domingo, novembro 23, 2008

SUELY CALDAS

Tarda, não chega, mas pode chegar

O Estado de S. Paulo - 23/11/2008
 

Antes tarde do que nunca, diz o provérbio. Mas quando o tempo tarda e nada acontece, o nunca triunfa. Assim foi o governo Lula com as reformas estruturais: o tempo passou, o governo se acovardou e o nunca saiu vencedor. Se elas já faziam falta antes, fazem muito mais agora com a crise econômica que se aproxima. Mas na terça-feira o ministro da Justiça, Tarso Genro, fez um estranho mea-culpa: foi um erro incluir direitos trabalhistas na Constituição, arrependeu-se.

“A reforma trabalhista é muito importante. Não se trata de flexibilizar direitos. Há novas formas de trabalho e de produção. Sem mudanças a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) será cada vez menos aplicável e ao lado dela se criará um vácuo”, argumentou, para espanto de empresários que foram ouvi-lo em debate promovido para Confederação Nacional da Indústria. Com menor espanto, no mesmo dia, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, também defendeu a aprovação das reformas tributária e trabalhista como armas para enfrentar a crise econômica global.

A tributária está no Congresso e o governo batalha por sua aprovação. Mas dois ministros de Estado defenderem a reforma trabalhista no mesmo dia só pode conduzir a uma intrigante dúvida: expressam idéias pessoais, isolados do resto do governo, ou estariam disparando balão-de-ensaio combinado com o presidente Lula para introduzir o tema em debate e testar reações?

Herique Meirelles não surpreende. Afinal, ele não é petista e, como presidente do BC, é sua obrigação defender o que é melhor para o País, e não sair por aí fazendo proselitismo político. Mas Tarso Genro é um disciplinado quadro do Partido dos Trabalhadores (PT), líder de uma corrente à esquerda que vê os direitos trabalhistas como intocáveis. Por que reintroduzir no cenário um tema já morto, sepultado por sindicalistas da CUT e pelo PT no natimorto Fórum Trabalhista? Estaria atuando a mando de Lula?

Antes mesmo de assumir o governo, em 2002 o ex-ministro Antonio Palocci convenceu Lula da necessidade das reformas. Como a previdenciária era a mais difícil, Lula tratou de conceber logo a proposta sem maiores discussões, mas confiou-a à pessoa errada: inábil e fraco, o ex-ministro da Previdência Ricardo Berzoini construiu um projeto tímido, capenga e até hoje não aplicado porque depende de regulamentação. Errou novamente ao criar um fórum com empresários e trabalhadores para discutir as reformas sindical e trabalhista. Resultado: perdeu tempo em desentendimentos intermináveis, o fórum foi desfeito e as duas reformas fracassaram.

Começou o segundo mandato e pôs em pauta um segundo projeto para a Previdência, desta vez focado nos trabalhadores regulados pelo INSS. Mas como Lula e companheiros demoram a aprender com os erros, reprisou o fracassado Fórum Trabalhista para debater e formular a proposta. Resultado: novo fiasco, o fórum foi desfeito sem acordo e Lula desistiu da idéia de reformar a Previdência e dar racionalidade aos seus gastos.

Depois de seis anos de mandato, o governo Lula não fez nenhuma das reformas estruturais. Desistiu, confiando no inconfiável: que a insustentável corrente da felicidade, que levou prosperidade ao mundo nos últimos anos, seria interminável. O crescimento econômico se daria mesmo sem reformas.

Agora que chegou a hora da verdade e, no mundo, bancos quebram, bolsas despencam, o desemprego se alastra e a recessão leva à falência monstros sagrados como a GM americana, Tarso Genro (ou seria Lula?) faz sua autocrítica, fala em arrependimento por não ter enxergado o que há anos está escancarado: as relações de trabalho mudaram, a automatização trouxe formas novas de produção, empresas ignoram a CLT e aplicam sua própria lei, metade dos trabalhadores atua sem nenhuma proteção legal e o governo não fiscaliza, porque descumprir a CLT virou regra, deixou de ser exceção.

Uma reforma trabalhista só não interessa a sindicalistas pelegos sustentados com dinheiro público do Ministério do Trabalho. Ela é necessária para atrair investimentos, reduzir o custo de produzir no Brasil, atualizar regras de relações de trabalho e incluir trabalhadores excluídos da lei.

