segunda-feira, setembro 28, 2009

AUGUSTO NUNES

VEJA ON-LINE

Dilma é o Pacheco de terninho

28 de setembro de 2009

A impostura não resistiu à transcrição, sem retoques, das respostas a um punhado de perguntas não combinadas. Publicada pela Folhaem 20 de setembro, a entrevista concedida por Dilma Rousseff ao jornalista Valdo Cruz desencadeou a implosão, completada meia dúzia de declarações depois, da farsa concebida para vender uma irremediável mediocridade com a embalagem de superministra onisciente. Dilma é outra reencarnação, em forma de mulher, de um grande personagem criado por Eça de Queiroz em A correspondência de Fradique Mendes. É um Pacheco de terninho.

Depois de afirmar numa entrevista a VEJA que “Marco Aurélio Garcia é o Pacheco das relações internacionais”, o historiador Marco Antonio Villa descreveu a figura. “Era um sujeito tido como brilhante. No primeiro ano de Coimbra, as pessoas achavam estranho um estudante andar pela universidade carregando grossos volumes. No segundo ano, ele começou a ficar mais calvo e se sentava na primeira carteira. Começaram a achar que ele era muito inteligente, porque fazia uma cara muito pensativa durante as aulas e, vez por outra, folheava os tais volumes. No quarto ano, Portugal todo já sabia que havia um grande talento em Coimbra. Virou deputado, ministro e primeiro-ministro. Quando morreu, a pátria toda chorou. Os jornalistas foram estudar sua biografia e viram que ele não tinha feito nada. Era uma fraude”.

Não deixou nenhum livro, discurso, anotações em agenda, nada que prestasse. Apenas um punhado de frases tolas, ocas ou óbvias, todas pronunciadas com voz grave, expressão severa e o tom solene de quem anuncia o 11º mandamento. E então ficou claro que Pacheco era de poucas palavras e muita pose não porque passava o tempo todo pensando, mas por falta do que dizer. Caprichava nos maneirismos por entender que não é preciso ser uma sumidade; basta parecer que é.

O colosso intelectual de araque começou a tomar forma na aula de Direito Natural em que se ouviu pela primeira vez um enunciado do aluno caladão: “O século XIX é um século de progresso e de luz”. Estreou no Parlamento com um aparte ao orador que discorria sobre a liberdade. ”Ao lado da liberdade deve sempre existir a autoridade”, ponderou. Alguns meses de silêncio depois, enquadrou um parlamentar da oposição que criticava a política educacional do governo chefiado por quem ensinara que “um povo sem o curso dos liceus é um povo incompleto”.

Injuriado, Pacheco foi à réplica tremenda: “Ao ilustre deputado que me censura só tenho a dizer que enquanto, sobre questões de Instrucão Pública, Sua Excelência, aí nessas bancadas, faz berreiro, eu, aqui nesta cadeira, faço luz!”. Mais três ou quatro afirmações semelhantes e Pacheco foi dispensado de falar. Bastava a contemplação da testa, “uma superfície escanteada, larga e lustrosa”, para imaginar o tamanho do cérebro que guardava.

Sem saber atirar, Dilma foi promovida a musa da luta armada. Sem ter feito nada de relevante, sem produzir nenhuma ideia original, sem consumar qualquer obra notável, virou secretária municipal exemplar, secretária estadual cinco estrelas, ministra brilhante e, desde o despejo de José Dirceu, a superchefe da Casa Civil que todo presidente Lula pediu a Deus. Transformada em candidata à presidência sem ter disputado sequer uma eleição de síndico, até que foi bem enquanto fez de conta que falava pouco porque agia muito.

Acusada de transformar a Casa Civil numa fábrica de dossiês malandros, por exemplo, replicou com uma frase que Pacheco teria subscrito: ”Isso é a espetacularização do nada!”. É ela!, deslumbrou-se a companheirada. É ela!, concordou a base alugada depois de ouvi-la resumir a fórmula mágica do programa federal de casas populares: ”Quem não puder pagar nada não pagará nada. Mas haverá um esforço para todo mundo contribuir, nem que seja simbolicamente, com a prestação”.

Convidada a confirmar a candidatura ao Planalto, saiu-se com esta: “Hoje em dia o Brasil pode ter tudo. Já teve um presidente metalúrgico, pode ter um presidente negro, pode ter uma presidenta. A sociedade brasileira é madura o suficiente para saber que a sua multiplicidade pode ser representada de todas as formas”. Mas que crânio!, ficou emocionado Lula, que já se cumprimentava pela vitória arrasadora quando veio a entrevista. E à discurseira sem nexo seguiram-se declarações indecifráveis, frases sem pé nem cabeça, afirmações interrompidas no meio. Um desastre.

Dilma esqueceu que era só um Pacheco de terninho e embarcou na fantasia. Por ter ido longe demais, não vai chegar aos palanques de 2010.

ROGÉRIO GENTILE

A escolha do ministro


Folha de S. Paulo - 28/09/2009

O Supremo Tribunal Federal já abrigou ministros que enrubesceram o Judiciário. Na história recente, Francisco Rezek e Nelson Jobim são os mais notórios: fizeram com que o princípio da separação dos Poderes parecesse ser uma questão de guarda-roupa. De toga, eram juízes. Sem ela, políticos.
Rezek largou o tribunal após presidir a eleição de 89. Foi servir o vitorioso Collor no governo. Em 92, voltou ao STF pelas mãos do próprio, para deixar o tribunal de novo cinco anos depois. Patrocinado por FHC, foi para a Corte de Haia.
O currículo de Jobim não é menos brilhante. Ministro do tucano, foi indicado para o STF. Saiu-se tão bem na função que recebeu o apelido de líder do governo no Supremo. Depois, abandonou a Casa querendo ser vice de Lula. Não foi, mas ganhou cargo na Esplanada.
Rezek e Jobim são lembrados agora em razão da indicação do antigo advogado do PT José Antonio Toffoli para o STF por Lula. Talvez a comparação não seja justa -Toffoli, quem sabe, pode se tornar um excelente ministro, independente e isento, e dignificar o Supremo-, mas o ponto não é esse.
O problema é que esse modelo de escolha é frágil na medida em que provoca um entrelaçamento demasiado entre os Poderes -e o Executivo inevitavelmente acaba influenciando o pensamento jurídico.
Alguém imagina que um presidente vá escolher um ministro cujos pontos de vista sejam completamente diferentes dos seus nas questões que lhe são essenciais?
E não é natural que o indicado, por melhor que seja, tenha algum sentimento de gratidão por quem lhe deu um cargo tão importante e garantido até a aposentadoria?
O país deveria aproveitar a ocasião para debater e mudar o sistema. Várias propostas já foram feitas. Indicações tripartites (um terço pelo Judiciário, um terço pelo Ministério Público e outro pela OAB), lista tríplice, votação entre os membros do STF etc. Mas o essencial é que a decisão não fique mais nas mãos de uma única pessoa.

ANTONIO PENTEADO MENDONÇA

O início do Tsunami

O Estado de S. Paulo - 28/09/2009


As mudanças climáticas estão aí, atingindo as mais variadas regiões do mundo. Agora mesmo, o Vale do Itajaí, em Santa Catarina, acaba de sentir a força das primeiras chuvas que caíram no Estado. Para não ficar atrás, parte da região do Rio Mississippi, nos EUA, também acaba de ser atingida por fortes cheias. Nada que não venha se repetindo com mais frequência, dentro e fora do contexto histórico, mas causando cada vez mais danos, em função da elevação do grau de violência com que os eventos acontecem.

O problema imediato para o Brasil é que estamos nos aproximando da época das grandes tempestades de verão, que são as responsáveis pelos danos mais dramáticos que anualmente cobram seu preço da sociedade brasileira.

