segunda-feira, janeiro 11, 2010

PAINEL DA FOLHA

Redução de danos

SILVIO NAVARRO
Folha de S. Paulo - 11/01/2010

Ao sentar à mesa para sua primeira reunião de coordenação do ano, hoje, o presidente Lula ouvirá de seus auxiliares a avaliação de que as novas frentes de discórdia abertas pelo terceiro Programa Nacional dos Direitos Humanos podem inviabilizar o único ponto que de fato interessava ao governo: a criação da comissão da verdade para investigar crimes de tortura durante a ditadura militar. A ideia é tentar enterrar logo a polêmica para evitar que ela seja vinculada pela oposição à futura campanha de Dilma Rousseff.
Governistas que defendem o total distanciamento de Dilma do caso admitem que o desgaste pode chegar à ministra-candidata por dois caminhos: o passado de guerrilheira e/ou o papel de "gerente" do governo.


Fagulhas. Na base aliada, o discurso é desde já tentar desassociar pontos polêmicos do texto do que serão as diretrizes da plataforma eleitoral de Dilma. Do contrário, avalia-se, seriam queimadas pontes com diversos segmentos que o Planalto tenta atrair ou, no mínimo, não contrariar.

Bombeiro. Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, ficou encarregado de dialogar com setores da Igreja que reclamaram do Programa de Direitos Humanos. A principal tarefa é "relativizar" a defesa aberta que o texto faz da descriminalização do aborto.

Lados. No PT, um dos alvos favoritos é Reinhold Stephanes (Agricultura), que veio a público para afirmar que o documento revela "preconceito com a agricultura comercial". Críticos dizem que o ministro do PMDB fala em deixar o cargo desde novembro porque sua base eleitoral, encorpada por ruralistas, tem simpatia mesmo é pela oposição.

A calhar. Em meio ao mal-estar com o agronegócio, o primeiro evento do ano de Lula, hoje, é o lançamento do "Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e Reforma Agrária".

Albergue. O PT enviou uma circular aos seus filiados recrutando interessados em hospedar em suas casas visitantes de outros países que acompanharão o Congresso da sigla, em Brasília.

Torneira 1. O governo anunciará amanhã, no mesmo evento de lançamento da segunda fase do Minha Casa, Minha Vida, destinada aos municípios com menos de 50 mil habitantes, a liberação de R$ 2 bi do Pró-Moradia para projetos de urbanização em cidades metropolitanas.

Torneira 2. O objetivo ao ampliar a lista de cidades beneficiadas é reduzir a romaria de prefeitos no início do ano em busca de verbas emergenciais para conter prejuízos causados pelas chuvas.

Embargo. O TCU determinou no final do ano a suspensão do convênio de R$ 9,1 mi entre o Incra e a Cooptrasc (Cooperativa dos Trabalhadores da Reforma Agrária de Santa Catarina). Segundo o tribunal, o diretor da entidade que fiscaliza os repasses, Lucídio Ravanello, foi presidente da cooperativa, além de ambas funcionarem no mesmo endereço em Chapecó.

Laços. Em tempo: Ravanello é dirigente do MST e coordenou invasões no Estado.

Corda. Com o vice, Leonel Pavan (PSDB), às voltas com denúncias de corrupção, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), pressiona os tucanos para que resolvam a situação até o final do mês. O peemedebista, que deixaria o cargo na semana passada, teme que o caso respingue em sua campanha ao Senado.

Distância. Luiz Henrique agendou viagem nos próximos dias à Europa para forçar que Pavan herdasse a cadeira, ainda que provisoriamente. Mas, surpreendido pela notícia, o tucano comunicou que também vai tirar férias.

Tiroteio

A escolha dos caças segue a fórmula do PT de governar: desprezo profissional, ideologia confusa e desperdício de dinheiro público.
Do deputado ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP), sobre a preferência do governo pelos caças franceses apesar do relatório da Aeronáutica ser favorável ao concorrente sueco.

Contraponto

Sacou?


Depois de discursar na inauguração do parque Villas Bôas, na última quinta-feira, o governador José Serra (PSDB) foi cumprimentar a viúva do indigenista e sertanista, morto em 2002, que acompanhava o evento ao lado do filho, chamado Noel. Após uma rápida conversa, o tucano comentou orgulhoso com assessores:
-Foi uma grande sacada minha acertar que ele se chama Noel em homenagem ao Noel Nutels-, disse, citando o também indigenista, morto em 1973.
A subprefeita da Lapa, Soninha Francine, emendou:
-Puxa, e eu perguntei se tinha nascido perto do Natal...

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