Lula tem à frente dois anos de mandato, uma crise econômica que promete ser longa e cacife político de sua popularidade em alta. Três ingredientes que deveriam estimulá-lo a sair da inércia e não delegar a Tarso Genro, mas chamar a si a responsabilidade de liderar e conduzir a reforma trabalhista. 

FRASES DO IDIOTA



Lula Sensível 

"Estou vendo aqui companheiros portadores de deficiência física. 
Estou vendo o Arnaldo Godoy sentado, tentando me olhar, mas ele não pode me olhar porque ele é cego. 
Estou aqui à tua esquerda, viu, Arnaldo! 
Agora, você está olhando pra mim... " 

Fonte: Site da Radiobras, 27/06/2003. 


Lula Estrategista 

"Não adianta ter um bando de generais e de soldados". 
Falando no Clube do Exército em 15 de dezembro de 2003. 

Fonte: Informativo do Exército Brasileiro, 17/12/2003 e vários jornais 


Lula Cultural 

"Não é mérito, mas, pela primeira vez na história da República, a República tem um presidente e um vice-presidente que não têm diploma universitário. Possivelmente, se nós tivéssemos, poderíamos fazer muito mais." 

Fonte: Primeira Leitura 13/09/2003 e Radiobrás 


Lula Poligrota digo, Poliglota 

"Estou otimista porque estamos reduzindo as taxas de interesses dentro do Brasil." 
Falando à Cúpula das Américas em Moterrey, a 13 de janeiro de 2004. 
"Tasa de interés" significa, em espanhol, taxa de juros. 
'Taxas de interesse não significa nada em língua alguma. 

Fonte: Estadão -13 de janeiro de 2004 


Lula Oportuno 

"Há males que vêm para bem". 
Ao agradecer ao presidente da Rússia pelo apoio que seu país estava dando às investigações do acidente de Alcântara, quando morreram 19 técnicos. 

Fonte: Vári os jornais 


Lula Matemático 

"Aprendi a contar até dez, apesar de só ter nove dedos, que é para não cometer erros. Um erro em qualquer outro governo é mais um erro. 
No nosso, não pode acontecer." 
Lançamento do Plano Safra para a Agricultura Familiar, em 24/07/2003). 

Fonte: Vários jornais 


Lula Nostradamus 

"Não tem geada, não tem terremoto, não tem cara feia. 
Não tem Congresso Nacional, não tem um Poder Judiciário. 
Só Deus será capaz de impedir que a gente faça este país ocupar o lugar de destaque que ele nunca deveria ter deixado de ocupar." 

Em discurso na CNI, Confederação Nacional da Indústria 


Lula Legislador 

"Tem lei que pega e tem lei que não pega. Essa do Primeiro Emprego não pegou". 

Fonte: ESTADÃO


Lula Mártir 

"O bom de ser governo é do dia em que você é eleito até a posse. 
Depois, é só problemas." 

Discurso em 24 de março de 2004 . 


Lula Bíblico 

"Se fosse fácil resolver o problema da fome, não teríamos fome."... 
"Deus pôs os pés aqui (no Brasil) e falou: 
'Olha, aqui vai ter tudo. Agora, é só homens e mulheres terem juízo que as coisas vão dar certo'." 
Falando na abertura da Expo Fome Zero, em 10 de fevereiro de 2004 

Fonte: Site da Radiobras, 10/02/2004 


Lula Nostradamus II 

"Será o maior programa social já visto na face da Terra." 
Falando no Pará sobre o Bolsa-Família, em 26 de fevereiro de 2004. 

Fonte: FolhaOnLine, 27/02/2004 


Lula Prodígio 

"Eu sou filho de uma mulher que nasceu analfabeta." *(THE BEST) 
Falando no Dia Internacional da Mulher, em 8 de março de 2004. 

Fonte: Radiobrás da data e vários jornais. 


Lula Sutil 
(como uma manada de hipopótamos ou mamutes..) 

"Estou com uma dor no pé, mas não posso nem mancar, para a imprensa não dizer que estou mancando porque estou num encontro com os companheiros portadores de deficiência". 
Encontro com atletas paraolímpicos, em dezembro de 2003. 

Fonte: Unifolha de Campo Grande, 02/12/1002 e Tribuna da Imprensa, 
04/12/2003. 


