sábado, fevereiro 13, 2010

PAINEL DA FOLHA

Crise "demo", o retorno

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 13/02/10


A prisão de José Roberto Arruda ressuscitou um pesadelo que o DEM acreditava ter superado e deu novo fôlego aos questionamentos sobre a atuação do presidente do partido, deputado Rodrigo Maia.
A cúpula sabia desde a véspera que seria pedida a prisão do governador do DF, mas, a despeito de pressões para agir preventivamente, só pediu a entrega dos cargos de seus filiados depois do fato consumado. Novas divergências serão postas à mesa logo depois do Carnaval, quando o senador Demóstenes Torres (GO) promete levar à Executiva do partido pedido de expulsão de Paulo Octávio, ao qual, até ontem, a direção não planejava dispensar tratamento tão radical.




Romaria. Paulo Octávio disparou telefonemas a senadores e deputados do DEM pedindo apoio. A receptividade não foi das melhores.

Os mesmos 1. Com a saída de Paulo Octávio, que assumiu o governo, a direção do DEM-DF passou às mãos de Osório Adriano, um dos deputados mais próximos de Arruda. Empresário, Adriano herdou em 2007 o mandato do amigo na Câmara.

Os mesmos 2. Adriano é dono da chamada "Casa dos Artistas", QG da campanha de Arruda e depois da transição de governo em 2006. Segundo as investigações da Operação Caixa de Pandora, a reforma de R$ 12 mi no local foi bancada com dinheiro público.

Moita. Paulo Octávio foi aconselhado a não comparecer à reunião convocada ontem pela Câmara Legislativa para discutir o futuro. A hora é "de luto", sugeriram aliados. Para eles, a única chance de "PO" fechar o ano como governador é evitar demonstrar "apetite pelo poder".

Bolsa de apostas. Por mais que Lula não queira nem ouvir falar em intervenção federal no DF, prosperam especulações de nomes para o caso de a hipótese se concretizar. Os mais mencionados são o ex-presidente do STF Sepúlveda Pertence e o ministro Nelson Jobim (Defesa).

Segue o jogo. A prisão de Arruda ficou fora da manchete da "Tribuna do Brasil, cujo dono foi flagrado pondo dinheiro na cueca: "Paulo Octávio assume o GDF".

Casquinha. A menção às denúncias de corrupção no Rio Grande do Sul na carta divulgada por Arruda irritou a governadora tucana Yeda Crusius: "É um homem desesperado. Não tem ideia do rigor com que eu fui tratada aqui".

Confete. O site do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) trazia ontem uma marchinha de Carnaval, acompanhada de imagens da dupla Lula-Dilma, com o refrão: "Depois do cara, a gente vota é na coroa; a gente quer é gente boa".

Pré-aprovada. A ministra da Casa Civil consultou Lula antes de aceitar o convite para assistir, em Recife, ao desfile do tradicional bloco carnavalesco Galo da Madrugada.

Despertador. Conhecido notívago, José Serra prometeu estar hoje às 10h na capital pernambucana para acompanhar o desfile. Um aliado do tucano faz graça: "Para ele será de fato na madrugada".

Na cédula 1. A ex-atriz global Myrian Rios, hoje missionária do grupo católico Canção Nova, deve sair candidata a deputada estadual pelo PDT no Rio. Ela diz ter tomado a decisão após trabalhar como voluntária com menores infratores em Bangu.

Na cédula 2. Além de Marcelo Yuka, ex-O Rappa, o PSOL lançará à Câmara pelo Rio o ex-campeão do BBB Jean Wyllys. Ambos dividirão votos com Chico Alencar.

Magoei. Da petista gaúcha Maria do Rosário, integrante do grupo que elabora o programa de governo do partido, sobre a polêmica instaurada em torno do conteúdo do texto: "Tem gente que nem leu e não gostou", diz a deputada.

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

O partido não tem mais como contemporizar. Ou está com os corruptos, ou está contra eles.

Do senador por Goiás DEMÓSTENES TORRES, sobre a atitude hesitante do partido em relação ao escândalo de corrupção no DF.

Contraponto

Como um patinho Wellington Salgado recebeu na semana passada o telefonema de um rapaz que convidou o senador peemedebista a ser patrono de uma turma de formandos em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.
O jovem contou que ele e os colegas, residentes no interior, gostariam de ir pessoalmente a BH levar o convite. Para tanto, precisavam de ajuda financeira. Lisonjeado, Salgado prontamente fez um depósito na conta sugerida.
Como os dias passaram e ninguém apareceu, Salgado ligou para a UFMG e viu que fora vítima de trote. Acionou a polícia, mas também riu um pouco de si próprio:
-Depois dizem que todo político é esperto...

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