quinta-feira, setembro 03, 2009

PAINEL DA FOLHA

Ano da França

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 03/09/09

A Marinha escancarou o lobby para garantir a aprovação, em tempo recorde, da autorização para o governo contrair empréstimos de R$ 16 bilhões para a construção de submarinos e helicópteros com tecnologia francesa que equiparão as Forças Armadas.
Na semana passada, os senadores da CAE foram chamados à Marinha. Ouviram um pedido de pressa para que a operação estivesse aprovada antes da chegada do presidente Nicolas Sarkozy. Também lá se discutiu a escolha do relator, Cesar Borges (PR-BA).
Trata-se do maior montante já aprovado de uma vez pela CAE. Não houve reparo ao relatório do senador baiano. No plenário, onde passou ontem, ninguém quis discutir. ‘Nunca vi tamanha pressa’, admite o presidente da CAE, Garibaldi Alves (PMDB-RN).

Na ponta - À pressão explícita da Marinha, somou-se o lobby de bastidores da Odebrecht, escolhida pelo governo francês para construir os estaleiros. Em 2002, a empresa doou R$ 200 mil para Borges e R$ 50 mil para Garibaldi.

A partilha 1 - O PMDB escolheu projeto que estabelece regime de partilha da exploração do pré-sal, considerado a joia da coroa do conjunto de matérias que o governo editou, para ser relatado pelo líder Henrique Alves (RN). Era a primeira escolha do PT.

A partilha 2 - O Ministério da Fazenda fez chegar ao líder petista, Candido Vaccarezza, que prefere Antonio Palocci (SP) na relatoria do projeto que prevê a capitalização da Petrobras. Arlindo Chinaglia (SP) ficaria com o que prevê criação do fundo com recursos do pré-sal.

Venha a nós - Após a reunião da bancada do PMDB com Edison Lobão (Minas e Energia), Marcelo Itagiba disse que a ala do Rio apoia pleitos de Sergio Cabral se ele ouvir os deputados: ‘A bancada não conhece o governador, e ele não conhece a bancada’.

Na banheira - Os líderes na Câmara dirão hoje a Lula que foram convencidos da inconveniência da urgência na votação dos projetos do pré-sal, mas Renan Calheiros (PMDB-AL) vai insistir. Os senadores querem que a bola chegue logo à Casa, para voltarem à mesa de negociações.

Excluído - Zito, administrador de Duque de Caxias e presidente do PSDB do Rio de Janeiro, foi o único dos prefeitos que Lula não cumprimentou em evento no Maracanãzinho para entregar diplomas do programa de qualificação profissional destinado a beneficiados do Bolsa Família.

Fila - Assim como o delegado Protógenes Queiroz, que acabou de entrar no partido, outros dois nomes do PC do B-SP pensam em disputar vaga no Senado: o deputado federal Aldo Rebelo e o vereador Netinho. Um dirigente minimiza o problema: ‘As pesquisas estão aí para isso mesmo’.

Sem ambiente - Silvio Costa, metralhadora giratória da base aliada na Câmara, deve trocar o PMN pelo PTB. Em Pernambuco, Estado do deputado, a sigla nanica deve se aliar à oposição em 2010.

À distância 1 - Embora more em Mato Grosso do Sul, Therezinha Mandetta Trad, mulher do deputado Nelson Trad (PMDB) e mãe do prefeito de Campo Grande, Nelsinho (PMDB), é funcionária comissionada do Senado, lotada na Diretoria Geral.

À distância 2 - Therezinha foi nomeada ‘assistente parlamentar’ em abril de 2003, quando José Sarney (PMDB-AP) presidia a Casa. Seu nome está grafado como ‘Drad’ no sistema de RH.

Pancadão - Entre as propostas de emendas exóticas surgidas no debate da reforma eleitoral na CCJ do Senado está a de Valdir Raupp (PMDB-RO) para liberar ‘música eletrônica’ antes de comícios. ‘Do contrário, fica muito morto!’, justificou. Não convenceu os colegas.

Tiroteio

Quando precisou, Protógenes frequentou a casa do Paulinho e implorou para aparecer na festa do Dia do Trabalho da Força. Agora, cospe no prato em que comeu.
De JOÃO CARLOS JURUNA , secretário-geral da Força Sindical, sobre o fato de o delegado ter justificado sua opção pelo PC do B, em detrimento do PDT, dizendo que naquele partido não haveria envolvidos em o corrupção.

Contraponto

Quase famoso

Os rigores da nova legislação antifumo têm produzido cenas inusitadas nas agora superpopulosas calçadas paulistanas. No sábado passado, sentado diante de uma tabacaria nos Jardins, um senhor já um tanto embriagado observava atentamente a mesa ao lado, onde o secretário estadual do Trabalho, Guilherme Afif, fumava seu Havana.
Intrigado, o homem olhou, olhou. Até que não resistiu e se aproximou, falando alto:
- Eu te conheço! Eu já te vi!
Afif sorriu. O homem voltou para seu lugar. Mas dali a pouco levantou de novo e bateu em suas costas, convicto:
- Lembrei! Lembrei! Você é o... Você é o Mário Covas!

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