Lula Sensível II 

"O objetivo (desta competição) é conquistar vagas para os jogos paraolímpicos de Antenas (sic), em 2004, nas modalidades basquete, vôlei masculino e feminino e adestramento. E aumentar a quantidade de vagas em atletismo, natação, ciclismo e esgrima". 
"Todos vocês vão competir a uma vaga para Antenas (sic)? 
E quem é que acha que vai ganhar? Levante a mão aí para ver". 

Fonte: Unifolha, 02/12/2003 


Lula Ecumênico 

"Um brinde à felicidade do presidente Al Assad". 
O presidente sírio não se levantou nem ergueu a taça porque os muçulmanos não ingerem bebidas alcoólicas. 

Fonte: Tribuna da Imprensa, 04/12/2003 


Lula Ficção 

"Quando Napoleão foi à China". 

Citado por Miriam Leitão, em O Globo, 01/05/2004 e lido em vários 
jornais 


Lula Cavalheiro 

"... a galega (a primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva) engravidou logo no primeiro dia, porque pernambucano não deixa por menos". 
Na Fenadoce, em Pelotas, 17/06/2003. 

Fonte: Vários jornais 


Lula Politizado 

"Daqui a dois ou três anos possivelmente não estaremos aqui, talvez sejam outros. E nem será o Tony Blair que estará convidando, será outra pessoa". 
Em reunião de Chefes de Estado em Londres, onde o regime é parlamentarista e o mandato do primeiro-ministro não tem prazo para acabar. 

Fonte: O Globo, 15/07/2003 e jornais do mundo inteiro 


Lula Diplomático II 

"Um país que constrói um monumento daquela magnitude tem tudo para ser mais desenvolvido do que é atualmente." 
Na Índia, referindo-se ao Taj Mahal, em 29 de janeiro de 2004. 

Citado por Miriam Leitão, em O Globo de 01/05/2004. 


Lula Patriota 

"Em qualquer lugar do mundo que eu vou, eu tenho que levar flores ao túmulo do herói nacional. No Brasil não tem." 
Falando em 19 de julho de 2004 no lançamento da campanha 
"O melhor do Brasil é o brasileiro". 

Fonte: Site da Radiobrás e vários jornais . 


Lula Controverso 

"Pobre do país que precisa de heróis para defender a dignidade. Pobre do país que precisa de mártires para defender a liberdade ou de mortos para defender a vida." 
Falando em 29 de junho, na abertura da Conferência Nacional dos Direitos Humanos. 

Fonte: Site da Radiobras e vários jornais. 


Lula Filósofo 

"O governo tenta fazer o simples, porque o difícil é difícil." (BRILHANTE) 
1ª Conferência Nacional do Esporte, em 17 de junho de 2004. 

Fonte: Folha de São Paulo, 18/07/2004 


Lula Poeta 

"O Atlântico é apenas "um rio caudaloso, de praias de areias brancas", que une os dois países." 
Falando no Gabão sobre a aproximação entre o Brasil e aquele país. 

Fonte: O Estado de São Paulo, 27/07/2004 


Lula Antenado 

"Cumprimento o presidente da Mercedes-Benz... 
Pois eu quero dizer na frente do presidente da Mercedes-Benz (...)" 
Falando no Palácio do Planalto, em 6 de fevereiro de 2 004, ao presidente mundial da General Motors, Richard Wagoner. 

Fonte: Folha OnLine de 07/02/2004

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DORA KRAMER

Missão presidencial

O Estado de S. Paulo - 23/11/2008
 

Data marcada (terça-feira última), convites despachados, horas antes do jantar em que o presidente Luiz Inácio da Silva tentaria convencer os senadores do PMDB a desistir da presidência do Senado e deixar a vaga para o PT, o encontro foi cancelado.

Por orientação da própria cúpula pemedebista, que mostrou a Lula o tamanho da enrascada: terreno conflagrado, público astuto e jogo para lá de ambíguo. Por isso, não convinha contrariar a regra segundo a qual presidente da República só entra em conflito depois de tudo resolvido.

O caso, porém, é tão delicado que Lula precisará, mais cedo ou mais tarde, ele mesmo resolver a questão. Não daquele jeito de sempre, vendendo autoconfiança em público. De uma forma mais jeitosa, discreta, ritualística.