Existe seguro para esse tipo de evento. As grandes tempestades, furacões, tufões, tornados, vendavais, secas e outras ameaças decorrentes da ação do clima não são novidade. O que é novidade é a aleatoriedade e o aumento da frequência e da intensidade dos eventos.

Como os países desenvolvidos sempre estiveram sujeitos aos humores do clima, não apenas pelo inverno rigoroso, mas, principalmente, pelas catástrofes naturais, as seguradoras há muito tempo disponibilizam apólices destinadas a garantir o patrimônio dessas sociedades contra esses e outros tipos de danos, como os terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas que também os atingem.

Nem poderia ser diferente, já que a razão de ser do mercado segurador é proteger a capacidade de atuação e o patrimônio das coletividades atendidas por ele. Todavia, ao contrário do que se pensa, mesmo nos países desenvolvidos, onde contratar seguro é uma prática normal, existem riscos dessa natureza que não são seguráveis, ou porque o preço das apólices seria proibitivo, ou porque o setor de seguros não tem capacidade de retenção para assumi-los.

Um bom exemplo do primeiro caso é o terremoto que abalou a região de Áquila, na Itália. As seguradoras pagaram poucas indenizações porque a maioria dos imóveis atingidos não era segurado contra terremotos, em função do preço. Já um bom exemplo para a segunda situação é a cidade de Miami. Embora alvo fácil para um grande furacão, as seguradoras, em função da concentração do risco, não aceitam integralmente esse tipo de cobertura para os imóveis localizados na cidade. Nesses casos, a ação do governo é o único remédio para minorar o drama das vítimas.

Muito embora as apólices brasileiras tenham cobertura para a maioria dos eventos de origem climática, essas garantias não costumam ser intensamente contratadas. Se o fossem, com certeza os danos causados por um tornado, que faz alguns anos varreu a região de Indaiatuba, teriam custado bem mais caro para as seguradoras.

Seja porque o folclore diz que o Brasil não está sujeito às catástrofes naturais, seja pela falta de tradição em contratar seguros, o fato é que, com exceção dos seguros de veículos, que indenizam danos causados pelos eventos de origem climática, são poucas as apólices contratadas para garantir este tipo de sinistro.

Em várias regiões do País elas poderiam ser contratadas sem maiores problemas, já que a aleatoriedade da ocorrência dos eventos permitiria, com base na diversidade e localização da massa segurada, o rateio das perdas pelo total dos segurados, sem onerar em demasia o custo do seguro.

Mas os prejuízos suportados por regiões como o Vale do Itajaí, em função da frequência e da intensidade crescente dos eventos, não seriam transferíveis para as seguradoras, ainda que o restante do país passasse a contratar essas apólices, aumentando o mútuo, e uma cessão de resseguros baseada no limite médio do setor aproveitasse a capacidade do mercado internacional para fazer frente e diluir as perdas.

Assim, a solução ideal para fazer frente aos danos das tempestades de verão é a atuação conjunta do poder público e da atividade seguradora.

*Antonio Penteado Mendonça é advogado, sócio de Penteado Mendonça Advocacia, professor da FIA-FEA/USP e do PEC da Fundação Getúlio Vargas e comentarista da Rádio Eldorado.

GEORGE VIDOR

Quem ganha mais?


O Globo - 28/09/2009


O Tesouro Nacional detém a maioria das ações com direito a voto na companhia, mas só possui, direta e indiretamente (via BNDESPar), cerca de 40% do capital total da Petrobras. Como os demais 60% estão nas mãos de investidores, muitos dos quais estrangeiros, qualquer benefício ou privilégio concedido à empresa, no caso do pré-sal, irá também favorecê-los.

No aumento de capital da Petrobras previsto para o no ano que vem, o Tesouro integralizará sua parte com reservas de petróleo a serem identificadas em áreas contíguas às descobertas já feitas no pré-sal. O mais provável é que apenas os investidores estrangeiros tenham cacife para acompanhar a União integralmente nessa subscrição, ampliando sua participação no capital total da Petrobras.

As considerações são de Luiz Carlos Mendonça de Barros, que, como presidente do BNDES e ministro das Comunicações conduziu várias privatizações no governo Fernando Henrique.

O aporte que os acionistas estrangeiros farão para acompanhar a União no aumento de capital da Petrobras pode corresponder, em um só dia, à média de entrada de investimentos externos no país no período de um ano (aproximadamente US$35 bilhões).

Para que o país não sofra antecipadamente de "doença holandesa" (valorização excessiva da moeda nacional por conta de receitas provenientes do setor de petróleo), essa operação financeira terá de ser avaliada com muito cuidado.

Quando falta algum profissional qualificado para ocupar determinado cargo ou prestar um serviço específico nos grandes projetos em andamento no complexo industrial de Suape (Pernambuco), os executivos na região usam muitas vezes a expressão "pega lá embaixo". Isso significa buscar esse profissional no Rio ou São Paulo.

O descompasso econômico entre as regiões no Brasil acabou gerando esse distanciamento, maior que o geográfico. Mas essa situação deve se modificar dentro de poucos anos, e no caso de Pernambuco a alavanca, sem dúvida, será o complexo industrial portuário de Suape.

A conjugação de uma nova refinaria com duas fábricas petroquímicas, um estaleiro de última geração e terminais portuários bem equipados podem servir de base para o surgimento de um pólo de montagem de equipamentos para a indústria de petróleo e gás tal qual os existentes em Cingapura ou na Índia.

Buscar o profissional "lá embaixo" deixará de ser necessário porque serão formados centenas de soldadores e operários especializados nos segmentos de caldeiraria e usinagem durante a construção da Refiaria Abreu e Lima (que no pico da obra chegará a empregar 22 mil pessoas).

A Abreu e Lima será a primeira refinaria brasileira a processar somente petróleo pesado e terá uma característica: não produzirá gasolina.

Com capacidade para processar 230 mil barris diários de óleo com 16 graus API (semelhante ao proveniente de Marlim, na Bacia de Campos), a refinaria produzirá essencialmente diesel (70%), coque (18%) e GLP (gás de cozinha). O diesel será tão claro, com 5 ppm (medida do material particulado emitido na atmosfera quando o combustível é "queimado"), que a refinaria terá de pegar óleo de outras "lá embaixo" para misturar ao seu, e fornecer ao mercado um produto com 50 ppm.

Na próxima década, o Brasil adotará o padrão europeu de 10 ppm, mas antes disso será preciso preparar a frota de veículos movida a diesel. Por enquanto, a maior parte do país ainda consome diesel acima de 500 ppm.

Quando estiver em operação, provavelmente em 2011, a nova refinaria tornará o Brasil autossuficiente em óleo diesel e gás de cozinha. O coque poderá ser usado em usinas termoelétricas ou em fornos de indústrias de cerâmica.

O município de Rio das Ostras urbanizou a sua orla, o que muitas vezes é apontado como desperdício dos royalties do petróleo. Embora seja uma questão discutível, Rio das Ostras aparecerá também em breve como um dos raros municípios brasileiros com 100% do esgoto urbano coletado e tratado.

Em 2007, os serviços de saneamento básico só atendiam a 15% da população. O município fez uma parceria público-privada (PPP) com o grupo Odebrecht e a primeira fase da obra já ampliou para 40% dos moradores tais serviços (com 66 quilômetros de rede de esgoto e 10 mil ligações).

A estação de tratamento tem capacidade para 570 litros de esgotos por segundo. Está dimensionada para atender a 250 mil pessoas (a atual população do município está em 120 mil).

O investimento é de R$316 milhões, dos quais 70% financiados pelo BNDES. Por 15 anos, a prefeitura local pagará mensalmente por esses serviços, que estão garantidos pelos royalties do petróleo.

