domingo, novembro 30, 2008

PARA...HIHIHIHI

CACHAÇA

Na noite passada, fui convidada para uma reunião com 'as meninas'.
Eu disse a meu marido que estaria de volta à meia-noite.

'- Prometo!'- eu disse.
Mas, as horas passaram rapidamente e a champanhe estava rolando solta. Por volta das 3 da manhã, bêbada feito um gambá, eu fui para casa. Mal entrei e fechei a porta, o cuco no hall disparou e 'cantou' 3 vezes. Rapidamente, percebendo que meu marido podia acordar, eu fiz 'cu-co' mais 9 vezes. Fiquei realmente orgulhosa de mim mesma por ter uma idéia tão brilhante e rápida (mesmo de porre) para evitar um possível conflito com ele.
Na manhã seguinte, meu marido perguntou a que horas eu tinha chegado e eu disse a ele meia-noite.
Ele não pareceu nem um pouquinho desconfiado.Ufa! Daquela eu tinha escapado!
Então, meu marido me disse: '- Nós precisamos comprar um novo cuco.'
Quando eu perguntei porque, ele respondeu:

'- Bom, de madrugada nosso relógio fez 'cu-co' 3 vezes, depois não sei porque soltou um
'c a r a a a a a l h o o o o !'
Fez 'cu-co' mais 4 vezes, pigarreou. Fez mais 3 vezes, riu, e fez mais 2 vezes.
Daí, tropeçou no gato, derrubou a mesinha da sala, peidou, deitou e dormiu...
 

ANCELMO DE GOIS

Ponto para Lula

O Globo - 30/11/2008
 

Quarta, numa recepção no Rio para o presidente russo, Dmitri Medvedev, Sérgio Cabral explicava ao visitante que o governo Lula tem quase 80% de apoio da população. 

Medvedev, querendo ser simpático, dirigiu-se a Lula: 

- O senhor, certamente, vai pleitear um terceiro mandato de presidente, não? 

Só que... 

Lula, educadamente, explicou ao colega que, para o fortalecimento das instituições democráticas brasileiras, não seria bom mudar a Constituição para lhe permitir disputar mais uma eleição. 

Ponto para Lula.

Em tempo... 

Há duas semanas, Medvedev defendeu a reforma da Constituição russa para incluir a ampliação do atual mandato presidencial de quatro para seis anos.

De mãos dadas 

A Odebrecht e o grupo suíço Dufry ensaiam uma parceria para disputar a concessão da administração do Galeão/Tom Jobim. 

Air Piauí 

O governo do Piauí anda tão chateado com a ausência de vôos de Brasília, Rio e São Paulo para Teresina que pensa até em montar uma pequena empresa de aviação.

ILIMAR FRANCO

Em pé de guerra

Panorama Político
O Globo - 30/11/2008
 

Pressionado pela bancada ruralista, o governo adiou a assinatura de uma portaria revendo os índices de produtividade que balizam a desapropriação de terras para reforma agrária. Os índices são os mesmos há 20 anos. Esse é um compromisso de campanha do presidente Lula. Também foi cancelada a reunião do Conselho Nacional de Política Agrícola, amanhã, para discutir o assunto.

Ruralistas não aceitam negociar 

Representantes da bancada ruralista recorreram ao ministro José Múcio (Relações Institucionais) e ao presidente do PMDB, Michel Temer (SP), candidato à presidência da Câmara, já que o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) é da cota do partido. A portaria seria assinada pelos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário. O deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) afirmou que os produtores estão com problemas por causa da crise internacional e não podem correr o risco de perder suas terras por causa disso. "Não quero nem saber qual seria o índice. Sei que tem sacanagem e sou contra", disse Heinze. 

Quem tem medo da produtividade?" - Guilherme Cassel, ministro do Desenvolvimento Agrário, sobre a resistência da bancada ruralista 

LUZ AMARELA. O governador José Serra disse a senadores do PSDB, na última quarta-feira, estar preocupado com o aumento do gasto público decorrente das contratações e de reajustes salariais concedidos pelo governo federal ao funcionalismo. É uma bola de neve que vai afetar o próximo governo. Acontece que os próprios tucanos votaram a favor dessas medidas no Congresso, porque não quiseram arcar com o desgaste político. 

No ataque 

No caso Petrobras, o petista Eduardo Suplicy (SP) cobrou do tucano Tasso Jereissati (CE): "Será que não seria adequado, antes do discurso em tom de gravidade, telefonar para o presidente da Petrobras para obter informações?" 

Campo minado na Câmara 

A Câmara está com uma pauta polêmica para este fim de ano. Deputados querem votar proposta de emenda constitucional que efetiva titulares de cartórios sem concurso público; outra que equipara a carreira de delegado de polícia com a de integrantes do Ministério Público, resultando em aumento salarial; e projeto que determina a inspeção veicular anual, que seria feita por empresa privada em regime de concessão.

Na defesa 

O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), reagiu: "O que foi dito aqui é que a Petrobras está com graves problemas de caixa. Aqui ninguém foi irresponsável, ninguém agiu de forma imprudente. Falamos pelos brasileiros e acionistas".

O custo e o benefício 

Para obter o apoio do Congresso à transformação da Secretaria Especial da Pesca em ministério, o discurso de Altemir Gregolim, que comanda a pasta, é que o Brasil ganhará com uma política permanente para a área e com a criação de um quadro técnico especializado. Ele cita estudo da FAO segundo o qual o setor pesqueiro no Brasil poderá atrair US$160 bilhões em investimentos na cadeia produtiva. A oposição resiste, criticando o aumento do número de ministérios. 

O PROJETO do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) é disputar o Senado em 2010, apoiado pelo PSDB. Avalia que seria difícil para ele se eleger governador. 

REAPROXIMAÇÃO. O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) esteve quarta-feira no gabinete de sua antecessora, a senadora Marina Silva (AC). As críticas mútuas tinham azedado a relação. 

OS ÍNDIOS protestam contra o governo de Roraima, por causa de concurso para contratação de professores. Querem que índios dêem aulas para assegurar educação bilíngüe.

ÉLIO GASPARI

Papai Ali Babá


O Globo - 30/11/2008
 

Está na pauta de votações da Câmara dos Deputados um projeto de emenda constitucional (130-B) que altera o rito processual do julgamento dos parlamentares acusados de malfeitorias. Hoje eles são denunciados ao Supremo Tribunal Federal. Uma vez aceita a denúncia, o STF os julga, sem direito a recurso. 

Pela proposta, caberá ao Supremo aceitar ou não a denúncia, mas depois disso a papelada desce ao juízo de primeira instância, iniciando-se uma lengalenga que pode durar dez anos. 

Com a aprovação da emenda retornam à mansidão das comarcas e ao paraíso dos recursos os processos dos mensalões do PT (40 companheiros) e do tucanato mineiro (27 bicudos). 


Três e nada 


De um velho administrador de crises econômicas e intrigas palacianas: 

"Barack Obama precisava escolher um nome para enfrentar a crise econômica. Escolheu três: Timothy Geithner, um habilidoso quadro do Fed, Lawrence Summers, um economista talentoso de temperamento abrasivo, criou um novo conselho de sábios para o terceiro, Paul Volcker, imponente ex-presidente do Fed. Meu medo é que sejam necessários seis meses para descobrirmos quem manda, em que direção". 

Do mesmo sábio: 

"Em 1933, ao tomar posse, com o sistema financeiro aos frangalhos, Franklin Roosevelt disse que "a única coisa de que devemos ter medo é do próprio medo". Obama precisa descobrir uma maneira de dizer a mesma coisa". 

Mangabeira 2008 


A cada dia são mais doces as lembranças que o professor Mangabeira Unger tem do seu ex-aluno Barack Obama na Faculdade de Direito de Harvard. 