O roteiro da solução do atrito entre PT e PMDB na disputa pelas presidências do Congresso está sendo escrito na Esplanada dos Ministérios e já tem pronta a primeira cena: uma conversa de presidente para ex-presidente entre Lula e o senador José Sarney. 

Segundo seus autores, Sarney compreenderia a dimensão do problema, pois conheceu ao longo da vida e durante o período na Presidência da República os caminhos, as pedras e as cobras. 

Sabe que Congresso tumultuado e base de apoio parlamentar desorganizada é complicação na certa. No último período do último mandato pode ser fatal, custar a entrega do poder ao adversário.

Aconteceu com Fernando Henrique Cardoso em 2001, quando PMDB e PFL se desentenderam por motivos outros, a briga repercutiu na eleição para as presidências da Câmara e do Senado, o PSDB tirou do pefelê a vez na presidência da Câmara (foi eleito Aécio Neves) e, no ano seguinte, a aliança entrou no processo de sucessão toda desarrumada. 

Lula não deve só a isso sua eleição, mas deve também. Portanto, foi aconselhado por personagens que acompanharam bem de perto aquela confusão a tomar agora suas precauções.

Não deixar o embate correr frouxo, como fez Fernando Henrique na época. Acompanhar de perto o suficiente para não perder o controle, mas de longe o bastante para não parecer interferência excessiva nem sofrer os efeitos de possíveis balas perdidas.

Entrar naquele jantar marcado para terça-feira passado munido apenas de uma dose cavalar de auto-estima seria um risco desnecessário. Daí o cancelamento.

A retomada do domínio seria a conversa entre Lula e Sarney. Nela, o presidente procuraria levar o senador Sarney a pôr na mesa algumas cartas. Suficientes para que possa compreender ao menos o nome do jogo.

Até agora o Palácio do Planalto só conseguiu vislumbrar por trás da insistência do PMDB em ficar com as presidências das duas Casas as digitais do senador Renan Calheiros.

Oficialmente, corre a versão de que Calheiros faz carga contra a candidatura do senador Tião Viana por mágoas restantes do processo que resultou na renúncia ao cargo de presidente do Senado. Renan Calheiros estaria inconformado com a posição excessivamente imparcial de Viana na época.

Não há, contudo, um só dirigente do PMDB ou uma só pessoa que conheça razoavelmente o senador alagoano que acredite nessa versão. Por absoluta impossibilidade de Renan Calheiros agir movido a sentimentos. Bons ou ruins. Sendo seu motor o interesse, a mágoa é motivação insuficiente.

Mais provável, se conclui, é que esteja atrás do prestígio perdido, da capacidade de movimentar pressões ao ritmo de sua vontade. Mas, como já não tem força própria para tanto, escora-se em José Sarney. 

E o objetivo deste na história é o que interessa ao Palácio do Planalto esclarecer a fim de apartá-los e, assim, deixar Renan Calheiros se movimentar com seu próprio combustível. 

Como Sarney não abrirá a guarda com ninguém do partido, a cúpula do PMDB não vê outra saída, a não ser Lula tentar diretamente, numa conversa franca, saber aonde quer chegar o ex-presidente: se pretende mesmo ser ungido à presidência do Senado como se diz, ou se isso já é página virada em sua vida, como ele diz. 

Mas como abordar o assunto sem dar margem a tergiversações? 

A sugestão é que Lula faça um apelo candente a Sarney para que pacifique o PMDB, leve o partido a aceitar a partilha do comando do Congresso ficando com a Câmara, deixando o Senado para o PT.

No lance definitivo, pediria a Sarney que assumisse a coordenação da campanha de Tião Viana. A suposição é a de que não poderá se recusar sem dizer o motivo ou assumir que defende o rompimento do equilíbrio de poder entre os dois parceiros.

Na hipótese de assumir a própria candidatura, assunto encerrado. Se hesitar, fica aberto o caminho para que diga, então, qual é mesmo o problema, cuja solução só Lula dispõe de instrumentos para encontrar. 

Se aceitar, estará resolvido o primeiro dos três pré-requisitos - os outros dois são o andamento da crise econômica e a escolha da candidatura - para o PMDB decidir de que lado fica na sucessão presidencial.