A euforia com o pré-sal tem muito a ver com os resultados preliminares de poços perfurados nos blocos já concedidos. Na área batizada como Guará, a simulação feita a partir do teste em um único poço deu uma vazão equivalente a 50 mil barris/dia. Isso terá de ser confirmado em testes de longa duração. É uma vazão por poço só encontrada hoje na Arábia Saudita.

FERNANDO RODRIGUES

Despreparo e improviso

FOLHA DE SÃO PAULO - 28/09/09


BRASÍLIA - Como já escreveu Janio de Freitas, a partir de agora a crise instalada em Honduras diz respeito à capacidade de os latino-americanos conseguirem ou não ajudar a restaurar minimamente as regras democráticas naquele país. Golpes de Estado devem ser rechaçados. Sem relativização.
Se houve trapalhada na ocupação da Embaixada do Brasil, o mais fácil é apontar o dedo só na direção do governo Lula. Há uma histórica falta de preparo do Estado brasileiro quando se trata de protagonizar certas ações internacionais. Impera um vácuo crônico no serviço público a respeito desse tema.
Os acontecimentos em Honduras são um caso para estudo. A versão oficial é que Manuel Zelaya, presidente deposto, materializou-se em frente à embaixada brasileira. Tudo teria saído da cabeça do hondurenho, com a ajuda prestada pelo venezuelano Hugo Chávez.
A ser verdade tal relato, há então uma triste constatação: a extrema inoperância de diplomatas, assessores presidenciais, congressistas especializados em assuntos internacionais e agentes da Abin. Muitos deveriam acompanhar os passos de Zelaya e de Chávez, mas não foram capazes da apurar a trama -na hipótese, é claro, de o Brasil ter sido apanhado de surpresa.
Há 583.367 funcionários públicos federais no Poder Executivo brasileiro. No Congresso, são 24.608 pessoas à disposição de deputados e de senadores. Ninguém teria sido comissionado para tomar ciência do que se passava e antecipar a montagem da operação.
Completa esse enredo de despreparo e improviso a viagem de uma missão de deputados brasileiros a Honduras. Devem partir na terça-feira. O objetivo é ajudar a resolver o impasse. Essa iniciativa congressual, quase uma peça de humor involuntário, é a ação mais concreta oferecida até o momento pelo Brasil -deputados brasileiros zanzando pelas ruas de Tegucigalpa.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

Michael Moore, com o dinheiro do diabo

O ESTADO DE SÃO PAULO - 28/09/09


Lá pelas tantas de seu documentário Capitalismo: uma história de amor, lançado na semana passada, Michael Moore aparece na frente do banco Goldman Sachs em Manhattan dirigindo um blindado de transporte de dinheiro. E anuncia nos alto-falantes que está ali "para pegar de volta o dinheiro do povo americano".

Pois se Moore procurasse no próprio bolso encontraria alguma parte desse dinheiro, comentou, divertido, um editorial do site Futureofcapitalism.com. Mas é isso mesmo. O Goldman Sachs colocou dinheiro próprio e ainda montou a operação que levantou US$ 1 bilhão para a produtora de Moore, a Weinstein Company. Na ocasião da entrega dos recursos, o banco, que é a cara e o coração de Wall Street, divulgou nota oficial dizendo: "Estamos muito satisfeitos em ser parte desta excitante nova associação."

No filme, Moore diz que o capitalismo é o próprio "diabo". Entrevista padres católicos que classificam o regime como "pecador e imoral". Apresenta algumas ideias sobre como superar o capitalismo, mas não parece convincente. Como derrotar um regime que se sente satisfeito e excitado em financiar seus críticos?

O pedágio do PT pede reajuste - Há dois anos, o presidente Lula e a ministra Dilma comemoraram o pedágio de R$ 0,99 oferecido por uma das concessionárias vencedoras na licitação de sete lotes de rodovias federais. Era o modo petista de privatizar, oposto ao modo tucano, dos pedágios caros. Na ocasião, comentamos aqui mesmo que esse barato poderia sair caro, mas não imaginávamos que seria tão depressa. Pois agora todas as concessionárias que operam aquelas rodovias já estão pedindo um reajuste no preço das tarifas ou uma redução nos investimentos previstos, ou seja, menos melhorias para as estradas.

Especialistas na área já diziam que isso seria inevitável. Ocorre que os pedágios mais baratos (de R$ 0,99 - "menos de um real", como comemorou a ministra em telefonema ao presidente - a R$ 3,86) não poderiam sair do nada, mas de um modelo de concessão diferente.

Em primeiro lugar, o governo Lula não cobrou nada pela entrega das estradas (ou pela outorga), ao contrário do que se fazia no governo anterior e do que o governador Serra fez em São Paulo mais recentemente. Cobrar pela outorga significa que a concessionária tem de remunerar o Estado pelo direito de usar a rodovia. Com esses recursos, o governo pode, por exemplo, construir estradas em áreas menos rentáveis, sem interesse para a iniciativa privada. Mas é claro que, nesse modelo, o pedágio necessariamente sai mais caro, pois vence a concorrência quem paga mais pela outorga e, ao mesmo tempo, se compromete com carga maior de investimentos e aperfeiçoamentos nas estradas.

Quando se entrega de graça a estrada (privataria!) e se decide o leilão pelo pedágio mais barato, é claro que as concessionárias vão fazer de tudo para "martelar" os custos. E martelaram. Nos leilões do governo Lula, as tarifas oferecidas (e vencedoras) chegaram 65% abaixo do piso determinado. Martelar custos significa minimizar ou desprezar riscos e valorizar ao extremo as ações propostas.

O risco geral é esse mesmo que está ocorrendo. O faturamento já não dá conta das obrigações. Dizem as concessionárias que a culpa é do governo, que teria atrasado os papéis liberando as obras e, assim, atrasando o início da cobrança dos pedágios. Os órgãos do governo dizem que fizeram tudo certo e em dia.

A ministra Dilma até agora não se manifestou. Compreende-se: o governo está no córner. Se admitir o reajuste extra das tarifas, estará confessando um erro de modelo. Se não admitir, vai comprometer as estradas, aliás, com obras já atrasadas, o que também desmoraliza o modelo dos pedágios baratinhos, tão alardeado dois anos atrás.

Quanto ao modelo tucano, continua assim: as estradas estão excelentes, mas todo mundo reclama dos pedágios.

Isso poderia gerar um debate técnico, não tivesse o atual governo politizado tanto os leilões de dois anos atrás.

Dilma x Serra - Mas os pré-candidatos presidenciais travaram uma disputa técnica em São Paulo na semana passada. Apareceram juntos numa feira de imóveis e discursaram - uma falando do milhão de casas do Minha Casa, Minha Vida; outro, de como seus gastos em habitação, R$ 1,9 bilhão, eram mais eficientes.

Interessante prévia da disputa presidencial. No governo há oito anos, Dilma não pode retomar o discurso petista do "contra isso tudo que está aí", por "um novo Brasil". Ela vai tentar mostrar que o governo Lula já está construindo esse "novo Brasil" e que ela é a melhor pessoa para continuar a obra.

Serra, que foi ministro na gestão FHC e que governa o maior Estado do País, também só pode se apresentar como administrador capaz de fazer melhor que o atual.

Menos politizada, pode ser uma disputa em torno de temas econômicos, administrativos e técnicos. Uma eleição mais aborrecida, sem empolgação, adequada aos estilos de Dilma e Serra, mas quem sabe melhor para o País.

Gastando por conta - Não sei se repararam, mas a semana foi de aumento de gastos públicos. O Congresso aprovou a criação de mais 8 mil vagas de vereadores e um reajuste para os salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que vai repercutir em todo o Judiciário. E em outros setores da administração federal, pois todo mundo vai pedir equiparação (como os parlamentares) e/ou reajustes semelhantes.