Em 2005, a opinião do mestre era seca: um quadro interessado em servir ao sistema. 

Há um ano Jobim promete, mas não entrega 


Nesta semana completa-se um ano do dia em que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou à patuléia que as empresas aéreas seriam obrigadas a ressarcir os passageiros por conta de atrasos, cancelamentos de vôos e overbooking. 

Num exemplo, o cliente que penasse um atraso de três a quatro horas num vôo do Rio a Brasília seria indenizado com R$198, em dinheiro ou milhas. A tabela entraria em vigor logo depois do carnaval, com a edição de uma medida provisória. 

O ano está no fim e o doutor voltou a falar em tráfego aéreo, prometendo serviços regulares durante o movimento das festas. É a "Operação Feliz 2009". Tomara que dê certo, mas cadê o projeto do ressarcimento de 2007? 

Quem acreditou em Jobim fez papel de bobo, porque maiores foram os poderes da aerocracia. O papel de paspalho é um risco a que se submete qualquer pessoa que acredita no governo, mas as justificativas oferecidas para a propaganda enganosa exigem que o paspalho se transforme num quadrúpede. 

A política de ressarcimento não teria entrado em vigor porque a situação normalizou-se. Tolice. A compensação deveria vigorar exatamente numa situação de normalidade. 

Isso ajudaria a implantação da novidade sem massacrar as empresas. 

Como o Congresso reviu sua docilidade diante da emissão de medidas provisórias, o governo teria decidido enviar um projeto de lei ao Congresso. Bingo. Nesse caso, a menos que haja interesse do Planalto e um acordo de lideranças, a tramitação no Legislativo consome pelo menos um ano. Por que o anteprojeto continua no gaveteiro da comissária Dilma Rousseff? 

Há ainda o argumento da complexidade da questão. Ela exigiria estudos e debates. Tudo bem, então o ministro Jobim não deveria ter feito um overbooking de expectativas que não podia atender. 

As coisas ficariam mais fáceis se o governo admitisse que as companhias aéreas não querem ressarcir os passageiros a quem vitimam. 

Nos Estados Unidos e na Europa elas aceitam esse tipo de compromisso, mas, como o Brasil foi um dos últimos países do mundo a adotar programas de milhagem, não se pode esperar que os aerotecas abandonem seus aliados. 

Um veneno tucano para a Petrobras 


A oposição tucana no Senado fez uma tempestade num copo de veneno. No dia 31 de outubro, a Petrobras tomou emprestados R$2 bilhões na Caixa Econômica por 180 dias, a juros de mercado. Se uma empresa que tem R$11 bilhões em caixa e gira em torno de R$4 bilhões por mês decide fazer um papagaio de R$2 bilhões, nada há de estranho nisso. 

Grosseiramente, é como se um cidadão que tem R$5 mil aplicados e ganha R$2 mil mensais resolvesse pedir ao banco um empréstimo de R$1 mil. 


A Petrobras fez o empréstimo pelos motivos mais elementares. Precisava do dinheiro para despesas imediatas e o crédito secara. (Em outubro ela recolheu R$4,7 bilhões de impostos e royalties.) Tanto o empréstimo da Caixa como outro feito no Banco do Brasil (R$751 milhões) foram triviais, sem nada a ver com juros subsidiados. 

É tóxico o argumento segundo o qual a Caixa não deveria emprestar à Petrobras porque esta não é sua função. Ela financia programas de saneamento a 9,5% ao ano, e a carteira que em outubro emprestou à Petrobras a 14,1% nada tem a ver com a conta da infra-estrutura. A Caixa fechará novembro com R$4,2 bilhões de empréstimos comerciais a empresas. 

Pena que a marquetagem da Petrobras insista em dizer que seu plano de investimentos está inalterado. Se é assim, foi concebido por aloprados, pois lidava com a exploração de poços cuja produção pode custar até US$80 por barril. 

Bom negócio com o petróleo a US$150. 

Como o barril está a US$55, basta fazer a conta. 

GilmarNet 


O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, vem recebendo uma envaidecedora superexposição de seu comissariado de informações. 

O sítio do STF tem um espaço destinado a "artigos e discursos" dos ministros. Desde abril, quando Mendes assumiu a presidência da Corte, listaram-se ali 20 obras suas, dez das quais proferidas no exterior. 

Nesse período, foram quatro os textos e discursos dos outros dez juízes. (John Roberts, que preside a Corte Suprema dos Estados Unidos desde 2005, ainda não listou artigo ou palestra na página do seu tribunal.) 


Exemplo tucano 


É ensurdecedor o silêncio do tucanato diante do processo de cassação do mandato do governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima. Não disseram uma palavra louvando o Judiciário, quando ele foi posto para fora, muito menos defendendo-o. 

Persistiram em obsequioso silêncio mesmo depois que Cunha Lima decidiu anarquizar as finanças do estado. 

Se o partido não quer falar, tudo bem, mas a dissimulação de José Serra e Aécio Neves não cai bem nas biografias de candidatos a presidente da República. 


Força catarinense 


Uma vinheta ilustrativa da capacidade dos catarinenses de superar desastres. 

Em 1878, o alemão Bruno Hering chegou ao vilarejo de Blumenau e comprou um tear. 

Dois anos depois, uma enchente levou o que tinha. Conseguiu dinheiro emprestado e foi em frente. 

Um século depois, a Hering era uma das maiores empresas do setor têxtil brasileiro. 

A empresa mobilizou-se para proteger seus funcionários e sua página na internet está recolhendo contribuições para as vítimas da enchente.

JOÃO UBALDO RIBEIRO

VELHOTES MUNICIPAIS 

O GLOBO 30.11.08


Como se sabe, ter uma bela qualidade de vida na velhice depende fundamentalmente de se ter uma péssima qualidade de vida na juventude e na maturidade. Nenhum relacionamento com comida, por exemplo, pode ser prazeroso e livre, mas fiscalizado com desconfiança.

Claro, com o tempo o sujeito é até sincero, quando descreve como delicioso um milk-shake de leite de soja, castanha-do-pará e capins de diversas espécies, sem gelo ou adoçantes e nada “químico” (palavra cujo emprego nunca entendi direito, pois tudo o que existe é, de certa forma, químico). A gente se acostuma a qualquer coisa e não se deve dizer “esse milk-shake eu jamais tomarei”. O mesmo com exercícios físicos e mentais. Aqueles são antinaturais e estes requerem que se goste de fazer palavras cruzadas ou resolver problemas matemáticos, atividades que, se eu dependesse delas para viver, já estaria na cova faz muito. E por aí vamos, a vida da pessoa com qualidade de vida não é moleza, depende de muito esforço, não é assim para qualquer um, como eu.

Agora mesmo, me chegam pela internet diversos e-mails denunciando virulentamente o leite. Se vocês pensam que o ovo, em passado recente, era o pior vilão imaginável, com sua carga fatal de colesterol, não sabem nada do leite agora. O leite e seus derivados, ou qualquer alimento que os contenha.

Ou seja, esquecer iogurte, queijo, biscoito, bolo, sorvete e não sei mais quantas comidas que levam queijo. Nem um parmesãozinho ralado em cima do macarrão, perigo, perigo. (Por sinal, não se esqueça de checar se o macarrão tem glúten.) Diz aqui que uma paciente de câncer praticamente terminal teve a idéia de abolir o leite e seus nefários derivados de sua dieta e, em pouquíssimo tempo, a doença regrediu sem deixar rastro.

Daí para asseverarem que brigadeiro dá câncer e leite condensado pode matar subitamente, se ingerido em doses elevadas, como as obtidas mamando na lata, é um pequeno passo.

