quarta-feira, novembro 04, 2009

TOSTÃO

Os velhinhos e o gordinho

JORNAL DO BRASIL - 04/11/09


Hoje, em Porto Alegre, o Grêmio, que não perde em casa e que quase não ganha fora, enfrenta o São Paulo, que precisa vencer ou, no mínimo, empatar.

Luís Fernando Veríssimo, que é torcedor do Inter, deveria, em um gesto humanitário e profissional, reabrir o consultório do Analista de Bagé. Só o analista, com a técnica do joelhaço, aplicada em todo o elenco e em toda comissão técnica, poderá resolver o grave problema psicológico de o Grêmio não ganhar fora de casa.

Antes das duas últimas derrotas do Inter, um repórter, desses que gostam de perguntar e de elogiar ao mesmo tempo, perguntou a Mário Sérgio o que ele tinha feito para melhorar a equipe. Nas quatro partidas sob seu comando, o Inter tinha vencido duas e empatado duas. Jogou mal as quatro

Mário Sérgio, com um sorriso, respondeu, com a característica falsa humildade dos humanos, que não tinha feito nada. O “titês” era mais interessante.Antes das duas últimas derrotas do Inter, um repórter, desses que gostam de perguntar e de elogiar ao mesmo tempo, perguntou a Mário Sérgio o que ele tinha feito para melhorar a equipe. Nas quatro partidas sob seu comando, o Inter tinha vencido duas e empatado duas. Jogou mal as quatro.

Na coluna anterior, não citei Ronaldo entre os veteranos que ensinam como se joga futebol. Foi de propósito. Ronaldo é especial. Mesmo com o corpo de um atleta de final de semana, ele, em poucos lances, ainda é melhor que a maioria. O drible de corpo no goleiro do Palmeiras, antes de tocar a bola para as redes, foi espetacular.

Os “velhinhos” e o “gordinho” estão derrubando o conceito de que só dá para jogar bem, hoje, quem correr muito e tiver ótimo preparo físico.

De chuveirinho em chuveirinho, o Palmeiras enche o papo de pontos. Muricy deve treinar, em dois períodos, as jogadas aéreas. De noite, os jogadores sonham com as bolas altas. Certamente, sobra pouco tempo para outros treinamentos, como trocar passes. Muricy não deve gostar disso. Perde-se muito tempo para chegar ao gol. É mais rápido fazer ligação direta entre defesa e ataque.

O Palmeiras não faz também muitos gols pelo alto somente porque treina bem e muito. Todos os treinadores fazem isso. É também porque os jogadores procuram mais esse lance, cruzando e cavando faltas.

Não sou contra jogadas aéreas. Elas são eficientes. Sou contra a supervalorização desses lances que empobrecem o futebol.

Os ingleses, 50 anos atrás, só faziam gols dessa maneira. Alguém cabeceava ou, no bololô da área, empurrava a bola para as redes. Eram chamados de pequenos gols. Deveriam valer meio.

O São Paulo, dirigido por Muricy, corrijo, por Ricardo Gomes, ganhou do Barueri com um pequeno gol. Ainda não vi uma única diferença entre o São Paulo treinado por Muricy e o comandado por Ricardo Gomes.

Os treinadores e os meninos das categorias de base copiam o estilo das jogadas aéreas. Foi assim que o Brasil perdeu para México e Suíça, no Mundial sub-17, e foi eliminado na primeira fase. Enquanto a Suíça, acredite se quiser, mostrava mais habilidade e trocava mais passes, os meninos brasileiros corriam e cruzavam na área. O mesmo aconteceu na perda recente do Mundial sub-20, para Gana, mesmo com um jogador a mais.

Independentemente da qualidade técnica dos atletas que atuam no Brasil, estão mudando o nosso estilo. Isso é preocupante.

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