AGRESSIVA

Essa é para um domingo a noite.
Depois de uma praia e muitas cervejas, você vem na minha VARANDA e vê essa gata, depois, olha para a que está do seu lado. Que você faz? Quer um revolver? Eu empresto.

CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR E TENHA MAIS RAIVA

RICARDO BOECHAT

Revista Isto É
Com RONALDO HERDY

FLEX
Goela larga
Nos últimos dias, os usineiros aumentaram em 7,8% o preço do álcool vendido às distribuidoras. Transferiram a culpa pelo abuso a uma tal "pré-entressafra", que ninguém sabe exatamente o que significa. Como resultado, o álcool nos postos subirá seis centavos por litro, em média, a partir deste sábado 22.

MEDICINA
Made in Brazil
Médicos do Hospital do Fundão, no Rio de Janeiro, realizaram este mês uma cirurgia inédita, capaz de reduzir a fila de espera por transplantes de pulmões. Através do nariz, válvulas especiais foram implantadas em dois voluntários, vítimas de doença pulmonar obstrutiva crônica, que atinge sete milhões de brasileiros, matando 40 mil por ano. O ótimo resultado normalizou o fluxo respiratório dos pacientes.

SERVIÇO PÚBLICO
Debandada
Nesta semana, 30 funcionários do Ministério da Justiça pediram transferência para a Funai. Não é amor à causa indígena. Só sobrevivência. Como a fundação ganhou novo plano de cargos e salários e a pasta não, a mudança significará aumento médio de R$ 2 mil no contracheque.

JUDICIÁRIO
Atraso
Fato incomum no passado, as sessões do STF não têm primado pela pontualidade. Marcadas para as 14h, há casos de início até meia hora depois. Profissionais vindos de outros Estados que atuaram nos processos foram afetados pelo atraso. Muitos perderam vôos na hora de deixar Brasília, por terem chegado tarde ao aeroporto.

CONSUMO
Mais tarde
A Secretaria de Direito Econômico baixará portaria na semana que vem, adiando de 6 de dezembro para prazo indeterminado a exigência de classificação, como refrigerante, das águas com sabor existentes no mercado. Liminar judicial favorável à H2OH, obtida pela Inbev, pesou na decisão. O departamento negocia ainda com as indústrias novas embalagens para esses produtos.


CONCURSO
Pente finíssimo
O edital para o concurso de abril de 2009 do Departamento Penitenciário Federal sairá na próxima semana. A impressão digital dos candidatos será colhida na hora da prova, cada teste terá perguntas distribuídas de forma diferente e os mil aprovados sofrerão uma "investigação social". Quem tiver parente preso envolvido com facção do crime organizado não será contratado.

EXÉRCITO
Falou, dançou
Lotado no Hospital de Guarnição da Vila Militar do Rio de Janeiro, o 1º Sargento Rogério da Silva Gomes cumpre 26 dias de prisão no Batalhão da Polícia do Exército. Foi punido por ter entregue ao MPF relatórios apontando fraudes em licitações de material médico. Ele será transferido para um quartel em Bagé (RS). As denúncias serão apuradas em processo sigiloso.

SERVIÇO SECRETO
Entre eles
Presidente da Asbin (Associação dos Servidores da Abin), Nery Kluwe responde a três sindicâncias, todas relacionadas ao exercício de advocacia privada. Na segunda-feira 17, em Brasília, o diretorgeral interino da agência, Wilson Trezza, disse que, "por ferir o regimento interno, o trabalho é irregular".

CÂNCER
Mães & filhos
Na quinta-feira 27, o Instituto Nacional do Câncer e a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica divulgam o inédito estudo "Câncer na Criança e no Adolescente no Brasil", cobrindo a população de zero a 19 anos. Há números alarmantes. Em oito Estados constatou-se alta incidência da doença entre filhos de mães que usaram hormônios na gravidez.


ÁLCOOL 1
Investimento
A Shell está praticamente fechando a compra da Cosan, maior produtora nacional de açúcar, álcool e etanol. O grupo de Piracicaba (SP) foi destaque no noticiário, em maio, ao abocanhar a Esso do Brasil. No negócio, que pavimentaria sua estréia na revenda de combustíveis, pagou quase R$ 1 bilhão. Pelo visto, o projeto não emplacou.