Tudo isso não causaria preocupação em quem pretende continuar a consumir bolos e sorvetes, se não fosse pelo hábito que nossos governantes têm, de meter o bedelho em tudo o que o cidadão faz. Aqui, nem uma boa deserdada num herdeiro detestável o sujeito pode dar, porque há uma parte que forçosamente irá para esse herdeiro.

Há uns poucos anos, um deputado federal teve seus quinze minutos de fama, ao apresentar um projeto proibindo os donos de animais domésticos de pôr nome de gente nos ditos animais. Não duvido nada que haja um ou mais projetos, dormindo na gaveta de alguma comissão, com o objetivo de traçar diretivas para os atos sexuais, com multas para maridos que não levem a mulher ao orgasmo pelo menos uma vez em cada três (a popular uma-em-três) ou mulheres que não cedam a determinados caprichos do cônjuge, outros especificando as normas a que estão submetidos todos os que usarem um banheiro, outros proibindo beber, mesmo em casa, em dias úteis, e assim por diante.

Destarte, na qualidade de residente, contribuinte e eleitor da inigualável cidade do Rio de Janeiro e, ai de mim, na condição oficial de ancião (se bem que eu prefira logo ancião a me classificarem como “na melhor idade”, caso que já é para reagir à bala, aqui pra sua melhor idade), encaro com sentimentos ambivalentes a criação da Secretaria Municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida.

Para os mais distraídos, informo, é isso mesmo que vocês leram, agora vamos ter toda uma secretaria dedicada ao crescente número de coroas que persistem em continuar vivos sem nenhum motivo realmente defensável. Somos, pois, com a óbvia exceção da encantadora leitora, coroas municipais.

À primeira vista, isso pode parecer bom para a categoria, mas estamos no Brasil, onde o Estado não existe para servir ao cidadão, mas o contrário. As atividades básicas dessa Secretaria terminarão por ser uma aporrinhação a mais em nosso juízo. Sou capaz de apostar que o primeiro ato cogitado será o cadastramento de todos os coroas da cidade, mediante o simples preenchimento de um formulário com 115 perguntas, o que pode ser feito em minutos pela internet. Quem não se cadastrar e receber a nova Carteira de Ancião perderá o direito a usufruir de qualquer benefício ou equipamento municipal. Sentou em banco de praça, o fiscal passa, não tem carteira, multa no véio — como parte de um processo educativo gradual. Entrou na fila dos idosos sem a carteira, mais multa. Enfim, todos os idosos vão querer suas carteiras e as incontáveis vantagens que ela certamente oferecerá.

E haverá as áreas onde eles serão protegidos. Por exemplo, podese proibir bares e restaurantes de servir bebidas alcoólicas aos clientes que não provarem ter menos de 70 anos, porque, depois dessa idade, o álcool faz cada vez mais mal ao organismo e, se o velho não sabe proteger-se, protegê-loaacute; a prefeitura.

A mesma coisa com cigarro.

Multa também para coroa que não ande no calçadão ou não freqüente academia ou não tenha personal trainer. Multa para coroa que fume em público. Multa em restaurante que servir a coroas pratos com teor de gordura acima do permitido por postura municipal e não incluírem. Acho que os colegas que me lêem, corôos e coroas do nosso amado Rio de Janeiro, tenderão a concordar comigo que é menos arriscado ficar sem essa secretaria mesmo. No mínimo são menos formulários para preencher.

Bem, não vamos ser pessimistas, pode ser que a nova secretaria traga benefícios inesperados para nossa sofrida categoria. Mas, por via das dúvidas, creio que falo por todos, quando digo que queremos nossa parte em dinheiro. Não é por nada, não, é porque já não estamos mais em idade de acreditar em lerolero. E porque, de qualquer forma, é dinheiro nosso mesmo.

AUGUSTO NUNES

Sete Dias

A confusão continua – Depois de Cunha Lima, a Justiça terá de cuidar dos casos de Maranhão

Paulo Pereira da Silva, ou Paulinho da Força, recebeu na tarde de quarta-feira uma notícia ruim e outra, boa. O deputado federal do PDT foi o destinatário da ruim: na reunião da Comissão de Ética da Câmara, o colega Paulo Piau (PMDB-MG), relator do caso que vincula o parlamentar paulista a pilantragens no BNDES, propusera à Comissão de Ética da Câmara a cassação do seu mandato. Paulo Pereira da Silva repetiu que é inocente e fechou a cara.

A boa notícia contemplou o presidente da Força Sindical: estava confirmado o jantar na Granja do Torto que incluía seu nome na curta lista de convidados. Paulinho da Força contou aos parceiros ao lado que passaria algumas horas com Lula naquela noite e abriu um sorriso.

Lula nunca foi de abandonar um companheiro no caminho, garantiram desde sempre velhos companheiros. Depois da vitória em 2002, o presidente tem insistido em mostrar que também não abandona delinqüentes aliados a caminho da cadeia. Seja qual for o pecado, bandidos de estimação são liminarmente absolvidos pelo Grande Pastor.

É provável que, quando decide juntar em torno da mesa mais de 15 bocas, Lula faça à mulher a pergunta formulada freqüentemente pela gente comum. "Adivinhe quem vem para jantar?" A primeira-dama Marisa jamais errará se repetir a mesma resposta: "Pelo menos uns três ou quatro vigaristas".

Lula ficou três horas em companhia de Paulinho da Força e outros donatários das capitanias sindicais. Foi esse o tempo que gastou, no mesmo dia, para sobrevoar a bordo do helicóptero parte da área de Santa Catarina devastada por inundações. "A maior tragédia destes seis anos de governo" mereceu tanta atenção quanto a companheirada.

Paulinho acordou feliz com o jantar. Ficou ainda mais contente ao saber que a Comissão de Ética adiou a votação do parecer de Paulo Piau. E embarcou na euforia com a grande notícia da noite: o governador paraibano Cássio Cunha Lima foi autorizado pelo Superior Tribunal Eleitoral a ficar no cargo de que fora afastado pelo próprio TSE.

Se o país fizesse sentido, todas as ruas e praças de todas as cidades seriam ocupadas por milhões de brasileiros à caça de explicações para dois enigmas. Como pode um tribunal emitir uma ordem de despejo e, cinco dias depois, proibir que seja cumprida? E o que vai pela cabeça do ministro Ricardo Lewandowski, que no dia 20 votou pela cassação do governador no TSE, negou no dia 26 o recurso encaminhado ao STF pelo PSDB e, no dia seguinte, de volta ao TSE, articulou a vitória do tucano da Paraíba por 5 votos a 2? O Brasil já não se espanta com nada.

Quando acionou aquela fábrica de cheques ilegais, Cunha Lima deveria ter assinado uma ficha de inscrição em qualquer partido da aliança governista. Se fizesse isso, teria hoje o presidente como testemunha de defesa. Talvez tenha confiado demais na clemência das instâncias superiores do Judiciário.

Os doutores dubitativos precisam liqüidar o assunto o quanto antes. Logo estarão lidando com o sucessor José Maranhão, senador pelo PMDB. Ele luta por Lula. E luta para escapar de oito processos na Justiça Eleitoral.

 Liberdade para os escravos do povo

Engaiolado por impiedosos espancamentos do Código Penal, o notório Jerominho quase perdeu o mandato na Câmara Municipal por excesso de faltas. Salvou-o a colega Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson e mãe da idéia, apadrinhada pela mesa diretora, de retocar o regimento interno com uma esperteza: "Será compulsoriamente licenciado o vereador que permanecer preso por prazo superior a 31 dias". Eduardo Paes nomeou-a no mesmo dia secretária de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida. Vão acabar redigindo em parceria uma Lei do Vereador Sexagenário. Nenhum escravo do povo será preso depois de completar a dezena dos 50.

