terça-feira, fevereiro 09, 2010

FERNANDO CALAZANS

Alta temperatura

O GLOBO - 09/02/10


Nada mais do que 30 e poucos segundos de jogo, e o Resende meteu um gol no Botafogo, o único time grande que ainda brigava pela classificação na rodada de domingo, última da Taça GB. Susto no Engenhão, vaias da torcida em cima daqueles jogadores de sempre, susto até em quem (como eu) já tinha dado como certa a presença dos quatro nas semifinais. Mas foi apenas isto, um susto.
Logo o Botafogo se recompôs, e a cabeça do Loco Abreu pairou no estádio com três gols em bolas altas, como é o seu forte. Aí já estava resolvida a parada, ainda mais que o Resende teve um jogador expulso logo no primeiro tempo, facilitando mais ainda a tarefa nada difícil do Botafogo. Marcelo Cordeiro e Wellington Júnior fizeram os outros na goleada de 5 a 2.
Então o Botafogo já está preparado? Com Joel Santana, o Botafogo já ganhou, é claro, uma arrumação melhor, já dá ideia de um time de futebol, pelo menos na distribuição em campo. Até onde vai essa melhora, não sei, porque o adversário, como seus pares de menor porte, não permite fazer maiores avaliações.
No fim das contas, estão aí os quatro grandes clubes classificadíssimos para as semifinais da Taça GB, sábado de carnaval e Quarta-Feira de Cinzas, com a folia no meio para não deixar cair a temperatura.
Com um time misto e já classificado, não prestei muita atenção no jogo do Flamengo – nem no jogo do Fluminense –, mas deu para perceber que jogadores lá da Gávea, como Leonardo Moura e Juan por exemplo, continuam levando cartões a torto e a direito, por causa de faltas e atitudes bobas, infantis. Como há também companheiros com privilégios no Flamengo, não sei se a diretoria pode repreender esses jogadores de cabeça pequenina.
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O clássico paulista apresentou a vitória de 2 a 1 do Santos sobre o São Paulo, conquistada no gol feio de Neymar, com o recurso vulgar da paradona na cobrança de pênalti, e com o gol bonito de Robinho. Rogério Ceni acertou depois do jogo, ao dizer que Neymar aproveitasse bastante, porque uma paradona como aquela só pode no Brasil.
Estou lendo aqui uma grande celebração ao Corinthians pela goleada de 4 a 0 sobre o Sertãozinho, que é nada mais do que o 20º colocado no Campeonato Paulista, ou seja, o último, o lanterninha. O Corinthians é um dos líderes de torcida no Brasil, logo depois do Flamengo, como vocês sabem, e times de grandes torcidas, como Flamengo e Corinthians, merecem sempre grandes celebrações da mídia, mesmo quando vencem o último colocado.
Alguma implicância com o Corinthians? Nenhuma. O Corinthians foi, dos times brasileiros, o último que me agradou, no primeiro semestre do ano passado, campeão da Copa do Brasil. Agradou mais ainda do que o Flamengo em sua vitoriosa arrancada para o título brasileiro, quem sabe perdendo apenas para a saga da salvação do Fluminense.
Hoje, o Corinthians não me agrada tanto, mas me agrada, cada vez mais, seu jogador Jorge Henrique. Longe de ser o virtuose dos meus sonhos, Jorge Henrique é um baita jogador, na armação, na marcação, na criação e agora até na finalização. Desta vez, por mais incrível que isso possa parecer, Roberto Carlos também disse uma coisa certa: “Jorge Henrique é um grande jogador, pensa no time”. Joga pelo time, diria eu. Joga no campo todo. E vale, ele próprio, por uma boa exibição do Corinthians, mesmo sem adversário.

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