quinta-feira, outubro 15, 2009

PAINEL DA FOLHA

Mudança de hábito

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 15/10/09

Quem esteve presente na sequência de encontros com partidos aliados que Dilma Rousseff teve desde a semana passada observa uma inflexão na performance da ministra da Casa Civil, que estaria não somente se expondo mais como trocando o discurso administrativo pelo político para, nas palavras de um aliado, "sinalizar que ela é do ramo".
No jantar de anteontem com o PR, assim como nos anteriores, Dilma abriu sua intervenção dizendo que os presentes estavam habituados a ouvi-la falar de PAC, mas que a conversa ali seria outra. Ainda que não caiba à candidata a costura propriamente dita das alianças, a ideia, explica outro aliado, é "abandonar aos poucos a noção de que ela seria tutelada" por Lula.




Abafou. Consenso entre os comensais: Anthony Garotinho foi a sensação do jantar de Dilma com o PR. O ex-governador discorreu com entusiasmo tanto sobre as chances da ministra quanto a respeito de suas próprias no Rio.

Tática. Garotinho apontou fragilidades do governador Sérgio Cabral (PMDB), que "não entra no povão", e estimulou o PT a deixar Lindberg Farias concorrer. "Três palanques. É o melhor cenário para vocês", disse. Sugeriu até slogan: "O Rio é Dilma".

Em família. Dilma, que conhece Garotinho desde os tempos de PDT, surpreendeu-se ao ver a vereadora Clarissa, que acompanhou o pai ao jantar: "Nossa, como ela cresceu! Lembro dela menina correndo na escada!".

Herança. Ficou acertado que o ministro do PR, Alfredo Nascimento (Transportes), entregará a Dilma o mapa das pretensões do PR nos Estados. Ele mesmo será candidato ao governo do Amazonas.

Poeira. Convidado por Lula a integrar a comitiva que visita as obras de transposição do rio São Francisco, Ciro Gomes (PSB) acabou perdendo ontem à tarde o carro que levou a comitiva para o aeroporto de Xique-Xique (BA).

Pós-Lula. Em Minas, o fato de a comitiva ter visitado só Buritizeiro causou mal-estar entre políticos locais. Tão logo se despediu do presidente, Aécio Neves (PSDB) foi a Pirapora aplacar os ânimos.

Luz... Produtor de "Lula, o Filho do Brasil", Luiz Carlos Barreto telefonou ontem a Paulinho da Força (PDT) para dizer que não considera boa ideia convidar Dilma ou qualquer outro candidato para a pré-estreia a ser promovida pela central sindical. A Força já havia chamado a ministra.

...câmera. "Existe um prejulgamento de que o filme é uma peça eleitoral", diz Barreto. "Não queremos confirmar essa suposição."

...ação. Segundo Barreto, o próprio Lula estaria inclinado a prestigiar uma única pré-estreia pública: ou em Pernambuco ou em São Bernardo do Campo. Em 17 de novembro, o filme abrirá o Festival de Brasília. O lançamento nos cinemas será em 1º de janeiro.

Como? Fernando Haddad deixou a plateia intrigada, em audiência na Câmara, ao comparar o vazamento do Enem à suspeita de fraude na eleição de George Bush, em 2000. O ministro da Educação completou dizendo que, assim como a vitória de Obama restaurou a credibilidade do sistema eleitoral dos EUA, o novo Enem será exemplo de lisura.

Binóculo. Enquanto o Senado aprovava a indicação de Wilson Trezza para comandar a Abin, servidores da agência faziam ontem lobby pela votação, na Câmara, de emenda que regulamenta a atividade de inteligência.

Visita à Folha. Lionel Barber, editor-chefe do "Financial Times", visitou ontem a Folha. Estava com John Paul Rathbone, editor-assistente responsável pela coluna de análise econômica "Lex", e Jonathan Wheatley, correspondente do "FT" no Brasil.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

Num país onde a maioria dos municípios não tem cinema, o governo poderia dobrar o orçamento da Cultura. Mas prefere entregar o dinheiro na mão de grandes empresas.


Do deputado LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR), sobre o projeto que cria o Vale-Cultura, aprovado ontem pela Câmara.

Contraponto

Língua do "l" Durante a passagem da comitiva que visita as obras de transposição do rio São Francisco pelo município baiano de Barra, ontem à tarde, Lula encontrou-se com um grupo de 30 prefeitos. Um deles, de nome Romualdo, foi superlativo em seu elogio ao presidente:
-Ninguém fez pelo Nordeste o que fizeram três nomes que começam com "l": Lampião, Luiz Gonzaga e Lula!
Todo satisfeito, Lula apontou para Geddel Vieira Lima, que estava a seu lado, e disse ao prefeito:
-Então este aqui devia se chamar "Leddel"!
O ministro da Integração foi às nuvens. Já o governador Jaques Wagner (PT) não achou a menor graça.

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