sábado, fevereiro 27, 2010

PAINEL DA FOLHA

Ataque especulativo

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 27/02/10


Embora não exista denúncia do Ministério Público contra Fernando Pimentel (PT), a reportagem da revista "IstoÉ" ligando-o ao empresário Glauco Diniz, por sua vez suspeito de remeter dinheiro a Duda Mendonça no exterior dentro do esquema do mensalão, enfraquece a posição do ex-prefeito de Belo Horizonte no jogo da pré-campanha em Minas Gerais.
Aliados de Pimentel enxergam na denúncia a digital de adversários externos (o peemedebista Hélio Costa) e/ou internos (o ministro Patrus Ananias). A história colhe o ex-prefeito num momento em que Lula já trabalhava para retirar os petistas de cena e fazer de Costa o candidato único do governo no Estado.




Árvore. Glauco Diniz Duarte, que segundo denúncia do Ministério Público Federal usou sua empresa para enviar dinheiro a Duda Mendonça na época do mensalão, é filho de Haroldo Duarte, dirigente do PDT de Anápolis (GO). Haroldo vem a ser primo do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB).

Lentes. O convênio da empresa de Glauco Diniz com a Prefeitura e BH se referia à instalação de câmeras de monitoramento pela capital mineira. Segundo o Ministério Público, o material foi superfaturado, e as notas fiscais saíram de empresas fantasmas.

Spam. Começou a circular ontem na internet um manifesto encabeçado pelo poeta Ferreira Gullar e patrocinado pelo PPS em defesa da chapa tucana Serra-Aécio.

Faísca. Tanto Serra quanto seu algoz Ciro Gomes (PSB) confirmaram presença na inauguração da Cidade Administrativa de Minas Gerais, na próxima quinta-feira.

Tela quente. Representantes dos principais partidos tiveram nesta semana reuniões com a Band e com Globo sobre a cobertura eleitoral. A Band pediu dois debates no primeiro turno, mas as partes sabem que se contentará com um, desde que seja o primeiro. Propôs 22 ou 29 de julho.

Tela quente 2. A Globo, como de hábito, quer fazer o último debate nos dois turnos. Sugeriu as datas de 30 de setembro e 29 de outubro.

Fermento. Em reunião de líderes anteontem, deputados projetaram as bancadas que seus partidos almejam eleger. Na conta de Hugo Leal (PSC-RJ), se todas as metas forem atingidas o número de cadeiras saltaria de 513 para 800.

Em família. Os dois filhos e o irmão do novo governador interino do Distrito Federal ocupam cargos comissionados na máquina. Wilson Lima (PR) mandou exonerá-los. A demissão deverá ser publicada na segunda-feira.

Imagem. Os gastos com publicidade da Brasiliatur, empresa de eventos do governo do DF, saltaram de R$ 9 mil em 2007 para R$ 12,7 milhões no ano passado. Até renunciar ao cargo, quem controlava a empresa era o vice-governador Paulo Octávio.

Gaveta. O Ministério Público Federal em Pernambuco recomendou a "absolvição" por falta de provas do ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT) no chamado escândalo dos vampiros. Costa disputa com o ex-prefeito de Recife João Paulo a candidatura petista ao Senado.

Já pra diretoria! No governo, há quem considere não ser mais possível chamar os ministros Reinhold Stephanes (Agricultura) e Carlos Minc (Meio Ambiente) para a mesma reunião. Segundo testemunhas, as hostilidades chegam a ser infantis.

Cartão. Os líderes do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), também dispensaram servidores de seus gabinetes de assinar o ponto diariamente na Casa. A lista já soma 19 senadores.

com SILVIO NAVARRO e ANDREZA MATAIS

Tiroteio

O que está em curso não é apenas campanha antecipada, mas uma tentativa de lavagem cerebral em benefício da candidata do governo. E a Justiça Eleitoral não quer se intrometer.

Do deputado PAULO ABI-ACKEL, presidente do PSDB de Minas, sobre a visibilidade dada a Dilma Rousseff nos eventos do governo e do PT.

Contraponto

Lost in translation Ao chegar ontem pela manhã a um encontro com empresários em San Salvador, Lula passou pelos jornalistas que acompanham seu giro caribenho. Sem tempo nem disposição para dar entrevistas, o presidente brasileiro se limitou a um cumprimento rápido:
-Buenos dias, buenos dias- disse, bem-humorado.
Um repórter tentou aproveitar a deixa:
-Bom dia, presidente. O senhor pode parar um minutinho para falar com a gente?
-Después, después- prometeu Lula.
O repórter brincou:
-Pode falar em português. A gente entende.

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