quarta-feira, junho 24, 2009

TOSTÃO

Estilos que se misturam


JORNAL DO BRASIL - 24/06/09

Adilson Batista, que nasceu no Sul, campeão da Libertadores como jogador do Grêmio, chamado de "Capitão América" pelos gremistas, dirige o Cruzeiro, um time com tradição de jogar bonito, em velocidade e com a bola no chão.

Paulo Autuori, carioca, campeão da Libertadores como técnico do Cruzeiro, que sempre gostou do futebol bonito e de troca de passes, comanda o Grêmio, uma equipe com tradição de marcar muito e utilizar bastante as jogadas aéreas.

Hoje, o Cruzeiro também marca muito e faz muitos gols de bolas paradas, e o Grêmio também troca muitos passes em direção ao gol. Os dois estilos se misturam.

Uma boa equipe precisa ser capaz de marcar e contra-atacar bem, fazer muitos gols de bola parada e também de trocar muitos passes e de saber esperar o momento certo de chegar, com velocidade, ao gol.

Paulo Autuori gosta de armar suas equipes com dois volantes e um meia de cada lado, para fazer dupla com o lateral, na marcação e no ataque. Adilson Batista costuma escalar o Cruzeiro com três armadores defensivos (volantes) e um meia. O time é ofensivo, principalmente no Mineirão, porque os laterais atacam bastante, e os três marcadores no meio-campo têm mobilidade para avançar.

O Cruzeiro melhorou neste ano com as contratações de Kléber e de um bom e grandalhão zagueiro (Leonardo Silva). Alguns jovens evoluíram, como Henrique, Jonathan e Magrão, além de Marquinhos Paraná e Fábio, que continuam muito bem. O técnico também melhorou bastante, ao deixar de fazer coisas, sem sucesso, que só ele entendia.

Marquinhos Paraná marca bem, faz pouquíssimas faltas e possui um bom, rápido e lúcido passe. Merecia ser mais valorizado. Ele é melhor que parece.

Em duas partidas, não há favorito. No Mineirão, se o Cruzeiro fizer um gol primeiro, deveria seguir o exemplo do Corinthians contra o Inter e procurar o segundo, sem afobação, mesmo correndo risco de sofrer um gol.

Dizer que 0 a 0 em casa é melhor que ganhar por 2 a 1 me lembra tempos atrás, quando falavam que o placar de 2 a 0 era muito perigoso, mais ainda que ganhar de 1 a 0, pois a equipe poderia relaxar durante a partida.

Mudanças para melhor

Contra a Itália, o Brasil jogou bem e bonito. Além dos belíssimos contra-ataques, o time trocou mais passes. Gilberto Silva, que jogava quase como um zagueiro, passou a atuar, a partir do jogo contra o Paraguai, no meio-campo.

Dunga, que dizia ser Ramires um meia, reserva de Kaká, mudou seu conceito ao escalar o jogador para atuar do jeito que sabe, marcando mais atrás para depois chegar ao ataque. A única diferença é que, no Cruzeiro, ele corre por todos os lados. Na Seleção, ele tem uma posição de referência, pela direita, como Elano.

Ainda há mais coisas para melhorar.

Cansaço mental

O sucesso prolongado e a pressão para mantê-lo leva a uma fadiga mental, a uma acomodação inconsciente e a uma auto-suficiência, quase uma soberba, de imprevisível duração. Acho que isso, mais que outros problemas, é o principal motivo da queda do São Paulo.

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