sexta-feira, novembro 21, 2008

PAINEL

Trem fantasma

Folha de S. Paulo - 21/11/2008
 

Teve de tudo na madrugada que terminou com a aprovação da reforma tributária na comissão da Câmara. Por volta da 1h, um impasse quase derrubou a sessão: Eduardo Cunha (PMDB-RJ) insistia em incluir a possibilidade de perdão a empresas acusadas de nada menos do que apropriação indébita. Para criar confusão, alguns na oposição ameaçaram segui-lo. Desistiram ao se dar conta do teor da emenda.
Cunha deixou claro que voltará à carga quando a reforma chegar ao plenário. Até lá, o balcão continua aberto. O governo deve, por exemplo, desistir de cobrar ICMS das empresas de software, para atender à bancada das telecomunicações. Num aceno ao PSDB, tende a concordar com a necessidade de quórum de 90% no Confaz para fixar alíquotas tributárias.
Joint ventureIncluída de última hora na reforma, a prorrogação por mais 20 anos da Zona Franca de Manaus resultou de parceria do PMDB, do governador Eduardo Braga (AM), com o PR, partido do ministro Alfredo Nascimento (Transportes), candidato ao posto em 2010. 

Âncora 1

Segundo avaliação de deputados do PT que passaram a madrugada na comissão negociando o texto da reforma, o mecanismo que cria uma espécie de DRU (Desvinculação de Receitas) para contemplar os Estados já basta para que parte dos governistas não tope votar a reforma tão cedo em plenário.

Âncora 2
Basicamente são dois os motivos: o relator Sandro Mabel (PR-GO) deixou transparecer que o expediente seria um afago no governador tucano José Serra (SP); a idéia enfrenta resistência nas robustas bancadas da saúde e da educação, áreas que perderiam recursos com a regra. 

Pioneiro
Em abril de 2005, o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), tentou fazer o que Garibaldi Alves (PMDB-RN) conseguiu: devolver MPs ao Planalto. Foi dissuadido por PT e PMDB e desencorajado por sua assessoria técnica. 

Ecos
Em carta enviada aos deputados do PMDB, Osmar Serraglio (PR) ataca a candidatura à presidência da Câmara de Michel Temer (SP). Diz que é preciso "evitar a repetição do episódio [Luiz Eduardo Greenhalgh]", uma alusão à frustrada campanha do petista em 2005. 

Conselho
Na carta, Serraglio, que também pleiteia a presidência, diz que "não houve aceitação do nome de Temer na base governista".

Estranho...
A decisão de Lula de não ir ao jogo Brasil x Portugal desestimulou a presença de sua equipe no Bezerrão. Dos oito ministros esperados, apenas dois compareceram: Luiz Barreto (Turismo) e Juca Ferreira (Cultura). 

...no ninho
Com a presença do tucano José Serra (PSDB) e de "demos" como José Roberto Arruda, Gilberto Kassab e Rodrigo Maia, o amistoso se converteu num convescote da oposição. No meio da qual estava, de ótimo humor, o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu. 

Contraponto 

Em boa hora

Convidado pelo correligionário José Roberto Arruda, governador do Distrito Federal, a assistir ao amistoso entre Brasil e Portugal, Gilberto Kassab marcou presença no Bezerrão, mas foi embora, acompanhado do aliado Orestes Quércia (PMDB), antes do final do primeiro tempo, quando o time de Dunga empatou o jogo.
Dentro do elevador, um assessor do prefeito comentou:
-Já vimos um gol de cada lado. Está bom, né?
Kassab, que no estádio havia se sentado ao lado do anfitrião, acrescentou, com um sorriso maroto:
-Ainda bem que o Brasil empatou. Vocês tinham de ver a cara do Arruda na hora do gol de Portugal...

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