CARLOS EDUARDO NOVAES

O conto da mala


Aconteceu ontem à noite na concentração do Botafogo. Os jogadores estavam reunidos no refeitório, quando um deles percebeu a presença de uma mala solitária encostada em um canto de parede.

– Engraçado. Não tinha reparado naquela mala...

– Onde?

– Ali! – apontou o atacante.

Era uma mala branca, encardida, de tamanho médio e não parecia cheia.

– Alguém trouxe uma mala para a concentração? – berrou um zagueiro.

Ninguém se apresentou. Os jogadores, no entanto, cercaram a mala, curiosos.

– Vamos abrir? – sugeriu um lateral.

– É melhor não! – ponderou um goleiro. – Ninguém sabe que mala é essa. De repente está cheia de explosivos. A gente abre e ela explode. Já vi isso no cinema.

– Você quer dizer que pode ser um atentado terrorista?

– Tem muito torcedor insatisfeito com nossas atuações.

– Quem sabe não é a mala do Bebeto de Freitas? Ele está deixando a presidência do clube. Deve ter limpado as gavetas.

Os jogadores circundavam a mala, intrigados, sem coragem de tocá-la.

– Não será a mala do Renato?

– Minha não! – respondeu o zagueiro Renato Silva, se afastando.

– Estou falando do Renato, técnico do Vasco. Você não lê jornal? Não viu ele declarar que deveriam mandar uma mala para os adversários dos times que estão na zona de rebaixamento junto com o Vasco? O Figueirense é um deles...

– Não entendi. Uma mala vai fazer a gente jogar mais?

– Não é a mala, pô! É o que tem dentro da mala!

– O que tem dentro da mala? – perguntou um mais ingênuo. – Chuteiras?

– Dinheiro, cara! Grana! Money! É um incentivo extra para não ficarmos zanzando pelo campo como almas penadas, como fizemos nos últimos jogos.

– Preferia receber esse incentivo para perder o jogo! É mais fácil para nós.

– Abre logo essa mala! – esbravejou o lateral impaciente, pensando nas dívidas acumuladas pelos salários atrasados.

– Acho melhor não abrir. Isso vai dar rolo. Já imaginou se a imprensa fica sabendo? Depois vem a polícia, vai tirar nossas impressões digitais. Eu não encosto o dedo nessa mala!!

– Deixe de ser cagão!

– Também sou a favor de devolver!

– Devolver para quem? Nada garante que é a do Renato! A mala não tem etiqueta!

– A gente só vai saber se abrir! – voltou o lateral irritado. – Abre logo essa p...dessa mala!

– Vamos abrir então. Talvez tenha uma mensagem, um bilhete dentro...

O atacante deitou a mala no chão, ajoelhou-se, abriu-a e viu um monte de notas de 50 pratas espalhadas. Os jogadores avançaram com uma disposição que não mostram em campo, mas foram contidos por um volante mais sensato.

– Um momentinho – disse ele. – Vamos pegar essa grana...mas e depois? Se não conseguirmos vencer o jogo?

– Aí vamos ter que devolver tudo!

– Então acho melhor nem mexer na mala. Fecha e deixa ela aí!

DOMINGO NOS JORNAIS

Globo: Vizinhos ameaçam o Brasil com calote de US$ 5 bilhões

 

Folha: Mundo terá o pior trimestre desde 80, prevêem bancos

 

Estadão: Governo libera gastos das estatais para ativar economia

 

JB: Fantasma do desemprego

 

Correio: Décimo terceiro - O que fazer com o dinheiro extra

 

Valor: Linhas do BC funcionam e exportador quer mais

 

Gazeta Mercantil: Fundos sustentáveis excluem Petrobras

sábado, novembro 29, 2008

EDITORIAL:O ESTADO DE SÃO PAULO

TENTATIVA DE INTIMIDAÇÃO

O comportamento autoritário é especialmente aberrante quando adotado por quem sempre se apresentou como inimigo do autoritarismo. O advogado e ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, que fez carreira defendendo presos políticos e amealhou polpudos honorários com as milionárias indenizações obtidas para as "vítimas do regime militar", permitiu-se assumir uma atitude flagrantemente contrária à liberdade de expressão - que a Constituição consagra por ser o mais eficiente antídoto que uma democracia pode usar contra a tentação totalitária.

Greenhalgh pleiteia na Justiça o recolhimento de documentos que teriam sido obtidos por repórter do Estado sobre a guerrilha do Araguaia. Pediu a intimação do repórter Leonencio Nossa, da Sucursal de Brasília - sob pena de busca e apreensão em sua casa -, para que forneça documentos repassados por militares que participaram dos combates entre as Forças Armadas e militantes do PC do B no Pará, nos anos 1970. O pedido se relaciona a processo movido pelo advogado em 1982, solicitando esclarecimentos sobre aquela guerrilha. Já mereceu parecer contrário do procurador Rômulo Conrado, com base no argumento de que o jornalista "não é parte integrante da lide, razão pela qual não pode figurar no pólo passivo do processo".

Razões técnico-jurídicas à parte - já que é notória demais para precisar ser comentada a intenção do advogado de confrontar o princípio constitucional do sigilo da fonte, essencial para o livre exercício da atividade jornalística (art.5, XIV) -, cabe examinar os aspectos ético-políticos da questão. Não foram só os setores do Ministério Público que trabalham parar abrir os arquivos oficiais sobre as mortes no Araguaia que estranharam a atitude do advogado e ex-deputado federal pelo PT. Entidades ligadas aos jornalistas e à defesa da liberdade de expressão - como a Associação Brasileira de Imprensa, a Federação Nacional dos Jornalistas, o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal - reagiram com um misto de indignação e incredulidade ao pedido de busca e apreensão na residência do jornalista.

Greenhalgh, aliás, já havia sido recriminado por representantes do PT e assessores do presidente Lula, em 2006, por repassar para jornalistas documentos produzidos por militares que colocavam em questão a conduta do deputado e ex-guerrilheiro José Genoino - com quem disputava votos. Greenhalgh desmentiu tal versão, com a mesma ênfase com que repudiara versões sobre seu envolvimento com a Lubeca, que levara a ex-prefeita Luiza Erundina a demiti-lo de seu secretariado. E, ontem, o Estado publicou carta de uma leitora que afirma que, se há quem queira saber o que ocorreu no Araguaia, também há quem queira a elucidação do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em cujo processo Greenhalgh foi atuante, no sentido de manter uma inconvincente versão do caso.

Em nota à imprensa o advogado alega que o pedido que encaminhou à 1ª Vara Federal de Brasília "não é de busca e apreensão na casa do repórter, simplesmente". Diz que se trata de "requerimento para que se tomem providências judiciais necessárias à execução de decisão que condena a União a abrir os arquivos da ditadura referentes ao episódio denominado ?Guerrilha do Araguaia?". E acrescenta: "O objetivo é que o repórter preste esclarecimentos e auxílio aos autores da ação. O repórter tem condições de contribuir decisivamente com (sic!) a história do País, ao colaborar com (sic!) a localização e fornecimento ao Estado de documentos repassados por Sebastião Curió, autor de inúmeros delitos na ?Guerrilha do Araguaia?. A mencionada ?busca e apreensão? só ocorreria no caso de o repórter recusar-se a prestar informações à Justiça."

É realmente difícil explicação menos convincente e com mais cinismo. Sem rubor nas faces, Greenhalgh traveste de propósitos "históricos" o que não passa de uma reles tentativa de intimidação, na falta da "colaboração" do jornalista. E não hesita em agredir os fundamentos da liberdade de imprensa, certamente por supor ser o jornalista a parte mais vulnerável na questão. Afinal, sabendo que, se o repórter Leonencio Nossa possui realmente os documentos que podem enriquecer a história, ele os obteve do coronel Sebastião Curió, por que o advogado não vai diretamente a este?