Saiu também o déficit da Previdência até agosto, que aumentou nada menos que 15% em relação ao ano passado, por causa do reajuste real do salário mínimo, num momento de queda da arrecadação de impostos. E o governo já aceitou dar aumentos reais para as aposentadorias acima do mínimo, o que vai elevar ainda mais o déficit previdenciário.

E daí? O presidente Lula está convencido de que tirou o País da crise aumentando o gasto público e que, por isso, tem licença para gastar mais. E isso significa que você, caro leitor, cara leitora, vai pagar mais impostos.

GOSTOSA


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RICARDO NOBLAT

O bobo de Chávez

O GLOBO - 28/09/09


“Vocês vão ter que acreditar num golpista ou em mim” — Lula, ao negar seu envolvimento com a volta de Zelaya a Honduras

O que pode ser pior? Acreditar que Lula foi de fato surpreendido com a chegada à embaixada do Brasil em Tegucigalpa do presidente deposto Manoel Zelaya? Ou imaginar que a volta de Zelaya ao seu país foi uma operação do consórcio Brasil-Venezuela? Coube a Hugo Chávez despejar a carga nos jardins da embaixada. A Lula, abrigá-la em segurança.

Ajeita daqui, ajeita dali, ficou assim a história oficial da mixórdia contada com pequenas diferenças por Chávez, Zelaya e porta-vozes informais de Lula. Na manhã da última segunda-feira, Xiomara Castro, mulher de Zelaya, procurou Francisco Catunda, o encarregado de negócios da embaixada do Brasil em Honduras e única autoridade ali presente.

Por escolha pessoal, Catunda é um diplomata de terceiro escalão que está perto de se aposentar. Poderia ter sido embaixador. O poeta João Cabral de Melo Neto, por exemplo, foi embaixador em Honduras.

Catunda, porém, truncou sua própria carreira ao recusar cargos que o levariam a servir em locais distantes do Ceará, onde nasceu. É fissurado por Fortaleza.

Para genuíno espanto de Catunda, Xiomara lhe disse que Zelaya estava dentro de um carro a poucos metros da sede da embaixada. Em seguida, orientou-o a consultar seus superiores sobre o desejo de Zelaya de obter refúgio.

Catunda telefonou para Brasília, que por sua vez alcançou Lula voando para Nova York. Depois do susto, Lula respondeu: tudo bem.

A se acreditar na história oficial, portanto, Chávez armou para cima de Lula. Com meios fornecidos por ele, Zelaya tentara antes duas vezes regressar a Honduras. Da primeira, só conseguiu sobrevoar o aeroporto de Tegucigalpa em avião cedido por Chávez. Da segunda, foi barrado na fronteira com El Salvador.

Fez uma graça, tomou uns tragos e foi embora.

Quem anunciou triunfante o paradeiro de Zelaya uma vez instalado na embaixada do Brasil? Chávez, ora. De duas, uma: ou faltou coragem a Lula para dizer algo do tipo “ninguém empurra nada goela abaixo do Brasil” e negar hospedagem a Zelaya, ou ele concluiu rapidamente que seria uma boa virar um dos protagonistas da crise hondurenha.

Por que Chávez não mandou Zelaya para a embaixada da Venezuela? Porque sabe que não conta com a simpatia internacional — Lula conta de sobra. Por que não mandou Zelaya para a embaixada dos Estados Unidos? Porque lá ele só seria acolhido na condição de asilado. E asilado tem de obedecer a regras seculares de asilo. Uma delas: manter o bico fechado.

Zelaya transformou a embaixada do Brasil na casa da mãe Juanita. Um dia depois de sua chegada, a embaixada estava ocupada por cerca de 300 partidários dele, incluídos guarda-costas armados, uma equipe de televisão da Venezuela, outra de uma rádio local e, sim, um blogueiro norte-americano.

Blogueiro é uma praga. Está por toda parte.

Lula deu ordem a Zelaya para não fazer conchavos dentro da embaixada. Brincou, não foi? Como não pode fazer do lado de fora, e como está na embaixada justamente para fazer conchavos capazes de lhe restituir o poder, Zelaya ignorou a ordem de Lula. Passou a conceder audiências a quem o procura. E a dar dezenas de entrevistas diárias.

O dono do pedaço é Zelaya.

O Brasil emprestou sua soberania para que Zelaya tente derrubar o governo que substituiu o dele. Se a história oficial for mentirosa, se existirem de fato manchas verdes e amarelas na operação de retorno de Zelaya a Honduras, o Brasil deu uma de país imperialista interferindo diretamente nos assuntos internos de outro país.

Mas, se a operação carregou com exclusividade as cores da Venezuela, por mais que me doa à alma, isso significa dizer que Chávez fez Lula de bobo (nada de inédito).

Pois, ao fim e ao cabo, o resultado será o mesmo: a interferência nos assuntos internos de Honduras do Brasil candidato a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, o país do “cara”, do pré-sal e da marolinha vencida vapt-vupt.

DENIS LERRER ROSENFIELD

Pantomima

O ESTADO DE SÃO PAULO - 28/09/09


A pantomima parece não ter limites. A política exterior brasileira está enveredando, perigosamente, pelos caminhos bolivarianos, ditatoriais, que rompem com décadas de neutralidade e não-ingerência em assuntos de outros países. O caso de Honduras é particularmente aterrador, pois, em nome da democracia totalitária, estão assentando as bases de supressão da liberdade.

Façamos, primeiro, um breve retrospecto. Lula e Celso Amorim realizaram, nos últimos anos, périplos por países africanos que têm em comum o menosprezo pela democracia e pelas liberdades em geral. Trata-se de países ditatoriais que foram considerados pelo nosso governo dignos parceiros de reconhecimento internacional. O ex-terrorista e ditador líbio, Muamar Kadafi, chegou a ser considerado como um irmão. Irmão de quê? De empreitadas ditatoriais, de uma pessoa há décadas no poder e exercendo uma dominação inflexível sobre o seu próprio povo.

Seguindo a mesma linha, a diplomacia brasileira permaneceu silenciosa sobre o genocídio do Sudão, onde mais de 200 mil pessoas foram assassinadas, não contabilizando as pessoas esquartejadas, mutiladas e estupradas. Em nome de quê? Da não-ingerência nos assuntos de outros Estados. Qual foi, então, o recado? Assassinar seu próprio povo pode, em nome da soberania interna.

O caso do Irã do "presidente" Mahmoud Ahmadinejad foi - e continua - escandaloso. As eleições foram fraudadas, o povo iraniano foi às ruas, até alguns aiatolás já não suportam o despotismo em vigor no país, pessoas foram torturadas e assassinadas em prisões. E o governo brasileiro contentou-se em dizer que se tratava de um mero jogo de futebol, em que os perdedores tinham ficado insatisfeitos. Na ONU, Lula, agora, reiterou a mesma posição de menosprezo aos direitos humanos. Temos uma prova tangível da podridão dessa esquerda que traiu inclusive os ideais de Marx. Fechou questão com o islamismo totalitário. Como se não bastasse, um "presidente" que se caracteriza pelo antissemitismo militante, propugnando pela eliminação do Estado de Israel, é convidado a visitar o Brasil. Provavelmente, em nome de uma qualquer "solidariedade" internacional, a dos déspotas.

Diante desse quadro, que é um quadro de horror, a "nossa" diplomacia, ou melhor, a "deles", dos bolivarianos com afinidades totalitárias, patrocina e é conivente com a volta de Manuel Zelaya a Honduras. Só um tolo acreditaria nas palavras de "diplomatas" (sic!) segundo os quais o Brasil só soube do ingresso do ex-presidente bolivariano, de tendências golpistas "democráticas", quando já tinha ingressado naquele país. Ainda, conforme nosso "chefe" do Itamaraty, deu-lhe "boas-vindas", oferecendo-lhe a hospitalidade brasileira. Pelo menos Zelaya e sua mulher foram "honestos" ao agradecerem ao chanceler Amorim e ao presidente Lula o seu apoio.

