quarta-feira, fevereiro 11, 2009

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Elenco de apoio


Folha de S. Paulo - 11/02/2009
 

Precedido pela estocada de Lula na taxa de analfabetismo do "Estado mais rico do Brasil", governado pelo adversário José Serra (PSDB), o discurso que a presidenciável Dilma Rousseff fará hoje no encontro de prefeitos em Brasília será embalado por depoimentos elogiosos ao PAC e à "mãe do PAC". Estão escalados para desempenhar esse papel no evento os aliados João Coser (PT), de Vitória (ES), e Sílvio Barros (PP), de Maringá (PR).
No cálculo mais otimista do governo, a ministra da Casa Civil receberá, além de aplausos efusivos, um coro de "Brasil urgente, Dilma presidente", puxado pela grande quantidade de prefeitos petistas.

Assopra
Afiado contra Serra em público, Lula estava cheio de amor para dar em encontro pela manhã com o tucano Beto Richa, prefeito de Curitiba. Disse que telefonará a FHC para falar do projeto do governo que regulamenta a transição em Estados e municípios. E rasgou elogios ao comportamento do antecessor na transição de 2002. 

Natural
Lula perguntou se Richa vai mesmo disputar o governo do Paraná. O tucano respondeu que é cedo para decidir. O presidente disse achar "quase inevitável" que prefeitos de capital, se bem-avaliados, concorram ao governo de seus Estados. "Até o de São Paulo", afirmou Lula sobre Gilberto Kassab (DEM). 

Sem parar
Depois de ser exibida aos prefeitos, Dilma já tem novo palanque marcado: fará palestra sobre "PAC e geração de empregos" para os filiados da Força Sindical na próxima quarta em São Paulo. 

Travesseiro
Além dos cochilos de Dilma, a abertura do encontro com os prefeitos foi pontuada por incontáveis bocejos do presidente do BNDES, Luciano Coutinho. 

Crooner
Foi o próprio Lula quem pediu aos presidentes da Câmara, Michel Temer, e do Senado, José Sarney, que abrissem mão de falar no evento, devido ao calor e ao atraso da programação. Também a seu pedido, o anfitrião José Roberto Arruda (DF) fez apenas uma breve saudação.

Temperatura
Antes de proibir que deputados recebam seus salários em dinheiro vivo, Temer consultou informalmente integrantes da Mesa Diretora durante o dia de ontem. Queria saber se havia resistência à medida na Casa. Atualmente, cinco deputados sacam seus R$ 16,5 mil mensais na boca do caixa. 

Castelo...
Na Câmara, é dado como certo que o caso Edmar Moreira (DEM-MG) foi sepultado com sua degola da corregedoria. "A menos que surjam as notas fiscais da verba indenizatória, sabemos bem como funcionam as coisas no Conselho de Ética", diz Chico Alencar (PSOL-RJ). 

...de areia
Temer articula com líderes partidários na Câmara a publicação das notas fiscais da verba usadas pelos deputados em seus Estados (R$ 15 mil por mês). Mas a transparência começaria apenas em 2011, na próxima legislatura. O presidente acha que só assim a mudança seria digerida pelos deputados. 

Operante
De olho na mais recente encrenca da administração Kassab, a bancada do PT na Câmara paulistana se deu conta de que a funcionária Monica Krauter, responsável pela merenda escolar à época da licitação suspeita de fraude, continua na prefeitura. Assessora do secretário da Saúde, Januário Montone, ela vai coordenar o departamento de compra de remédios. 

Nunca antes
Ao assumir interinamente o Ministério da Justiça ontem, o secretário de Assuntos Legislativos, Pedro Abramovay, tornou-se o mais jovem ocupante da história da pasta. Tem 28 anos. O ministro Tarso Genro ficará oito dias no exterior.


Tiroteio

"Todo mundo acha que a Dilma será uma grande presidente. O problema é saber se ela será também uma grande candidata."

De RENILDO CALHEIROS (PC do B-PE), prefeito de Olinda, ao comentar a participação da ministra da Casa Civil no evento que reúne em Brasília administradores municipais eleitos em outubro passado.

Contraponto

Reforma ortográfica

Severino Cabral, prefeito de Campina Grande nos anos 60, ganhou fama tanto pela argúcia política como pelo contorcionismo que praticava com o idioma. Tinha o hábito de redigir pessoalmente os decretos do município paraibano. Para não dar vexame, contratou um jovem universitário encarregado de revisar seus escritos.
Numa dessas ocasiões, o prefeito perguntou:
-Como é que se escreve "passu"?
-Depende. Se for o paço municipal, é com cedilha. Se for do verbo passar, é com dois esses.
A explicação, porém, não satisfez o prefeito:
-Seu burro! Eu quero saber é do "passu" que "avoa"!

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