quinta-feira, abril 01, 2010

PAINEL DA FOLHA

Programa piloto
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/04/10

Em meio aos recados a aliados e adversários que permearam o discurso de mais de uma hora feito por José Serra ao se despedir ontem do governo de São Paulo, a plateia identificou um bordão que tem tudo para ser usado na campanha: "O Brasil Pode Mais", síntese das ideias de preservação das conquistas da era petista e de melhor aproveitamento das oportunidades que o tucano pretende explorar na disputa contra Dilma Rousseff (PT), candidata de um governo que registra popularidade recorde.
No mais, Serra procurou se definir pela negação de alguns estigmas que o acompanham: "Não sou sisudo", disse. "Não sou centralizador."


Inclusão. Ao iniciar sua fala, Serra fez questão de citar Tasso Jereissati (PSDB-CE), que trabalhava pela candidatura do governador Aécio Neves (MG): "Olha aí, Tasso, como você é popular aqui". Encerrado o discurso, o senador devolveu: "Vamos posar para uma foto para pararem de dizer que estamos brigados". Em tempo: eles estão.
Panetone. Não foi só a ausência de FHC que chamou a atenção na despedida de Serra. Pelo menos uma dezena de senadores, deputados e lideranças nacionais do DEM não apareceu. As exceções mais vistosas foram o presidente da sigla, Rodrigo Maia (RJ), e a senadora Kátia Abreu (TO).
Em resumo. Um preposto de Michel Temer na Agricultura, outro de Hélio Costa nas Comunicações e Henrique Meirelles devidamente advertido sobre a virtual impossibilidade de ser vice de Dilma: no final, saiu tudo como o PMDB queria na última reforma ministerial de Lula.
Topa? De um cacique peemedebista, sobre o sonho do correligionário Meirelles com a vaga de vice: "Por nós, tudo bem. Basta ele disputar uma prévia com o Temer".
Canseira 1. Circulando pela cerimônia de desincompatibilização dos ministros-candidatos, no Palácio do Itamaraty, Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) dizia a quem encontrava que está no páreo para disputar o governo de Minas Gerais pelo PT.
Canseira 2. O peemedebista Hélio Costa (Comunicações), que também almeja o governo mineiro e espera contar com Lula para obrigar o PT a apoiá-lo, viu a movimentação de Patrus no evento e desabafou com um amigo: "Esse pessoal é difícil...".
Em família. Ligado a usineiros do interior paulista, o novo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, planeja alavancar a candidatura do filho, o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB), à Câmara.
Então tá. O PSDB fechou o palanque de Serra na Paraíba com o prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho (PSB), candidato ao governo, e Cássio Cunha Lima (PSDB) e Efraim Moraes (DEM) ao Senado. Preterido na disputa pelo governo, o tucano Cícero Lucena desdenha: "Não tenho ambição pelo cargo".
E olhe lá. Apesar da grita em consequência da recusa do PT em apoiar Roseana Sarney (PMDB) no Maranhão, o máximo que o clã deve obter é a garantia de Lula de que não subirá no palanque adversário, do deputado federal Flávio Dino (PC do B-MA).
Nada disso. Na contramão do relato de outros participantes, Eduardo Suplicy diz que, em reunião na qual foi enquadrado pelo PT-SP, ninguém ameaçou realizar prévias para escolher o candidato ao Senado em 2014, caso ele insistisse em se manter no páreo para o governo neste ano.
Fico. O secretário Xico Graziano (Meio Ambiente), que se interessou por concorrer ao Senado pelo PSDB-SP, decidiu permanecer no cargo e atuará na elaboração do programa de governo de Serra.
Visita à Folha. Marcelo Odebrecht, diretor-presidente da Odebrecht S.A., visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Marcos Wilson, diretor de Relações Institucionais da Odebrecht S.A., e Marcelo Lyra, diretor de Relações Institucionais da Braskem S.A.

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER
Tiroteio
Querer tirar os royalties do Rio em ano eleitoral é até compreensível, mas, ao sugerir que quem diz isso é José Gabrielli, pessoa física, e não o presidente da Petrobras, ele agride o bom senso. 

Do ex-prefeito do Rio CESAR MAIA, pré-candidato ao Senado pelo DEM, sobre o presidente da Petrobras, que considera injusto "o Rio ganhar R$ 7,5 bilhões enquanto o meu Estado da Bahia ganha R$ 246 milhões".
Contraponto 
Big Brother SP Ao enumerar as realizações de seu governo no discurso de despedida, José Serra citou a draconiana lei antifumo. O tucano parou por um segundo, observou os auxiliares diretos e comentou:
-Agora o Goldman não pode fumar mais nem no banheiro do gabinete, porque as câmeras secretas flagrariam.
O sucessor e sua mulher, Deuzeni, se entreolharam preocupados, a plateia fez um breve silencio, e Serra arrematou:
-Fiquem tranquilos. Todas as imagens são destruídas...

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