CARINHA DE SAFADA

Clique na foto para essa fofinha ampliada

PARA...HIHIHIHI


DE MERDA

'Napoleão Bonaparte, durante as batalhas, sempre usava uma camisa de cor
 vermelha. Assim, se fosse ferido, os soldados não notariam o seu líder sangrando, e continuariam a lutar com o mesmo ímpeto. '
 

Dois séculos
 depois, inspirado no grande general, 
Lula
 só usa calça marrom.'
 
 

ANCELMO DE GOIS

Filme antigo


O Globo - 29/11/2008
 

Todo ano, como diria Lula, é a mesma marola. A votação do Orçamento 2009 foi marcada pela comissão que trata do tema para 22 de dezembro, quase véspera de Natal. 

O texto, que define quanto de dinheiro vai para cada área do governo, tem de ser votado por deputados e senadores e antes que o Congresso entre em recesso. 

Só que... 

Já tem gente falando em antecipar a votação por causa das festas de fim de ano. 

Mas, como já aconteceu algumas vezes no passado, pode ocorrer de adentrar 2009 sem Orçamento definido.

Ingrid no Brasil 

Ingrid Betancourt, a ex-senadora colombiana ex-refém das Farc, desembarca no Rio segunda de um vôo de Paris.

Sob total sigilo, cercada de segurança, acompanhada de um diplomata francês e sem divulgar agenda.

Voando 

Para quem acha Sérgio Cabral brabo (não são muitos). 

Na briga para impedir que o Santos Dumont esvazie o Galeão, o governador, mesmo contrário à idéia, ouviu a presidente da Anac, Solange Vieira, até o fim. 

Já... 

O governador Aécio Neves, que vive o mesmo dilema entre os aeroportos da Pampulha e de Confins, não deixou Solange falar e encerrou a reunião. 

Carta aos passageiros 

Aeronautas (a turma que trabalha no ar) e aeroviários (o pessoal de terra) começam a distribuir segunda nos aeroportos o documento "Carta aos passageiros", em que criticam os patrões e anunciam seu "estado de greve". 

- Para aumentar as tarifas, a velocidade é de jato. Para aumentar os salários, é de teco-teco - protestam no texto.

Pegou mal 

A turma do cinema ficou passada, ontem, em Búzios, ao perceber que não havia ninguém da Ancine na feira de negócios Show Búzios Festival, onde se decidiram investimentos e a distribuição dos filmes com lançamento previsto para 2009. 

Estavam presentes 95% do PIB nacional da produção cinematográfica. E até Liliana Mazure, presidente da Incaa, a Ancine da Argentina, apareceu para fechar negócios e parcerias.

Ponto Final

A direção da Petrobras, que até outro dia fazia a maior farra com dinheiro, parece até a cigarra daquela fábula atribuída a Esopo e recontada por Jean de La Fontaine. É que, na época da abundância, a estatal não guardou reserva para uma hora destas.

ILIMAR FRANCO

Foi 3 x 2

 Panorama Político
O Globo - 29/11/2008
 

Sobrou para o ministro Tarso Genro (Justiça) decidir sobre o pedido de extradição de Cesare Battisti. O Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) negou o pedido de refúgio, mas o placar foi apertado: 3 a 2. Sua defesa vai recorrer ao ministro. A extradição foi pedida por Romano Prodi (ex-primeiro-ministro, de centro-esquerda), e o processo é acompanhado de perto pelo atual primeiro-ministro, Silvio Berlusconi (direita).

Democratas cria editoria de crise 

O DEM criou uma página sobre a crise em seu site. Ela estimula os internautas a enviarem depoimentos sobre como suas vidas estão sendo afetadas: "Queremos saber o que você pensa sobre a crise econômica". Na apresentação, um texto explica como a crise atinge as pessoas, com a advertência: "Não vá na conversa de quem manda você consumir e gastar como antes". Diariamente é publicado o depoimento de um cidadão sobre suas perspectivas, diante da crise, para o Natal e para o ano de 2009. Com humor, o DEM alerta: "Até o Flamengo está com dificuldades para renovar o histórico patrocínio com a Petrobras". 

O céu de brigadeiro acabou. Se a Dilma Rousseff for mano a mano com o José Serra, perde. Não podemos desprezar o Ciro Gomes, ele tem 25%" - Beto Albuquerque, deputado federal (PSB-RS) 

IMPROPÉRIOS
Apesar de o governo ter aceitado negociar o fim do fator previdenciário, o presidente Lula não poupou de críticas o senador Paulo Paim (PT-RS), autor do projeto, em jantar quarta-feira com dirigentes das centrais sindicais. "Não posso permitir que quebrem o país. O Paim fica querendo se reeleger nas costas do governo", reclamou Lula. O senador tem mais dois projetos que aumentam benefícios previdenciários. 

Vôo solo 

O Democratas ainda não entrou no caso do empréstimo de R$2 bilhões da CEF para a Petrobras. Os tucanos fizeram a denúncia. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), explica: "Eles não nos convidaram para bater junto".

Abrindo o voto 

O senador tucano Tasso Jereissati (CE) explica por que está apoiando a candidatura do petista Tião Viana (AC) para a presidência do Senado: "O PMDB usa a oposição como escada para pressionar o governo. Prefiro as coisas claras". 

Os call centers vão ter de melhorar 

O Ministério da Justiça fez pesquisa sobre as novas regras para os call centers, que passam a vigorar segunda-feira. Se declararam habilitados 85% dos bancos e 80% das operadoras de telefonia. Os melhores relatos: Unibanco e Claro. A portaria prevê que em até um minuto o consumidor terá contato com o atendente e o cancelamento dos serviços será facilitada. A multa para os infratores varia de R$200 a R$300 milhões. 

Ciro Nogueira em busca de musculatura 

Azarão na disputa pela presidência da Câmara, o deputado Ciro Nogueira (PP-PI) costura uma base política para sua candidatura. Contando com o apoio do ex-presidente Aldo Rebelo (PCdoB-SP), trabalha para garantir o apoio institucional do Bloco de Esquerda (PSB-PDT-PCdoB) e do DEM. Há dois anos essas forças se articularam em torno da reeleição de Aldo e foram derrotadas pelo bloco PT-PMDB, que elegeu o atual presidente, Arlindo Chinaglia (PT-SP). 

O MINISTRO Carlos Lupi (Trabalho) está irritado com o presidente do Codefat, Luiz Fernando Emediato. Ontem, Emediato negou que tenha dito que o FAT não seria usado para ampliar o seguro-desemprego. 

O PRESIDENTE do Equador, Rafael Corrêa, não contava com a reação do Brasil. Imaginava que seria tratado como a Bolívia, mas esqueceu que seu país não fornece gás natural para a economia brasileira. 

O LÍDER do PSDB, José Aníbal (SP), explica por que o governo Lula quer votar, de qualquer jeito, a reforma tributária: "O governo quer pôr o carimbo dele".

ANDRÉ PETRY

REVISTA VEJA

André Petry
O câncer que some

"Desde que a pesquisa foi publicada, minha caixa de e-mail estourou. São imunologistas dizendo que já desconfiavam da cura espontânea do câncer"

Acaba de sair do forno uma pesquisa sobre câncer de mama que dá o que pensar. Publicado pelo Archives of Internal Medicine, o estudo sugere que alguns cânceres de mama, mesmo agressivos e invasivos, podem simplesmente desaparecer. Sem tratamento. O corpo dá conta de eliminá-los. Os oncologistas já sabiam que alguns cânceres podem regredir sem tratamento, mas a pesquisa de agora sugere que a freqüência com que isso acontece pode ser muito maior do que se imaginava. Se isso for confirmado, terá tremendas implicações. Vai mudar a forma como encaramos um diagnóstico de câncer e a freqüência com que nos submetemos a exames de câncer.

