cantada sobre Noel Rosa na ABL. 

Presidida por Pietro Novellino, a Academia Nacional de Medicina e a Secretaria estadual de Saúde abrem quarta o VI Curso de Capacitação em Urgência e Emergência. 

Orquestra Criola toca hoje no CCC. 

Márcio Dutra lançou coleção de tecidos de verão em seu showroom. 

A Associação Brasileira de Propaganda e a ESPM promovem palestra sobre meios de comunicação, terça. 

A J.Tavares abre amanhã seus novos escritórios na Barra. 

Terça, a Orquestra de Cordas da Grota faz 15 anos com apresentação no Teatro Municipal de Niterói. 

Os abalos de Paraty 

A Flip é, talvez, a melhor novidade do panorama cultural brasileiro da década, sujeita, até pelo sucesso, a não receber só flores. Mas, na edição que termina hoje, os ruídos estiveram alguns decibéis acima da média das anteriores. 

1. A dois meses da eleição presidencial, em que tucanos e petistas duelam com armas nem sempre nobres pelo trono, a Flip escolheu FH para a palestra de abertura sobre Gilberto Freyre. Não deu outra. 

Pela primeira vez, houve um ato político em frente à Tenda dos Autores. Uma dúzia protestou contra o expresidente. 

Mas, no fim, FH, que se dedicou nos últimos meses a estudar e revisitar o autor de “Casa grande & senzala” como um vestibulando esforçado, foi aplaudido de pé. 

2. Houve também o episódio nebuloso da Petrobras, que não quis patrocinar a Flip. A estatal nega que a recusa tenha sido política, por causa da presença de FH. Mas quem conhece alguns “comissários” petistas na Petrobras desconfia que a história, si non è vero, è bene trovatto… 3. Sem a grana da Petrobras, abriu-se uma cratera no orçamento da Flip. As contas foram salvas, aos 45 minutos do segundo tempo, por Sérgio Cabral, que pôs R$ 1,3 milhão no evento. Mas há também quem não goste de a Flip depender hoje de uns 60% de verba pública. 

4. Houve também críticas à Flip por repetir nomes de convidados, e ainda ao fato de reunir só dez ficcionistas e poetas nacionais. Zuenir Ventura elogiou a Flip (“se trata de um dos mais importantes eventos culturais do país”), mas criticou, no GLOBO, a “indelicadeza” com Ferreira Gullar, ao comentar que o autor do premiado “Poema sujo” só foi escalado para falar de sua obra na última hora, em substituição ao titular, o escritor italiano Antonio Tabucchi. “O remédio então foi recorrer ao poeta maranhense, que estava à mão.” 5. Contribuiu para o tititi a escolha de Freyre como homenageado. 

Até então, os laureados da Flip — Vinicius, Guimarães Rosa, Bandeira, Jorge Amado, Clarice Lispector, Machado de Assis e (um pouco menos) Nelson Rodrigues —eram santificados nos meios literários. Freyre apoiou o golpe de 64, a ditadura Salazar, namorou ideias antissemitas e, mais jovem, até arianas. Mas “Casa grande & senzala” está em todas as listas dos dez livros mais importantes do país. 

6. Vida longa para a Flip.

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