ÁLCOOL 2
Crise
Análises do Bradesco apontam o setor sucroalcooleiro como o que mais sofrerá, no Brasil, as conseqüências da crise global. O setor se endividou muito no primeiro semestre, inclusive em dólares, para comprar terras e montar usinas. Algumas empresas estão, literalmente, pela bola sete.

JOVENS
Preto no branco
Segunda-feira 24, em Brasília, Lula tirará da geladeira a Lei do Aprendiz. Aprovada há cinco anos, ela fracassou na tentativa de impor às empresas a contratação de cotas mínimas de estudantes. Ao lado do ex-jogador Raí, fundador de ONG engajada na causa, Lula prometerá que, até 2010, o programa alcançará 1,5 milhão de jovens.

REVISTA ISTO É


A polêmica da próstata



Orientação do governo para que homens sem sintomas não façam o exame de toque irrita médicosGreice Rodrigues


Uma recomendação do Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgada na última semana provocou uma polêmica como há tempos não se via na comunidade médica. O órgão publicou nota desaconselhando homens sem sintomas a fazerem o exame clínico (toque retal) e o teste sangüíneo para medir a dosagem do PSA (sigla de antígeno prostático específico) como forma preventiva de diagnóstico de câncer de próstata. Segundo o instituto, as medidas só seriam indicadas nos casos em que há sinais como presença de sangue na urina, dor ou queimação ao urinar.
As justificativas da entidade são muitas. Primeiro, argumenta que não existe comprovação científica de que, do ponto de vista da saúde pública, os exames reduzam a mortalidade. O Inca afirma ainda que nem todos os tumores precisam de tratamento. "Se for do tipo que evolui lentamente, o paciente pode conviver com ele sem danos à saúde", defende a epidemiologista Ana Ramalho, gerente da Divisão de Gestão da rede oncológica do Inca.
A posição deixou as entidades médicas perplexas. De acordo com o urologista Ubirajara Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia - Seção São Paulo, a recomendação representa um retrocesso na luta contra uma doença curável se diagnosticada cedo. "Esperar a ocorrência de sintomas para ir ao médico é um risco que pode custar a vida. Os sinais indicam tumor em estágio avançado", diz. Esse risco o empresário paulista Carlos Alberto Ruano, 54 anos, não quis correr. Aos 45 anos, submeteu-se aos exames. "Não tinha sintomas, mas queria ter certeza de que estava tudo bem. O resultado foi normal", conta. Há dois anos ele repetiu os testes, negativos novamente. Na avaliação do especialista Miguel Srougi, uma das maiores autoridades no assunto, o instituto se baseou em estudos ainda não concluídos para tomar a decisão. "A declaração vai condenar milhares de homens a morrer sem tratamento", critica.
Na opinião do médico Ferreira, a atitude do instituto pode visar uma redução de gastos na saúde pública - sabe-se que o rastreamento tem custos elevados para o governo. A médica Ana Ramalho, do Inca, contesta. "Não estamos decidindo isso pelo custo, mas pela inexistência de benefícios. Não há por que gastar dinheiro público com o que não traz resultados", afirma. De qualquer maneira, os médicos não ligados ao Inca continuam a recomendar a realização dos testes.


ESTÃO BINCANDO COM MINHA PRÓSTATA
Agora fudeu de vez. O govêrno, diz que não é para meter o dedo no rabo (o que ele sempre faz), os médicos falam que é para meter o dedo no furico. E nós, fazemos o quê? Bem, vou ficar com a bunda pra cima esperando eles tomarem uma descisão.

CARLOS EDUARDO NOVAES

 Conflito existencial 

Jornal do Brasil

Julio não pregou os olhos de ontem para hoje. Só de pensar em torcer pelo Vasco perdeu o sono. Um rubro-negro, de dormir enrolado na bandeira, ter que incentivar o Bacalhau à vitória é tão improvável quanto o Protógenes almoçar com o Daniel Dantas. Julio não tem o menor cacoete de vascaíno, nem sabe chegar de carro a São Januário, mas espera que os deuses reconheçam o sacrifício supremo e recompensem seu Flamengo.

– Aqui não! – berrou a mulher, que já amanheceu com a camisa do Fluminense. – Aqui ninguém vai torcer pelo Vasco!

O Vasco, pendurado na beira do abismo – por três dedos – é um adversário direto do Fluminense, pendurado por seis dedos.