A pesquisa acompanhou dois grupos, cada um com mais de 100 000 mulheres, durante seis anos, antes e depois da adoção da mamografia na Noruega, em 1996. Um grupo foi monitorado de 1992 a 1997 – e, portanto, só fez mamografia nos últimos dois anos. O outro, de 1996 a 2001, sempre fazendo mamografia. No grupo que fez mamografia regularmente, 1 909 mulheres foram diag-nosticadas com câncer de mama invasivo. No grupo que fez mamografia só ocasionalmente, a doen-ça apareceu num número menor, 1  564. Por que a diferença de 345 mulheres? Várias hipóteses foram examinadas (do uso de hormônio na menopausa à qualidade dos mamógrafos). Só uma parou de pé: 345 mulheres, ou um número próximo disso, podem ter tido um câncer de mama que se curou sozinho. Sumiu.

Falei por telefone com H. Gilbert Welch, um dos três médicos responsáveis pela pesquisa. Atencioso e didático, o doutor Welch não demonstrou nenhum entusiasmo por ter – quem sabe? – tocado num ponto que pode revolucionar a pesquisa sobre câncer no mundo. Ao contrário: estava sereno e cuidadoso. Fez questão de esclarecer duas coisas. A primeira é que a pesquisa é uma hipótese, não uma certeza, e, mesmo que venha a ser confirmada, provará que a cura espontânea de câncer de mama afeta uma pequena quantidade de mulheres. A segunda é que a mamografia permanece útil e recomendável. Faz bem, precisa ser feita e salva vidas.

Feitos os alertas, o doutor Welch sentiu-se autorizado a voar. "Desde que a pesquisa foi publicada, minha caixa de e-mail estourou. São imunologistas dizendo que já desconfiavam da cura espontânea do câncer." Welch é autor de um livro que questiona os exames invasivos, a febre pelo diagnóstico precoce, essa procura incessante pela célula cancerosa. Seu livro chama-se Should I Be Tested for Cancer? Maybe Not and Here’s Why (algo como "Será que devo fazer exame de câncer? Talvez não, e aqui está o porquê"). Welch diz que quem procura acha e, ao achar, acaba se preocupando com o que talvez não devesse. "Não deveríamos estar empenhados em achar todos os cânceres, mas em achar o câncer certo."

Dá o que pensar. Mas, como o "talvez" significa a diferença entre a vida e a morte, ouça seu médico, faça mamografia e siga o tratamento que for prescrito.

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA

Roberto Pompeu de Toledo
Tristes trópicos

"No título de seu mais famoso livro, Lévi-Strauss, que na semana passada completou 100 anos de vida, nos convida a abandonar os estereótipos de nós mesmos"

Claude Lévi-Strauss, que na última sexta-feira, em Paris, completou 100 anos na glória de ser tido como sábio de uma estirpe que não existe mais, devemos a revelação de que somos tristes. Ela está no título do seu livro mais famoso: Tristes Trópicos. O etnógrafo/antropólogo/
filósofo franco-belga morou no Brasil entre 1935 e 1939, como integrante do time de professores franceses contratado para dar início à Universidade de São Paulo. Tristes Trópicos, um livro que, além de etnográfico/antropológico/filosófico, é também – e sobretudo – uma obra-prima da literatura, constitui-se no relato, escrito vinte anos depois, da experiência brasileira do autor.

Por que seriam tristes estes nossos trópicos? O livro não o explicita. Em entrevistas, Lévi-Strauss contou muitas vezes que, ao voltar do Brasil, começou a escrever um romance – abandonado quando se convenceu de vez da falta de talento para a ficção – que se chamaria Tristes Trópicos. Como nunca explicou por que o romance, por sua vez, teria esse título, ficamos na mesma. Viria a tristeza das boçais truculências, contadas no livro, sofridas em suas relações com o Brasil? Uma vez, em Salvador, ele fotografava meninos negros quando foi abordado por dois policiais e levado preso. "Essa fotografia, utilizada na Europa, poderia acreditar a lenda de que existem brasileiros de pele preta e de que os garotos da Bahia andam descalços", escreveu.

De outra vez – pior, muito pior –, já de volta à França, e querendo escapar do sufoco de ser judeu no regime pró-nazista de Vichy, esbarrou com a indecência do Estado Novo de Getúlio Vargas ao recorrer à Embaixada do Brasil em busca de um visto. O embaixador, Luís de Souza Dantas, que era seu amigo, já suspendia no ar o carimbo para aplicá-lo no passaporte quando foi interrompido pelo alerta de um conselheiro da embaixada – judeus não eram bem-vindos pelo regime brasileiro. Escreve Lévi-Strauss: "Durante alguns segundos, o braço permaneceu no ar. Com um olhar ansioso, quase suplicante, o embaixador tentou obter de seu colaborador que desviasse os olhos enquanto o carimbo se abaixasse. Nada aconteceu, o olho do conselheiro continuou fixado sobre a mão, que finalmente caiu ao lado do documento. Eu não teria o meu visto, o passaporte me foi devolvido com um gesto de tristeza".

Estamos numa falsa pista. Não seria por razões pessoais que um espírito como o de Lévi-Strauss chamaria de tristes os trópicos. Além disso, a permanência no Brasil, rica de contatos com os povos indígenas, forneceu-lhe a base de uma carreira de etnógrafo e de antropólogo que o elevaria à condição de um dos maiores pensadores do século XX. O Brasil foi um ponto luminoso, não de sombra, em sua centenária vida.

É preciso lembrar, corrigindo o início deste artigo, que Lévi-Strauss não foi o primeiro a farejar tristeza por estas paragens. O livro Retrato do Brasil, de Paulo Prado, de 1928, abre com a frase: "Numa terra radiosa vive um povo triste". Paulo Prado cita testemunhas tão remotas quanto o padre Anchieta, para quem esta era uma terra "desleixada e remissa e algo melancólica". Como é que pode? Não somos a terra do sol, da natureza em festa, do Hino Nacional que, caso único no mundo, tem duas vezes o adjetivo "risonho" em sua letra ("céu, risonho e límpido" e "risonhos, lindos campos") e do povo identificado universalmente como o que injetou doses supremas de alegria no carnaval recatado e no futebol brutamontes dos europeus? Estamos diante de algo incongruente, algo que não bate. Por que tristes trópicos?

Se Lévi-Strauss abandonou o romance que estava escrevendo, não abandonou o título. Tristes Trópicos, com seu "tri" que se enlaça no "tro", brinca na língua e soa como verso, era bom demais para ser esquecido. Mas não o julguemos leviano a ponto de conservar um título só por sua qualidade literária. Talvez o título lhe tenha sido sugerido pelo assombro – presente, no livro, tanto quanto na época de Colombo e de Cabral – diante do encontro entre dois mundos e duas humanidades, com o resultado, para os europeus do Velho Mundo para aqui transplantados, da nostalgia do desterro, e, para os indígenas que aqui viviam, da opressão e do aniquilamento.

Ou talvez a benemérita intenção do autor tenha sido apenas investir contra o estereótipo. Atenção: nem tudo o que é ensolarado é alegre, nem tudo o que é gelado é triste. Esse seria o aviso do grande filósofo.

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA

Diogo Mainardi
2 789 toques

"Para o colunista, o essencial é eliminar qualquer sombra de ambigüidade. Dou um jeito de solucionar a crise da economia mundial numa única coluna, com um único argumento. Paul Krugman também"

Paul Krugman, o Nobel de Economia, recomenda gastar alopradamente. Eu recomendo o oposto: cortar gastos alopradamente. Quem está certo? O Nobel de Economia ou o Jabuti de 1990?

