quarta-feira, janeiro 14, 2009

COLUNA PAINEL

Efeito cascata


Folha de S. Paulo - 14/01/2009
 

Um dos motivos que levam o governo a pressionar a indústria automotiva contra demissões é a avaliação de que os cortes devem se alastrar na cadeia de produção do setor -autopeças, siderúrgico e máquinas. O Palácio do Planalto se mostrou surpreso pela intensidade da deterioração do mercado de trabalho.
Anteontem, o presidente Lula telefonou para o ministro Carlos Lupi (Trabalho) assustado com a notícia de que 600 mil postos foram eliminados em dezembro. O número final do Caged (Cadastro Geral de Empregados) deve, na verdade, ultrapassar essa marca.
Também houve no último mês de 2008 forte aumento nos pedidos de seguro-desemprego em relação a igual período de 2007, diz o Ministério do Trabalho.

Curativo
Influente na CUT e no governo, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC levará ao governo proposta de mudar a legislação para permitir que contratos por tempo determinado possam ser renovados três vezes, e não duas. "Isso pode evitar muitas demissões na indústria automobilística", diz o presidente, Sergio Nobre, que ocupa lugar que já foi de Lula.

2010?
Recém-empossado prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT) almoça hoje com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). A ideia do petista é implantar o modelo das UPAs (Unidade de Pronto-Atendimento) no município do ABC. 

Luz, câmera...
Já o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), aproveitou ontem a inauguração do programa "Recreio nas Férias", no CEU Sapopemba, para gravar imagens suas brincando com crianças, que vão ao ar no programa de TV do DEM, dia 29. 

Em casa
O ex-prefeito Rogério Farias (PTB), irmão de PC Farias, teve a candidatura à reeleição cassada, mas continua dando as cartas em Porto de Pedras (AL). O vereador Amaro Júnior (PTB), que assumiu a cadeira até nova eleição, nomeou a mulher e a filha de Farias como secretários. O irmão de PC também apareceu anteontem em solenidade de assinatura de convênios. 

Caravana
O roteiro da provável viagem de Lula para promover a ideia de transposição das águas do rio São Francisco começa por Belo Horizonte, ainda no primeiro semestre. O presidente visitaria obras de saneamento que evitam o despejo de esgoto no rio. Em dez dias, ele iria a mais quatro Estados, de navio e helicóptero: Bahia, Pernambuco, Paraíba e Ceará.

Currículo
A Presidência da República contratou por R$ 45 mil, sem licitação, o consultor Caio Marini para fazer um diagnóstico das ouvidorias de agências reguladoras e sugerir mudanças. Especialista em administração pública, é um dos pais do "choque de gestão" do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), frequentemente criticado como exemplo de prática neoliberal por petistas. 

No, you can"t
Um grupo de deputados e senadores organizava uma comitiva para ir à posse de Barack Obama, no dia 20, mas teve seus planos frustrados pela Embaixada dos EUA. A diplomacia norte-americana negou aos congressistas brasileiros assento privilegiado na solenidade. 

Via satélite
"Iríamos em missão oficial, representando a Câmara, mas arcando com os custos. Daí eles disseram que não, que não tinha lugar... Assistir pela televisão, a gente assiste por aqui mesmo", lamenta o deputado Manato (PDT-ES), um dos integrantes da quase-comitiva. 

Indireta
Com a senha dada pelo ex-ministro José Dirceu, petistas começam a falar mais grosso com o PMDB. "Não vamos assistir impassíveis à tentativa do PMDB de presidir as duas Casas do Congresso. Achar que a eleição nas duas Casas não tem relação é irreal", diz a líder petista no Senado, Ideli Salvatti (SC).

Tiroteio

"Mesmo com tanto dinheiro, não se vê uma obra de infraestrutura. Espero que haja explicação para essa incompetência da governadora."

Do senador MÁRIO COUTO (PSDB-PA), sobre a declaração da governadora Ana Júlia Carepa (PT-PA), para quem a "identidade ideológica" do seu governo facilitou a liberação recorde de investimento público em obras para abrigar o Fórum Social Mundial.

Contraponto

Pronto-atendimento

Antes mesmo de começar, a assembleia dos servidores da Câmara que tratou ontem do plano de saúde da categoria já estava tumultuada. Centenas de funcionários gritavam "fora!" e "renúncia!" para a atual diretoria do sindicato, que havia sugerido mudanças no sistema.
Após quase meia hora de gritos e ameaça de agressões físicas, o vice-presidente do sindicato, Eduardo Lopes, pediu a palavra, num raro momento de silêncio.
-Boa tarde. Vamos então começar a assembleia- disse ele, um tanto trêmulo. Ao pedir calma, se atrapalhou.
-Gostaria de pedir que os ânimos se acirrassem...
Os berros recomeçaram com força total.

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