Para acreditar na versão oficial é necessário acreditar em duendes. Os cidadãos brasileiros são tidos por crédulos, mal informados, ou melhor, tolos. Nada bate com nada nas versões oferecidas, salvo o seu objetivo de dar o máximo de sustentação ao projeto bolivariano do golpista fracassado Zelaya. O que é para eles insuportável é que ações inconstitucionais tenham sido abortadas pela Corte Suprema daquele país, pelo Legislativo e pelos militares. Querem encobrir tudo isso dizendo que se tratou de um "golpe militar", que a América Latina não pode mais suportar.

O que pode a América Latina suportar? Deve suportar a subversão da democracia por meios democráticos, com destaque para eleições e assembleias constituintes. Deve suportar a eliminação da divisão de Poderes, com "líderes máximos" solapando progressivamente todas as instituições representativas. Deve suportar a eliminação da liberdade de imprensa, num cenário liberticida que relembra a vereda totalitária de uma esquerda que nem mais sabe o significado de valores universais. As palavras começam a perder seu sentido, ganhando um novo, que guarda uma remota ligação com seu significado originário.

A diplomacia brasileira fala que concedeu refúgio a Zelaya. Como assim? Ele estava sendo perseguido dentro de seu próprio país? Precisa de asilo? Ora, trata-se de uma pessoa que foi obrigada a deixar o poder por conspirar contra a Constituição. Por isso foi conduzido para fora de seu próprio país, sem que tivesse sofrido dano físico nem tenha estado sua vida em perigo. O que a diplomacia brasileira fez foi patrocinar sua volta a Honduras, em aliança com Hugo Chávez, que reconheceu ter organizado toda a operação. O Brasil atrelou-se à Venezuela. A diplomacia brasileira está ingerindo nos assuntos internos de outro país, numa escancarada violação da Constituição brasileira, das Cartas da OEA e da ONU.

Numa completa tergiversação, o chanceler Amorim pede que o governo de Honduras não pratique nenhuma violência contra o bolivariano Zelaya. Ora, é a diplomacia brasileira que está suscitando violência e tumulto naquele país. Os mortos já se contam. Os bolivarianos estão entrincheirados na embaixada, a partir da qual fazem manifestações públicas e organizam os seus partidários para levar a cabo o seu projeto de subversão da democracia. Como são politicamente corretos, dizem estar defendendo a democracia.

Na subversão do sentido das palavras, clamam que não reconhecerão as eleições em curso. Como assim? Porque elas estavam previstas na Constituição, antes mesmo da deposição de Zelaya? Não faz o menor sentido! As eleições seguem um cronograma constitucional, num regime de plenas liberdades, em particular de imprensa e partidária. É precisamente isso que se torna insuportável para esses socialistas autoritários.

Os países que parecem encantados com os cantos bolivarianos, como os EUA e os países europeus, estão cortando as fontes de financiamento desse pequeno país resistente. Enquanto isso, Lula negocia com Obama o fim do embargo comercial a Cuba. Deve estar fazendo isso em nome da democracia!
Denis Lerrer Rosenfield é professor de Filosofia na UFRGS.

ANCELMO GÓIS

A SORTE está lançada

O GLOBO - 28/09/09


A decisão sai sexta, agora, em Copenhague. O Hotel Skt. Petri, no centro da cidade, já está tomado de verde e amarelo. É lá que está sediado o quartel-general do Comitê Rio 2016. As chances do Rio são muito grandes. O Rio merece e já mostrou que sabe fazer grandes eventos. Mas o preço de uma provável vitória é a eterna vigilância da sociedade para que a cidade melhore, de uma vez por todas, sua infraestrutura de transporte. Rio 2016 (eu apoio).

MALU MADER, linda como ela só, mostra que é fã do Tremendão Erasmo Carlos ao prestigiar o artista no show em comemoração pelos seus 50 anos de carreira

ENCONTRO DE bambas no Conexão Samba, na Apoteose: Jorge Ben Jor e Dona Ivone Lara dão aquele abraço

O MESTRE Gilberto Gil, entre a mulher, Flora, e a atriz Fernanda Torres, em evento pelo aniversário do Pão de Açúcar

Dunga 8°C

Com a seleção classificada para a Copa da África do Sul em 2010, a CBF tem recebido, dia sim, outro também, ofertas de cidades brasileiras e até de países africanos, como Angola e Moçambique, para abrigar a seleção no período de preparação.
O que está decidido é que a seleção vai se concentrar num lugar com temperatura média de oito a dez graus celsius e altitude de 1.500 a 1.800 metros acima do nível do mar, mais ou menos as condições que o time de Dunga vai encontrar na África do Sul.

Longe de Weggis

Os atletas vão se reunir no Brasil, ao contrário do que ocorreu na Copa de 2006, na Alemanha, quando se apresentaram na cidade suíça de Weggis.

Teste da Balança

Aliás, a ideia da CBF é fazer tudo diferente do que foi feito em Weggis — aonde teve atleta chegando acima do peso, e a pequena cidade transformada num circo de festas e badalações.

FH é o Al Gore

O diretor Fernando Grostein Andrade está dirigindo algo parecido com “Uma verdade inconveniente”, documentário sobre o perigo do superaquecimento global, com Al Gore, ex-vice dos EUA.
Só que o filme do brasileiro será sobre a questão das drogas, com depoimentos dos expresidentes FH, Jimmy Carter e, provavelmente, Bill Clinton, além de especialistas.

Rei do baião

Luiz Gonzaga, cuja morte completa 20 anos, vai ganhar museu em Recife. Merece.

Futuro da mídia

De Pelé, ontem, em Copenhague, no evento sobre as Olimpíadas 2016, para coleguinhas: — No meu tempo de jogador, eram mais jornalistas.
Agora, o mesmo repórter escreve, fotografa e filma...
O Rei sabe tudo.

Guerra do Paraguai

O Mato Grosso do Sul perdeu, como se sabe, para o vizinho Mato Grosso, a disputa das sedes da Copa de 2014.
O que talvez poucos saibam é que o governador André Puccinelli (ou Andréa?), que chamou Minc de “veado”, apelou para Fernando Lugo, presidente do Paraguai, para interceder junto à CBF pelo estado. Perdeu tempo.

Mel no Senado

Pode ser que o gasto não resolva os problemas do Congresso com insetos. Mas um ataque de abelhas como o do gabinete do senador Álvaro Dias não deve se repetir. O Senado contratou, por R$ 1.300, especialistas para remover as abelhas da Casa, segundo a ONG Contas Abertas.

De mãos dadas

O ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, está na China negociando intercâmbio entre os judiciários dos dois países.

Baixo cocô

Ontem, por volta das 14 horas, no Baixo Bebê, no Leblon, uma madame levou o filho sujo de cocô para um banheiro numa barraca próxima.
O menino saiu limpo. Mas o banheiro, não. Ela deixou a m... no chão.
É aquela história: tem gente que acha que há muita coisa errada no Brasil, mas não consigo própria.

Guerra do tráfico

Tem morador da Vila do Pinheiro, no Complexo da Maré, no Rio, tendo que deixar a sua casa.
É por causa da guerra entre quadrilhas de traficantes.

Ave, Cesar

Cesar Maia vai ser avô de novo.
Sua filha Daniela está gravida do terceiro filho, que se chamará... César.

Azêdo 75

Monarco, Sérgio Cabral, Miro Teixeira, Ziraldo e Villas-Bôas Corrêa foram alguns dos muitos amigos que estiveram ontem na Lapa 40 Graus, no Rio, na festa de aniversário (75 anos) do coleguinha Maurício Azêdo, presidente da ABI.