– Mas mulher...– ponderou Julio. – É só de mentirinha...

– Como "de mentirinha"? Você finge que torce, mas não torce?

– Eu TENHO que torcer entende? Não é devoção: é obrigação. Você sabe que tenho horror ao Vasco!

– Isso pra mim é esquizofrenia. Ninguém torce por nada a que tenha horror! Não dá para torcer um pouco pelo São Paulo?

– O que? Impossível! Estou com horror do São Paulo! Para mim o São Paulo hoje é o Vasco amanhã

– Só um pouquinho vai...Para ajudar o Fluminense!

– Ajudo o Fluminense e desajudo o Flamengo! Não dá, minha nega. Não tenho mais espaço. Já foi muito difícil acomodar tudo dentro de mim. Veja. O Flamengo vai ficar com 75% da minha torcida, separei 10% para o Vasco e...

– Então – cortou ela. – Sobram 15%! Não dá para dedicar 5% ao Fluminense?

– Não dá, minha fofa. Esses 15% já estão comprometidos com o Vitória contra o Grêmio!

– Por que 15% para o Vitória??

– Porque o Vitória é rubro-negro como o Flamengo! Sinto mais prazer...

A mulher não gostou da explicação:

– Então vai pra casa do Carlos! Aqui só se aceita tricolores, do Rio ou de São Paulo.

Acredita que Julio apareceu lá em casa e me pediu para juntar todos os televisores em um mesmo lugar? Perguntei se ele estava precisando de uma sala de edição.

– É que os jogos do Flamengo, do Vasco e do Vitória são no mesmo horário – disse ele.

– Você não vai conseguir acompanhar os três jogos ao mesmo tempo!

– Claro que vou! Não é a primeira vez que faço isso. Criei uma técnica.

Julio explicou que começaria pelo jogo do Flamengo. "Quando a bola sair de campo passo para São Januário, quando a bola sair vou para o Barradão. Entendeu? É como se eu tivesse um controle remoto no olho. Vou mudando de jogo a cada pausa".

Deu uma trabalheira dos diabos, Julio está de pé quebrado e não ajudou muito a carregar os aparelhos. Quando estávamos sentados no chão acertando aquele emaranhado de fios Marta chegou da Lagoa:

– Que está acontecendo? – perguntou sem entender.

– É que o Julio quer assistir a três jogos ao mesmo tempo!

Marta não liga para futebol. Olhou-nos com cara de poucos amigos e resmungou:

– Vocês acham que é pouco ver 22 caras correndo de calção e chuteiras? Agora tem que ser 66??

AUGUSTO NUNES

Sete Dias

jornal do brasil

A crise desmoralizada – Sem medo da marolinha, o governo anistia os exploradores da pilantropia

"Qui prodest?", perguntavam em latim, já na abertura da investigação, os encarregados de (ou interessados em) elucidar alguma delinqüência ocorrida nos domínios do Império Romano. "A quem isso aproveita?", continuam ensinando a perguntar, em juridiquês, professores das Faculdades de Direito. "Quem saiu ganhando com essa bandidagem?", deveriam aprender a perguntar, em língua de gente, milhões de brasileiros sucessivamente afrontados por tungas concebidas por punguistas federais em parceria com meliantes disfarçados de empresários.

Se o Brasil fizesse sentido, até as tribos isoladas na Amazônia estariam perguntando aos berros quem sairá ganhando com a Medida Provisória nº 446 (podem chamá-la de MP da Pilantropia que ela atende). Enviada ao Congresso numa sonolenta segunda-feira, destina-se em tese a "organizar o recadastramento das entidades filantrópicas". Na prática, é uma ultrajante prova material de outra ilegalidade bilionária. A assinatura do presidente não o transforma necessariamente em suspeito. Lula não escreve sequer bilhetes pedindo para acordar mais cedo.

A pretexto de esvaziar os armários onde cochilam milhares de pedidos de renovação de certificados de filantropia, o governo juntou culpados e inocentes no mesmo balaio presenteado com a anistia ampla, geral e irrestrita. Tanto instituições respeitáveis quanto entidades menos confiáveis que os 40 do Mensalão ficam liberadas do acerto de contas.

