segunda-feira, dezembro 01, 2008

COLUNA PAINEL

Pela porta


Folha de S. Paulo - 01/12/2008
 

Enquanto o Congresso não aprova a aguardada "janela da infidelidade", período de um mês durante o qual será possível trocar de partido sem risco de perder o mandato, começam a proliferar pedidos de mudança com base nas duas exceções abertas pelo Tribunal Superior Eleitoral -"perseguição" e "mudança programática". Cinco deputados federais -Betinho Rosado (DEM-RN), Felipe Bornier (PHS-RJ), Rogério Marinho (PSB-RN), Gervásio Silva (PSDB-SC) e Marcos Antônio (PTB-PE)- já acionaram a corte.
O TSE tem sido compreensivo. Os pedidos de Silva (ex-DEM) e de Marcos Antônio (ex-PSC) já foram aceitos pelos juízes. Os demais estão em tramitação.

Disseminado
O expediente também vem sendo usado em Estados e municípios. Em São Paulo, 27 vereadores já pediram à Justiça Eleitoral para mudar de partido. Outro exemplo é o vice-governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço. Ele quer trocar o PSDB pelo PMDB ou o PDT para disputar o governo.

Emendas 1
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que tem como bandeira eleitoral o projeto Cimento Social, destinou quase toda a sua cota de emendas (R$ 9,9 milhões) para a construção e reforma de casas em favelas. 

Emendas 2
A deputada Manuela D"ávila (PC do B-RS) propôs verba para duas ONGs ligadas a seu partido -R$ 400 mil para o Centro de Estudos da Juventude e R$ 100 mil para a Unegro. Ela diz que apresentou as emendas em razão dos projetos das ONGs. 

Emendas 3
Já Michel Temer (PMDB-SP), candidato à presidência da Câmara, inscreveu no Orçamento de 2009 emenda de R$ 100 mil para a construção de memorial para Ulysses Guimarães. 

Outro lado
Governistas dizem que os tucanos não têm do que reclamar quanto à rejeição, pela Comissão de Orçamento, de emenda que destinaria R$ 490 milhões ao metrô paulista. Lembram que foi Eliseu Padilha (PMDB-RS), presidente do comitê de admissibilidade e próximo do PSDB, quem descartou a emenda, porque o projeto não faz parte do Plano Plurianual.

Termômetro 1
Em pesquisa realizada pelo Ipespe por encomenda do Palácio dos Bandeirantes, 72% dos entrevistados declararam aprovar o governo de José Serra. A administração do tucano foi reprovada por 15%. 

Termômetro 2
O levantamento identificou os mesmos 72% de aprovação ao governo Lula no Estado de São Paulo, mas um percentual maior de desaprovação: 20%. 

Sem marola
A rejeição, pela bancada do PT na Assembléia paulista, do acordo de venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil provoca desconforto na direção nacional do partido. A cúpula deve procurar os deputados para pedir moderação às críticas a um acordo que foi avalizado por Lula e Dilma Rousseff. 

Quintal
O fechamento de algumas agências da Nossa Caixa é inevitável. A começar do posto hoje instalado dentro da própria Assembléia Legislativa, que funciona praticamente ao lado de uma agência do Banco do Brasil. 

Pesos e medidas
Para irrigar o caixa da Petrobras, a Caixa Econômica Federal emprestou R$ 2 bilhões. São R$ 500 milhões a mais do que a instituição liberou para os atingidos pelas enchentes em Santa Catarina. 

Filantropos
Controlada pelo PT, a cúpula da Petrobras é generosa nas doações para seu partido. O presidente da empresa, José Sergio Gabrielli, e os diretores Guilherme Estrella (Exploração) e Maria das Graças Foster (Gás) freqüentemente lideram a lista dos filiados que mais contribuem com a sigla. Estão na casa dos R$ 20 mil por ano. 

Tiroteio

"Os tucanos, que adoram matraquear contra qualquer contratação ou aumento, estão mudos diante do "choque de gestão" que Cunha Lima vem aplicando na Paraíba." 

Do deputado 
CARLOS ZARATTINI (PT-SP), sobre o festival de gastos promovido pelo governador desde que o TSE cassou seu mandato.

Contraponto 

Mandato-relâmpago

O município gaúcho de Fontoura Xavier assistiu neste ano a uma acirrada disputa entre Zé Flávio (PT) e Ilo Finatto (PP). No domingo da eleição, apoiadores de cada um formaram equipes para acompanhar a apuração.
Meia hora depois de fechadas as urnas, tocou o telefone no comitê do PP. Alguém avisava que, pelas projeções, Finatto vencera. Foi o que bastou para que aliados saíssem às ruas, numa festa regada a dois caminhões de cerveja, e o candidato concedesse entrevista como prefeito eleito.
A farra correu solta até 20h30, quando saiu o resultado oficial: por 36 votos num universo de 7.000 eleitores, o vencedor era Zé Flávio. O telefonema havia sido trote.

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