Só Jesus salva!

De um motorista para o cobrador do ônibus 175, que seguia, outro dia, da Barra da Tijuca para a Zona Sul do Rio: — Meu amigo, não confio mais em ninguém. Hoje em dia é uma roubalheira só. Se Cristo viesse hoje não ia precisar de 12 apóstolos, mas de 12 seguranças.
Faz sentido.

ZONA FRANCA

De hoje a quarta, a Escola de Comunicação da UFRJ faz a 10aedição do Interseção, a semana de Propaganda e Marketing da universidade.

O jornal “Alef” comemora 15 anos com 35 mil assinantes em 14 países.

A NBS recebe o Prêmio Profissionais do Ano Etapa Sudeste Capitais, da Rede Globo.

É amanhã, às 11h, a missa de sétimo dia de Lourdes Clement, na Igreja de Santa Terezinha.

A Fagga Eventos produz festa da Ampla, hoje, na HSBC Arena.

A desembargadora Marilene Mello Alves festejou aniversário em família.

O Zuka lança degustação de vinhos.

A Le Lis Blanc lança coleção Petite.

Quarta, com show de Edu Lobo, será lançado mundialmente o Fiat 500, no Copacabana Palace.

COM ANA CLÁUDIA GUIMARÃES, MARCEU VIEIRA, AYDANO ANDRÉ MOTTA, BERNARDO DE LA PEÑA E ELISA TORRES

CESÁRIO RAMALHO DA SILVA

Insensatez dos índices oficiais de produtividade

FOLHA DE SÃO PAULO - 28/09/09


O setor rural é mais uma vez golpeado diante da ameaça de revisão dos índices, medida que não dá chance de defesa ao produtor


O PRODUTOR rural é o responsável por abastecer com alimento barato a mesa dos cidadãos brasileiros e levar nossos produtos (alimentos, fibras, energia) a mais de 150 países, esforço que já garantiu à nação aproximadamente US$ 200 bilhões em reservas cambiais.
Além de sustentar as exportações, o produtor é o protagonista do agronegócio (que é um só, seja ele familiar ou empresarial), setor que impulsiona o PIB e multiplica empregos. Se a agricultura vai bem, a indústria produz e o comércio limpa a prateleira. Caso contrário...
Para cumprir essa missão, o produtor sente a cada dia o aumento dos custos e o achatamento de margens. Para manter-se competitivo e produzir com sustentabilidade, ele tem que incessantemente investir em tecnologia, gestão, certificação relacionada à segurança, qualidade e respeito socioambiental de produtos e processos a fim de atender às exigências dos mercados doméstico e internacional. Tudo isso custa -e muito.
Entretanto, ao propor reajustar os índices de produtividade da agropecuária, o governo parece ignorar essa realidade e pega de surpresa um dos setores mais eficientes da economia.
Já pressionado pela ausência de uma política agrícola consistente, que carece urgentemente de um maciço seguro rural, e por arrastados investimentos em infraestrutura logística, o setor rural é, agora, mais uma vez golpeado diante da ameaça de revisão dos índices, medida que não dá chance de defesa ao produtor.
Com esse gesto, o governo deu um claro exemplo de que, em alguns assuntos, ainda vive do passado.
Primeiro, porque fez o anúncio logo após manifestações do MST, o que não nos faz pensar outra coisa: o governo pautou seu trabalho por um grupo que nem sequer existe juridicamente, para não arcar com possíveis processos, e que se camufla de social, sendo, na verdade, de atividade política anarquista.
Segundo, ao levar adiante a questão, o governo ainda encampa a ideia de que a agropecuária usa terra como reserva de valor. Em um mundo globalizado, em que o agronegócio brasileiro é um dos líderes, quem for perdulário não está tendo uma atitude egoísta, está sendo burro.
Como inteligentemente disse o ex-ministro Roberto Rodrigues, o mercado desapropria quem é improdutivo. Não é preciso uma lei.
O índice tinha razão de ser em décadas passadas, quando o Brasil tinha moeda fraca e vivia o pesadelo da inflação. Naquela época, tinha-se a terra como poupança, patrimônio, muitas vezes sem usá-la. A realidade mudou.
A Constituição Federal define que a propriedade rural deve alcançar determinada eficiência na produção para evitar a desapropriação, ou seja, cumprir a chamada função social da terra (artigo 186). Porém, veda expressamente a desapropriação de propriedades produtivas para fins de reforma agrária (artigo 185).
A existência de indicadores de produção para agropecuária é uma insensatez. Comércio, indústria e serviços não têm índices, baseados em lei, a cumprir. Nesses casos, o livre mercado trata de regular produção e produtividade, atrelando o desempenho à conjuntura de preços e custos.
O produtor rural é influenciado pelo cenário econômico. Um frigorífico ou uma usina de açúcar e álcool que, eventualmente, são obrigados a reduzir a atividade se tornam uma porta fechada para o produtor. Mesmo assim, ele terá que continuar produzindo só para atender a um indicador de produtividade, correndo o risco de não ter para quem vender e, assim, amargar prejuízo? Situação complicadíssima que vem ocorrendo em razão do recuo de demanda e preços por causa da crise internacional.
No Brasil, ainda se tem a concepção romântica de que um pedaço de terra resolve o problema. A terra é um pequeno componente da produção. Sozinha, não serve para nada.
Eficiente, o agronegócio gera emprego e renda, produz comida segura e barata, impulsiona as exportações, garantindo bilhões de dólares em reservas cambiais, num processo contínuo de transferência de benefícios socioeconômicos à sociedade brasileira. É esse resultado que o governo quer dilapidar?
Somos contra o conceito dos índices de produtividade. Obrigar uma empresa, no caso, uma fazenda, a produzir sem as adequadas condições econômicas leva à falência, com a destruição da estrutura produtiva e dos empregos.
Será que uma reforma agrária distributivista é a única forma que o governo imagina para o acesso à terra? Para as cidades, temos programas de financiamento, como o "Minha Casa, Minha Vida". Por que não tentar algo similar para o campo?
O debate sobre o tema deve ser feito sem viés ideológico

CESÁRIO RAMALHO DA SILVA, 65, é presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB).

TODA MÍDIA

A tensão cresce

NELSON DE SÁ

FOLHA DE SÃO PAULO - 28/09/09


"Governo interino" dá ultimato para Brasil "definir situação de Zelaya"; Lula não reconhece ultimato de "governo golpista"; então "governo interino" proíbe entrada da OEA e repete ultimato ameaçando "retirar status de embaixada"; depois, suspende a liberdade de imprensa, entre diversos direitos constitucionais.
De hora em hora, ações e reações tomaram as manchetes de Folha Online e Reuters Brasil e de portais como UOL e G1. Com intervalos para o futebol, é também o que comanda buscas por Yahoo News, Google News, via agências que avisam: "A tensão cresce".

O "New York Times", dos poucos fora da América Latina a dar atenção, tem dois enviados procurando alternativas. Fechou a semana com "Batalha ecoa com barulho na mídia". Destaca comerciais de TV do governo denunciando até "plano terrorista".
Relata que, "mesmo antes de Zelaya ser derrubado por um golpe, TVs e jornais, de um punhado de ricos empresários, se opunham a ele". E agora podem "até caluniar", dizendo que "o Brasil promete reinstalar Zelaya em troca de cadeira no Conselho de Segurança da ONU". Na "guerra de mídia, a voz do governo é mais elevada, mas Zelaya é habilidoso". E tem pelo menos uma rádio a seu lado, a Globo.