O papelório oficializa a aprovação automática de quase 8.300 pedidos estacionados no Conselho Nacional de Assistência Social. A imensidão de requerimentos contemplada pelo perdão inclui pelo menos 2.274 entidades escancaradamente envolvidas com pilantragens e patifarias que garantem o sono dos exploradores da pilantropia.

Assustados com a possibilidade da perda do direito à isenção fiscal, os filantropos de araque festejam desde a semana passada a MP da Pilantropia. Aprovada a abjeção, estarão dispensados de pagar os mais de R$ 2,1 bilhões que devem aos contribuintes forçados a sustentar governos perdulários. Não é pouca coisa, mas é só parte do desperdício.

Sob a alegação de que o Executivo anda emperrando a pauta do Legislativo com a demasia de medidas provisórias, o presidente do Senado, Garibaldi Alves, decidiu devolver a MP ao Planalto. Mas a esperteza descansa numa comissão, à espera das manobras do Planalto. Se a aliança governista for obediente, Lula vai provar que a crise pode ter cara de tsunami em outras paragens. Por aqui, é uma marolinha. Tanto é que o governo se recusa a receber uma bolada que nem os americanos deixariam de embolsar.

Em 2007, graças à isenção fiscal concedida a 5.630 entidades, saíram pelo ralo R$ 4,4 bilhões. Entre janeiro e setembro deste ano, a generosidade suspeitíssima resultou no sumiço de R$ 3,6 bilhões. Nada demais, explica o deputado Henrique Fontana, líder do governo na Câmara. "Não podemos desconsiderar o princípio da presunção da inocência", declamou. Qui prodest?

Boa pergunta. A resposta está nos gabinetes onde se homiziam figurões federais e nas salas da presidência de empresas que simulam amor ao próximo para lucrar com vigarices.

 Dengue dispensa a ajuda de Serra

José Serra acabara de deixar o Ministério da Saúde para disputar a Presidência quando os primeiros casos de dengue anunciaram a epidemia de 2002. Culpa do ex-ministro e do seu chefe FHC, decretou o também candidato Lula. Neste fim de primavera, a doença só não ressurgiu ainda mais musculosa no Estado que Serra governa. Os 44.760 casos registrados em São Paulo no primeiro trimestre de 2007 caíram para 1.297 neste ano. Há cinco meses a dengue não dá as caras na capital. Serra está fora dessa. Lula não abriu o bico sobre a epidemia. O Brasil deduz que, como em 2002, a culpa é do presidente e do seu ministro.

 Um bandido a menos no clube

Mais de oito anos depois de ter executado Sandra Gomide com uma bala nas costas e outra na cabeça, o jornalista Antonio Pimenta Neves continua em liberdade. Mas não poderá trabalhar como advogado: a OAB negou-lhe a carteirinha que reivindicava. Se foi o começo da grande faxina, o clube dos bacharéis terá de excluir do quadro de associados os milhares de office-boys dos bandos que governam os presídios. Essa multidão garante a eficácia do único serviço de pronta entrega especializado em celulares, mulheres, armas ou sentenças de morte. Como o rábula Pimenta Neves, todos devem ser transferidos da OAB para a cadeia.

 Dantas volta ao centro do palco

O relatório do delegado Ricardo Saadi, objetivo e consistente, recolocou as coisas no devido lugar: os holofotes que acompanham as pirotecnias de Protógenes Queiroz e a loquacidade do juiz Fausto De Sanctis devem concentrar-se nas bandidagens promovidas pela quadrilha liderada por Daniel Dantas. Só o advogado Nélio Machado vive jurando, sem ficar ruborizado, que seu cliente jamais delinqüiu. Mas é improvável que o doutor se atrevesse a declamar a enormidade caso estivesse conectado a um detector de mentiras que revidasse com choques cada tentativa de enganá-lo. Já teria sido eletrocutado.

DOMINGO NOS JORNAIS


Globo: Mitos Cariocas – Cariocas dizem que só 9% respeitam sinal de trânsito

 

Folha: Preconceito racial diminui no país

 

Estadão: Crise em países ricos e queda de preços abalam exportação

 

JB: Dor e revolta no canteiro de obras

 

Correio: Discriminação

 

Valor: Empresas hesitam entre poupar e fazer aquisições

 

Gazeta Mercantil: BB compra Nossa Caixa em negócio de R$ 7,6 bilhões