Paul Krugman é colunista do New York Times. Eu sei o que acontece com ele, porque é o mesmo que acontece comigo. Uma coluna tem mecanismos próprios. A gente aprende a esgotar todos os assuntos numa tacada só, limitando-os a um determinado número de toques. Meus pensamentos restringem-se a 2 789 toques. Menos do que isso, me embanano. Mais do que isso, eu murcho. O assunto pode ser Aristóteles ou uma torneira gotejante na pia do banheiro: o que tenho a dizer sobre eles se encerra rigorosamente depois de 2.789 toques. Para o colunista, o essencial é eliminar qualquer sombra de ambigüidade. Dou um jeito de solucionar a crise da economia mundial numa única coluna, com um único argumento. Paul Krugman também. Um colunista é um Cafuringa, que corre olhando para a bola até sair pela linha de fundo. Daí a receita peremptória do Nobel de Economia: gastar alopradamente. Daí a receita peremptória do gordinho indolente: cortar gastos alopradamente. Quem está certo? Nenhum dos dois. Um colunista nunca pode estar certo.

Em outubro, num artigo sobre o estado calamitoso da economia americana, Paul Krugman afirmou: "Somos todos brasileiros". Ele se referia ao fato de agora os Estados Unidos sofrerem o contágio dos mercados, como um país do Terceiro Mundo, como o Brasil. Se os Estados Unidos real-mente se transformaram num Brasil, Paul Krugman, com seus planos espalhafatosos, é o Luiz Gonzaga Belluzzo deles. E os brasileiros sabem que um Luiz Gonzaga Belluzzo sempre acaba encontrando seu Dilson Funaro. O Dilson Funaro americano só pode ser Lawrence Summers, o principal conselheiro econômico de Barack Obama. Ele concorda com Paul Krugman que a saída para a crise é inundar a economia com dinheiro público. Ele concorda igualmente que é melhor gastar de mais do que gastar de menos, sem dar a menor pelota para o rombo nas contas.

Assim como Paul Krugman, Lawrence Summers também se tornou um colunista. No caso, do Financial Times. Nessa economia gerida por colunistas, aboliram-se todos os conceitos mais simples e, por isso mesmo, intelectualmente mais enfadonhos: corte de gastos, disciplina fiscal e aumento de impostos, que implicam um período de ajuste, com arrocho salarial, desemprego em massa e quebradeira generalizada. É complicado comparar um lugar ao outro. Os Estados Unidos tomam dinheiro emprestado com juros iguais a zero, o Brasil paga 15%. Eles planejam gastar em investimentos, a gente gasta com custeio. Mas, se Paul Krugman está certo e os Estados Unidos de fato se transformaram num Brasil, o futuro da economia mundial está garantido: sairemos, com bola e tudo, pela linha de fundo.

SÁBADO NOS JORNAIS

Globo: CEF não ouviu auditores no socorro jumbo à Petrobras

 

Folha: Ação terrorista mata 160 na Índia

 

Estadão: Desmatamento avança 12 mil Km² na Amazônia

 

JB: Chuvas deixam 800 desabrigados no Rio

 

Correio: Cuidado! Bandidos estão de olho no seu cartão

 

Valor: Linhas do BC funcionam e exportador quer mais

 

Gazeta Mercantil: Fundos sustentáveis excluem Petrobras

 

Estado de Minas: À espera de um prefeito

 

Jornal do Commercio: Comércio sente os efeitos da crise

sexta-feira, novembro 28, 2008

MÓNICA BÉRGAMO

MUY AMIGOS

Folha de S. Paulo - 28/11/2008
 

 


A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, não cansa de repetir a colegas do ministério: "O [governador José] Serra me liga todos os dias!".

EM FRENTE
Depois de toda a polêmica em torno da afirmação do ministro José Gomes Temporão, da Saúde, de que na Funasa (Fundação Nacional de Saúde) tem "corrupção", ele recebeu sinal verde do presidente Lula para estudar a criação de uma secretaria que cuide especificamente da saúde dos índios. A atribuição hoje é da fundação.

UM PINGO
Falta pouco para o Brasil erradicar a rubéola. Basta vacinar 85 mil mulheres para que a meta de cobertura de 95% da população feminina seja atingida; já entre os homens a dificuldade é um pouco maior. Falta vacinar 3,7 milhões de um total de 34,7 milhões que garantiriam a cobertura ideal para considerar a doença erradicada.

 


O Ministério da Saúde vai intensificar a publicidade nos estados do Amazonas, Amapá, Tocantins, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás para "caçar" os que fogem da vacina.

TOTAL
E a campanha de prevenção à dengue que o presidente Lula pretende que as TVs e rádios veiculem de graça está orçada em R$ 40 milhões.

NA PISTA
E o São Paulo deve levantar R$ 8 milhões por meio da Lei de Incentivo ao Esporte para reformar a pista em volta do estádio do Morumbi, que ganhará piso olímpico. Como contrapartida, abrirá o local para treino de jovens da favela de Paraisópolis.

DORA KRAMER

Rolando Lero


O Estado de S. Paulo - 28/11/2008
 

Período compreendido entre o balanço de perdas e ganhos de uma eleição e a apresentação das cartas em jogo no próximo pleito, a entressafra eleitoral é a fase das floradas do recesso.

A atual revela-se especialmente fértil em fabulações de toda sorte por causa da dificuldade que a crise econômica impõe à visão do horizonte. Na falta de algo consistente para dizer ou fazer, os partidos, os políticos e os pretendentes a candidatos fazem e dizem qualquer coisa.

Desde que ocupem espaços e aumentem os respectivos cacifes para disputar as melhores posições na largada, valem todas as marolas.

Vale o presidente Lula sacramentar Dilma Roussef como candidata à sucessão sem perguntar o que o PT tem a dizer; vale o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, abraçar a candidatura da ministra ao arrepio da posição de seu partido, mesmo cansado de saber que o PMDB tem outros (no sentido de múltiplos) planos.

Vale Dilma trocar os óculos por lentes de contato, reunir uma claque eleitoral em palácio e posar como provável chefe de Estado não obstante careça dos 50, 60 milhões de votos necessários; vale o DEM pedir rigorosa investigação para “apurar” se Lula está ou não fazendo campanha eleitoral antecipada para Dilma usando da máquina pública, sabendo da esterilidade da ação.

Vale até mesmo os governadores José Serra e Aécio Neves defenderem com assertividade a realização de prévias para escolher o candidato do PSDB à Presidência, quando a hipótese não está nem nunca esteve em cogitação. Se os tucanos falam dia e noite em unidade, há três eleições sofrem as dores da divergência interna, era o que faltava abrirem uma disputa a votos dentro do partido em pleno transcorrer de 2009.

Só o que não vale é o eleitor investir seu estoque de crença nessas conversas, cujo conteúdo é para ser registrado por um ouvido, dispensado pelo outro e nunca, jamais, ser escrito. 

Nada do que está sendo dito ou feito merece confiabilidade rigorosa. Muito menos o que é dito e feito em público, entregue ao exame da população previamente enquadrado na moldura que mais interessa a seus autores.

Nos exemplos acima citados, os interesses são os seguintes: Lula precisa de Dilma para não esvaziar o mandato em curso antecipadamente; o PMDB precisa simular fidelidade para não perder espaço; o DEM precisa posar de oposição aguerrida e o PSDB precisa fazer ares de família que reza unida.

Vida pregressa

A absolvição do deputado Paulo Pereira da Silva no Conselho de Ética da Câmara é dada como certa. Foi alcançado por investigação da Polícia Federal sobre desvio de empréstimos no BNDES e flagrado em telefonema prometendo “mexer os pauzinhos” no Congresso para convocar o ministro da Justiça a dar explicações sobre a prisão de um assessor na operação.

As provas, ao presumido sentir do conselho, são inconsistentes.