PROMESSAS

Ricardo Stuckert/ blog.planalto.gov.br

Lula no Blog do Planalto

Os jornais de EUA, Europa, China reagiram sábado ao G20. No "NYT", "Líderes prometem redesenhar a economia global". No "Washington Post", entre outros textos, "Move over, G8", saia da frente. No "Wall Street Journal", "Nações concordam em coordenar as políticas umas das outras", mais a análise "Mudança para grupo maior arrisca acordos mais fracos".
No "Financial Times", "Ceticismo sobre promessa de uma nova era". Até o estatal "China Daily" foi contido.


SOBE, SOBE
independent.co.uk


Sob o título "A ascensão e a ascensão do Brasil: mais rápido, mais forte, mais alto", o "Independent" publicou duas páginas, do correspondente Hugh O'Shaughnessy, apontando o favoritismo para os Jogos de 2016. Diz que na sexta "o voto pode ser um marco na jornada do Brasil para deixar de ser o eterno país do futuro". Cita a popularidade, o G20, a resistência ao "impostor" de Honduras etc.

VAI AGUENTAR?
Em longa reportagem, a "Time" trata dos Jogos de 2016 com uma pergunta, no título, "O Rio vai aguentar?". Também vê o país favorito e até destaca que, "Se a vida é justa, o Brasil será escolhido".

COMO FAZER
Na alemã Deutsche Welle, sobre a cúpula América do Sul-África, "Brasil ensina aos vizinhos o comércio com a África", ele que há tempos busca "uma nova geografia comercial chamada Sul-Sul".


DIGITAL IMPERIAL

Enquanto Lula viaja pelas Américas, seu ministro das Comunicações anuncia, no topo das buscas em espanhol, que o Brasil "quer unificar TV digital na América Latina". Convenceu Argentina, Chile e Peru, negocia com Equador, Bolívia e Paraguai. Hélio Costa diz que dobra até Uruguai e Colômbia, que já optaram pelo padrão europeu.


PAÍS PARANÓICO

Joe Sharkey, jornalista americano que estava no jato Legacy que se chocou com um Boeing da Gol há três anos e desde então defende os pilotos americanos envolvidos, escreveu sexta no site Editor & Publisher que está sendo processado por difamação por "um cidadão brasileiro e uma viúva de um dos mortos na colisão". Afirma que "os brasileiros querem me arruinar financeiramente" e que, mesmo nos EUA, "todos que escrevem negativamente de um país estrangeiro paranóico estão sob risco".


"MULHERES FRUTAS"

Clone azul do vermelho G1, da Globo, o portal R7, da Record, estreou com a manchete "Senadores queimam 18 anos de gasolina em apenas três meses", com um ranking com DEM, PSDB, PT, PMDB. Também em destaque, uma entrevista com a mulher de Manuel Zelaya e reportagem sobre as "mulheres frutas", com galeria de fotos. Como o G1, o R7 reproduz vídeos editados da rede. O Blue Bus acompanhou a estreia e postou que o portal chegou a sair do ar por "excesso de tráfego".


O COLUNISTA
nytimes.com

O liberal "NYT" deu a morte de William Safire na home, sublinhando ter sido também autor de discursos de Nixon. Foi lembrado por "WSJ", "WP", HuffPost. O Gawker registrou que começou publicitário e era um "nerd das palavras".

MARCO ANTONIO ROCHA

A tentação que pode assombrar Lula

O ESTADO DE SÃO PAULO - 28/09/09


O presidente Lula deu sorte, no ano passado, ao profetizar que o efeito da crise financeira internacional no Brasil seria "uma marolinha". Os fatos dão-lhe razão. Mas, ao dizer o que disse, ele não tinha nada em que se apoiar - foi puro "chute". Chutou para animar a galera, pois nenhum presidente avaliza o pessimismo e, em matéria de "pensar positivo", Lula é mestre. Também os prognósticos sombrios que então partiram de muitos economistas e analistas respeitadíssimos eram puro "chute", pois nada os fundamentava. A crise parecia muito grave porque tinha características inéditas. E era, de fato, grave, tanto assim que ainda assombra o horizonte da economia mundial.

Mas Lula já tinha sido saudado por vários jornais europeus pelo acerto do seu palpite sobre os efeitos da crise no Brasil. E, hoje, além de ver que a economia brasileira atravessou bem o período de turbulência, saboreia, com volúpia, é claro, os elogios nacionais e internacionais à maneira como seu governo conduziu as medidas anticrise.

Um dos resultados - nada desprezível - dessa boa governança veio na semana passada na forma de elevação do Brasil ao grau de investimento, pela agência de classificação de riscos Moody"s. Outras duas agências já haviam elevado a nota do Brasil - a S&P e a Fitch - no primeiro semestre do ano passado. A Moody"s, não. Mas com isso o País se torna o primeiro a alcançar grau de investimento depois da crise internacional. O que tem implicações práticas importantes, pois reforça a entrada de capitais internacionais tangidos pela aversão ao risco, que já vinha aumentando.

A boa estrela de Lula ainda teve mais um lustro na semana passada, com a entrevista que deu à revista norte-americana Newsweek e com a reportagem que a acompanhou, cujo autor, o jornalista Mac Margolis, o classifica como "o político mais popular do planeta" - o que, no momento, ele deve ser mesmo, já que o planeta está despossuído de cabeças brilhantes e os governos em geral, até em razão da crise que ainda grassa, amargam baixa popularidade.

O foguetório internacional em torno do nosso presidente foi alimentado também por sua participação e seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU, pelo prêmio que recebeu em Washington, do Woodrow Wilson Institute, e por sua presença no encontro do G-20, em Pittsburgh, onde também exortou os dirigentes dos países líderes do mundo a batalharem na direção daquilo que é óbvio: políticas que enfrentem com eficácia as ameaças da poluição e do gás carbônico; políticas que promovam o comércio internacional e evitem o protecionismo; e políticas que controlem a ciranda financeira e ponham os bancos a serviço do desenvolvimento saudável, e não a serviço apenas dos próprios lucros e da insegurança para os investimentos produtivos - uma agenda que qualquer pessoa de bom senso aplaude em cena aberta.

Se vai ser ouvido... é outra história. Tomara que seja.

Mas os bons ventos que enfunam as velas do barco lulista não foram soprados apenas por Fortuna, deusa da sorte e da esperança dos romanos, ou, se quiserem os brasileiros que se embasbacaram com recente novela da TV Globo, por Lakshmi, sua correspondente hindu. O que ele nunca dirá de público nem o PT divulgará é que esses bons ventos se levantaram quando ele aderiu aos postulados da ortodoxia monetária e financeira, firmando nos cargos e garantindo, contra seu próprio partido, por vários anos, a política do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional (CMN), que já vinha de antes dele. Em outras palavras, quando ele optou por não mudar tudo o que estava aí e, ao contrário, por assegurar o que já estava funcionando.

Não serve à oposição dizer essas coisas, pois isso não muda um milímetro na astronômica aprovação popular de que Lula desfruta e que ele tenta transferir para a trôpega candidatura que escolheu para lhe suceder. Se vai conseguir, também é outra história... Também não serve para alimentar as candidaturas que se lhe oponham, pois um candidato da oposição não pode sair dizendo que vai continuar fazendo o que já está sendo feito, embora seja este o caso, pois se trata de um programa de governo que deu certo, continua dando certo e dará mais certo se apenas for aperfeiçoado.

De modo que os cenários entrevistos a distância, para o ano que vem, são basicamente os seguintes: 1) consolidação da recuperação econômica e vitória da candidata lulista; 2) consolidação da recuperação econômica e derrota da candidata, o que implica ascensão da oposição; e 3) nova crise financeira internacional e repercussão na economia brasileira, com queda do prestígio de Lula.

Os vaticínios de que certo descontrole fiscal/financeiro que o governo já exibe pode desandar ainda mais no ano eleitoral e prejudicar a campanha de Lula não parecem sólidos, pois não há tempo para que a popularidade se torne impopularidade. Mas servem para avaliar o legado do governo Lula.