Insuficiente também para caracterizar falta de decoro é o inquérito que corre contra ele no Supremo Tribunal Federal por causa de repasses de verbas do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Presidente da Força Sindical, o deputado responde pela entidade sob suspeita de ter recebido dinheiro do Ministério do Trabalho para promover cursos inexistentes oferecidos a alunos fantasmas.

As acusações atingem outras centrais, entidades patronais e apontam para a conivência do ministério, que avalizou todos os convênios feitos ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso. 

Na campanha eleitoral de 2002, candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes, Paulo Pereira ameaçou fazer e acontecer contra seus “caluniadores”. Terminou ele sendo o investigado e, dependendo da decisão do STF, processado.

Na Câmara nada disso conta. O mandato parlamentar serve para conferir foro privilegiado por atos cometidos antes do mandato, mas esses mesmos atos não pesam na avaliação da conduta do parlamentar. 

Autocombustão

À falta de argumentos consistentes para defender o correligionário Cássio Cunha Lima, governador cassado da Paraíba, os tucanos disseminam desconfiança sobre o voto do ministro-relator do caso no Tribunal Superior Eleitoral, Eros Grau.

Dizem que ele votou “muito rápido”. Sobre os 35 mil cheques de programa social distribuídos no período eleitoral como “um presente do governador” ou a respeito de boladas usadas para pagamento de contas pessoais de Cunha Lima, nem uma palavra. Não lhes ocorre, por exemplo, que o ministro tenha sido ligeiro exatamente porque os fatos são espessos.

O tucanato repete aqui o gesto da defesa do senador e então presidente do PSDB Eduardo Azeredo no caso do “mensalão mineiro”, em 2005.

Lá, perdeu a moral para acusar o PT e, recolhido à insignificância conferida pelo equívoco, viu Lula renascer.

Aqui, joga no lixo o discurso da probidade e eficácia administrativas.

APOSENTADOS

GOVERNO NEGOCIA MUDANÇA NAS REGRAS DA APOSENTADORIA

PRESSIONADO, GOVERNO NEGOCIA MUDANÇA NO CÁLCULO DA APOSENTADORIA
Autor(es): Isabel Sobral e Rosa Costa
O Estado de S. Paulo - 28/11/2008
 

Acuado pelos projetos que beneficiam aposentados, mas aumentam o rombo da Previdência Social, o governo admite, pela primeira vez, negociar o fim do fator previdenciário em troca da exigência de idade mínima nas aposentadorias. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), informou ao Estado que, além disso, outra proposta está sendo costurada: a de substituir os projetos que reajustam valores das aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por um programa de recuperação dos benefícios de valor mais baixo. 

O assunto será discutido entre o ministro da Previdência, José Pimentel, e representantes das centrais sindicais em 4 de dezembro. A data foi marcada anteontem em jantar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com sindicalistas, na Granja do Torto, em Brasília.

“Estamos caminhando para o fim do fator previdenciário e vamos trabalhar pelo limite de idade”, disse Jucá. “Vamos construir uma solução, um programa de recuperação (dos benefícios) da Previdência até dois, três salários mínimos.”

Para o líder do governo, as alternativas analisadas mostram que nem ele nem ninguém do governo se opõem ao mérito dos três projetos do senador Paulo Paim (PT-RS). Há, no entanto, preocupação com o impacto nas contas da Previdência. Já aprovados no Senado e aguardando votação na Câmara, os textos provocaram duas reações: a oposição de técnicos da equipe econômica e a mobilização de aposentados e pensionistas a favor dos projetos. 

Segundo as projeções dos técnicos do Ministério da Previdência, somente a proposta de Paim, que reajusta os benefícios pela indexação ao número de salários mínimos a que eles equivaliam no momento da concessão, custaria R$ 76,6 bilhões por ano aos cofres do INSS. Outro projeto estende a todos os benefícios o reajuste de 9,2% dado este ano ao salário mínimo. As aposentadorias e pensões de valor superior a um mínimo tiveram 5% de reajuste (inflação acumulada pelo INPC). Isso resultaria num impacto anual de R$ 9 bilhões. 

A declaração de Jucá sinalizando o fim do fator previdenciário mostra que o governo vai negociar para evitar o pior. “A grande contribuição é a gente se debruçar para construir uma alternativa. Isso é possível.” 

O fator previdenciário foi criado em 1999 para controlar o crescimento das despesas previdenciárias em conseqüência do aumento da expectativa de vida da população. A fixação de uma idade mínima para aposentadoria também funciona como freio às aposentadorias precoces. 

Para a área técnica do governo, entretanto, o fim do fator só é aceitável se ocorrer gradualmente, porque a fixação de uma idade mínima, além da necessidade do tempo mínimo de contribuição ao INSS (35 anos para homens e 30 anos para as mulheres), só pode ocorrer por meio de emenda constitucional que, para valer, tem de receber pelo menos três quintos de votos favoráveis no Congresso. 

Segundo Jucá, o governo quer condicionar a negociação ao que chama de “limite da capacidade da Previdência no sistema futuro”. Ou seja, adotar uma idade limite compatível com a expectativa de vida do brasileiro, que está crescendo, e se reflete nas contas da Previdência.

TIRANDO O SONO DO GOVERNO

OS PROJETOS DE PAIM


Fator Previdenciário: Elimina do cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição a fórmula que tenta desestimular as aposentadorias . Com o Fator Previdenciário, quanto mais jovem é o segurado, menor o valor do benefício. A proposta muda também a forma de calcular o benefício: em vez de tomar por base a média das contribuições feitas ao INSS desde 1994, ela retoma o critério antigo de considerar apenas os últimos três anos de contribuição. 

Já aprovado no Senado e aguardando votação no plenário da Câmara

Reajuste: Repassa a todos os benefícios de valores superiores a um salário mínimo o índice de 9,2% de aumento aplicado ao mínimo este ano. Esses benefícios foram reajustados em 5%, índice correspondente à variação anual do INPC.

Já aprovado no Senado e aguardando votação no plenário da Câmara.

Vinculação ao salário mínimo: A proposta cria um mecanismo que vincula as aposentadorias e pensões ao salário mínimo e reajusta os benefícios atuais para que voltem a ter, em número de salários mínimos, valor equivalente ao que tinham na época em que foram concedidos.

Já aprovado no Senado, em caráter terminativo, seguiu esta semana para análise das comissões da Câmara.

O QUE É FATOR PREVIDENCIÁRIO Fórmula criada em 1999 que considera a idade e a expectativa de sobrevida do trabalhador (conforme dados do IBGE) no momento do pedido de aposentadoria para calcular o valor do benefício. Quanto mais jovem, menor o valor da aposentadoria.

QUAL SEU EFEITO 

O fator estimula as pessoas a permanecer mais tempo trabalhando para poder receber o maior valor possível de aposentadoria. O valor do benefício depende do histórico das contribuições de cada pessoa. Mas, nos últimos anos, a aplicação do fator têm resultado em uma redução entre 20% e 30% no valor máximo da aposentadoria, se o segurado decide se aposentar logo no final do tempo mínimo de contribuição (hoje, 35 anos para homens e 30 para mulheres), sem passar mais algum tempo em atividade. 

ECONOMIA PARA O INSS

R$ 10 bilhões, nos últimos oito anos.

O QUE PODE MUDAR

Se cair o fator previdenciário e no seu lugar for estabelecida uma idade mínima para aposentadoria pelo INSS, um trabalhador só poderá se aposentar no momento em que completar o tempo de contribuição (30 anos para mulheres e 35 anos para homens) e também uma idade que vier a ser especificada na Constituição. Servidores públicos, por exemplo, atualmente devem cumprir a exigência de 35 anos de contribuição e 60 anos de idade, se homens, e de 30 anos de contribuição e 55 anos de idade, se mulheres.