O principal legado que ele recebeu foi a inflação sob controle. E entendeu o valor disso, pois barrou propostas de partidários que continham o vírus de retomada da inflação. Ainda agora tem dito que quer gastar, que o governo tem de gastar ("a tese do Estado mínimo está superada"), mas, ao mesmo tempo, adverte que a inflação deve ficar sob controle, o que não é fácil, e ele sabe disso, daí sua constante exortação aos empresários para que invistam mais. Se o investimento produtivo acompanhar o aumento da demanda - gerado por gastos do governo, pelo facilitário do crédito e por aumentos salariais -, haverá pouco espaço para a inflação. Se não acompanhar, ela arreganha os dentes. No aumento dos investimentos é onde Fortuna está morando agora.

Será que, para ganhar a eleição, ele resistirá à tentação de jogar fora a austeridade? - era o que perguntava o jornalista da Newsweek. A resposta é que, se houver investimentos, não haverá essa tentação.

RUY CASTRO

Apenas o melhor

FOLHA DE SÃO PAULO - 28/09/09

RIO DE JANEIRO - Nos casamentos do passado, quando o excesso de ócio tornava a patroa ansiosa, neurastênica ou apenas chata, o bom marido oferecia-se para pagar-lhe um curso de decoração, cerâmica ou ikebana. Os mais abonados mandavam a mulher passar seis meses em Paris. Os mais abonados e intelectualizados mandavam a mulher fazer o curso de decoração, cerâmica ou ikebana em Paris.
O Senado Federal é tão generoso -e abonado- quanto esses maridos. Seus titulares, até há pouco, estavam usando a cota de passagens que lhes reservava o Congresso para transportar mulheres (as deles e as outras), parentes e amigos para lá e para cá, no Brasil e no exterior. Descobre-se agora que os senadores também são pródigos em mandar seus servidores para fazer cursos de extensão fora do país, com passagens, despesas e os ditos cursos pagos parcialmente ou na íntegra pela Casa.
Entre inúmeros casos, um servidor foi estudar inglês durante três meses no Havaí. Outro aplicou-se por dois meses num curso de "jornalismo investigativo" em Bonn, na Alemanha. Um terceiro está cumprindo um estágio de um ano no doutorado em linguística da Universidade da Califórnia. E ainda outros foram cursar antiterrorismo em Washington, judô em Tóquio e -não ria- capoeira em Cingapura.
Diante desses senadores, os maridos do passado eram uns muquiranas sem imaginação. É verdade que faziam suas extravagâncias com o próprio dinheiro, ao passo que a verba dos senadores sai do nosso bolso. Sendo assim, devemos exigir que esta seja bem usada.
Sugiro que os servidores do Senado sejam despachados para cursos de feng shui em Hong Kong, de semiologia saussuriana superior na Sorbonne ou de terapia de vidas passadas em Miami. Para nossos funcionários, apenas o melhor.

PAINEL DA FOLHA

Que prévias?

RENATA LO PRETE

FOLJA DE SÃO PAULO - 28/09/09


Toda a discussão em torno da possibilidade de haver prévias no PSDB tem passado ao largo de uma ‘verdade inconveniente’ que os caciques tucanos preferem não comentar: o desinteresse até agora manifestado pelos potenciais eleitores de uma consulta interna para decidir se o candidato a presidente será José Serra ou Aécio Neves.
Minas, em tese o diretório mais mobilizado pelo assunto, contava até dias atrás com pouco mais de cem inscritos para votar. O prazo de inscrição, que deveria ter expirado na semana passada, foi prorrogado até 30 de novembro em todo o país. Na prática, a preparação para as prévias se resume hoje a um link - que quase ninguém acessou - na página do Diretório Nacional.

Versão light - As farpas sutis contra José Serra lançadas por Gabriel Chalita em entrevistas sobre sua saída do PSDB e iminente entrada no PSB levaram um tucano à seguinte definição: “É um Ciro Gomes com ternura”.

Não fui eu - O presidente do PSDB paulistano, José Henrique Reis Lobo, disse a Chalita que não tomaria a iniciativa de tirar-lhe o mandato de vereador, mas que tucanos próximos a Serra têm essa intenção. Chalita ficou mais magoado com o governador.

Que fase! - Em entrevista à próxima edição da revista ‘Piauí’, FHC repete um mantra que irrita sobremaneira os serristas: o de que Serra seria “o melhor presidente”, e Aécio, “o melhor candidato”.

Flashmob - A turma do software livre e da inclusão digital, que orbita em torno do PT, vai espalhar pela blogosfera imagens caras à pré-campanha de Dilma Rousseff. “Twitte sua obra do PAC” será o lema da mobilização.

Minueto 1 - Dilma participa na quarta-feira de evento no Paraná com os fundos de pensão. No mesmo dia deve jantar com o governador Roberto Requião, para tentar azeitar a emperrada relação PT-PMDB no Estado.

Minueto 2 - Para juntar PMDB e PT em Goiás, o prefeito de Goiânia, Íris Resende, fez um gesto conciliatório ao convidar o antecessor Pedro Wilson para a inauguração de obra iniciada pelo petista. Até recentemente, os dois não podiam dividir o mesmo espaço.

Quarentena - A posse de José Múcio no TCU está prevista para meados de outubro, mas o ex-coordenador político do governo terá de assinar, já, sua desfiliação do PTB.

Todo cuidado... - André Pucinelli (PMDB-MS), o governador que ganhou minutos de fama ao xingar o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), já havia soltado o verbo contra Dilma Rousseff, que lhe deu um chá de cadeira de mais de duas horas, ao fim das quais não o recebeu.

...é pouco - Em fase diplomática, Dilma telefonou para o governador e se desculpou pelo bolo, atribuído a reuniões sobre o pré-sal. Depois, chamou-o para um almoço, realizado na semana passada.

Na gaveta 1 - A CPI da Violência Urbana irá ao Rio de Janeiro para tentar entender um dado revelado na semana passada pelo Mapa da Violência, da Unesco. Em 2007, saltou para 20,9% o percentual de mortes ‘sem causa conhecida’ no Estado, contra 11,2% em 2006.

Na gaveta 2 - Para efeito de comparação, no DF o percentual é de 0,1%. No Paraná, de 3%. Em São Paulo, ele se manteve estável em 11%. A CPI quer apurar se o Rio está deliberadamente deixando de registrar homicídios.

Caça-fantasma - O Senado resolveu estender até o próximo dia 16 o prazo para que servidores efetivos e comissionados participem de um recadastramento. A data final seria ontem, mas, até agora, apenas 60% dos funcionários apareceram.

Tiroteio

Como categoria, a magistratura está enciumada. Saber jurídico pode ser conquistado por autodidatas. A indicação do advogado-geral da União é válida.
Do juiz federal ROBERTO WANDERLEY NOGUEIRA , de Recife, que tentou ser indicado para uma das três vagas abertas no STF em 2003, sobre as resistências ao nome de José Antonio Toffoli.

Contraponto

Parte interessada

Presidida por Arlindo Chinaglia (PT-SP), a comissão da Câmara que analisa o marco regulatório do pré-sal realizava na semana passada acalorado debate, puxado pelas críticas de Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) à pressa na tramitação dos projetos, no entender do tucano eleitoreira.
Henrique Alves (PMDB-RN) discordou com veemência, e João Almeida (PSDB-BA) colocou panos quentes:
- Gente, vamos parar com isso. Duvido que alguém aqui vá assumir que tem interesse eleitoral neste assunto.
Empolgado com seu desempenho na mais recente pesquisa CNI/Ibope, Ciro Gomes (PSB-CE) não se conteve:
- Opa! Eu tenho interesse, sim!